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História Freak Out - Alguém arranque meu coração e me deixe aqui para sangrar


Escrita por: sammye

Notas do Autor


Hoy, tudo bom? ❤️

Desejo uma boa leitura! Hoje sem textinhos gigantes nas notas sksajkajks *♡*

Capítulo 19 - Alguém arranque meu coração e me deixe aqui para sangrar


Fanfic / Fanfiction Freak Out - Alguém arranque meu coração e me deixe aqui para sangrar

 

De manhã, encontrava-me sentada à mesa tomando o café da manhã juntamente com meu irmão, ele estava me fitando como se quisesse muito dizer alguma coisa. O encarei de volta, soltando o talher e estendendo a mão sobre a toalha — Matt, o que você quer falar? – perguntei já sem paciência.

Abriu a boca para murmurar algo, porém se conteve. Repensou — Ontem quando cheguei você não estava em casa, chegou muito tarde?

— Tinha ido passear.

— Onde?

— Fora de casa.

— Com quem?

— Com um amigo, você não conhece.

— E por que não?

Arquei a sobrancelha, bufando — Isso é um interrogatório?

— Você não respondeu a minha pergunta!

Levei a mão à testa — Você sabe que eu sou uma adulta? Até casada eu já fui, sabe? Eu sei me cuidar!

— Péssima escolha, por sinal. E não deixa de ser minha irmã mais nova!

Pendi para o lado resmungando, essa conversa estava me dando sono, então soltei um bocejo — Ontem você invadiu a minha casa e ainda quer me por contra a parede? Aliás, Amy me ligou ontem. – informei, tornando a comer minha torrada. O panqueca estava sentado na cadeira ao lado, dormindo.

Arregalou os olhos, agora parecia estar surpreso — O que ela disse?

— Que estava preocupada e que te amava, eu acho – forcei a mente para lembrar, erguendo os olhos para o longe buscando em minha memória — Eu estava sonolenta na hora. Enfim, disse que vocês brigaram. O que houve?

— Tivemos uma discussão séria, só isso. Mais tarde eu volto.

Franzi o cenho — E desde quando você é tão imaturo para sair de casa assim no meio da noite?!

Respirou fundo, abaixando a cabeça — Você sabe, estamos ficando velhos... Andei pensando, seria tão legal chegar nos cinquenta e ter um filho de vinte, sabe? Poder acompanhar o crescimento dos meus netos e essas coisas, mas Amy é vaidosa e diz não estar preparada para ser mãe. – contou, dobrando o guardanapo a cada fala — Que é muito jovem e tem outros planos, metas a cumprir.

Assenti — E você pelo visto não aceitou isso muito bem.

— Na hora da discussão acabamos dizendo coisas horríveis um para o outro, agora com a cabeça mais fria, eu entendo que não posso forçá-la pois acredito que um filho tem que ser decisão de ambos, não quero ruir nossa relação, a construímos a base da cumplicidade e respeito – argumentou, desdobrando o pano, agora brincava com o garfo fazendo batuques — Fui muito cruel com ela e infantil ao sair assim. Agora, sinceramente, sei nem como voltar para casa.

Mordi o lábio, irrequieta. Não sabia o que dizer, já passei por essa fase a qual ele está atualmente, queria ter sido mãe durante meu casamento, no entanto planejamos isso para o futuro e acabou que nos divorciamos. Filho é um assunto sério, não pode ser decidido apenas com o consentimento de um, quem há de sofrer será a criança. E Matt amava muito Amy, os dois estão juntos há tanto tempo, o diálogo entre eles chega a ser adorável, são amantes apaixonados. Não os queria ver tristes e separados.

Passei a mão pelo cabelo — Faz assim, passa na floricultura e compra as flores preferidas dela, depois compra um ticket para assistir um filme que ambos gostam no cinema e não se esqueça de declarar o seu amor por ela assim que ela abrir a porta. Aliás, deixe as flores na porta da frente e corra para os fundos, faça uma surpresa! – exclamei de braços abertos, entusiasmada — Demonstre que está arrependido de ter agido de tal maneira e mostre a ela, assim como está contando agora, que se importa e respeita seus desejos. Seja somente o bom marido e amigo que você é.

