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História Freak Out - Demonstração de Orgulho


Escrita por: sammye

Notas do Autor


Hey, hey you! 🎶

Sei que estou adiantada e confesso que tinha uma explicação enorme para isso, mas vou evitar os textões. Eu sou uma pessoa muito ansiosa, então a ansiedade já não cabia mais no peito e aí acabei postando ❤️

A capa fora feita por muá – e obviamente eu não manjo de edições ainda mais sem meu notebook – pois por enquanto a Madu não pôde fazer uma no momento, mas é temporária.
Desejo uma boa leitura! *o*

Capítulo 33 - Demonstração de Orgulho


Fanfic / Fanfiction Freak Out - Demonstração de Orgulho

 

Passei a mão pela prateleira em busca de uma caixa mais ao fundo, depois a peguei e a coloquei no carrinho que se encontrava próximo de mim. Noam estava sentado no espaço para crianças se divertindo com a embalagem da lata de leite em pó.

Um senhor de idade surgiu do meu lado repentinamente, ele acenou e afirmou ao invés de perguntar — Isso aqui é uma latinha de tomate – disse, esticando a mão para pegar o fermento.

Fiz que não, o observando. Seus cabelos eram grisalhos, a sobrancelha grossa curvada, e apesar da expressão cansada, ele mantinha um olhar brilhante e um sorriso jovial — Não, senhor. Esse é o porte de fermento, – dei alguns passos para o lado e apontei para as demais embalagens — essas daqui são as que o senhor procura. – informei, sorrindo de volta.

Ele agradeceu e escolheu uma latinha comentando que iria pegar a maior para que durasse mais. Sorri ouvindo atentamente o que ele tinha a dizer para só então, após ele sair, retornar às compras.

Tornei a pegar os itens que compunham minha lista de itens na prateleira. Quando olhei de relance para trás, notei Noam parado segurando um pacote de lenços, ele congelou no ar, pendeu a cabeça para o lado esboçando um sorriso travesso e soltou o pacote no chão onde havia jogado a maioria das coisas que eu tinha posto no carrinho.

O encarei com os olhos semicerrados e ele compreendeu o recado, se aquietando. Decidi o descer dali antes que retornasse a aprontar mas alguma. Em seguida, dei a volta e agachei para recuperar as compras do pavimento, estava devolvendo as duas últimas quando levantei e trombei com uma mulher, esbarrando.

Ela recuou e me fitou aturdida — Desculpe – pedi de maneira educada, recompondo a postura.

Balançou a cabeça — Sem problemas – respondeu com um sorriso. Ela tinha cabelos escuros até a altura dos ombros, seus olhos eram de uma tonalidade azul cintilante tão brilhantes que por um momento lembrei de Miranda.

Levei um tempo para notar que estava fazendo barragem em seu caminho, então terminei de devolver os itens e saí da frente pedindo desculpa mais uma vez.

— Tudo bem. Esse menininho lindo é seu filho?

Puxou o pai, pensei. Então, assenti — É sim. Cumprimente a moça, Noam – chamei sua atenção e ele acenou.

— Que belo nome! Aquela é minha filha – apontou para uma garota com o cabelo preso em duas mechas que se encontrava parada ao lado de um carrinho em silêncio, a menina aparentava ter por volta dos sete anos — Ela tem seis anos, a Lindsay.

Quase acertei — Sua filha é bem educada – comentei e ela fez que sim — Noam também é muito comportado – assegurei fingindo que não tinha o visto pelo canto dos olhos tentando escalar a prateleira.

Abriu um sorriso — Vejo que ele deve ter herdado os traços da mãe – sondou, alisando uma embalagem que tinha em mãos, baixando os olhos para em seguida me fitar. Assenti em resposta — E onde está ela?

“Morta”, pensei em responder, mas era bem capaz de Samantha brotar aqui do meu lado só para desmentir — Do outro lado da cidade, bem longe daqui, soterrada em trabalho – dei ênfase no “bem” e ela pareceu entender.

— Oh... Pai solteiro?

— Sim, somos só Noam e eu... E você?

— O pai de Lindsay vem visitá-la às vezes – apontou. Estava para falar mais alguma coisa quando hesitou e olhou para os lados, evitei repetir seus movimentos mesmo que muito curioso — Seu filho...

