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História O fotógrafo que viajou pelo mundo - Eu te odeio


Escrita por: Orca_literaria

Notas do Autor


Olá, pessoas!

Capítulo 2 - Eu te odeio


Sr.Linnyker saíu para uma reunião.

Tarik conversou com os modelos, intercalando entre trabalho e algumas questões não muito pessoais. 

Os modelos o trataram muito bem, e tanto Tarik quanto Felps ficaram felizes pela resposta positiva. A conversa fluia muito bem até ouvir a voz de uma pessoa.

olá, fotógrafo - Mikael forçou um sorriso.

Quando Tarik viu e ouviu sua voz, fixou seus olhos em Mikael, se afastando enquanto o outro se aproximava.

- nossa, que clima tenso - sussurrou Spok, assistindo a cena.

Nenhum dos dois prestaram atenção em Spok. Nesse momento, eram como animais tentando sobreviver; um querendo evitar o conflito e o outro partindo para cima.

- entre a família e a carreira, eu aposto que você escolhe seu trabalho, como todos os fotógrafos fazem.

- você errou, eu escolho a família - Tarik relaxou, parando de se afastar.

- mentiroso! - Mikael mordeu os dentes. As pessoas no cômodo quase podiam ouvi-lo rosnar.

- você não sabe nada sobre mim e parece que nem quer saber também - seus olhos escureceram - Do jeito que você age com as pessoas, que fala com elas, você sim escolheria a carreira!

Mikael arregalou os olhos. As pessoas em volta também arregalaram os olhos, alguns até fecharam os olhos. Tarik percebeu o que tinha falado, ele tinha acabado de pôr mais lenha na fogueira. 

- eu vou te matar - murmurou Mikael, agarrando o pescoço de Tarik.

Suas costas bateram contra a parede. Tentou afastar as mãos de Mikael de seu pescoço; sem sucesso. O brilho no olhar daquela pessoa o fez estremecer. Queria pelo menos chutá-lo para longe, mas Mikael estava no meio de suas pernas.

Os modelos se assustaram com a cena. Authentic e Cauê correram para levar Mikael para longe.

EU TE ODEIO, TARIK! - gritou, tentando se soltar de Authentic e Cauê. 

Tarik caiu de joelhos, tossindo e puxando o ar como um desesperado. Seu rosto pálido lentamente foi ganhando cor. Felps se ajoelhou ao seu lado, passando a mão em suas costas e dando tapinhas.

- respira, amigo, respira - sussurrava, abraçando ele.

Mikael ficou ainda mais irritado. Authentic e Cauê tinham medo que ele se soltasse. Então Jazz entrou na frente para bloquear a visão tanto de Tarik quanto de Mikael.

EU TE ODEIO, E VOCÊ TEM A CARA DE PAU DE FALAR QUE EU ESCOLHO A CARREIRA -Mikael repetia e repetia isso.

Sr.Linnyker voltava para seu escritório quando ouviu os gritos e começou a correr. Xingou mentalmente o seu filho na corrida, estava ficando velho demais para isso. Chegou batendo as portas na parede.

Todos olharam pare ele, esquecendo o que estavam fazendo um momento atrás.

- que gritaria era aquela na minha? 

Ninguém falou, desviando os olhares. Sr.Linnyker estreitou os olhos para eles, apontando um dedo trêmulo por causa do cansaço.

- não se finjam de santos agora. Parecem homens crescidos, mas são um bando de crianças mau educadas. Castigo para vocês!

- você não é meu pai - todos disseram, menos Mikael.

- mas eu sou mais velho. CASTIGO! - gritou, colocando as mãos nos joelhos; tinha acabado de correr e gastava o fôlego com uma palhaçada dessas. "Pirralhos infelizes", bufou antes de continuar.

- hoje às quatro, vamos para o parque. Se comportem - avisou, passando pela porta - tenho outra reunião.



Pontualidade era com o Sr.Linnyker. Às quatro em ponto, eles estavam no parque que não era muito arborizado. Mesmo assim, precisavam espantar alguns insetos.

Jazz, Spok, e Felps ajudavam Tarik a trazer algumas luminárias. Luz natural era ótima, mas não dava para manipular.

Os modelos já estavam vestidos; de vez em quando o Sr.Linnyker arrumava uma coisinha ali e outra lá.

