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História Freak Out - Inocência


Escrita por: sammye

Notas do Autor


This innocence is brilliant 🎵

Hoy, tudo bom? Esse capítulo fora um pouco complicado de escrever, mas consegui atualizar sem atrasar! *u*
No capítulo anterior (da Avril), ela havia ido passar uns dias com sua família e no final ocorreu uma invasão na casa de sua mãe.
Desejo uma boa leitura! ♡

Capítulo 34 - Inocência


Fanfic / Fanfiction Freak Out - Inocência

 

Recebi um convite de Michelle para passar em sua casa como ponto de encontro antes de irmos à boate juntamente com nossas amigas em comum e, obviamente, Louise estaria lá. Agora, mais calma, constatei que já havia passado da hora de termos uma boa conversa, sei que passei um pouco dos limites ao explodir e agir de maneira tão ríspida com alguém que sempre se manteve ao meu lado. Além do mais, essa não seria nossa primeira desavença.

Encontrei Lou pairada no pé da escada assim que passei pela porta de entrada, ela esfregou os braços e acenou em minha direção com um sorriso fraco. Hesitei um pouco, não havia planejado como seria nosso diálogo e por enquanto meu plano era não soar nada ensaiado.

Fitou-me enquanto nossas outras amigas perambulavam pelo caminho em nossa frente enquanto Mich tentava afastar a atenção. Ela enfim decidiu falar — Avril eu...

Apressei os passos até ela e a envolvi num forte abraço, estava morrendo de saudades — Desculpe, Lou. Sei que, de certa forma, descontei minha frustração em você e fui maldosa – pedi amargamente arrependida.

Ela me apertou mais ainda no abraço — Não precisa se desculpar, eu também agi errado. O que mais doeu foi que ficamos sem conversar durante esses dias e isso é algo que nunca quis – murmurou, recuei um pouco e a encarei, Louise sorriu — Mas agora já foi, deixa isso para lá! Essa não seria nossa primeira desavença, não é? O importante é que estamos aqui – riu espirituosa e eu a abracei mais um pouco.

— Estava ansiosa em lhe rever! – contei assim que puxamos as almofadas e nos acomodamos no sofá da sala de estar de minha irmã.

Louise não era muito de cortar relações dessa forma, ela preferia ter tudo bem explicado e resolvido. Somos amigas há anos, então não perdemos tempo com desculpas e fomos direto para as novidades — Eu estou namorando! – anunciou de braços abertos com um sorriso de orelha a orelha estampado em sua face.

Arregalei os olhos, entusiasmada com a notícia — Aquele cara lá? – fiz referência ao jogador e ela fez que não.

Conteve um riso — O Randy. – revelou. Evitei demonstrar uma baita surpresa ao ouvir isso, pois sempre achei que ele gostasse mesmo era de Michelle — Não, ele só rondava Michy pra ter uma desculpa para ficar ao meu lado sem dar muito na cara – explicou como se tivesse lido meu pensamento.

Oh! Faz sentido, é bem a cara dele fazer essas coisas, e como é que não percebi isso antes?! — Fico feliz por vocês dois – falei abrindo os braços para um abraço.

Ela encostou a cabeça em meu ombro e sussurrou — Ele me pediu em namoro esses dias, você é a primeira pessoa a quem conto! – comentou entusiasmada, depois deu uns pulinhos e eu fiz o mesmo, rindo — Estou tão feliz! Sempre gostei muito dele, mas acreditava que ele gostasse menos.

Recordei da época em que tiveram – algumas vezes – um casinho ou breve romance no qual sempre terminava em guerra, por isso nem me toquei que estavam juntos dessa vez, finalmente se acertaram!

Continuei conversando com minha melhor amiga enquanto as outras três terminavam de se arrumar o andar de cima, ficamos juntas pondo o papo em dia. Contei do acontecido na casa de mamãe com mais detalhes, visto que mantive isso em sigilo para evitar alarde. E Lou contou também que havia encontrado um novo emprego e era por isso que iríamos comemorar hoje.

Minutos depois, Emma, Brunne e Michelle desceram para nos encontrar. Senti falta de Amy em nosso grupinho que infelizmente não pôde vir dessa vez, então somos apenas nós cinco mesmo. Minha irmã se comprometeu a nos levar, o problema seria quem iria nos trazer de volta!