— O que tem ele?

— Não o vejo!

Abaixei a cabeça de imediato e busquei por ele ao redor, não o encontrei. Senti meu coração descarrilhar, larguei a desconhecida para trás e saí correndo gritando a plenos pulmões em busca de meu menino. Minhas mãos estavam suadas, parei no início de um corredor e o avisei ao fundo dependurado numa prateleira do hortifrúti tentando pegar uma bandeja de uvas.

Se eu não tivesse chegado ali tão rápido como cheguei, talvez agora a prateleira estivesse caída sobre ele. O peguei de surpresa por detrás e o levei de volta ao carrinho — Chega de compras por hoje! – anunciei. Ele passava gritando e apontando para as bancadas “Papai, papai!”. Bendita foi a hora em que ele aprendeu essa palavra, era tão mais bonitinho quando só chamava “Vovó, vovó!”.

Já na fila do caixa, estava quase chegando minha vez de ser atendido quando aquele mesmo senhor ressurgiu perguntando se a farinha de mandioca que estava segurando em mãos era na verdade farinha de trigo. A atendente fez que não e o senhor saiu dali sozinho buscando pela verdadeira.

Olhei para a fila em minha frente, eu era o próximo. Depois olhei para trás por cima dos ombros e constatei que havia mais três pessoas. Suspirei, limpando a testa e pedindo licença para passar com o carrinho, e com Noam nos braços, saí da minha vaga e percorri pelas seções atrás do senhor.

O encontrei buscando pela farinha certa numa das prateleiras, fui até ele e mostrei a correta — O senhor deseja mais alguma coisa? – o acompanhei até a bancada de hortifrúti.

— O senhor trabalha aqui?

Fiz que não — Sou apenas um cliente – respondi. Ele sorriu gentilmente, sua expressão era serena — Mas posso ajudá-lo – insisti.

Ele continuou escolhendo suas verduras tranquilamente, fiquei aguardando por um tempo e depois o instruí até um outro atendente mais qualificado. Em seguida, peguei o caminho de volta para o fim da fila conversando com meu filho.

 

xXx

 

Chegando na frente de casa, encontrei Misty parada diante da porta lidando para destrancar a nova fechadura enquanto carregava sacolas de papel nos braços. Eu já havia retirado meu filho da cadeirinha, então o coloquei em segurança na calçada – entregando seu ursinho de volta – e fui até ela para ajudar.

Noam apontou para a sacola como se sentisse o aroma dos pães doces de longe — Doce, doce! — exclamou aos pulos, repetindo cada palavra que dizia agora nessa nova fase.

Ela riu e pediu para que ele aguardasse um pouco, contudo Noam mal sabia o que significava esperar. Assim que a porta abriu, ele entrou em casa correndo e largou o pacote de salgadinho pelo caminho, apressando em ir se alojar no seu banquinho.

Misty ameaçou pegar o pacote e eu intervi — Deixa aí, ele tem que aprender a pegar suas coisas. – proclamei ao interromper.

Ela me observou — Veja só como você está mudado desde que Noam chegou – comentou orgulhosa, o que me fez sorrir. Posso não ter vocação alguma, mas tento ser um bom pai para meu garotinho.

Retornei ao carro e abri o bagageiro, retirando as compras e levando para dentro de casa enquanto minha irmã dava um pedaço de pão ao menino — Vai devagar com os doces, depois ele fica todo energético de noite e quem se lasca sou eu – repreendi, pousando a última caixa na mesa.

— Eu sei, só quis fazer um agrado – passou a mão pelo cabelo dele conforme pedia para que ele comesse mais devagar — Sabe como ele ama pães – acrescentou. Concordei — Ele faz jus ao sangue que corre em suas veias.

Dito isso, ela esboçou uma careta e se repreendeu, seu olhar pedia sinceras desculpas. Apenas ignorei e abri a porta do armário para começar a guardar as compras.

Observei pelo canto dos olhos que Misty estava desconexa — Como foi lá com Kane? – interrompi o silêncio. Havia passado um pouco mais de duas semanas desde o acidente e cada dia ela estava mais agitada.

— Foi bom – respondeu sem olhar em minha direção — Kane está se recuperando bem, ele só está abatido pela perda de sua tia.