Depois de tudo montado, Tarik se sentou debaixo de uma árvore afastada. Mexer com câmeras era uma arte para ele. Algumas pessoas não percebem na foto, mas uma boa configuração muda tudo; desde a escolha da lente até a escolha do filtro. Sorria toda vez que uma configuração ia bem. Quando foi tirar uma foto para fazer o teste, quase saltou para os galhos. 

Mikael estava parado na sua frente com mais um de seus falsos sorrisos.

- hey, fotógrafo que vai embora daqui a pouco.

Sua alegria da configuração perfeita evaporou. Inconscientemente, tocou seu pescoço onde as marcas dos dedos de Mikael ainda podiam ser vistas. Suspirou antes de falar.

- você não deveria estar lá com seu pai? Que é também o lugar que você fica mais longe de mim.

- eu fico e vou onde eu quero, caro fotógrafo.

- eu mereço - murmurou, reconfigurando algumas coisas.

- é só pedir demissão - Mikael disse como se fosse a coisa mais lógica a se fazer.

- e te dar a vitória de bandeja? - Tarik o olhou - esquece.

- parece que alguém vai viver o inferno na terra, então - Mikael agachou para ficar na mesma altura que Tarik. Seu olhar brilhava.

Tarik já tinha passado por muitas coisas. Pensando nisso, queria explodir de tanto rir da ameaça de Mikael. Então, percebeu o quão miserável era essa reação e as coisas por trás dela. Baixou os olhos opacos, sua voz saiu tão calma que Mikael estremeceu.

- eu já estou vivendo. Conheci muitas pessoas piores que você - Tarik o encarou, atingindo-o com seu olhar sem brilho.

Mikael arregalou um pouco os olhos, se levantando e dando dois passos para trás. Depois de encarar aqueles olhos de volta, sentiu um arrepio e foi embora.

"Vem brincar comigo, Pac". Tarik piscou algumas vezes, o brilho retornou aos olhos. Tirou uma foto e sorriu aliviado.

terminei - murmurou para si.

Se levantou batendo a terra das calças e foi até os modelos para começar o trabalho.

Cooperaram muito bem com ele. Queriam saber mais sobre seu trabalho e faziam perguntas; isso deixou Tarik muito feliz.

- por que quando é a vez de pessoas de olhos claros você muda tanto a luz? - perguntou Batista, piscando um pouco por causa da luminária.

- eu mudo a luz com todos, só é um pouco mais difícil de perceber - começou a explicar - Olhos claros têm uma característica que os fotógrafos usam ao seu favor, as pupilas. As pupilas são bem mais visíveis, algumas pessoas se sentem atraídas por ver a pupila aumentar e diminuir dependendo da luz.

Batista se virou para Jv e apontou para seu próprio olho.

- você está se sentindo atraído? 

Jv foi pego de surpresa, não dizendo nada. Seus amigos caíram na gargalhada ao lado, segurando suas barrigas e secando suas lágrimas.

- não é esse tipo atração - murmurou Tarik, coçando a nuca e segurando uma explosão de risos - mas olhos escuros também têm sua beleza; eu os interpreto como se escondessem algo, procuro valorizar isso nas fotos - terminou de falar assim que pararam de rir.

- seus olhos são bonitos - elogiou Cellbit, chegando mais perto - são quase pretos - segurou seu rosto para ver melhor.

Tarik não se incomodou, poucas vezes na vida as pessoas se aproximaram para olhá-lo com respeito; ninguém nunca tinha reparado nos seus olhos.

- é, seus olhos são bem escuros - Authentic disse, admirado.

A expressão de Mikael escureceu, ele dispersou o grupo em volta de Tarik. Depois olhou com cuidado para seus olhos.

Tarik desviou seu olhar e continuou a trabalhar. Tirar as fotos foi fácil, o mais difícil chegou com Mike.

- Mikael, sua vez - falou com a voz normal. Sabia muito bem como separar as coisas, sua briga com ele era fora do ambiente de trabalho.

Entretanto, Mike não sabia separar as coisas. Os colegas de trabalho assistia a árdua batalha de Tarik.

- isso não vai dar certo - cochichou Spok, enquanto Mikael se movia para todos os lados.

- Mikael, desse jeito não vamos acabar nunca! - gritou Tarik, correndo atrás dele algumas vezes.

- é, não está dando certo - concordou Cellbit, vendo Tarik arrastar Mikael que jogava todo o seu peso para o lado contrário.