 

...

 

O refletor iluminava a multidão com luzes coloridas conforme alguns se deleitavam na pista de dança, a música alta ecoava pelo saguão, nesse momento eu já havia perdido todas elas de vista e estava sozinha perambulando pelos cantos. Passei me esgueirando para alcançar o balcão, havia tomado duas taças de margarita e dançado um pouco até que enjoei e decidi vir descansar um pouco.

Próxima ao guichê a área estava menos movimentada. Observei uma silhueta familiar com as mãos encobrindo o rosto e cabeça abaixada sobre o balcão. Analisei com cautela e fui me aproximando lentamente, surpresa com sua presença — Deryck? – chamei assim que cheguei ao seu lado.

Ele abaixou a mão e ergueu os olhos para me encarar, murmurou meu nome e voltou a olhar para baixo — Você está bem? – questionei preocupada, subindo no banco que estava vago. Pousei a mão em seu ombro, não queria soar invasiva ou enxerida, contudo sentia curiosidade em perguntar se tinha se perdido de Rebecca.

Balançou a cabeça negativamente como se estivesse remoendo uma ideia, depois me fitou de soslaio antes de levar o copo até a boca e virar todo o conteúdo em dois goles, em seguida o pousou sobre o balcão — Você vai beber algo? – fiz que sim e ele pediu mais uma rodada.

Seus olhos estavam profundos com olheiras enormes, sua expressão era de cansaço e desânimo, como se um trator tivesse passado por cima dele. Estava triste, isso era claramente visível, então para não ser intrometida, apenas dei tapinhas de leve em seu braço e disse que podia contar comigo.

— É a Rebecca – desabafou, por fim — Terminamos o noivado.

Eu queria muito perguntar “Por quê?”, porém me contentei com uma careta confusa — Sinto muito... – murmurei sendo sincera, eu desejava que ele fosse feliz.

— Ela não era... Parando para pensar, eu sou mesmo muito idiota, não é? Porque olha bem pra mim, quem iria gostar tanto de uma pessoa como eu?

— Ora essa, não diga isso!

— Ela estava mais interessada no que poderia conquistar além de nosso casamento, na verdade sua paixão nunca foi por mim. – ele tomou num gole só e atarracou a garrafa para encher o copo de novo.

Balancei a cabeça — Deryck, você é especial, incrível da sua forma, não se subestime. Eu te amei de verdade, intensamente, e outras pessoas também lhe amam gratuitamente, não é porque uma lhe enganou que significa que você seja um fracassado – argumentei olhando-o em seus olhos mareados.

— Você só diz isso porque... Porque é uma boa pessoa, Avril. Uma pessoa maravilhosa que eu magoei e deixe escapar, que fiz sofrer.

Aquelas palavras causaram um certo impacto em mim, fiquei levemente atordoada porque ele aparentava tamanha decepção que passou a sentir culpa por algo que ele não é o único culpado — Você também é uma boa pessoa, uma ótima pessoa, aliás! E é por isso que as pessoas lhe adoram, independente da situação, entende? – introduzi, segurando um suspiro — Você não me magoou, não me fez sofrer.

— Não?  – repetiu surpreso com uma cara de espanto, depois resmungou — Aquele boato nas manchetes deve ter lhe chateado.

Fiz que não — Para ser sincera, eu não dei bola para o rumor em si.

— Mesmo assim, você não merecia passar por isso.

Deryck estava irritado, eu apoiei em seu ombro novamente — Olhe aqui, por favor – pedi e ele atendeu, encarando-me com aquele par de olhos castanhos — Você por um acaso me traiu durante nosso relacionamento, desde o namoro até o casamento? – negou de imediato — E teve algum caso enquanto estava comigo? – balançou a cabeça negativamente mais uma vez — Então por que isso?

— Como assim “por quê”?! Você era minha princesinha, eu deveria ter cuidado melhor de você – lastimou-se.

Franzi o cenho, engolindo a saliva em seco. Não queria que ele sentisse arrependimento, o que tivemos foi bom enquanto durou, no entanto caiu em ruínas e acabou, o término não fora uma decisão unânime. Se Deryck tem culpa, eu também tenho?

