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História Freak Out - Ninguém em Casa


Escrita por: sammye

Notas do Autor


Hey, hey you! sz
Oii, tudo bom? 💜 Isso de atualizar por dia certo está me matando s/z

*Sobressalto: significa movimento brusco, súbito, susto.

Capítulo 27 - Ninguém em Casa


Fanfic / Fanfiction Freak Out - Ninguém em Casa

 

Era por volta das 18h quando Damien me ligou exigindo – não era nem “pedindo” – minha presença em sua casa para que juntássemos todas as provas obtidas do caso em grupo e assim finalmente dar um passo à frente, aproveitando também a breve estadia de Benedict na cidade.

O tempo estava frio, então vesti um agasalho aconchegante e enrolei um cachecol no pescoço, saindo de casa minutos depois para pegar a estrada. Chegando lá, parei perto do portão onde observei uma moça parada em frente à porta aguardando ser atendida.

Estranhei. Ela não era muito alta, um pouco maior do que eu, mas não passava muito do 1,60m pelo visto. Os cabelos lisos compridos numa tonalidade acinzentada estavam postos sobre os ombros, suas mãos seguravam firmemente a alça da mala de viagem. Quando dei mais um passo, um ruído fez com que voltasse sua atenção em minha direção. Ela me fitou cautelosa, os lábios estavam semiabertos, sua sobrancelha arqueada e seus olhos azuis intimidadores transmitiam a impressão de como se estivesse pronta para a guerra.

Estava para sibilar algo quando, do outro lado, Damien escancarou a porta murmurando “Até que enfim a tampinha chegou!” e, ao olhar para baixo, seu rosto perdeu a cor e empalideceu, boquiaberto. Se continuasse assim uma mosca iria entrar e fazer um lar em sua boca!

A mulher o encarou com os olhos semicerrados repetindo a expressão — Você disse: tampinha?! – sua voz era firme e seu semblante rígido.

Ele abriu a boca mais ainda para responder, porém as palavras não saíram. Olhou desesperado em minha direção pedindo socorro, não sabia o que fazer. Optei por não me intrometer, o que o fez soltar um longo suspiro para enfim tomar coragem e a encarar — Mi-Miranda?! O-O que fa-faz aqui? – balbuciou, tropeçando nas palavras.

— Bem, eu vim fazer uma visita. No entanto, pelo visto não sou bem vinda...  – cruzou os braços e ele entrou em pânico.

Contive o riso, estava divertido assistir a cena.

— É-é... Eu não...

— Passarei uma breve estadia aqui, sua irmã não lhe avisou?

Ele estremeceu, negando — De toda forma, seja bem-vinda de volta, prima! – anunciou de braços abertos pronto para recepciona-la com um abraço. Ela não se moveu — Pode entrar – ele se recompôs e estendeu a mão para dentro da casa aguardando todo sorridente para que entrasse.

E eu continuei ali parada no cantinho em frente ao portão rindo da cara de desespero que ele expressava. Assim que passei pela porta – logo após a tal prima – Damien sussurrou que era para eu ter batido na porta antes e que isso era tudo culpa minha. Dei de ombros, adentrando na casa onde encontrei os outros irmãos recebendo a convidada.

Era engraçado que Damien fazia de tudo para agradar sua prima, desde até mesmo elogiar minhas músicas quando ela demonstrou interesse e até se passar por irmão carinhoso, abraçando Benedict – que entrava na brincadeira – como se fossem irmãos unidos à todo instante.

Quando saíram da sala, Misty me contou que Miranda é a paixonite platônica de seus dois irmãos. O mais novo pigarreou — Nós dois uma vírgula, eu agora sou um homem comprometido! – bradou, defendendo seu amor. Nem sabia que ele tinha namorada! — É o Damien que se transforma em outra pessoa para agradá-la!

Ela riu, depois prosseguiram conversando sobre coisas paralelas enquanto aguardávamos a volta dos dois. Comentei que não imaginava que tivessem uma parente tão próxima assim e a consultora me contou que sua prima é sobrinha do falecido marido de sua mãe.

— Ex-marido – corrigiu o irmão.

Arregalei os olhos, surpresa — Espera, a mãe de vocês era casada?!

— Mais ou menos – respondeu Damien, retornando do corredor — Ela e Louie se casaram cedo. Eram amantes apaixonados, aquele lance de um tal amor puro e intenso, “único”, como dizia minha mãe.