Ela não disse mais nada, contentou-se em manter um silêncio enorme como se estivesse evitando diálogos. Algo não se encaixava nessa quietude toda. Pois, se tem uma pessoa nesse mundo que eu conheço bem nessa vida, essa pessoa é a Sil.

Pousei a mão em seu braço chamando sua atenção. Ela pareceu se assustar — Ei, calma! Sabe que pode contar comigo, não sabe? – tentei tranquilizar. Ela fez que sim, desviando o olhar logo em seguida — Então o que é que você tanto esconde? É o fato de que está indo embora?

Soltou o enlatado em cima do balcão e me encarou com uma expressão surpresa — Como você sabe?!

Ergui os olhos — Só porque você é a detetive verdadeira, não quer dizer que eu não seja nenhum pouco esperto.

— Não foi isso que quis dizer!

— Eu sei. – dei de ombros — Talvez seja o fato de você ter enchido nossa despensa com enlatados e receitas de pratos rápidos porque sabe que não me dou bem na cozinha...

— Ou? – sondou com uma sobrancelha erguida.

— Ou o cartão do corretor de imóveis que Noam pegou do seu quarto para rabiscar esses dias. – completei e isso a fez formar outra careta.

Suspirou — Eu ia te contar.

Concordei — Eu sei, você só estava esperando o momento ideal.

— E está tudo bem para você?

Respirei fundo, me aproximando. A olhei nos olhos — Por um lado, meu egoísmo quer muito que você fique – confessei, ela baixou os olhos — Mas eu estou muito mais orgulhoso do que descontente.

— Orgulhoso?

— É claro! Você finalmente ouviu o meu conselho, estou feliz que siga seu caminho! Até porque, iremos separar nossa parceria profissional, isso não quer dizer em hipótese alguma que deixaremos de sermos parceiros – pronunciei entusiasmado — O céu é apenas um limite, eu quero muito que você alcance seu sonho, mesmo que para isso eu tenha que lhe deixar sozinha por uns instantes... Eu já me sinto mesquinho por roubar seu holofote.

Misty fez que não, rindo aliviada. Ela relaxou os músculos tensos e respirou fundo — Eu amo você – disse, puxando-me para um abraço. Embora um lado meu esteja apitando de preocupação, eu a recepcionei com carinho. Sentia mais que orgulho, estou até mesmo empolgado por ela. Sil é precavida, inteligente e ardilosa, ela irá se virar bem em uma casa nova em segundos!

— Não se preocupe, Dam. Nunca te abandonarei, vocês são os meus rapazes, virei todo dia fazer uma visita!

Recuei, a encarei cético — Se vier todo santo dia, irá passar em uma semana de visita para incômodo! – murmurei. Ela balançou a cabeça, rindo, e me abraçou novamente.

Depois retornamos a arrumar as compras, à essa altura, Noam já tinha ido brincar na sala em frente à TV. Notei também que agora era minha irmã quem me sondava e isso me incomodou — O que foi?

Guardou o último cereal no armário — Seth ligou. – informou sem fazer os rodeios típicos que ela sempre fazia quando o assunto se tratava dessa aberração.

Desfiz o sorriso que até então estava mantendo e fechei a porta do armário de forma brusca, finalizando ali o assunto. Saí apressado e ela veio atrás insistindo em tocar nesse tema impertinente.

— Ele disse que vem no fim do mês para ver a mãe Raziel.

Ri incrédulo, girando em sua direção conforme andava de costas — Ah, depois de mais de dois meses que ela morreu ele agora lembrou que tem uma mãe? – ou no caso em questão, “tinha”.

Encarou-me com repreensão — Não seja tão rígido.

Isso era engraçado, senão hilário — Você gasta saliva defendendo aquele estrume em forma de gente.

— Damien! Se não for por você, pense em nossa mãe, ela iria querer ver todos seus filhos unidos!

Arqueei a sobrancelha — Então desejo boa sorte ao tentar convencer Benedict!

— Eu ainda não tive a chance de conversar com ele sobre isso...

— E nem terá – completei sarcástico — Mas por que será, hein? Será que foi por causa que Seth disse ao Bene, quando ele tinha apenas seis anos, que era uma questão de tempo para mamãe o abandonar para trás assim como sua progenitora fez, porque ele era um “guloso irritante e chorão que nenhuma família quer”?! – relembrei, com as mãos espalmadas para o ar.

