História Found my way - Yoongi imagine - I

 Hoje faz exatamente dois dias que cheguei a Seul. Onde estou ficando? Na antiga casa que meus pais alugaram há seis anos. Motivos? Pensei que o encontraria aqui, mas não foi bem assim.

 Deve estar se perguntando o que aconteceu comigo nesse tempo no Brasil, certo? Vou resumir: depois de frequentar, durante quatro anos, a faculdade cursando Designer de Moda, fui assistente de um designer em minha cidade. Ele tem sua própria loja com fabricação própria e eu o ajudava e desenhava a maior parte dos calçados de lá. Fiquei lá por dois anos até conseguir o suficiente para voltar a Seul e me manter até arrumar um emprego.

 Mal cheguei e já procurei por todos, mas não encontrei Yoon Gi na casa ao lado; não encontrei Jin na sorveteria – burrice da minha parte acreditar que ele seria caixa de uma sorveteria pra sempre – nem Yoon Soo em casa, mas encontrei os pais dela. Disse-me que ela se mudou para um apartamento próximo a faculdade. A fodona está cursando medicina. Sobre os outros, eu não sei seus endereços, então não sei mais onde os procurar. Amanhã pretendo visitar Soo no endereço que a mãe dela me passou e ir à procura de um emprego. Já? Óbvio, se minha intenção é morar aqui, não posso enrolar.

                                [...]

Li em um dos comentários – sim, eu leio os comentários, mesmo que não os responda nem os mencione – em que me perguntaram por que não coloquei, nem coloco data em meus contos. Minha resposta: não creio ter necessidade de especificar dia, mês ou ano. É isso que penso e é isso que sigo. Perguntaram minha idade hoje. Resposta: 24 até dois meses. Encontrei um emprego? Resposta: não, mas sou eu quem está ajeitando as fantasias para uma peça em um teatro de Daegu. Não é um trabalho fixo, mas já é algo. Por que não escrevo todos os dias? Resposta: não tenho tempo e não acontecem coisas interessantes suficientes para escrever em apenas um dia.

 Encontro-me com Soo todos os dias para almoçar próxima a faculdade que ela frequenta. Para ser sincera, não sei o nome da universidade nem nunca fui ate lá, pretendo ir. Quero ver como é o designer da faculdade coreana. Sobre meus amigos do Brasil, alguns ainda mantêm contato comigo, já vi um deles comentar aqui e não deixo de manter a conversa em dia, não dessa vez, mas vim aqui hoje para dá uma suposta má noticia e outra suposta boa noticia.

 Vou começar pela má, já que uma complementa a outra. A má noticia é que este é, bem provavelmente, meu último relato nesse diário online. Não sei como irão se sentir sobre minha ausência na internet, mas fiquem sabendo que sentirei muita falta de ler os comentários de vocês, tantos os zuados como os sérios e apoiadores. A boa noticia ‘tá mais pra uma bomba.

 Recentemente, – tipo, final de semana passado – Soo dormiu aqui em casa, no domingo pra ser exata e me contou algo. Não acreditei obviamente. Achei bem ridículo e tive que deixar o Google me socar, melhor dizendo, metralhar-me, pois aquilo foram tiros. O absurdo me contado foi que Min Yoon Gi havia virado rapper, fazia quase quatro anos. Se ri da cara dela? Rachei o chão de tanto rolar enquanto ria, mas ela manteve o semblante sério o que me assustou.

— Você não ta tirando sarro de mim? – ela simplesmente negou com a cabeça.

— Por que eu brincaria com seus sentimentos? Sei que você está louca por  não te-lo encontrado.

 Não a respondi por que o desespero bateu forte no peito. Fui até o santo Google e pesquisei o nome dele. Ele usa o apelido Suga como stage name e isso fez eu gritar alto suficiente para fazer os pássaros das árvores frente a casa voarem assustados. O mais louco? Não é só ele! Estão os sete juntos! Sete? SIM, SE-TE! TAE HYUNG TA NO MEIO. Não acredita? Pesquisa ai um tal de Bangtan Boys, ou  방탄소년단 ou Bangtan Sonyeondan ou até mesmo BTS. NÃO TO ZUANDO!

Tá lá: Kim Tae Hyung como V, Park Ji Min como Jimin, Jeon Jung Kook como Jungkook, Kim Seok Jin como Jin, Jung Ho Seok como J-Hope, Kim Nam Joon como Rap Monster e o bonitão do Min yoon Gi como Suga.