— Mas? – arrisquei a pergunta.

— Ele adoeceu e, para “poupar” minha mãe, agarrou-se à ideia absurda de que se ela o odiasse a dor da perda seria menor – explicou gradualmente, dando uma pausa em seguida — Sendo assim, pediu o divórcio sem qualquer explicação e saiu de casa.

Pisquei atônita com tamanha loucura, ele simplesmente a deixou para trás?!

Benedict prosseguiu — No entanto, mamãe não o detestou logo de imediato sem ao menos tentar analisar a situação, portanto perdoou o ato impensável e tentou recuperar o tempo perdido.

— E então – Misty acrescentou, puxando a almofada para sentar no sofá — Eles continuaram juntos até o último suspiro e agora estão unidos novamente. – finalizou, esboçando um sorriso esperançoso.

Baixei os olhos, aturdida. Pobre senhora Raziel, ela era tão bondosa e amorosa, uma pessoa incrível, pelo o que me contaram e pelo pouco que a conheci. E mesmo assim não fora poupada de ter uma morte cruel e impessoal.

— E a mãe de vocês continuou sozinha por todos esses anos?

— Sim e não. – comentou o detetive — Ela nunca mais encontrou um outro alguém daquela intensidade, contudo isso não a impediu de ter alguns namoricos, mamãe não era uma pessoa muito quieta, sabe... – dito isso, ele riu e os dois fizeram o mesmo.

— Hum... E aquela aliança que o Noam ficou desesperado para pegar era da sua mãe? Achei que fosse sua!

Ele saltou, alarmado — Minha?! – arregalou os olhos, atordoado com a suposição e novamente, seu rosto perdera a cor.

Benedict balançou a cabeça, rindo — Sim, era da mamãe. Ela deixou de herança para esse pai desnaturado que deu para o menino “brincar”. – formou aspas com as mãos, fuzilando o irmão ao lado.

— Eu não tenho culpa se o menino se jogou na piscina!

— Ele herdou a loucura do pai!

— E a burrice do tio.

— De mim, ele herdou foi a beleza.

Riu — E que beleza? Seu, meu irmãozinho lindo que eu adoro tanto! – mudou o tom de voz e puxou o outro para um abraço apertado, esfregando o cabelo do irmão como se tivesse fazendo cafuné assim que viu a prima por perto. Ela os observou sorrindo por vê-los tão próximos. Eu já estava prevendo o momento em que Damien fizesse Benedict perder a consciência de tanto que o sufocava.

Pois bem, apesar das distrações, Misty chamou nossa atenção ao bater palmas e relembrar o porquê de estarmos ali reunidos. Seguindo ela, nos agrupamos na sala de estar para aproveitar o espaço maior da mesa e por ali em cima tudo o que tínhamos retido até o momento.

Observando os objetos espalhados, perguntei o que era aquele caderninho ali deixado num cantinho, a consultora respondeu que era o caderno de anotações de Raziel e que nele tinha um breve registro sobre Everly. Continha seu nome e a data de início da primeira consulta, entretanto a quiromante registrava tudo em mente até que o caso fosse finalizado, sendo assim a informação era pequena.

Abri uma caixa que estava postada sobre a toalha de mesa e a puxei para perto, de dentro retirei a carta “anônima” que Misty tinha recebido, estava para analisar quando a campainha tocou. O caçula se prontificou a ir atender e retornou com Samantha logo atrás.

Damien, que estava prestes a se sentar, cessou o movimento e a encarou — Sam, o que faz aqui?!

Ela estranhou — Você não disse que eu podia dar uma passada aqui após o trabalho?

— S-Sim, mas não achei que fosse aceitar vir hoje...

— Estou atrapalhando? – ela cruzou os braços e seu olhar claramente dizia “Não vim aqui à toa, não vou sair daqui”.

O detetive hesitou aparentemente nervoso com a situação, no final das contas, ele teve a sábia decisão de levá-la até o filho. Benedict – que estava na cadeira em minha frente – apoiou os braços sobre a mesa e sussurrou que apostava que seu irmão meteria os pés pelas mãos e faria alguma besteira em questão de minutos. Mais surpreendente ainda foi quando sua irmã embarcou nessa disputa apostando 30 minutos. Ele apostou vinte e eu arrisquei uma hora.

