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História Freak Out - Ver para Crer


Escrita por: sammye

Notas do Autor


Hoy! Tudo bom? *o*

No capítulo de hoje duas músicas serão "tocadas", uma terá seu nome informado na cena e a outra deixarei o link nas notas finais – que é uma das quais ouvi para escrever esse capítulo 💛

Enfim, desejo uma boa leitura!

Capítulo 36 - Ver para Crer


Fanfic / Fanfiction Freak Out - Ver para Crer

 

Apoiei a mão na janela do avião e contemplei o vasto céu azul um tanto absorta em meus pensamentos embaralhados. Abaixei o braço e recostei no estofado de olhos fechados com a cabeça para cima repassando os momentos dos últimos dias. Embora estivesse retornando para o meu aconchego, uma hipótese marota borbulhava minha mente e intervia nos demais planejamentos, pois em breve retornarei para essa cidade encantadora!

Pendi a cabeça para frente e busquei pelo meu caderno de anotações, depois que o encontrei e não conseguindo evitar o riso abobado após nomear o título como “Céu de Los Angeles”, desenhei um sol com a caneta amarela que ganhei de minha mãe. Preenchi as linhas com minha letra conturbada no batuque de um coração entusiasmado

 

Eu acordei e vi o sol hoje

Você veio sem aviso

Você colocou um sorriso em meu rosto

Eu quero isso todas as manhãs

 

Sentia-me como uma adolescente de volta aos dezessete anos assim que escrevi aqueles versos na surdina por receio que Camille acordasse e me surpreendesse com seu faro para segredos, suspirei aliviada quando constatei que nenhum olhar curioso estava próximo e então mergulhei sedenta num salto de volta para minha memória.

 

...

 

O clima estava agradável, o sol que ainda reinava dava espaço gradativamente para a noite que vinha se aproximando. Encontrava-me perdida num iate buscando por Cam para que ela pudesse finalmente me libertar daquela confraternização, fora por causa dela que eu fiquei plantada que nem uma estátua concedendo uma rápida “entrevista” e socializando com os demais convidados.

E foi andando olhando para os lados que trombei com ele no meio do caminho, fiquei tão próxima ao ponto de ouvir sua respiração e reconheci sua feição quando olhei para cima — Avril? – questionou confuso, suas mãos me seguraram para evitar uma colisão mais bruta.

Recuei um passo um tanto surpresa e o cumprimentei — Brody! Não sabia que o encontraria aqui hoje! – comentei com um sorriso fraco.

Ele arqueou a sobrancelha, aturdido com minha aparição — Você simplesmente brotou aqui do nada? – ri um pouco constrangida pedindo desculpas com o olhar — Eu vim aqui pela campanha, respondendo sua pergunta. E você?

— Vim pelo evento.

Mais uma vez ele sorriu fraco de volta e depois se aquietou, e então um silêncio sufocante pairou sobre nós. Brody disse que não iria mais tomar meu tempo e que já estava de saída, o impedi de passar tentando compreender o que a frase “Vou lhe deixar aproveitar a festa em paz” quis significar.

— Sendo honesto, eu achei que minha presença a incomodasse.

Ele pendeu a cabeça para o lado tentando me analisar e eu fiquei mais confusa ainda com a resposta — O que lhe fez pensar nisso?

— Bem, quando te liguei da outra vez você não atendeu, então achei que lhe desagradei de alguma forma e que não quisesse mais falar comigo. Eu te irritei?

— Não! – neguei de imediato e depois estranhei — Você me ligou?

— Sim.

— Quando?

Mordeu o lábio e ergueu os olhos tentando recordar a data — Eu não lembro o dia certo com clareza, mas foi logo após o circo.

Fiz uma careta descontente com esse desencontro e expliquei que fiquei sem celular numa época e que mesmo não sendo na mesma data, ultimamente vinha acontecendo uma maratona de coisas e tornava difícil qualquer tentativa de escape — Me desculpe – pedi desapontada comigo mesma murchando um pouco mais pela oportunidade perdida. Ele havia ligado e eu nem sequer notei! Mas, apesar disso, não pude evitar o brilho no olhar com uma notória curiosidade em saber o que desejava falar comigo.

— Eu queria convidá-la para ir ao parque que veio junto do circo. – respondeu minha pergunta.

— E não tem mais como ir?

— Infelizmente não, tudo foi desmontado e agora levaram a caravana para outra cidade.

Soltei um suspiro — Que pena, queria ter ido...