Ele sorriu, levantando e dando a volta na mesa, depositando um beijo caloroso em minha testa, agradecendo. Depois retornou ao seu lugar, agora visivelmente mais animado. Recordei de uma coisa — Como você ficou sabendo sobre eu ter sido expulsa do time de Hockey?

— Bem... Randy estranhou sua ausência quando o tal do Kendrick comentou ter algo estranho por detrás de sua saída tão repentina, aí fui procurando aqui e ali... – informou.

Kendrick me ajudando mais uma vez, fazia dias que não o via desde que entreguei o pingente furtado, espero que ele tenha resolvido o problema. Não tinha uma opinião formada em relação a ele, aparentava ser uma boa pessoa, contudo tenho lá meus receios, talvez fosse pela forma infortuna que nos conhecemos?

Matt arrebatou o copo de suco e eu balancei a cabeça espantando os pensamentos para longe. Estávamos conversando quando o telefone tocou, questionou se eu iria atender e fiz que não — Tem umas ligações bem chatas a respeito do Deryck e isso é uma perda de tempo – reclamei, mordendo minha torrada.

Tomou um gole do suco — Hum, deve ser a respeito do noivado e o rumor que saiu – falou, colocando a taça na mesa.

Arqueei a sobrancelha, surpresa — Rumor?

— Você não ficou sabendo? Ontem lançaram uma notícia muito idiota. Espere – disse, retirando o celular do bolso e buscando por algo, em seguida o entregou em minhas mãos para que lesse a matéria.

“Deryck Whibley anuncia noivado”, e o que isso tinha a ver? Ergui os olhos, ele apontou para que continuasse a leitura. “Fonte próxima à cantora Avril Lavigne, sua ex esposa, afirma que Rebecca fora o suposto pivô da separação e que eles já estavam juntos num affair quando pediram o divórcio. A cantora não se pronunciou sobre”.

Era só o que me faltava! Fiquei um tanto estarrecida, nisso tudo o que mais me incomodava era a parte de “fonte próxima”, porque apenas Matt, Evan e Michelle sabiam sobre isso e eu me recuso a acreditar que algum deles comentariam sobre. Porém... Balancei a cabeça exasperada, era inaceitável a hipótese de que Mich estivesse tão irritada ao ponto de me expor, além de que ela passou pelo mesmo — Isso não é verdade! – reclamei, apontando para a tela. O divórcio estava à caminho quando isso aconteceu, então era mais uma mentira.

— Não fique assim, minha irmã. A mídia apenas gosta de ganhar visualização – disse ele, agora próximo, bagunçando meu cabeço conforme me afagava — Por isso estão lhe enchendo o saco.

Neguei, balançando a cabeça — Não, Matt. Não é isso, a questão é: e se Michelle estiver envolvida?

Cessou, afastando-se — Você está acusando minha irmã de traição?! – indagou indignado, o recordei que ela também era minha irmã — Olha, acredito que ela seria a última pessoa a fazer isso, além de que o termo “fonte próxima” serve apenas para não especificar a falsa fonte e encobrir seja lá quem tirou isso. – afirmou, cruzando os braços e me encarando — Não duvide dignidade de nossa irmã.

Revirei os olhos — Tá, tá. Tanto faz, não quero falar sobre isso. Vamos falar de outra coisa menos mórbida! – ralhei, apoiando no encosto da cadeira.

Retornou ao seu lugar — Certo, você vai do Dia de Ação de Graças da mamãe?

Fiz uma careta — Não sei, Michelle vai estar lá e o clima entre nós está um tanto tenso, não quero arrumar confusão e estragar a ceia. – falei desanimada.

— Vocês precisam fazer as pazes e nada melhor que essa noite para resolver isso. Que tal assim, tentarei convencer Mich a ir e aí as duas conversam amigavelmente?

— Dialogar? Nós duas?!

— Claro, vai ser fácil quando eu as trancar na adega e só permitir sair quando estiverem de bem.

— Matt!

Deu de ombros, rindo — Enfim, depois vemos isso – pegou um pedaço de pão antes de sair — Tenho que ir agora, Amy deve estar me esperando. Tenha um bom dia, maninha – despediu-se dando outro beijo em minha testa e bagunçando meu cabelo ao passar por mim.