Misty fechou os olhos e inspirou — Isso foi um erro, foi cruel – admitiu. Claro que foi! Bene passou duas noites murcho e chorando escondido com medo que o vissem, ele até fugiu de casa e se perdeu nos quarteirões, a sorte era que eu conhecia seus planos e o trouxe de volta. Lembro também que enfrentei aquele imbecil e acabamos brigando feio mesmo com ele sendo maior do que eu, e mamãe deu uns tapas em nós dois por apelarmos para a violência na frente do menino — Mas ele era praticamente uma criança também.

— Uma “criança” muito da miserável.

— Agora adulto ele deve ter se arrependido – prosseguiu ignorando minhas objeções.

— “Deve”? Reparou que só você tem esperanças nele? – analisei intrigado, incrível como ainda fico pasmo com essa atitude — Seth foi embora, deixou que fizessem a cabeça dele, abandonou nossa mãe e afirmou ter vergonha dela pela profissão “vergonhosa” que ela exercia – rebati, para isso ela não poderia ter desculpa — A última vez que o vimos deve ter uns seis anos pra mais. E por que raios você o defende tanto se ele nem gosta de você? – esbravejei. Ele é preconceituoso, isso para não dizer racista!

Ela balançou a cabeça, indignada — Eu quero, eu preciso acreditar nele. Por nossa mãe, ela se sentia mal com essa situação e eu fiquei inútil observando tudo sem poder fazer nada para ajudá-la...

Então ela sentia remorso? — Você põe muita fé nas pessoas e tais seres não merecem tamanha crença – disse, frustrado com sua perseverança, encarando-a — Se você quer recepcioná-lo na nossa cidade, pois fique à vontade. No entanto, não o quero dentro dessa casa perto do meu filho, entendeu?

Cruzou os braços — Essa casa também é dele, lembra?

Ri — Não, não é. E sabe por quê? – questionei inconformado, fitando-a — Porque ele mesmo renegou mãe Raziel e disse que não era seu filho.

Misty pode tentar à vontade, mas nesse momento, sou eu quem tem a razão mesmo sendo um feitio raro. Ela hesitou, soltou os braços e baixou os olhos, remoendo aparentemente alguma ideia antes de me encarar de volta — Eu também tenho fé em você.

Franzi o cenho — Como assim? O que quis dizer?

— Tenho esperanças que você tenha, por um exemplo, um bom motivo para ter agido daquela forma para com Avril – cutucou novamente. Ela retornou nesse assunto! — Você diz que Seth é hostil, mas a definição “grosseiro” é até pouco para o que você fez.

Fiquei pasmo, ela estava me comparando?! Agora me ofendeu — Eu posso ter sido desagradável ao expulsá-la, mas...

— E ao chamá-la de inútil também – acrescentou na lista, me interrompendo.

— É, isso eu admito que foi desnecessário, mas eu não menti. E seu adorado irmão mais velho no meu lugar teria a chamado de coisa pior e a escorraçado daqui de casa convocando os seguranças.

Cruzou os braços novamente — Então me diga, por que agiu assim?

— Olha, eu já disse que falei o que pensava, sinto muito se isso não lhe agrada. – defendi minha decisão, convicto — Mas eu não odeio a tampinha – assegurei. Fiz o que fiz porque tive meus motivos — Agora, me comparar a ele? Isso não tem cabimento!

A campainha tocou na hora exata, era provavelmente a nova babá. Encerrei nossa discussão por ali e corri pegar a mochila no quarto, que se encontrava escondida debaixo das peças de roupas dentro do guarda-roupa, e passei pela sala me despedindo de meu filho com um beijo rápido em sua testa, para depois abrir a porta. A minha sorte era que Noam lidava muito bem com despedidas e nem ligava quando eu saía.

 

xXx

 

— Comparar Seth comigo é como assemelhar um trator com um guindaste – ralhei conforme atravessava a rua a passos rápidos. Ajeitei o cachecol sobre a gola do casaco e encaixei as mãos nos bolsos.

Parei em frente à porta do bar e respirando fundo, puxei a maçaneta e adentrei no local. Passei os olhos por entre as pessoas até avistar quem eu procurava. Ele se encontrava sentado num dos bancos em frente ao balcão. Passei a mão na aba da mochila que estava pendurada sobre meu ombro e fui até ele.