- Mikael Linnyker! - berrou Tarik, quendo jogá-lo no chão - eu não vou desistir, não posso.

- nossa, olha o melhor fotógrafo do mundo.

A paciência de Tarik se esgotou. Soltou Mike que caiu no chão com um baque surdo. 

- bem feito! - seus amigos gritavam entre os risos.

Sr.Linnyker ouviu a bagunça e foi até lá.

- Mikael, já chega! - disse o Sr.Linnyker, vendo seu filho jogado no chão - levanta e faça o seu trabalho.

Não soube como conseguiu terminar o trabalho. Sua cabeça latejava por causa de Mike e ainda precisava escolher as fotos. "Ahhh!", gritou internamente, caindo de cara na cama.

Na casa dos Linnyker, Mikael estava sentando na cama, vendo a chuva fraca deixar gotas na janela. "Já conheci muitas pessoas piores que você", essas palavras flutuavam em sua mente, perfuravam alguma parte de seu parte de seu coração. E aqueles olhos? Aqueles olhos escuros e cheios de brilho, se tornaram opacos, sem vida. "Olhos escuros parecem esconder algo". De fato, Tarik, o que você esconde? 

Um relâmpago acendeu os céus. Mike fechou a cortina e demorou para pegar no sono.



No dia seguinte, Tarik dormia sobre a mesa. A chuva na noite anterior foi muito relaxante para ele, mas o estresse o tomou pelo resto da noite. 

- Tarik! Felps entrou animado na sala, jogando um monte de coisas na sua cabeça.

- hm - Tarik levantou a cabeça, e os papéis escorregaram pelo seu cabelo curto e escuro.

- trouxe mais papéis, vi que estava ficando sem.

- obrigado - agradeceu voltando a deitar a cabeça na mesa.

Felps se sentou na mesa e deu tapinhas na cabeça de Tarik. O dia anterior foi difícil.

- me parte o coração te ver assim, amigo - suspirou.

- eu estou bem - sua voz saiu abafada - preciso de café, mas não gosto muito de café.

A expressão de Felps se retorceu mais ainda. 

- você está muito mal - Felps parou de alisar seus cabelos - já volto.

Tarik ergueu a cabeça apenas para ver Felps sair, nem teve tempo de pedir a ele que ficasse mais um pouco. Bufou baixinho e socou a testa na mesa.

Assim que Felps saiu, Mikael se esgueirou pela porta. Ficou surpreso ao ver que Tarik parecia estar na mesma condição que ele, sem dormir bem. Mas vê-lo lhe deu alguma energia.

- dormindo em serviço? Que coisa - se espreguiçou no batente da porta.

- vá embora - com a testa na mesa, Tarik jogou uma bolinha de papel que nem chegou perto de atingi-lo.

Mike viu esse arremesso vergonhoso e fez uma careta. Pegou a bolinha de papel e o jogou na cabeça de Tarik sem usar força.

Tarik nem se mexeu.

- se você pedir demissão, nunca mais vai ter que me ver.

- então vou aguentar te ver e ouvir a sua voz todos os dias.

Mikael negou com a cabeça, prestando atenção nas folhas brancas espalhadas pela salinha.

- para que tantos papéis?

- minha mãe gosta de receber cartas cheias de desenhos - respondeu, erguendo a cabeça e ajeitando os papéis sobre a mesa.

- pensei que você já tivesse abandonado ela.

- por que eu faria isso? - perguntou, esfregando o rosto com as mãos - e como você é focado em abandono e família. O que aconteceu para você falar tanto disso?

Mikael arregalou os olhos e desviou o olhar. 

- não te interessa - resmungou.

- meus papéis também não eram de seu interesse - retrucou, fitando Mike.

Mikael lançou um último olhar para ele antes de sair da sala batendo a porta de vidro.

Felps se desviou dele e entrou na sala.

- o que deu nele? - perguntou, olhando para fora.

Tarik negou com a cabeça. Sua atenção foi para caixa nas mãos de Felps.

- o que é isso?

- é para você - colocou a caixa em cima da mesa.

Na mesma hora, Tarik reconheceu as letras na caixa. Um sorriso nasceu em seu rosto cansado quando começou a abri-lá.


Notas Finais


Tchau pessoas espero que gostem...um abraço e até a próxima


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