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História Forms of Fear - Amigo?


Escrita por: Ella13

Notas do Autor


Ooi!

Postando com antecedência. Então, só terça agora!!

Capítulo 26 - Amigo?


POV Connor

Noite do Ano Novo

Meu pai tinha alugado o clube da cidade para dar uma festa de fim de ano ou algo do tipo. A falsidade das pessoas aqui me dava ânsia. Ter que falar sorrindo com todos como se eu ligasse para algum dele. Isso não era eu, era meu pai. E sinceramente, eu não quero ser como ele.

Vi o Tyler se aproximando. Pelo menos tinha ele.

- Por que tão distante? – Tyler disse se encostando ao meu lado na parede.

- Tudo isso me da nojo. – Falei olhando os sorrisos falsos de todos. – Prefiro ficar distante disso.

- E a Blair? – Ele perguntou calmo. – Não vem?

- Ela vai virar o ano com a mãe. – Falei e vi o Tyler sorrindo ironicamente.

- Lembra do quatro de Julho? – Ele começou a falar. – Quando você pediu a Blair em namoro e ela disse que não?

- Lembro. – Falei sério.

- A Eloá me disse porque ela não aceitou. – Tyler falava com certeza. – Acredita que foi por causa do professor Denzel?

- Ele deu conselhos de merda a ela? – Falei fingindo não ligar.

- Não. – Tyler riu novamente. – Ele na verdade estava, ou melhor, está pegando a Blair. Acho que seria demais para ela ter que larga-lo.

Fiquei parado sem palavras. O Tyler só pode tá brincando.

- A Eloá disse isso? – Falei rígido.

- Insinuou. – Tyler respondeu.

- Então me diz por que você parece estar tão feliz com isso? – Falei irritado ficando na frente dele.

- Porque a merda de sua namorada está a mais de um ano me chantageando com vídeos que ela possui. – Ele disse com ira na voz.

- O que? – Falei perdido.

A merda de ser amigo do Tyler é isso. Ele tá fudido e não me conta nada, quando chega ao fundo do poço é que me procura.

- Ela... Ela... – Ele pronunciava. – Ela tem um vídeo da Eloise dando pra mim

- E daí, cara? – Falei quase rindo. – Todo mundo transa. E isso rolava antes da Kate.

- O que? – Tyler disse me olhando irritado. – Que merda, Connor. Deixar esse vídeo vazar é sujar a imagem da Eloise. Sabe o que meu pai vai fazer comigo?

- Não, mas sei o que sua mãe vai fazer com seu pai. – Ri, isso era cômico. – Quando ela descobrir que seu pai fez o exame de DNA e descobriu que ela não era filha dele, mas mesmo assim continuou tratando-a como filha e gastando dinheiro com ela. E pior ainda vai ser quando ela perceber que seu pai contou a você e não a ela.

- Dane-se a minha mãe. – Falei irritado. – Meu pai a considera filha, e nada vai mudar isso, nem mesmo o fato deu ter feito isso.

Até hoje eu não entendo porque sou amigo do Tyler. Ele quer dar um de bom moço, mas eu sei que não é bem assim. Ele me conta todo o podre que existe na vida dele, e não é coisa normal, são coisas nojentas.

- Sabe o que é engraçado? – Falei rindo. – Você é hipócrita demais, cara. Tá aí choramingando pela imagem da Eloise, mas até onde eu me lembro você tá fazendo chantagem a Eloá com bem menos.

- Eu terminei com a Eloá por causa da Blair! – Ele disse quase gritando. – Só estou fazendo isso para ter ela de volta. A Blair prometeu que ia me ajudar a tê-la de volta e não tá cumprindo.

- Não vai ter a Eloá de volta assim! – Falei o óbvio.

- E o que quer que eu faça? – Ele disse desesperado. – Fique olhando ela ficar apaixonada cada dia mais pelo Caleb sem fazer nada? Eu tinha que fazer alguma coisa.

Pensei por alguns minutos. A Blair tinha passado dos limites. Chatagear o Tyler é uma coisa, mas não querer namorar comigo por causa da merda do Denzel? Sério isso?

- Vou ver o que posso fazer. – Falei bufando. – Mas se você fizer alguma bosta com a Eloá ou até mesmo com a Blair, pode esquecer a minha ajuda.

- Tá! – Ele sorriu largamente.

- Tenha paciência. – Falei dando alguns passos para longe. – É só o que te peço.