 — Ora, embora o divórcio ainda não tivesse sido oficializado, quando isso ocorreu estávamos separados há vários meses, tirando o tempo em que ficamos distantes e ali nossa relação já havia morrido. Então não houve traição, pois o divórcio estava para sair e nem estávamos mais juntos – afirmei convicta assegurando que estava tudo bem — Eu não tenho raiva de você, nem rancor. Quero que seja feliz e siga seu rumo assim como estou feliz seguindo o meu caminho.

Sorriu aliviado, soltando um suspiro — Você está bem mesmo?

Assenti — É bom estar solteira novamente, sabe? Estou curtindo meu momento – falei antes de rir — Mas deixe esse assunto para outro momento que aqui não é hora nem lugar para discutir sobre isso – proclamei levando o copo até os lábios.

— Tem razão! Você é mesmo incrível, obrigado por tudo – agradeceu com um sorriso e eu sorri de volta. A música alta nos fez aumentar o tom de voz — Ei, você gostava dessa música né?

— Ainda gosto. – admiti.

Levantou-se e estendeu a mão para que eu o acompanhasse — Então vamos? – não queria que ele tornasse a ficar triste jogado num canto sozinho, então terminei de tomar minha bebida e desci do banco para o seguir. Apesar de termos nos separado, Deryck ainda era um bom amigo meu e eu ainda o amava muito, não mais da forma romântica, mas sentia carinho e admiração.

Então fomos para a pista de dança e arrasamos como sempre, não que eu fosse uma exímia dançarina, a intenção era extravasar e nos divertir. Em seguida veio outra música, levantei os braços e fiquei balançando conforme a melodia tocava enquanto ele cantava a letra. Depois outras canções tomaram lugar e quando dei por mim, estava em cima da mesa com Michelle claramente embriagada.

 

...

 

Abri os olhos lentamente, fechando-os logo em seguida ao me incomodar com o clarão que ultrapassava as cortinas. Minha mão formigava por eu ter dormido em cima do braço e minhas costas clamavam por socorro devido ao peso sobre ela, ergui a cabeça lentamente tentando buscar a causa do desconforto fazendo com que uma mecha caísse e tapasse minha visão. Levei a madeixa solta de volta atrás da orelha e apertando os olhos, encontrei Michelle dormindo apoiada sobre mim.

Tentei me esgueirar para fora dali, mas Lou dormia logo em cima dela ao meu outro lado, encurralando-me. Comecei a me arrastar para frente até chegar na beirada da cama, estiquei os braços até o chão e fui rastejando para conseguir escapar. Agora livre, fiquei sentada sobre o piso gélido tentando analisar o que tinha acontecido. Brunne se remexeu no cantinho aos pés da cama murmurando algo antes de apagar novamente.

Levantei tropeçando nos meus próprios pés, desorientada. Minha cabeça latejava e um vento gélido assoprava de algum canto que ainda não pude identificar, percorri os olhos ao redor buscando algo familiar até encontrar quadros e retratos deixados sobre a penteadeira. Como havia se alojado ali há pouco tempo, demorei em reconhecer a nova casa de Emma.

Puxei um casaco deixado no encosto da cadeira e o vesti, em seguida fui até o banheiro e lavei o rosto antes de sair do quarto. Perambulei pelos cômodos em busca de minha amiga arrastando os pés descalços até a cozinha, a encontrei sentada num banco apoiada ao balcão com uma xícara em mãos entretida no celular.

— Ems?

Levantou a cabeça em minha direção e sorriu — Oi, Avie! Bom dia! – exclamou soltando o aparelho — Aceita um chá? Um café?

— Uhum. Você dormiu na sala? Que horas são?

Baixou os olhos para verificar o horário e depois respondeu — São 9h13 – informou — Sim, foi eu quem dirigiu de volta e trouxe todas vocês, fui guardar o carro e quando vi não havia mais espaço na cama, então vim para a sala. – explicou, levantando-se e indo até a chaleira — Você está bem?

— Sim, só com uma dor de cabeça irritante.

Abriu uma gaveta enquanto com a outra mão enchia um copo d’água, despois entregou um comprimido com o copo — Tome isso, vai lhe fazer bem – ofereceu. Fui até ela e tomei o remédio, depois puxei uma cadeira e sentei ao lado de onde ela estava segundos atrás. Ems trouxe uma xícara de chá — Eu vi vocês ontem. – sua voz tinha um timbre de repreensão.

— Michelle e eu?

Negou — Você e o Deryck.