Balancei a cabeça, espantando a distração e retornando a pegar a carta em mãos, virei para ver se tinha deixado algo passar, nada. Depois olhei para os outros objetos e tentei encontrar alguma pista. Nada mais uma vez.

Damien retornou com copos e taças em mãos pronto para fazer uma linha do tempo, cada pessoa envolvida era uma louça, assim como eu e sua irmã — Vamos por os dados que temos – falou após por todos os itens em cima da toalha.

— Voltamos ao início: Damien e eu buscávamos por Everly que, – ligou um copo à uma taça — ajudava Gael, o marido de Aubrey. E também era cliente de mãe Raziel. – completou, ponto mais um copo — Depois, Avril testemunhou seu assassinato juntamente com Cord – relembrou, elevando o olhar em minha direção. Esfreguei as mãos, isso me causou um arrepio. Embora as cenas não causassem mais tamanho impacto, ainda era tenso recordar — E um mês depois a mamãe fora executada.

Calou-se logo depois, disse isso como se estivesse engolindo facas. Houve um silêncio sufocante por uns segundos, que pareceram minutos, até alguém quebrar o silêncio — Naquele instante – argumentou o detetive, tomando coragem para retomar a narração — Suspeitamos que fosse uma espécie de Serial Killer, até que então Nathan entrou na história – mexeu outra louça e acrescentou mais detalhes.

Benedict suspirou, parecia estar desconfortável, talvez fosse porque fora “obrigado” a recordar a morte de sua mãe. Ele remexeu na foto das vítimas e sussurrou que talvez pudera ser uma montagem ou algo do tipo. Seu irmão, também inquieto, acrescentou que havia sim uma Everly Munroe na lista particular de fregueses de sua mãe.

A prima deles, que se não me engano se chama Miranda, quis participar também — E aqueles outros dois copos ali?

— Um é Daren Hawes – informou o detetive — Ele era amante da senhora Devenporth.

— E quem é essa senhora?

— Era a mulher que Everly estava investigando. No caso, ela estava ajudando o marido da senhora a buscar provas de que ele estava sendo traído.

— Oh, já sei! É aquele típico jogo pelo divórcio?!

— Sim! – concordou, puxando uma anotação para perto — E esse homem, o Daren, fomos atrás dele algumas vezes e não deu em nada, ele não é um suspeito relevante.

Ela mordeu o lábio, pensativa — Hum... E por que esse casal está mais afastado da lista? Digo, as outras ligações parecem estar mais próxima do que eles.

Damien relutou em responder, ele não tinha bem uma explicação. Até eu estava curiosa em saber como eles saíram tão rápido da lista principal. Afinal, eles eram os principais envolvidos e a única ligação direta.

Samantha reapareceu para preparar a mamadeira de Noam, ela se acomodou numa das cadeiras vagas observando nossa apuração enquanto esquentava o leite. Damien, por sua vez, comentou que ela não precisava ajudar pois já tinha tudo sobre controle, como se ele estivesse se apoderando de tudo e isso incomodou Miranda que partiu em defesa da investigadora, deixando-o numa situação complicada. Olhei de relance para a frente, ponto para o Bene!

— Respondendo sua pergunta – Misty decidiu tomar o controle da situação antes que seu irmão se enforcasse — Os outros são Nathan e Muriella. Eles eram amigos, segundo o que dizia a carta da garota. Ele cometeu suicídio – direcionou o olhar para Samantha — Segundo nossa investigadora aqui.

— Ainda estamos verificando isso. – disse a ruiva — Há provas que fora suicídio, uma câmera registrou o momento.

Fez que sim — E a jovem teve uma morte suspeita. – prosseguiu a outra.

Pensando nos dois, uma ideia bem boba surgiu em minha mente. Ponderei melhor antes de sair falando asneiras — Quando a garota morreu? – indaguei de supetão e isso fez com que todos olhassem em minha direção confusos com a pergunta.

— Como assim “quando”? Não é óbvio que foi naquele dia? – respondeu o detetive.

— Sim... Mas, pensando aqui, e se ele viu sua amiga morta e isso o fez pensar em tirar a própria vida?

— Mas na carta não dizia que ela sabia da morte dele? – questionou Miranda com a imagem da carta em mãos.

— A carta pode ser falsa, há inconsistência na escrita – argumentei.

— Sim, contudo se ela morreu antes quer dizer que o suposto assassino teria previsto a morte do garoto? Ou o induziu a fazer isso? – questionou a investigadora.