Caminhei até onde meu pai estava. Uma mesa grande com vários homens, inclusive o pai do Tyler.

- Pai. – Falei em seu ouvido.

- Fala com as pessoas. – Ele disse antes que eu prosseguisse.

- Boa noite. – Falei olhando em volta.

- Boa Noite, Trent. – os homens que ali estavam responderam.

- Eu preciso sair. – Disse ao meu pai. – pode me emprestar o carro?

Ele pegou a chave e me entregou. Caminhei até a saída do Clube e entrei no carro.

Flash Back On.

Meu pai se olhava no espelho tentando arrumar sua gravata.

- Que merda. – Ele falava irritado.

- Não entendo por que tenho que ser amigo desse Tyler. – Falei irritado também.

Ele se virou para me olhar.

- O pai dele é dono de firmas bem grandes. – Ele apontou para mim. – Vocês dois se aproximando será ótimo para nós. Assim que eu me lançar na política, ele irá me apoiar.

- Então é pela influencia dele e o dinheiro? – Ri seco.

- É muito além disso, Trent. – Ele se sentou ao meu lado. – A gente enfim vai poder ter a vida que sua mãe sempre sonhou para você. Você terá tudo novo, será o primeiro em qualquer lugar.

Digamos que a vida não é muito legal com a gente. Meu pai a cada mês praticamente esta em um emprego novo. Não tem grandes lucros e por isso desde pequeno minhas roupas são doações, e a comida é lucro quando a temos.

Até que esse ano ele virou motorista da firma do pai do Tyler. Os dois se aproximaram, o senhor Dylan é um cara legal. E meu pai usou a oportunidade para falar de seus sonhos de entrar na política, e agora o Sr Dylan está o ajudando.

Mas pedir para eu ser amigo do garoto que me empurrou aos nove anos numa poça de lama em frente a escola só para me humilhar por eu não ter mãe, aí já é demais.

Ele podia ter tirado onda o quanto quisesse com minhas roupas rasgadas, ou meu sapato que estava com buracos na sola, mas falar da minha mãe como forma de me humilhar, isso foi a gota d’agua.

Eu sou grato ao senhor Dylan, afinal ele está pagando para eu estudar no melhor colégio da cidade, mas ao Tyler eu não devo nada.

- Eu sei que quando vocês eram pequenos tinham problemas. – Meu pai pós o braço sobre meu ombro. – Mas vocês já têm doze anos. Cresceram.

- O que quer dizer com isso? – Falei direto.

- Quero dizer para você dar uma chance ao rapaz. – Ele se levantou. – Ele nem deve lembrar disso.

- Mas eu lembro. – Falei irritado.

- E eu peço que esqueça. – Ele disse. – Se não quiser fazer isso por mim, faça por Alice, ela ficaria feliz.

Alice. Ele falava da minha mãe como se a conhece bem, mas eu sei que não a conhecia. A vovó sempre me contou de forma clara o homem horrível que ele era com ela.

- A mamãe nunca pediria para eu ser amigo de uma pessoa como ele. – Falei me levantando e saindo daquele apartamento.

Eu faria amizade com o Tyler, pelo meu pai. Mas nunca vou esquecer o lixo que há dentro dele

Caminhei até as escadas e acabei batendo de cara com uma garota. Ela caiu de um lado e eu do outro. Me levantei rapidamente e fui ajuda-la.

- Você tá bem? – Segurei ela e a puxei para cima.

- Não, seu louco, podia ter me matado. – Ela disse séria me deixando um pouco assustado.

- Me desc...

- Para disso. – Ela sorriu. – Eu to só brincando, é claro que eu to bem.

- Ah. – respirei aliviado. – Eu pensei que você fosse uma dessas garotas malucas que surtam por tudo.

- Vê isso! – Ela ergueu as mãos me mostrando suas unhas enormes com exceção de uma que parecia ter quebrado. – E eu nem morri quando ela quebrou.

Ri junto dela. Ela tinha uma risada calma.

- Você mora por aqui? – Falei animado.

- Meu pai foi transferido para Westport há três dias, e como não tínhamos tempo a perder, viemos para cá, mas é por pouco tempo. – Ela sorria.

É claro. Era bom demais eu encontrar uma garota tão legal assim na mesma classe social que eu. Ela devia ser rica.

- Seu pai faz o que? – perguntei curioso.

- Meu avô é dono de bancos, e abriu um aqui há pouco tempo, então mandou meu pai para trabalhar nele. – Tinha que ser. – E você?

