História Freak (Imagine Suga) - Prologue

12, 11, 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4 , 3, 2, 1.

Contei os segundos antes de o despertador tocar.

Suspirei e esperei algum tempo para desligá-lo.

Escutei um barulho na cozinha, provavelmente o pessoal já deveria estar tomando café lá embaixo.

Com muito esforço, levantei-me da cama, apanhei uma toalha e umas roupas e segui para o corredor. 

Morar em uma república onde o banheiro é compartilhável não é fácil.

- YN, YN! Espera aí! – Uma voz familiar chamou-me do fundo do corredor, fazendo com que eu me virasse.

- O que foi, Annie? – Perguntei, enquanto a mesma se aproximava.

- Pretende tomar banho, certo? – Acenei positivamente com a cabeça – Más notícias. Yuna queimou o chuveiro um pouco mais cedo, terá que tomar banho na 3-A.

Ah, não. A 3-A não.

Somos divididos em três repúblicas estudantis: A 3-C (que é a onde eu moro) que só possui meninas, a 3-B que só possui meninos e a 3-A, que é mista, e não tem uma fama nada agradável.

Infelizmente, terei que me mudar para lá em alguns dias por seu aluguel ser um pouco mais barato. Meu pai foi demitido umas semanas atrás e não terá mais condições de pagar a 3-C.

- E a 3-B? Por que não podemos tomar banho lá? – Perguntei, colocando as mãos na cintura.

- Se você quiser ir, nada te impede. Mas espero que você esteja ciente que os garotos da 3-B são incrivelmente nojentos e babacas. – Annie disse, sacudindo os ombros.

- Fala sério. – Rolei os olhos – Tudo bem. Diga a Yuna que eu provavelmente irei jogar uma pedra na cara dela quando ela aparecer por perto. – Sorri cinicamente e passei por Annie, tentando aceitar o fato de eu ter que encarar aquela gente estranha da 3-A.

- Boa sorte. – Escutei Annie dizer atrás de mim.

Desci as escadas, em seguida cumprimentando as meninas que estavam na cozinha. Destranquei a porta e saí.

Novamente, o sábado encontrava-se nublado.

Eu poderia ter escrito uma dicionário só com os xingamentos que usei indo até a 3-A.

Bufei, batendo algumas vezes na porta.

Alguns segundos se passaram e não obtive resposta.

“Ah, vai se lascar.’’ Falei mentalmente e abri a porta, dando de cara com pelo menos uns oito garotos divididos entre a escadaria e a sala. Automaticamente todos me olharam com uma expressão esquisita.

- Mais uma. - Um garoto ruivo sussurrou para um garoto com cabelo rosa, apontando para mim com a cabeça.

Senti minhas bochechas queimarem e adentrei, passando pelos garotos que estavam na escadaria e procurando pelo banheiro. Na virada do corredor, avistei apenas a cozinha e uma saída. Resolvi perguntar para um garoto que estava sentado em uma das banquetas onde o banheiro ficava.

- Com licença? – Perguntei. O garoto levantou o olhar – Onde fica o banheiro?

- É só subir a escada, é onde tem uma fila na frente da porta. – O garoto respondeu, indicando a escadaria com seu dedo.

- Ah, tudo bem. Obrigada. – Sorri sem mostrar os dentes. O garoto apenas assentiu e voltou a prestar atenção em seu prato de comida.

Virei-me com uma vontade anormal de cometer suicídio em ter que passar por aqueles garotos na escadaria.

Realmente, hoje não é meu dia.

“É só fingir que não tem ninguém, só isso. Ninguém, só você, YN, só você.’’ Repetia mentalmente enquanto caminhava até a escadaria.

Os garotos, que anteriormente estavam conversando, param assim que me  viram pisar na sala novamente, o que deixou-me mais envergonhada ainda.

“... são só garotos, YN, só garotos..’’ Respirei fundo e subi as escadas, recebendo olhares de todos os garotos que estavam ali presentes.

Ainda bem que essa escada era curta, porque mais um segundo naquela situação juro que eu teria desmaiado.

Como era de se esperar, uma fila estava formada na frente da porta do banheiro.

E cara, que fila.

Juntei-me ao bando de pessoas que ali se encontrava, tentando processar tudo o quer estava acontecendo.

Não acredito que teria que morar com todos aqueles garotos e olhar para a cara deles todos os dias.

- Com licença... – Fui surpreendida por uma voz feminina atrás de mim. Virei-me rapidamente, vendo uma garota alta, morena e com olhos incrivelmente verdes.

- Sim? – Disse, inclinando um pouco minha cabeça.

-Você é da 3-C, certo? – Fiz um “sim” com a cabeça – Prazer, Karen. – A morena estendeu sua mão.