Como isso? Não faço a mínima ideia! O que eu vou fazer? Gastei meu dinheirinho num ingresso caro – CARO – dos bonitões lá ne. Preciso ver isso com meus olhos. Preciso vê-los mais uma vez, mesmo que bem distante. Preciso vê-lo bem. O ingresso não é exatamente pra um show, é algo... como chama isso? Fansainge? Fãsaingi? Ata fansing! Pelo que pesquisei é um tipo de evento onde os fãs ganham autógrafos, um ‘oi’ e dão presentes a eles.

Não sei explicar como funciona, só sei que se eu não aparecer aqui mais a noite – madrugada, pra ser especifica – é porque morri ta bem?! Confesso que estou escrevendo em meio ao desespero e, se não fosse o corretor automático, iriam achar que sou analfabeta de tantos erros ortográficos que já cometi.

Vesti-me com algo casual, já que minha intenção não é chamar atenção e sim ser reconhecida. Meu presente a eles? Uma foto do dia da minha partida que a Soo tirou sem que eu percebesse. Socorro, mais nervosa que eu só a Miss universo sendo demitida.

                                 [...]

Faz exatas 3 horas que cheguei do tal fansing e posso dizer que me sinto como uma fã vendo seu ídolo pela primeira vez. Era um local fechado, algum tipo de auditório, e havia cadeiras frente a uma extensa mesa coberta por um pano branco. Fãs loucas, gritaria e histeria. Chega a ser engraçado.

Não fui uma das primeiras, pelo contrário, fiquei muito ao fundo e sentia um medo de não ser vista, reconhecida ou como eu agiria ao chegar lá. Minha cabeça estava tomada por pensamentos negativos e ideias estúpidas como a de sair correndo do local abafado e respirar o ar que faltava em meus pulmões. Tantos pensamentos que só me despertei quando uma menina me cutucava avisando ser minha vez.

Estava em pé numa fila perto de uma pequena escada que dava acesso ao palco segurando sete fotos nas mãos tremidas. Nam Joon... Rap Monster (?) era o primeiro e eu o encarava freneticamente. Parecia que eu queria comer ele vivo. Quando subi ao palco, me foi entregue um pôster e, ao olhar novamente para o bochechudo, nosso olhar se encontrou e ele quase se levantou da cadeira. Assim que me ajoelhei frente a ele, lágrimas inundaram meus olhos fazendo com que eu visse seu sorridente rosto embaçado. Creio que ele usou a desculpa de eu estar chorando, mas ele se levantou e me abraçou fazendo com que eu levantasse também. Isso puxou a atenção de todos os presentes no palco e um coro de ‘aw’ vindo da plateia.

Depois de ser libertada do abraço mais quente, o entreguei a foto. Derramei mais lágrimas quando Nam Joon a levou até a boca e selou o papel. E assim segui a todos eles, recebendo um abraço rápido, mas aconchegante e carinhoso de todos, até que cheguei ao ultimo, sendo este... Min Yoon Gi.

— Meu Min Yoon Gi. – sussurrei na tentativa de que só ele ouvisse e fazendo mais lágrimas e lágrimas molharem minhas bochechas.

Ele segurou minhas mãos e as apertou firmemente. Senti que não queria larga-las nunca mais.

— Você veio... – a forma que ele se pronunciou parecia que ele sabia que eu voltaria. Parecia que ele havia me esperado e nunca desistido.

No momento que desci do palco, me segurei pra não voar na cara da staff – sorte dela que eu estava... estou emocionalmente abalada – por ela ter me puxado e desatado minhas mãos das deles.

Ah, quase me esqueci de mencionar o Jin, pois bem. O doido começou a trançar meu cabelo ali, como se estivéssemos em casa. Como se ele não fosse famoso. Acredito 98% de certeza, que estou sendo odiada pelas pessoas presente no evento, mas quem se importa?

Assim que cheguei em casa, fui colar o pôster dentro do guarda roupas – porque não quero disputar contra as traças – mas notei algo diferente na assinatura do Yoon Gi. Tem um número e eu estou martelando a ideia de ser seu número de telefone. Confesso estar receosa de mandar uma mensagem ou ligar. Tenho medo de meu desespero misturado com felicidade estrague algo. Então aqui estou eu, com o número salvo em contatos alternando entre: liga, não liga.

Certo, respire fundo. Se não o fizer, será tudo em vão...

                               [...]

— Yoon Gi? Senti tanto sua falta...