- Meu pai é motorista. – Falei um pouco envergonhado.

- Que legal! – Ela disse espontânea.

Abaixei a cabeça sem assunto e sem jeito por estar perto de uma garota tão bonita sem ser tratado mal.

- Você estuda onde? – Ela perguntou e eu a olhei.

- Ganhei uma bolsa esse ano na Liberdade. – Falei.

- Que legal! – Ela sorriu mais ainda. – Eu vou para lá também! E é muito legal saber que não vou ficar sozinha porque já tenho um amigo.

Sorri sem jeito.

- Vai por mim. – balbuciei. – É melhor você fingir que não em conhece, eu não sou o tipo popular.

- Que grande besteira. – Ela revirou os olhos. – A gente pode até se juntar para derrubar a classe dominante.

Ri dela, parecia que ela quase não pensava em nada as vezes.

- Eu moro no apartamento 202. – Ela disse sorrindo. – Podia ir lá amanhã pra gente jogar vídeo game ou então fazer outra coisa.

- Claro. – Falei animado. – Seu pai não vai dizer nada?

- Ele vai ficar feliz ao ver que fiz um amigo. – Ela sorriu.

Não parecia que era difícil para ela fazer amigos.

- Me diz seu numero, assim eu te ligo. – Ela propôs.

- Eu não tenho celular. – Falei sem jeito.

- Ah... – Ela pensou por um instante. – Então me fala em qual apartamento você mora que amanhã mesmo apareço lá e te arrasto para minha casa.

Sorri com aquilo novamente.

- Moro no 103. – Falei. – Meu nome é Trent.

Ela esticou a mão e pegou na minha.

- Eu sou Blair. – Ela sorria tanto que suas bochechas chegavam a serem rosadas.

Flash Back Off

E aqui estou. Em frente ao prédio que há cinco anos atrás conheci a Blair. Algumas semanas depois disso ela se mudou para o Centro, mas ela e sua mãe sempre vinham me buscar para eu passar as tarde na piscina enorme da casa delas ou na sala de jogos.

Não demorou muito até meu pai ser eleito e a gente se mudar para uma casa grande e boa. Cheia de empregados. Ele passava o dia fora de casa, e a Blair era minha única companhia.

A gente começou meio que a namorar, não sei se aquilo era namoro. Ela foi o meu primeiro beijo e eu fui o primeiro beijo dela, éramos desengonçados.

Na escola todo mundo falava com a gente. Ela me ajudou a ter alto confiança, e como eu era filho do prefeito todos me respeitavam agora. Até o Tyler.

O pai da Blair foi assassinado a dois anos atrás e desde então ela mudou. Ficou seca, não sorria mais, mal me beijava. E foi então que ela terminou comigo. Nunca entendi o porque. A gente voltou a ficar depois disso, mas não era a mesma coisa, era como se a paixão que ela sentia por mim, tivesse acabado. Mesmo eu ajudando ela com tudo, ela ainda assim me trata como um nada.

Eu ainda amo a antiga Blair e acredito que ela ainda exista, mas essa nova Blair não foi pela qual eu me apaixonei.

Desci do carro e caminhei até dentro do prédio que tinha paredes fedendo a mijo.

Elas agora moravam no 120, e era estranho entrar na casa dela e não ter mais o pai dela por perto. Eu odiava vim aqui, fazia com que eu me lembrasse da minha infância, o que era algo que eu detestava.

Subi as escadas e ao chegar em frente a porta da Blair percebi que estava muito quieto lá dentro. Bati na porta e quem me atendeu foi sua mãe.

Ela agora trabalhava em dobro para ganhar menos da metade do que tinham antes.

- Trent. – Ela falou surpresa. – Já veio deixar a Blair?

- O que? – Falei perdido. – Eu não entendi, senhora Clarck.

- A Blair me disse que passaria a virada do ano com você. – Ela disse um pouco preocupada.

- A senhora pode ligar para ela? – Pedi já imaginando com quem ela estaria.

- Claro. – Ela deu espaço para que eu entrasse na casa e foi pegar o telefone.

Ela discou o numero e esperou andando de um lado para o outro.

Eu olhava o pequeno apartamento.

- Filha? – Ela disse calma. – Onde você está?... Não, o Trent está aqui em casa comigo... Claro. – Ela olhou para mim. – A Blair quer falar com você.

Peguei o telefone e fiquei quieto.

- Connor? – Ela disse por fim.