Baixei os olhos, soltando um suspiro, frustrada — É, tem razão.

— Ei, não fique assim só porque sua teoria fora questionada! Você teve capacidade de pensar nessa hipótese e coragem para perguntar. Um bom detetive tem que saber fazer questões que ninguém mais quer fazer e tentar buscar respostas de toda forma – encorajou ela. Sorri agradecida pelo elogio. Isso foi um elogio, né? — Posso ligar para Kas depois e perguntar a hora exata da morte se isso for lhe tranquilizar.

Agradeci novamente.

— Quem é Kas? – perguntou Miranda.

— É a mala, digo, o jovem rapaz que é a sombra dela – Damien murmurou apontando com os olhos.

— Ele é meu assistente – corrigiu — É mais um estagiário em busca de experiência. – o fitou pelo canto dos olhos, depois virou a cara — O que mais vocês sabem sobre a primeira vítima? – perguntou, empurrando a cadeira para trás e indo pegar o leite.

Misty aguardou com que retornasse — Para ser sincera, não sabemos de quase nada... – proclamou decepcionada.

E com um grito – o qual fez com que todos nós déssemos um salto por causa do susto – Noam surgiu, vestido em seu pijama azul escuro com detalhes de luas e estrelas, correndo de braços abertos imitando um avião pelo cômodo. Suas bochechas estavam coradas, ele parou em frente à cadeira de sua mãe e desfez a careta sapeca para uma cara mais brava, reclamando da demora. Em seguida, subiu no colo dela para tomar a mamadeira e enquanto dedilhava os dedos pequenos conforme fazia um batuque na mesa, sua mão “escorregou” e derrubou alguns dos copos.

As primas se apressaram, no reflexo, para pegar antes que caíssem no chão e se partissem e vários fragmentos que posteriormente poderiam vir a ferir o menino. E é claro que o pequeno apenas riu e se divertiu com o sobressalto.

Seu pai reclamou da bagunça que ele fez, o repreendendo, sua irmã ralhou que crianças devem mesmo fazer bagunça. Enquanto isso, as outras duas olhavam fixamente aos copos, agora com dois deles caídos.

Estranhei, e quando olhei para frente onde Benedict se encontrava, ele também estava com a mesma feição de pensativo — O que houve? – perguntei, girando a cabeça e olhando para os lados.

— É isso! – exclamou ele — Olhe para esse monte de informação, você não percebe algo?

Franzi o cenho — Perceber o que?

— É, o que? – concordou o detetive entrando na conversa, nos encarando.

— Está faltando uma peça crucial – Samantha deu a palavra mas não explicou mais nada.

— Se vocês repararem bem, há uma informação faltando – acrescentou a prima.

Misty bufou incomodada pela repetição e demora em explicar o que tinham visto. Seu irmão mais novo a observou — Você não notou a ausência de ligação? – perguntou ele, intrigado.

Ela direcionou o olhar para o jogo de peças e ficou encarando por um tempo. Depois, abriu a boca e arregalou os olhos — Temos a conexão entre mãe Raziel e Everly, a primeira vítima e os senhores Devenporth e também a ligação de Nathan comigo, e a dele com Muriella.

Bastou dizer isso que uma luz acendeu em minha mente — Porém, não temos a conexão entre Nathan e Everly! – completei.

— Exatamente!

Misty soltou um suspiro, dando um tapa na testa reclamando por não ter encontrado isso antes. Após dizer o óbvio, eu também me senti muito burra por não ter me tocado nisso mais cedo. Quer dizer, que faltava algo todo mundo sabia, mas saber especificar o que era...

— Vocês sabem muito pouco sobre as vítimas, por isso a investigação anda tão parada. Se quiser eu posso ajudar com os documentos e relatórios de Nathan e Muriella. – ofereceu a ruiva.

— E eu posso tentar auxiliar na busca por informações das outras pessoas.

— Então vamos nos separar – declarou a consultora, pousando a mão espalmada sobre um papel — Damien e Miranda vão em busca sobre a vida pessoal de Everly, Samantha traz o que sabe sobre os adolescentes, Bene e eu vamos atrás da conexão pela escola e Avril, você poderia buscar mais sobre o trabalho de Everly. – decretou. Todos concordaram, e eu só precisava saber onde ela trabalhava — Na pista de gelo onde você joga Hockey. – informou.