Ouvi a porta bater ao longe, despreguicei lentamente, encostando cada vez mais no encosto da cadeira. Eis que forcei tanto que a cadeira pendeu e eu fui para trás de supetão, meu pé escorregou e ao chão bruscamente com as pernas elevadas para cima lá estava eu.

Pisquei atônita com os olhos arregalados, sentia minhas costas doer e meu corpo ferver pelo baque, o susto foi tão alto que o Panqueca acordou, saltando da almofada e pairando na ponta da mesa. Ele pendeu a cabeça para o lado balançado o rabo, fitando-me, ouvi ao longe passos rápidos pelo piso de mármore, era Gianne correndo em minha direção para ver o que tinha acontecido.

E ali fiquei por um bom tempo, travada como uma robô enferrujada.

 

...

 

Em frente à lareira, estava sentada no sofá da sala com os pés postos sobre a mesinha de centro ouvindo a tv conforme ia passando o tempo. Pendi a cabeça, soltando um suspiro com as propagandas, puxei o controle remoto para desligar o aparelho. De canto, meu celular escorregou do colo e caiu sobre o estofado.

Remexi o corpo, acomodando-me sobre as almofadas com o tablet em mãos, iria participar um pouco das redes sociais. Do lado de fora o céu desabava numa tempestade, cada raio fazia meu coração disparar.

Mudei as páginas, havia ido parar em imagens. O telefone tocava incansavelmente, decidi o remover da tomada pois estava farta das perguntas referentes ao Deryck. Chega, já passou, não estou interessada em tomar partido nesse rumor, deveriam saber que tudo não passa de boatos mentirosos. Mas não... Preferem atazanar minha tranquilidade. Amanhã iria trocar de número.

Estava para por os fones quando ouço bastidas bruscas na porta principal, num pulo, desci do sofá descalça e fitei o caminho. Ellen, uma das empregadas, veio apressada para atender. Fiz sinal para que cessasse os passos e ela parou no meio do caminho, esfregando as mãos no avental.

Respirei fundo, engolindo a saliva em seco, seguindo descalça lentamente em direção à porta, outra batida me fez recuar apreensiva. “Não, calma!”, murmurei ansiosa. Girei a chave, destrancando, depois pousei a mão na fechadura puxando a porta rapidamente.

Deparei-me com meu irmão encharcado no meio da tempestade, gotas escorriam por sua face pingando sobre o carpete, sua respiração estava ofegante como se viesse correndo — Matt? O que faz aqui? Você está ensopado! Vamos, entre – toquei na manga da jaqueta para chamá-lo, desprendeu-se de imediato — O que foi?

Seus olhos estavam aflitos, perdidos — Por que não atendeu a porcaria do telefone, Avril?! Aconteceu... Aconteceu – repetiu para si mesmo desesperado olhando para todas as direções possíveis menos para meus olhos, engolindo a saliva — Acidente. Com, com... Michelle! Você precisa vir! – despejou, puxando-me pelo braço.

Pisquei atônita, imóvel feito uma estátua. Meu coração congelou no tempo, caindo ao chão e transformando-se em cacos. Não conseguia me mover mesmo com Matt conduzindo-me para sabe-se lá onde, apenas o acompanhava como um boneco de ventríloquo seguindo apenas o que fora designado. Minha mente estava longe, buscando compreender como meu mundo caiu — Minha irmãzinha – sussurrei desesperada, cobrindo um grito com as mãos.

Estava boquiaberta, perplexa. Um raio iluminando o céu por entre as nuvens espessas me fez recordar a consciência. Quando dei por mim, estava em frente ao carro dele debaixo da chuva, as portas estavam escancaradas, o veículo fora largado ali pelo caminho no meio da rua.

Entrei correndo no banco do carona, no espaço ao lado, ele se encaixou no banco, girando a chave que já estava na ignição. Apoiei a cabeça no encosto, elevando os olhos para o teto. Sentia as lágrimas escorrerem por meu rosto, deslizando até o pano da blusa. Levei a mão à testa, apoiando o cotovelo na janela, fechando os olhos e suplicando uma prece.