— Ah...

Encarou-me, seu olhar fazia uma crítica — Avril, você sabe qual o final dessa história, não sabe?

Revirei os olhos — Só trocamos uma conversa, não teve nada demais.

Arqueou a sobrancelha — E depois foram juntos para a pista de dança...

— E ficou apenas nisso. Ems, não me subestime, sabe que não faria uma burrada dessas!

— Esse é o problema, não estou te subestimando – rebateu. Girei a caneca em minhas mãos observando o vapor subindo — Você vem com essa história de perdoar e acaba se machucando, é melhor para vocês dois que não fiquem tão próximos, não quero lhe ver magoada de novo.

Emma aconselhou-me a manter distância para não correr risco de cair na tentação, a questão era que não existia mais desejo algum. Agora eu o enxergava como um amigo, não possuía interesse além disso — Tenho meus planos, estou seguindo em frente – assegurei.

— E essa página está virada mesmo?

— Não só virada assim como eu já estou no capítulo seguinte – afirmei com tamanha convicção e brilho nos olhos que ela sorriu juntamente comigo.

— E esse capítulo tem nome ou título?

Desviei o olhar respondendo como não quer nada — Não sei... Estou bem assim, ultimamente vem acontecendo tanta coisa que até esqueci minha vida particular.

Franziu o cenho — Como é que se esquece isso?

Estava para responder quando vozes ecoaram do fundo do corredor, fitei Brunne caminhando em nossa direção. Ela estava sonolenta e embrulhada no cobertor — Bom dia! Alguém anotou a placa?

— Placa?

— Do caminhão que passou por cima de mim.

— Vocês que me amassaram! Quase virei um papel de tão espremida que fiquei – ralhei. 

Lou que vinha logo atrás satirizou — Querida, pálida feito papel você já é – provocou e eu atirei o pano de prato em sua direção.

Demorou um tempo para que Michelle acordasse, então ficamos na mesa jogando cartas e conversando conforme a hora passava. Minha irmã levantou correndo dizendo que estava atrasada e precisava ir embora. Lou e eu dividimos o táxi com ela e nos despedimos de Emma na porta de sua casa.

Finalmente retornei para minha adorada casinha, joguei o corpo sobre o sofá e me esparramei pelo estofado com os olhos fechados e mão na testa. Panqueca veio e se acomodou ao lado quieto como sempre, contudo o silêncio reinou por pouco tempo, pois tia Lette veio fazendo barulho.

Subi para meu quarto e tomei um banho relaxante aproveitando a tranquilidade do cômodo. Mais tarde desci para comer alguma coisa, depois peguei o violão e segui até a varanda dedilhando algumas canções. E ao anoitecer, puxei um cobertor e me acomodei no sofá em frente à lareira assistindo um filme com minha tia tentando acertar o final o tempo todo.

Justamente na parte mais interessante o telefone veio a tocar, era Cam reforçando o recado de que havia compromissos em minha agenda para a primeira semana do mês e ela queria assegurar minha disponibilidade. Assim que desligou, terminei de assistir o filme aproveitando o restante da pipoca para depois retornar ao quarto e ligar para meu pai. Ele fez um convite para que fossemos pescar no final de semana e isso me fez lembrar que amanhã terei uma festinha familiar para ir com mamãe.

Espreguicei antes de pousar a cabeça no travesseiro macio e me embrulhar debaixo dos cobertores. Olhei para o teto, sorrindo. Até que me sentia melhor sem a tensão daquele caso sobre meus ombros, naqueles dias o stress tomava conta da situação e a apreensão virou um resumo de minha vida. Mas agora, com mais tranquilidade, poderei descansar. Descansar, minha mente repetiu. Como irei relaxar sabendo que quatro pessoas morreram e que estou indiretamente interligada por ter presenciado tudo?!

 

...

 

Durante a tarde, fui comunicada que um senhor distinto estaria me aguardando na sala de estar. Ao descer, encontrei o detetive designado para cuidar do caso Cord e o pingente roubado, caminhei em sua direção e o cumprimentei — Detetive Reichs, como vai? – perguntei amigavelmente.

Ele fez uma careta — Pra quê tamanha formalidade, senhorita Lavigne? Pode me chamar de Thomas, embora muitos me conheçam por Tommy – respondeu sorridente apertando minha mão no cumprimento — Eu vou bem, obrigado por perguntar, e a senhorita?