- Você tá com o Denzel, né? – Falei simples e ela ficou quieta.

- Que Denzel? – Ela tentou fingir, mas a preocupação em sua voz a entregou.

- Eu sei de tudo, Blair. – Falei chateado. – E quer saber? Cansei de esperar pela antiga Blair. Você pode tentar o quanto for, mas nunca vai voltar a ser como antes.

- Achei que você já soubesse. – Ela disse calma.

- O que? – Falei sem entender.

- A antiga Blair morreu há muito tempo. Se tá sendo difícil para você me ver assim, imagina pra mim?

- Você que não quer mudar. – Falei controlado por a mãe dela estar ali.

- Mudar? – Ela riu. – Eu já mudei.

Ela estava certa. Desliguei o telefone e o entreguei a senhora Clarck.

- O que ela disse? – Ela me olhava preocupada.

- Ela está bem. – Falei sem jeito e me dirigi até a porta.

- Não minta para mim, Trent. – Ela falou baixinho. – Você sabe melhor do que ninguém que ela não está bem.

Sim, eu sei.

Girei a maçaneta e sai da casa sem dar resposta nenhuma.

Desci às escadas as presas e entrei no carro. Eu sabia bem o que faria agora.

Parei o carro na esquina para que ninguém visse que eu estava aqui. Fui até o fundo da casa e vi a janela do quarto da Eloá. No lado da sacada existia alguns detalhes na parede que tornavam fácil a escalada.

Subi por eles e ao pular na sacada não vi nada dentro do quarto da Eloá, a cortina estava tapando tudo.

Bati na porta de vidro duas vezes até que escutei a voz dela.

- TJ? – Ela disse assustado.

- Não, é o Connor. – Falei sério. – Posso entrar?

Ela puxou as cortinas e me olhou confusa. Seu rosto estava inchado. Ela abriu a porta para que eu passasse.

- O que faz aqui? – Ela disse dando espaço para eu entrar no quarto dela.

- Eu sei o que o Tyler tá fazendo com você. – Falei e ela me olhou assustada. – Sei das fotos e das ameaças.

- O que? – Ela quase gritou. – E o que você quer? Quer entrar na onda dele, é isso?

- Não. – Falei bruto. – Quero te ajudar.

Ela me olhou desconfiada e foi até a cama. Se sentou e começou a olhar os pés descalços.

- Ajudar como? – Ela disse como uma criança indefesa.

- Eu vou te contar uma coisa, mas você não pode dizer a ele que sabe, nem a ninguém. – Olhei para ela. – Posso confiar?

- Pode! – Ela disse animada.

- A Eloise não é filha do Dylan. – Falei e ela me olhou surpresa. – O Tyler sabe, mas a Ruby não.

- E o que isso tem haver comigo? – Ela disse tentando fingir que não estava impactada.

- A Blair tá ameaçando o Tyler com isso. – Falei me sentando ao lado dela. – Ele só começou a ficar contigo porque ela o ameaçou. Ele só terminou contigo porque ela o ameaçou também. Se ele não faz o que ela pede, corre o risco de todo mundo ficar sabendo que o Eloise não é filha do Dylan, e se isso vazar o casamento dos pais do Tyler pode chegar ao fim.

- Então, para parar o Tyler... – Ela disse pensativa.

- Temos que parar a Blair, primeiro. –Completei.

- E como a gente faz isso? – Ela disse curiosa.

- Preciso que você confie em mim. – Falei já sabendo bem como resolver tudo isso. – Eu vou resolver isso na primeira semana de aula, mas até lá você precisa ter calma.

- Por que tá me falando isso? – Ela disse olhando para baixo. – Nem vai precisar de mim.

- Porque todo mundo tá escondendo as coisas de você. – Respondi sincero. –Você tá desarmada e perdida nesse jogo. Achei que seria melhor alguém te contar algo.

- Obrigada, Connor. – Ela disse sorrindo. Acho que foi a primeira vez que ela sorriu para mim.

- Relaxa. – Segurei a mão dela que estava bastante fria.

Ela me abraçou e fiquei sem reação. A abracei sem jeito. Nunca imaginei que a Eloá pudesse ser tão sensível assim.

O primeiro fogo estourou no céu e pude ver o brilho dele pela porta de vidro do quarto da Eloá.

Algo me diz que esse novo ano não será o melhor

 


Notas Finais


Será que Connor está falando tudo mesmo?
Tyler omite pra Connor, Connor omite para Eloá... Vai entender

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