— Como isso aconteceu? – quebrei o silêncio sufocante fazendo a pergunta maldita.

Olhou-me de soslaio — Não sei ao certo, parece que ela bateu o carro e depois foi atropelada, algo assim. O motorista saiu sem prestar socorro. – respondeu, sua voz tinha um timbre rígido como se estivesse se esforçando para manter a compostura, como se precisasse ser forte por nós.

Quis resmungar um choro mais alarmante — E qual o estado?

— Não sei... Mamãe me enviou direto pra cá, nem tive tempo de passar no hospital. Ela tentou contatar você, como não conseguia...

Acertei um soco no porta-luvas, furiosa — Isso é porque desliguei o telefone e meu celular estava sem bateria, tudo culpa daqueles jornalistas idiotas! – praguejei irada, rangendo os dentes.

Balançou a cabeça exasperado murmurando que isso já não importava mais. Tornei a olhar pela janela, dei um grito quando avistei um animal no caminho, ele desviou apressado, mirando em outro veículo. Novamente, mudou a direção. Ele queria nos acidentar também?! Assim iríamos ao hospital de ambulância!

 

...

 

Desci correndo do carro e segui desesperada por entre o estacionamento, balançava as mãos espalhadas pelo ar conforme corria. Deslizando pelo corredor, parei na recepção perguntando pelo quarto. Meu irmão chegou logo atrás indo direto pro elevador sem nem ao menos esperar, tive que alcançá-lo à passos rápidos.

Seguimos quietos, baixei a cabeça enquanto mantinha as mãos entrelaçadas conforme fazia uma oração para que tudo ficasse bem. Eu só queria minha irmã de volta!

Sentada num dos bancos próxima às portas, lá estava minha mãe. Ela levantou num pulo assim que gritamos por seu nome, abriu os braços e eu percorri o caminho tortuoso até ela. Entrelaçou nós dois num abraço reconfortante, estava com os olhos marejados, passou a mão por meu cabelo, beijando-o — Meus filhos – balbuciou, contendo as lágrimas.

Vê-la em frangalhos me fez querer soluçar de tanto chorar — Mãe! – clamei, grudando em seu casaco de lã, abraçando-a fortemente.

Ali ficamos por um bom tempo, Matt trouxe um copo d’água para me acalmar enquanto mamãe recitava um sermão por eu estar sem sapato no meio do temporal. Embora estivesse levando bronca, tê-la ali do meu lado fez com que meu coração acalmasse um pouco com ela afirmando que tudo ficaria bem.

Ela levantou e foi conversar com um médico, em segundos o bom diálogo transformou numa discussão e eu presenciei de camarote — Aposto dez dólares que ela encenar algo – comentei, pressionando o copo de plástico por entre os dentes, mordendo.

Desdenhou — Aposto vinte que ela vai conseguir dobrar sem dramaturgia e entrar na sala – falou. Dito e feito, o médico a conduziu para a sala em que acredito estar Michelle. Matt estendeu a mão espalmada esperando com que eu lhe pagasse. Fuzilei-o com o olhar dizendo que esqueci a carteira em casa — Sem problemas, amanhã você me paga.

Ignorei, virando a face para o outro lado a tempo de ver papai chegando todo desajeitado. Ele ainda vestia o traje de pesca e cheirava a peixe, porém isso pouco me importava, corri para um abraço. Ele me pegou no colo — Abbey – chamou, afagando-me — Oh, minha querida, não fique assim. Sua irmã é forte, assim como você e seu irmão – contou, alisando minha face e limpando uma lágrima.

Fiz um bico — Mas pai...

Tapou meus lábios — Shiu – emitiu, forçando um sorriso esperançoso — Venha, conte-me como ela está – enganchou seu braço envolta de meu pescoço, caminhando comigo em direção ao meu irmão. Eles se abraçaram e Matt contou que ainda não sabíamos de muito.

Meu pai seguiu até a porta em que minha mãe entrou minutos atrás, dando algumas batidas. De imediato, mãe saiu dali — Jean? – exclamou ao vê-lo, partindo para um abraço — Nossa filha, Jean! – balbuciou, deixando a dor em seus ombros cair.