Sentei num dos assentos vagos e puxei a garrafa que estava em sua frente, depois acenei para que o atendente servisse um copo — Olha só quem está de volta! – exclamou, virando em minha direção. Espero, sinceramente, que ele não esteja muito alterado.

— Sim, Tommy.

— Não o vejo aqui desde muito tempo, e olha que acreditei que fosse fazer daqui sua nova moradia após a senhora...

Puxei o copo — Preciso de um favor. – interrompi sendo direto antes que ele tocasse naquele assunto.

Arqueou a sobrancelha — O que deu dessa vez?

— Preciso que investigue algo...

— Isso vai ter que esperar um pouco, no momento estou com uns casos sérios para resolver.

Fuzilei-o com o olhar por um momento antes de retirar a mochila das costas e a colocar sobre a mesa, puxei o zíper e retirei de dentro um envelope — Olhe – empurrei em sua direção.

Tommy olhou o conteúdo com discrição antes de retirar o que tinha dentro, formando uma careta ao analisar — Uma foto de Noam?

Assenti — Dele sendo buscado na escolinha por sua antiga babá.

Retornou a olhar para as demais imagens, passando para a próxima — E Sil no banco do parque tomando um café enquanto lê um livro? – prosseguiu atentamente, fiz que sim com a cabeça — Mas o que a Avril está fazendo aqui?

— Ela está tocando violão na varanda de sua casa. Conheço esse lugar porque fui lá uma vez – relembrei, remexendo-me na cadeira e tocando no envelope — Tem também uma fotografia de Bene concentrado na cozinha da qual acredito que seja em sua faculdade e que, se não me engano, é proibido a entrada de câmeras.

Então, meu velho amigo Tommy captou a mensagem e se espantou — Você está sendo ameaçado?

— É o que parece – respondi inquieto.

— Sil Sabe disso?

— Não. Tive que tomar medidas drásticas desde que recebi essas imagens.

— Quais medidas?

— A tampinha, por exemplo.

Juntou as sobrancelhas — Aliás, o que Avril faz na lista?

— Ela é uma testemunha da morte de Everly – relembrei. Exclamou um “Ah!” e isso me deixou intrigado — Você parece a conhecer...

Ele levou a bebida até a boca — Quais medidas? – desviou. Certo, ele estava encobrindo algo!

Fechei os olhos e respirei fundo, tomando também um gole da cerveja. Havia tanta informação, diversas coisas para contar e cada vez que pensava na hipótese, um outro acontecimento vinha e atropelava tudo. Não gosto dessa sensação, um incômodo me persegue. E não gostei do fato de alguém se aproximar de meu filho e usar sua vulnerabilidade para tentar me atingir! Sendo assim, por Noam, e pela segurança das pessoas com as quais me importo, terei que abrir mão do sigilo imposto por Misty e expor essa situação.

Ela estava bem envolvida com o andamento da investigação, não foi muito legal o que eu fiz para afastá-la, acho que agora ela me odeia, e com bons motivos!

Tommy pediu outra garrafa — O que você fez?

— Eu a expulsei – contei, recordando da discussão. Eu estava tenso e apreensivo, sentia nervosismo por receio de acabar não soando sincero o suficiente ao ponto de convencer minha irmã, e sem poder contar a verdade, agora até mesmo ela me repreendia — Disse que ela era um fardo e que estava atrapalhando. E a chamei de inútil também...

Retirou a tampa, abrindo a garrafa e despejando o conteúdo no recipiente — Desnecessário Damien. Muito desnecessário – argumentou repetindo que nem Noam fazia.

— Eu não me orgulho, ok? – murmurei, preenchendo o copo novamente — Mas foi preciso, eu tive que fazer o que foi feito.

Ponderou, apontando uma cláusula — Você a quis proteger.

— Misty sabe se defender, ela foi treinada para isso, é forte e consegue nocautear uma pessoa facilmente – introduzi, respirando fundo. Droga, está tudo dando errado! — Mas a Avril... Não nego a capacidade que ela tem de se defender, no entanto não sabemos com quem estamos lidando, quer dizer, sabemos que é um assassino e isso torna a situação muito mais delicada ainda.