- YN. – Sorri, a cumprimentando.

- Nome bonito. – Karen disse, sorrindo também. – Sempre vejo você chegando ás cinco horas. Você estuda, trabalha?

- Estudo aqui, na UOC. E você? O que faz para me ver sempre as cinco? – Perguntei, cruzando os braços.

- Vou fechar os portões, na maioria das vezes. Só quando o Jin não vem. – Ela disse, arrumando seu cabelo.

- Jin? – Perguntei, arqueando uma sobrancelha.

- Sim. Ele é o ‘’líder’’ daqui por ser o mais velho. Ele não é nem de longe o mais responsável, mas todo mundo ama ele porque ele é fofinho. – Karen disse, balançando a cabeça.

Continuamos nos falando por um bom tempo enquanto a fila andava. Karen era bem legal, tinha 20 anos e fazia faculdade em uma cidade vizinha. Mora aqui na 3-A há três anos, então acho que ela apareceu na hora certa, pois quando contei á ela que me mudaria para a 3-A ela ficou muito feliz, já que as meninas daqui não são nem um pouco simpáticas.

Quando restava apenas um pessoa na minha frente, um garoto que saiu do banheiro chamou minha atenção.

Ele era realmente muito branco. Estava sem camiseta, revelando ser bem magro. Ele enxugava seus cabelos azuis na toalha quando levantou seu olhar, encontrando com o meu. O mesmo que estava aparentemente normal, travou seu maxilar e fixou um olhar bruto em mim, não o desviando até passar completamente ao meu lado.

Confesso que aquilo tenha me assustado um pouco.

- Ele é esquisito. – Disse, sem notar que Karen estava me contando algo.

- Aí eles... quem? – Karen perguntou.

- O garoto de cabelo azul, que é branco, muito branco. – Disse, semicerrando os olhos.

- Ah, o Suga. – Karen revirou os olhos – Ele é bem esquisito mesmo, mora aqui a mais tempo que o próprio Jin e só fala com o Namjoon. Ninguém conhece ele direito, mas nunca ouvimos reclamações dele.  – Karen sacudiu os ombros.

Não liguei muito para o que Karen estava contando, pois meus pensamentos estavam naquele garoto.

Eu não o conhecia... Por que ele me olhou daquela forma?

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Resolvi desligar o chuveiro após a décima quarta reclamação sobre meu tempo no banheiro.

Me enxuguei e vesti minha roupa rapidamente, soltando meu cabelo e apanhando minha mochila, saindo do quarto.

- Aleluia! – Um garoto que estava atrás de Karen exclamou ao meu ver.

Rolei os olhos em resposta.

- YN, você não me faria um favor? – Karen perguntou, segurando meu braço. – Pega uma blusa pra mim? Deixei ela em cima da cama. A porta tá aberta, é o segundo quarto do corredor aqui do lado esquerdo.

- Ah, sim, tudo bem. Posso deixar no banheiro quando trazê-la?

- Pode. – Karen sorriu e eu saí. – Obrigada!

Tá, segundo corredor... quarto esquerdo...

Não, calma. Segundo quarto, corredor esquerdo. Beleza.

Desviei de toda aquela gente que ainda estava na fila e segui para o tal corredor esquerdo.

Tá, em qual lado da parede é o quarto?

O corredor possuía quartos dos dois lados. Ah, fala sério.

“Ela teria me falado se fosse o da direita, provavelmente é corredor da esquerda na parede esquerda também.’’ Pensei, indo no quarto esquerdo. Girei a maçaneta, percebendo que a porta estava trancada.

- Quem é? – Uma voz grave masculina perguntou.

Ah, não.

Porra!

Antes que eu pudesse falar algo, a porta se abriu.

O garoto que havia me matado com o olhar anteriormente apareceu na frente da porta, encarando-me de cima á baixo. Ele continuava sem camiseta, com uma calça preta e com seu cabelo azul molhado.

- O que você quer? – O garoto perguntou, dando um passo para frente, fazendo com que eu fosse para trás.

- Ahn, eu vim pegar uma blusa pra Karen, mas e-ela me disse que o quarto dela era o segundo então e-eu achei que era o seu. – O nervosismo em minha voz era tão forte que o próprio garoto riu.

- É aqui, na frente. – Ele disse, virando-me de frente para a porta do quarto de Karen.

- Ah, tá. Desculpa. – Balancei a cabeça.

O garoto voltou para o seu quarto. O observei por cima do meu ombro.

Quando ele foi fechar a porta, recuou, olhando para mim novamente.

- Pelo menos agora você sabe onde é o meu quarto. – Ele deu uma piscadela, sorrindo em seguida e fechando a porta.

Cara, o qual é o problema do pessoal daqui?