Arqueei a sobrancelha — Sério? Quando sugeri isso o delegado pareceu meio descrente...

Deu um tapa no ar — Ele é assim mesmo. Bem, achei o lugar mais apropriado à você, visto que conhece melhor o ambiente. Algum problema?

— Não, não. – neguei de imediato — Posso fazer isso.

Sorriu, respirando fundo — Então pronto, chega de ficarmos esperando as vítimas caírem em nossos braços, vamos à busca! – decretou entusiasmada.

Quanto mais ajuda, melhor. Passamos mais algumas horas verificando o pouco que tínhamos, saí logo após a investigadora, estava um tanto tarde e amanhã o dia será corrido. Passarei a tarde na pista buscando descobrir mais sobre a primeira vítima. Eu não sabia explicar, mas sentia que era culpada por sua morte, pois fui uma das últimas que a viu viva e se eu, sei lá, tivesse tentado conversar... Talvez agora ela e Raziel estivessem vivas.

 

...

 

Fechei a porta com o pé, soltando o peso dos ombros e caminhando lentamente até a mesinha onde deixei as chaves. Dei alguns passos para o lado quando o telefone tocou, retornei, retirando o aparelho da base — Avril? – reconheci sua voz exaurida, era Camille, minha assessora.

Ergui a cabeça, levantando uma perna e apoiando o pé na outra, soltando um suspiro — Oi, Cam.

— Está tudo pronto pra amanhã?

— Amanhã?

— Sim, a entrevista – recordou, depois deu uma pausa para suspirar — Você esqueceu, não é mesmo?

Enrolei o dedo na mecha de cabelo solta — Não, não. Lembro sim...

— Você precisa se apresentar um pouco mais, aparecer, sabe? Seus admiradores começarão a ficar impacientes pela demora se você continuar tão apagada assim e para abandonar é uma questão de minutos – iniciou o sermão. Ai meu Deus!

— Fã não abandona.

Riu — Ah, mas abandona sim! E é isso que começará a acontecer com você se não tentar ser menos inacessível.

— Eu entro nas redes sociais.

— De vez em quando.

Bufei — Não se preocupe, não faltarei à esse compromisso. Sabe que sou compromissada!

— Eu sei, Avril. Mas é que ultimamente você anda tão desleixada.

Eu vou desligar o telefone na cara dela!

Prosseguiu seu discurso — Me importo contigo, sabe disso!

— Não seria esse o seu trabalho?

Ignorou o comentário sarcástico — Pedi para a empregada deixar um script na mesinha ao lado do telefone.

Baixei os olhos observando a papelada ao lado das chaves, puxei para perto — Sim, estou com ele em mãos agora.

Pude imaginar seu sorriso aliviado — Nos vemos amanhã às 7h30.

— É muito cedo!

— Boa noite, Avril.

Desligou sem me deixar pestanejar. Grunhi, devolvendo o telefone na base e retornando o caminho anterior com os papéis em mãos. Li algumas linhas revirando os olhos, ela sabia muito bem que não sou de seguir roteiro e mesmo assim insiste em fazer essas coisas. Cogitei a ideia de me livrar daquilo assim que passei ao lado da lixeira, porém não o fiz. Cam teve trabalho para fazer isso e por mais que eu esteja injuriada, isso não era justo com ela.

Segui para o banheiro, liguei a banheira e preparei meu banho. Estava exausta mentalmente, precisava relaxar e me acalmar. Talvez estivesse com preguiça de sair amanhã cedo e por isso demonstrei desânimo, apesar disso, adorava participar dessa dinâmica, era divertido! Quem sabe eu não me anime um pouco mais?

Fechei a torneira, prendendo o cabelo num coque e pegando os sais de banho, coloquei o pé para dentro da banheira para depois entrar por completo. Apoiei a cabeça na lateral e liguei a playlist de músicas calmas no celular. Fechei os olhos, inspirei, expirei. Deixei meus braços abertos encostados na beirada da banheira.

Podia sentir a paz me alcançando, era uma sensação tranquila. Infelizmente, a música cessou e em seu lugar o celular vibrou sinalizando uma chamada em andamento. Estiquei a mão para pegar o celular e atender — Oi? – falei alto, retornando a posição anterior enquanto ouvia a ligação.

— Avie!

— Mich?

