História Fragmento de Memorias - A Torre Inversa - O medo é o inimigo do imortal.

Observo abismado notando o grande pássaro flamejante pendurado em algo que parece uma raiz de árvore, porém com um tamanho sem igual. Se fosse para comprar o tamanho da raiz onde Fênix repousa eu diria que é próximo a um tamanho de um edifico de sete apartamentos tipo, já em comparação ao tamanho do anfitrião, é como se ele fosse um humano e eu uma formiga.

- Sou seu próximo desafio para atingir a imortalidade. Meu nome é Fênix!

Ainda supresso não consigo prestar atenção em nada. Afinal, não é todo dia que vejo um pássaro gigante que pega fogo. Ergo minhas duas mãos e rapidamente bato em meu resto com as duas palmas abertas, voltando à realidade.

- Oh... bem vindo Elfo que possui medo!

Elfo que possui medo? Do que essa galinha flamejante está falando?

- Meu segundo desafio é algo mais pessoal. Você terá que enfrentar seu próprio medo, pois aquele que toma imortalidade e que possui o medo dentro de seu corpo pode ser facilmente corrompido.

Enquanto Fênix menciona o que é o desafio sinto algo se deslocando dentro de meu corpo, quando noto uma fumaça preta começa a sair por minha boca trazendo uma enorme dificuldade para respirar. Caio de joelhos levando minhas mãos ao pescoço quase morrendo sufocado até finalmente a fumaça preta sumir de minha boca, permitindo que eu respire de novo.

- Pronto! Que comece o desafio!

Olho para frente um pouco zonzo notando que uma pessoa estava de pé na minha frente carregando uma espada e escudo, passou dois segundos até eu perceber que aquele na minha frente era eu, contudo totalmente escuro como uma sombra.

Ele começa a correr em minha direção brandindo sua espada contra mim, mas consigo defender puxando o escudo e ao mesmo tempo recuando para o lado oposto do ataque da espada dando-me distancia para entender o que está acontecendo aqui.

Aquele ataque que acabei de receber é literalmente o meu estilo de combate. Seja lá o que for aquela sombra certamente possui toda minha arte de manipulação com a espada e escudo, então o ganhador é aquele que conseguir quebrar a defesa do inimigo.

A sombra volta a atacar. Coloco meu escudo na frente e a ponta da lamina tenta perfurar, mas sem sucesso, rebatendo-o no ar.  Porém, antes mesmo de confirmar se minha defesa tinha sido um sucesso, meu corpo já estava completando um giro de trezentos e sessenta graus separando minha espada da bainha e então com um único corte dividindo a sombra em dois.

Observo as duas partes do corpo da sombra caindo em direções oposta e em seguida sinto uma dor enorme em minha cintura, uma dor tão grande que não conseguir distinguir o que aconteceu. Até notar que as duas partes da sombra começaram a se deformar criando assim dois guerreiros de aparência similar a minha.

- Mas que merda...

Falo fazendo careta graças a enorme dor que está tomando meu corpo.

As duas sombras parte para o ataque. A primeira espada eu defendo rebatendo com o escudo e o segundo golpe é impedido com sucesso brandindo minha espada contra a dele, cancelando a ação da segunda sombra.

Passou alguns poucos segundos recebendo ataque sem ter um mínimo de duração de tempo para contra-atacar, até perceber uma das laminas da sombra perfurando minha perna, fazendo-me perder o equilíbrio gritando de dor e em seguida observando a outra sombra girar trezentos e sessenta graus, pronto para usar a mesma técnica que acabei de usar. Levo meu braço com escudo rapidamente para frente do ataque da sombra e quando a lamina inimiga encontra meu escudo, vejo o pedaços dele voando para longe de minha localização e sinto meu braço sendo cortado. Quando noto meu braço também estava indo para a mesma direção do fragmento do escudo e tudo que estava em seu antigo local era uma poça de sangue que aumentava cada vez mais.

- WAHHHHHHHHHHH! – Grito sentindo uma dor enorme misturado com desperto observando as duas sombras se aproximando prontas para me finalizar.

Com a espada em minha outra mão encaro as duas sombras com um ataque central perfurando o peito da sombra que cortou minha mão, derrubando-o no chão junto comigo. Olho que a outra sombra se aproxima correndo levantando a espada e então atacando mirando em minhas costas, mas vendo toda a ação dele dou um giro para o lado rolando no chão, abandonando minha espada no peito da sombra, e em seguida observando a outra sombra acertar a sombra caída, que desapareceu completamente.

Minha visão começa a ficar turva por falta de sangue e tento me levantar correndo em direção da única sombra que está de pé jogando o peso de meu corpo contra ele, derrubando-o junto comigo. Rapidamente noto que ele deixou sua espada escapulir de seu punho, não pensei duas vezes e a peguei perfurando o estomago da sombra.

Passou dois segundos observando a sombra no chão com o estomago perfurando e assim começando a desaparecer, como se nunca estivesse lá. Quando olho para o chão percebo que tudo estava manchado e que minha visão estava mais escura do que antes, só sentir meu corpo tocar no chão coberto por meu sangue e sentir tudo ficar escuro a minha volta.

- Você conseguiu! Passou no teste!

Ao ouvir a voz da Fênix me vejo em pé no mesmo lugar onde eu estava quando vi o pássaro gigante flamejante pela primeira vez, olho para meu corpo vendo que tudo estava perfeito sem nenhum arranhão adicional, os feito pelas sombras. E falo supresso movendo os dedos do braço que tinha acabado de perder.

- O que? Meu braço...

- Tudo aquilo foi uma batalha mental contra seus medos. Você o derrotou! Você todo esse momento esteve sua mente e destruiu a emoção que trazia o medo. Parabéns!

Sim. O que ele diz é verdade, meu medo desapareceu e agora que volto a me lembrar daquilo é como se aquilo não significasse nada para mim... espera, aquilo? Desde quando eu tratei ela desse modo? Droga. Droga. Droga! Não foi só meu medo que perdi nesse teste, mas também minha humanidade.

- Pode partir para o próximo teste. Elfo que não possui medo!

Olho para a galinha flamejante com punhos fechados tentando controlar a raiva que está tomando minha mente. Mesmo que eu fosse atacar a Fênix eu não conseguiria vencer, isso não é medo e sim a realidade. E eu preciso estar vivo para completar meu objetivo.

Olho para frente, continuando a caminhar em direção ao próximo desafio com minhas emoções enlouquecendo dentro de mim.