— Você se importa com ela? – sua voz soou maliciosa, lá vem ele com as insinuações.

Não neguei que, de fato, eu me importo sim — Sim, me importo. Ela é da família, ao meu ver é como Benedict, uma praga no meu pé – ele riu, compreendendo o que eu queria dizer. A tampinha não me interessava fisicamente ou romanticamente, ela era alguém que conquistou meu carinho e respeito, admiração — Ela salvou minha irmã e socorreu meu filho. Além disso, mamãe me disse que sentia confiança e uma energia positiva vindo dela, e que em breve faria parte da família e eu tenho que cuidar de nossa família!

Tommy concordou — Família é uma bagunça, mas quer queira ou não, de certa forma é ela quem nos molda.

Admiti. Eu sei que de certa forma isso soe injusto com essa atitude, mas só estou ouvindo meu instinto — Benedict estará seguro enquanto não se envolver muito nisso, Noam está sob minha proteção e Misty é ágil. Mas, quanto a Avril, se eu tentasse a afastar de forma sutil, ela não me daria ouvido, então fui ao extremo e mesmo assim ela relutou.

Esboçou um sorriso — Ela é valente!

Suspirei desapontado, depois inspirei com uma nova esperança — Pelo menos, com a situação mais controlada, poderei tomar conta melhor do caso. Afinal, somos uma parceria! – concluí tentando ser otimista. Isso se Misty não complicar — E então, vai poder me ajudar a descobrir de onde veio essas fotos?

— Claro! – empurrou a taça e pegou as imagens — Vou buscar descobrir algo mais relevante, como a hora em que foram retiradas e verificar também as câmeras de segurança ao redor dos locais. Obrigado por confiar em mim! – estendeu o braço para me dar uns tapas nas costas — Vou dar o meu melhor.

— Mas? – estranhei.

— Acredito que seria bom se você conversasse com Sam, ela é uma exímia investigadora – sugeriu apontando para uma das fotografias.

— É, mas ela dominaria a investigação toda!

— Não subestime a capacidade dela, acredite em mim, ele tem mais recursos!

— Recursos – repeti, curioso.

Arqueei a sobrancelha e ele abriu a boca para falar assim que raciocinou e compreendeu minha ironia — Não, nós nunca tivemos nada! – afirmou com convicção.

— Eu não falei nada...

— Mas pensou que eu sei! Eu te conheço, e além do mais, sou um ótimo detetive! – gabou-se.

— Convencido – murmurei.

— Sabe que trabalhamos juntos algumas vezes e tudo foi extremamente profissional. Fora que, fui eu o cupido dos pais desse menino lindo – apontou para a foto do Noam — Como vai meu afilhado?

Respondi que Noam ia muito bem, apesar do padrinho dele não ter aparecido em seu aniversário. “Foi mal, estava atolado no trabalho, mas enviei um presentão”, disse em resposta.

— E Sil, como está? Fiquei sabendo do acidente com o amigo dela...

— Misty – corrigi.

Deu de ombros — A culpa é sua que me acostumou a chamá-la assim!

Balancei a cabeça — Ela está bem e Kane também, na medida do possível.

— Ele é uma boa pessoa, seu nome está tão limpo que nem registro de multas ele tem.

Arregalei os olhos — Você investigou o Kane?!

Sua expressão era óbvia — É claro que sim, eu me importo com a Sil, queria apenas me certificar que ela está segura.

Minha vez de maliciar essa fala — Se importa? Ou ainda não superou totalmente?

Bufou, virando a cara — Qual é, Damien! Eu não sou um bebê chorão imaturo de vinte anos.

— Isso foi uma indireta? – porque eu senti que foi.

— O quê? – ele fez uma careta e depois murmurou um “Ah”, boquiaberto — Eu nem lembrava mais disso... Como será que ela está?

— Espero que bem, bem longe de mim! – ralhei e isso desencadeou uma gargalhada — Olha só, Tommy, aqui vai um conselho de amigo: nunca se case, porque ex-mulher é para sempre e ela arrancou o pouco que eu tinha naquele divórcio, e ainda não saiu do meu encalço durante um tempão – reclamei ao recordar da de longe a maior burrada que cometi em minha vida.

Ele ouviu atentamente, assentindo — Você era jovem, eloquente.