— Oi, tudo bem com você? – ela estava um pouco alterada ou era impressão minha? Sua voz continha uma notória alegria.

Arquei a sobrancelha — Sim, e você?

— Ótima! Estou ligando para te chamar pra festa!

— Hoje?

— Uhum, uhum! – pude imaginar seus pulinhos.

Soltei um suspiro — Hoje não... Estou cansada, quero ficar quieta num cantinho e aproveitar a tranquilidade.

— Sozinha?

— Por aí.

Negou — Nem pensar, a gente passa aí então.

— “A gente”?

— As meninas! Eu, Lou, Brunne, Amy e Emma.

Balancei a cabeça negativamente, lamentando — Mas eu não quero sair hoje!

— E quem disse que vamos sair? Reunião! Festa do pijama!

Peguei o celular para tentar falar mais de perto, talvez ela não estivesse me ouvindo direito — Não, não. – ela tentou me interromper — Miche...

— Tchau!

E desligou. Nem me deixou argumentar nada, apenas decidiu que assim seria e pronto, estava decretado. Que mulher teimosa!

A música tornou a tocar e eu já tinha perdido a concentração, tentei relaxar novamente e aproveitar meu banho, estava um pouco agoniada e muito ansiosa para amanhã. Mal via a hora de solucionar esse caso, tinha tanta coisa acontecendo e ao invés de diminuir, aumentava. E eu me sentia cansada, culpada por não ser de grande ajuda, por apenas assistir o show de camarote sem poder fazer absolutamente nada.

Eu não era mais uma peça, era apenas uma testemunha mal colocada na cena do crime.

Respirei fundo, fungando. Depois deixei a água cair ao me levantar, pegando o robe e colocando os pés pra fora para sair da banheira. Soltei os cabelos sobre os ombros, marchando até o quarto como se fosse uma condenada arrastando a corrente.

Após me trocar, desci as escadas e fui em direção à cozinha. Um bom vinho seria bem-vindo no momento, mas estava muito “cedo” e amanhã teria que estar em plena capacidade mental, então uma suposta ressaca iria atrapalhar. Parei em frente a geladeira, de onde tirei uma garrafa de cerveja. Curvei o corpo e deixei a porta aberta conforme buscava por algum petisco, ouvi passos pelo corredor, então levantei e encarei Gianne escorada no batente da porta.

— Ah, olá! – ela tornou a caminhar, foi até o armário e abriu a gaveta, retirou de lá o abridor e o colocou em cima da mesa.

— Obrigada – murmurei ainda mastigando o pedaço de queijo.

Sorriu — Não há de quê. – deu mais um passo, pegou uma bolsa na cadeira e girou sobre os calcanhares em minha direção — A propósito, sua mãe ligou hoje cedo.

— Ela disse algo?

— Pediu para que retornasse assim que pudesse.

Terminei de engolir — Sabe se aconteceu algo?

— Não pelo jeito que ela falou, ela estava bem calma. Disse que não era nada de mais, acho que só queria conversar mesmo, coisa de mãe.

Assenti, ouvindo com atenção. Ela se despediu dizendo que já estava indo, desejou uma boa noite, seguindo seu percurso para fora de minha vista. Fechei a porta da geladeira, puxando a garrafa até a cadeira em frente ao balcão. A cadeira era alta, então eu tinha que “escalar” para alcançar.

Puxei o abridor para perto, removendo a tampa. Antes de beber, baixei a cabeça de olhos fechados e apoiei no mármore, suspirando. Não queria ficar bêbada, apenas precisava de uma distração.

Espreguicei, esticando o corpo. O Panqueca se encontrava em seu cantinho, ele arregalou os olhos ao me observar. Ri, levando a bebida até os lábios e virando o primeiro gole. A campainha tocou logo em seguida, elas chegaram.

 


Notas Finais


Damien todo atrapalhado com a prima 😂 // Tadinha da Avril, isso tudo está mexendo com a cabecinha dela :c Escolhi "Nobody's Home" como título porque foi a sensação que ela estava sentindo e essa música meio que se encaixou no momento ~bateu nostalgia~

Preciso relembrar que alguns capítulos serão mais extensos, okay? Pois uma parte eu escrevi no caderno e outra no word, daí não tenho a definição certa de tamanho/quantidade (no caderno).

Obrigada a quem leu até aqui, desejo uma boa semana! *u* Nos vemos no próximo, sim? 💖


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