Fitei o piso branco, era torturante contemplar meus pais aos prantos, eles estavam juntos tentando consolar um ao outro, e ao meu lado, meu irmão pousou minha cabeça em seu peito recitando uma canção que Mich adorava cantar quando pequena. Ele queria mesmo acabar comigo!

Minutos depois, papai assinalou num cantinho me chamando para ir falar com ele. Caminhei em sua direção lentamente, abaixei a cabeça ouvindo atenciosamente — Você precisa se entender com sua irmã – falou o óbvio — Sabe o porquê dela estar na estrada? – fiz que não, erguendo os olhos para observar melhor — Michelle veio conversar comigo ontem contando o que aconteceu entre vocês.

Ixi. Pelo visto a situação vai ferver pro meu lado.

— Mas...

Elevou a mão, pedindo silêncio. Calei, fazendo carinha de cachorro que caiu da mudança para ver se ele se compadecia, pelo visto não funcionou — Olha minha filha, é praticamente véspera do Dia de Ação de Graças – relembrou, fazendo uma pausa e ajeitando a compostura — E eu sei o que aconteceu entre vocês – pousou a mão em meu ombro. E se ela distorceu um pouco a história?! Estou lascada! — Michelle disse que você ergueu a mão e lhe desferiu um golpe.

— Golpe é uma palavra muito forte... Que tal um toque? Carinhosamente... – em resposta ele fez uma cara feia. Fiquei quieta, olhando pro chão novamente.

— Um tapa então, que seja. Eu não eduquei vocês para se agredirem, certo? – fez que sim — Mas ela me contou o que disse para te fazer sair fora de si. E honestamente, se seu tio me dissesse algo como aquilo eu mesmo teria acertado um soco – argumentou. Respirei aliviada — A questão é que ambas estão erradas e eu não admito enquanto estiver vivo que minhas filhas não se falem ainda mais se for debaixo de meu teto. – impôs seriamente.

Ergui a mão para apontar uma cláusula — Mas pai, já moramos fora de sua casa, somos independentes, sabe?

Arqueou a sobrancelha — Ramona!

— Ok, ok! – elevei as mãos em sinal de rendição.

Suspirou resmungando que eu não tinha mais jeito — De qualquer forma, sua irmã pediu conselho. Hoje mais cedo ela ligou avisando que tinha tomado uma decisão, iria tentar fazer as pazes contigo, no entanto você estava tão magoada que não queria nem atender suas chamadas.

Fiz que não, batendo os pés no chão — Mas que coisa, não foi isso que aconteceu!

— E por isso ela estava à caminho de sua casa na hora do acidente.

Finalizou com tamanha calmaria, despejando na minha cara que eu fui a culpada — Nossa, muito obrigada, me sinto bem menos pior agora! – resmunguei fazendo cara de choro novamente. Quer dizer que ela estava me procurando? O que foi que eu fiz?! Sou uma péssima irmã, não tive a capacidade de cuidar daquela que mais precisava da minha proteção!

Meu pai pediu desculpas, abraçando-me mais uma vez e me mantendo segura debaixo de seus braços. Fiquei ali por um bom tempo até minha mãe interromper dizendo para que desgrudasse um pouco porque necessitava falar com ele. Saí sendo praticamente empurrada. Eles sumiram atrás da porta branca enorme a qual vira e meche passa diversos enfermeiros.

Olhei para o relógio de parede, estava amanhecendo. Mamãe demorou quase uma hora para retornar, disse que Michelle estava bem e fora de risco havia um bom tempo e que estava lá conversando com ela enquanto estávamos aqui fora esperando. Prontifiquei-me a entrar no quarto quando fui impedida, agora era horário de descanso.

 

...

 

Tomei café com meus pais na cafeteria da clínica. Matt e Amy estavam abraçados sentados no sofá da sala de espera de mãos dadas dividindo um copo de café. Ela o beijou, acariciando seus cabelos. Sorri ao vê-los unidos novamente.

Não saí daquele hospital até anoitecer, só iria para casa tomar um banho depois que falasse com minha pequena irmã, senão não sairia dali até então. Fiquei grudada no banquinho no final do corredor aguardando minha vez da visita, esperei mais um tempo até enfim poder entrar.