— É, e ainda bem que recordei a consciência rápido e fiz dessa “expressão” toda uma breve passagem! – ele riu da minha desgraça — Por isso acho loucura Bene se casar agora.

“Mas ele é mais cabeça no chão”, argumentou. Mas o motivo tonto é o mesmo!

Soltou um suspiro — Retornando à sua irmã, eu a amo. Imensamente. – confessou — Mas não mais na forma romântica. Eu a admiro, a respeito. Passamos três anos maravilhosos juntos, e acabou – afirmou olhando em meus olhos e me encarando — Isso tem anos já, ela seguiu seu caminho e eu segui o meu, mas não é por isso que não desejarei o melhor para ela, tenho muito carinho por Sil e quero, honestamente, que ela seja feliz.

Ouvi em silêncio para depois responder — Pois somos dois. Kane é uma boa pessoa, e se ele magoar minha irmã...

— Eu ajudo a encobrir o corpo – interrompeu, o que me fez rir.

Ficamos mais um tempo conversando, Thomas era meu amigo há anos, fora ele quem nos apresentou uma vaga e deu uma oportunidade para a gente tentar bancar os detetives. E foi também por um tempo o meu cunhado até Misty vir a desmanchar tudo.

— Tenho que ir, a prima está finalizando um caso e queremos comemorar – disse logo após por o copo na mesa. Tínhamos que organizar tudo até amanhã para fazer uma surpresa.

— Com “prima” você quis dizer, Miranda?

Sua voz saiu carregada de desdém e irritação — A própria.

— Aquela peste está na cidade de novo?

— Não fale assim dela!

Protestou — Ela é mimada, mandona, arrogante, ríspida e muito da enxerida! Fica sempre causando e me irritando.

Dei de ombros — Você diz isso porque não a conhece bem.

— E você a defende porque acha charmoso essa hostilidade dela! Sem falar naquela mania dela de sair chutando tudo...

Ri — Ela já parou com isso – informei. Depois levantei — Vou indo, qualquer coisa se quiser aparecer por lá, apareça. Misty vai gostar de lhe rever e Noam vai adorar.

— Você já vai mesmo?

Assenti, balançando a cabeça — Tenho que cuidar de Noam, e a última vez que bebi muito, ele estava mal.

Sorriu, constatando — Você mudou bastante com a chegada dele.

— Espero que tenha sido para melhor!

Ao proclamar isso, repeti mais uma vez mentalmente antes de tentar sair do bar. Mesmo que tivesse tomado apenas dois copos – ou três – o cheiro da bebida já havia se impregnado em minha roupa, terei que evitar os abraços de meu filho para que ele não se incomode com o cheiro, se bem que vindo dele, ele mal se importaria com o fato.

Tinha acabado de passar pela saída quando o celular começou a vibrar no bolso, o peguei e atendi — Damien?

— Sim? – sua voz era suave e meio manhosa — Katie?

— Uhum. Como você não ligou...

Acertei um tapa na testa, tinha me esquecido desse detalhe — Desculpe, surgiu alguns imprevistos e eu acabei esquecendo.

Ouvi seu riso do outro lado e pude imaginar perfeitamente seus lábios formando o sorriso — Andei pensando naquela nossa conversa e acabei fazendo o que disse. – introduziu. Dias antes, eu estava me subestimando e agora estou sorrindo com a possível pista que vinha ao meu encontro  — Pode me encontrar após o expediente? Hoje saio às 20h.

Olhei para o relógio vendo que faltavam quarenta minutos para a hora marcada — Claro. Mas terá que esperar um pouco, pois preciso passar em casa e ver meu filho.

— Tudo bem – respondeu após uma pausa, sua voz transmitia uma ansiedade — Eu preciso te contar uma coisa... Sobre Evie.

 


Notas Finais


Até o Damien se subestimou, mas viram só que ele também é bem esperto? u.u 💙

Confesso que isso do senhorzinho aconteceu comigo esses dias atrás, fiquei chateada ao ver que algumas pessoas nem se importaram em atendê-lo bem ;-; Mas eu me senti muito contente depois *o*

Esse era o meu último capítulo pronto no momento e eu me adiantei, tentarei atualizar em breve! Obrigada à quem chegou até aqui, nos vemos no próximo, sim? 💖 *u*


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