Concordei — Então me chame de Avril – falei, depois respondi que estou ótima também. Estávamos a caminho do escritório quando tia Lette brotou em nosso caminho e barrou a passagem.

— Não sabia que teria visita hoje – disse analisando-o dos pés à cabeça com uma careta maliciosa — Posso saber quem seria você, meu rapaz?

Ele ergueu a sobrancelha ao ouvir isso, acredito que o termo “rapaz” o incomode — Detetive Thomas Reichs, senhora.

Seus olhos aumentaram de curiosidade — Detetive? Hum... – ela me olhou de canto, ardilosa.

— Ele está trabalhando – expliquei antes que ela dissesse alguma coisa que me constrangesse.

— Trabalhando?

— Sim.

— E o senhor está acompanhado?

O detetive estranhou — Não, vim sozinho.

Pigarreei — Ela quis dizer acompanhado no sentido relacionamento.

— Ah! – exclamou, depois a encarou com um riso embaraçado — Sim, estou.

— E onde está essa pessoa?

— Trabalhando. Ela contribui numa seguradora recuperando itens roubados – explicou calmamente e depois se remexeu aparentemente desconfortado com as perguntas — A senhora seria quem?

Ela sorriu e antes que dissesse mais alguma coisa eu decidi intervir — Ela é minha tia Juliette, irmã mais nova de minha mãe – apresentei apressada. Dizem que puxei tia Lette por não envelhecer ao passar dos anos. Ainda jovem, ela se mantém linda e esbelta no auge de seus 48 anos com uma fascinação por se envolver em relacionamentos curiosos, seus olhos brilhavam instigados conforme fitava o detetive Reichs.

Afastei minha tia e abri a porta do escritório para que o detetive entrasse, ele ficou encabulado com a situação, contudo pareceu se divertir com o acontecido. Acomodou-se na poltrona à minha frente, Ellen apareceu com uma bandeja oferecendo uma bebida para espantar o frio.

Aguardei com que pegasse a xícara para depois perguntar o que o trouxe aqui — Vim conversar à respeito do andamento da investigação – informou tomando um gole de seu chá — Porém, primeiramente preciso estabelecer uma coisa.

Desencostei do encosto e o encarei — O que seria?

— Bem, nosso contato fora intermediado por Silenna, portanto teria que me referir a ela quando souber de mais detalhes. Agora, se você assumir ter me contatado, poderei me dirigir a você diretamente sem objeções. – disse tranquilamente, pousando a xícara no pires.

Pendi a cabeça para o lado — Como assim?

— Quero perguntar se estou trabalhando com você ou para Silenna.

— Mas isso não é óbvio?

Fez que não — Veja só – deu uma breve pausa antes de retornar a falar — Trabalhando a pedido de Silenna, quando algo grande ocorrer, seguirei direto para ela porque você não é a pessoa para quem auxilio. Agora, se você assumir que me contatou, logo poderei vir aqui lhe por a par de tudo em qualquer problema, entende?

— No caso eu seria sua cliente?

— Sim.

— E se continuar do jeito que está a cliente no caso seria Misty?

— Não, ela seria apenas quem informou a ocorrência. Tenho um protocolo a seguir, se não trabalhar para você, não posso ficar fornecendo certas informações, compreende?

— Entendo – respondi assentido. Ele entrelaçou as mãos aguardando uma resposta — Tudo bem, eu lhe contrato.

— Ótimo, então vamos falar do pagamento – esboçou um sorriso cínico como se estivesse aguardando por esse momento por horas. O encarei cética — O que foi? Você achou mesmo que meu serviço é gratuito? Nem relógio trabalha de graça!

Bufei, passando a mão pela testa. Tudo bem, ele tem razão, não seria justo contratar seus serviços sem remunerar o trabalho, então passamos um tempo negociando o pagamento. Depois de tudo acertado, ele se dispôs a falar o que o trouxe aqui.

— Ainda não possuo um culpado, apenas bons suspeitos. No entanto, optei por ir diretamente à fonte do ocorrido: o pingente. – introduziu antes de terminar seu chá — Descobri que ele fora roubado de uma viúva e posto para ser vendido no mercado negro.

— Ai meu Deus! – senti o desespero tomar conta de meu coração.