Quando a porta se abriu e a vi jazida naquela maca toda pálida e com arranhões espalhados pelo corpo fiquei aterrorizada, novamente petrifiquei ali no meio do caminho virando uma estátua. Meus olhos arderam, senti as pernas estremecerem. Ela estava abatida, claramente exausta, sua perna estava elevada e engessada assim como seu braço encontrava-se enfaixado. Segundo a notícia anterior, ela havia fraturado a perna e o braço deve ter sido algum ferimento.

Dei um passo à frente e senti como se houvesse um buraco negro prestes a me sugar — Mi-Mich? – gaguejei angustiada, levando a mão ao peito e fechando os olhos fortemente pronta para ouvir um xingo.

Ao contrário, ouvi o que seria uma espécie de riso. Abri um olho ainda receosa, ela assentiu com a cabeça, instigando a aproximar. Cuidadosamente, toquei em sua mãozinha ferida com a cabeça pendida contendo o choro. Chorei tanto nessa noite que já não aguentava mais repetir esse fato — Você está... Bem? Me desculpe, por favor – supliquei aos prantos.

Ela arqueou a sobrancelha — Pelo o quê mesmo?

Levei a mão à boca, espantada — Ai meu Deus, você perdeu a memória! Lembra que está me devendo duzentos dólares?

Riu e depois reclamou que isso fazia seu corpo doer —Avril... Desculpa por dizer que não lhe via, que você não existia e se tornara invisível. – pronunciou com a voz rouca, seus olhos continham um brilho pesaroso e em seu semblante estava nítido o cansaço.

— Minha irmãzinha – tornei a tocar em sua mão, trêmula. Depois alisei sua face, ajeitando uma mecha revolta, afagando-a — Desculpa por ter lhe atingido. Eu só queria... Te proteger, cuidar de ti. Nunca quis lhe ferir, e eu falhei – proclamei desapontada, baixando os olhos e deixando a lágrima cair em seu braço desnudo.

— Sinto muito por te decepcionar e por tentando lhe atingir por pura birra.

— Me atingir?

— Sou mesmo uma idiota mimada.

Neguei — Mesmo assim, eu fiz algo imponderável... Me desculpa – repeti, balançando a cabeça.

Fez que não — Novamente, desculpar pelo o quê mesmo? Vamos esquecer isso, virar a página. Não tocaremos mais nesse assunto, ok? Estamos perdoadas. – impôs, olhando-me nos olhos e pressionando de leve minha mão com carinho, estava fraca — Não podemos viver remoendo o acontecido, eu errei e você errou, portanto me prometendo nunca mais ousar me atingir novamente – logo que citou eu já prometi nunca mais repetir isso, violência não é a resposta muito menos solução — Somos irmãs, mais que isso, melhores amigas. Certo? – assenti imediatamente, ela deu um sorriso alegre que fez meu coração acalmar.

Michelle ainda estava frágil e bastante ferida, embora não tivesse sido grave, ainda era muito para ela e seu corpo precisava de descanso. Fiquei ali ao seu lado pelos próximos minutos até ter que sair para meu irmão a visitar.

Estava na porta quando ouvi seu chamado baixinho — Avril!

Virei o corpo de lado, olhando por cima dos ombros ainda parcialmente de costas — Sim?

— Te amo, minha irmã. – esboçou um sorriso, mas seus olhos ainda estavam cheios de preocupação.

Sorri de orelha a orelha, correndo apressada de volta para despejar um beijo carinhoso em sua testa — Eu também lhe amo, minha irmãzinha. – respondi, afastando-me lentamente. Ela se despediu ainda sorrindo.

Retornei para o cantinho de espera agora revigorada. Embora maninha esteja ferida, ela continua tendo seu brilho, alegrava minha vida. Iria protegê-la do mundo mesmo tento falhado da outra vez porque eu a amava e viver sem poder compartilhar nada ou apenas abraçá-la era como caminhar descalça sobre agulhas.

 


Notas Finais


Espero, de todo coração, que tenham gostado! Adorei a cena inicial :3
Sei que tudo anda meio calminho, mas em breve ei de resolver isso, não se preocupem sz

Nos vemos no próximo, sim? 💖


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