— Isso explica por que tinha alguém extremamente perigoso atrás de Cord – proclamou Thomas ajeitando a postura para me observar — Isso também põe sua irmã numa posição complicada, ela estava usando um item duplamente roubado.

Suspirei — Eu sei, por isso estou angustiada.

— Antes de investigar o segundo roubo o qual acredito ser o de Cord, averiguei a vítima.

— A viúva?

— Sim, ela afirmou ter sido um presente de seu falecido marido. E olhe que coincidência, ele afanou o item para presenteá-la como prova de amor para deixar claro que seria capaz de tudo para conquista-la. Isso não soa familiar?

Não gostei muito do timbre de sua voz — O que tem isso?

— O que tem é que era uma história que a senhora esboçava em suas obras na galeria.

Franzi o cenho — E o que isso tem a ver?

— Cord esteve num evento que ocorrera na galeria.

— Então ele sabia do roubo.

— Sim, e sua irmã também.

Ele despejou isso com tamanha calmaria que eu fiquei abismada — Michelle sabia de quem era o pingente?

— Ela, provavelmente, sabia que era um item roubado.

Soltei o peso dos ombros, aliviada — Sim, isso eu já sabia e ainda tinha lhe dito.

— Não, Avril. Ela provavelmente sabia da história de amor do pingente e a quem pertencia.

Então por que ela não devolveu?

— Isso não faz sentido, Michelle até poderia saber que o objeto não poderia ser para ela, mas daí ficar com ele sabendo quem é a dona... Isso vai contra as virtudes dela! – proclamei inconformada.

O detetive fez que sim, pacientemente ele acrescentou — Não estou dizendo que foi Michelle quem pegou o item, mas que ela tem uma parcela de cumplicidade, ela tem. Estou dizendo que Cord teve acesso a essa informação e infelizmente não posso pegar sua versão da história.

Bufei — Claro que não. E Kendrick? Ele era o melhor amigo daquela besta e sabia do roubo!

— Sim, segui atrás desse rastro.

— E no que deu? – cruzei os braços.

— Esse é o problema, parece que ele e sua irmã começam e terminam no mesmo ponto, ambos sabem mais do que estão dizendo – passou a mão pelo rosto, esfregando a testa antes de retornar a falar — O que estou pedindo é que você tente conversar com sua irmã para que ela dê um novo depoimento, porque se eu descobrir que ela esteve envolvida diretamente no roubo, ela será apreendida. Quanto ao amigo Kendrick, o mesmo se aplica a ele. – disse, por fim, levantando-se.

Levantei também — Isso quer dizer que minha irmã pode ser presa?

— Ocultação de informação pode ser considerado como obstrução na investigação ou cumplicidade. Por enquanto ela segue sendo a vítima. – finalizou, estendendo a mão para um cumprimento — Particularmente, falando como Tommy, aconselho você a orientar sua irmã antes que isso se volte contra ela.

O cumprimentei de volta educadamente, por mais que a notícia não tenha me agradado, não posso descontar minha angústia nele. Afinal, Thomas fez apenas seu trabalho e fora muito gentil oferecendo sua ajuda. O guiei até a porta para depois ficar parada no meio do caminho matutando as últimas informações.

Eu estava certa durante esse tempo todo, Michelle sabia de algo! E ela estava protegendo Cord, mas por quê? Ele já está morto e enterrado, por qual motivo ela arriscaria sua reputação nessa gravidade? Até que ponto iria sua lealdade? Até correr o risco de ser encarcerada?

Necessito conversar com ela imediatamente, tentei ligar para seu celular que chamou várias vezes, ela deveria de estar no avião nesse momento. Preciso dar um jeito de fazer com que Mich desembuche, mas como?

Remoí algumas ideias gesticulando pelo caminho, inquieta. Até que uma súbita ideia tomou conta de meus pensamentos, já sei o que fazer! 

 


Notas Finais


I hope that it will stay 🎶
A música não tem nada a ver com o capítulo, mas enfim.

Esse capítulo saiu mais calmo, também sinto falta da agitação, em breve resolverei isso ♥ A questão é que agora a história está começando a desenrolar para a reta final e então a calmaria pode vir à acontecer. Não prometo que terminarei em breve, contudo afirmo que o final já está vindo em mente! :3

Obrigada por terem chegado até aqui, nos vemos no próximo, sim? 💖


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