Como um raio de sol e os olhos brilhantes de entusiasmo, ele propôs — Mas eu vi que uma outra companhia está para chegar daqui alguns dias, se você ainda estiver na cidade poderemos ir assistir o novo espetáculo e depois passear pelo parque, que tal?

Empolguei-me com a possibilidade e contento os pulos respondi que adoraria poder ir ao espetáculo novamente. E dessa vez afirmei que iria ligar para evitar que isso se repetisse! Fizemos um acordo, assim que eu retornar para Los Angeles iremos ao circo novamente.

Brody indagou se eu pretendia ficar até o fim da festa, repliquei que sentia um grande tédio por participar daquele evento e, sendo assim, ele sugeriu para que escapássemos dessa festa. Fiquei tentada com a proposta e acabei por aceitar sem muito hesitar.

Como dois colegiais cabulando a última aula, ele me chamou para que eu o seguisse. Passamos de fininho por entre os convidados evitando chamar atenção nos esgueirando pelos cantos até conseguir descer e fomos desviando das pessoas ao corrermos pelo píer enquanto a noite caía.

Zarpamos até a praia e dali seguimos caminhando aos risos até a avenida, tirei as sandálias e fui pisando na areia quente. Pegamos o destino até a cidade com Brody contando como havia sido suas festividades de fim de ano, contou-me que perdeu o cãozinho de sua tia na praia e ela o expulsou de sua casa num surto histérico.

Voltei o olhar para ele com o vento assoprando meu cabelo no rosto, passei a mão e retirei uma mecha — E você o encontrou?

Ele seguia olhando em frente — Sim, a praguinha tinha invadido uma casa e roeu a maioria dos móveis, tive que ressarcir os danos e mesmo assim até hoje minha tia não quer olhar pra minha cara!

Não contive o riso — Claro, você perdeu o bichano dela!

Deu de ombros — Eu não tenho culpa se ele decidiu me seguir!

— E quem deixou a porta aberta?

Seu olhar descontente respondeu minha pergunta — Mas e a sua como foi?

Contei que alguns amigos vieram passar o Natal em casa e na virada do ano passei com minha família, ele também me perguntou se estou gostando desse ano e não soube dar outra resposta sem ser “mais ou menos”. Intrigando pelos meus motivos, questionou-me o porquê desse termo indeciso.

Soltei um suspiro, ah se ele soubesse da confusão que estava minha vida... Iria se assustar! — Alguns problemas estão no me encalço, mas eu tenho esperanças que o jogo irá virar! – tentei soar confiante, pois ainda restavam grandes esperanças — Por enquanto está tudo tranquilo, passei uns dias na casa de minha mãe – falei casualmente e minha língua coçou para acrescentar “E ela fora invadida comigo lá dentro”.

— Meu Deus! Que risco você correu, eles fizeram alguma coisa contigo? – seu olhar era de pavor e irritação. Por fim, acabei mencionando o acontecido, naquele instante senti que podia confiar nele e então resolvi lhe dar um voto de credibilidade.

Tentei o acalmar dizendo que tudo ocorrera bem explicando que a polícia havia chegado a tempo e que nada de pior aconteceu. Ele soltou um suspiro aliviado e disse que eu sou muito valente, e que admirava minha coragem. Sorri de volta com o elogio um pouco embaraçada, minhas bochechas ardiam levemente.

Ao chegarmos na ponte, passamos por um trio de senhores que estavam acomodados no caminho. Brody doou algumas moedas ao passar por eles e eu fiz o mesmo, e como agradecimento o senhor mais velho passou a dedilhar algumas notas em seu instrumento musical sendo acompanhado por seus amigos numa canção.

Enquanto ele estava escorado na ponte, elevei os braços e com um rodopio aproveitei a melodia. O desafiei para uma dança desengonçada e mesmo com Brody relutando dizendo que não sabia dançar, eu aproveitei que levantou a mão para recusar e o puxei para a dança. Ele finalmente topou o desafio!

Cansada após alguns minutos, apoiei o braço na beirada da ponte e contemplei a lua cintilante refletindo nas águas — É uma altura e tanta... Como seria um mergulho? – ergui a sobrancelha curiosa com essa possibilidade.

Arregalou os olhos — Isso não é meio arriscado demais?

Dei de ombros — Você tem medo? – rebati, ele fez que não. Então coloquei a perna sobre o parapeito e escalei ficando de pé sobre o concreto, de braços abertos o desafiei — Quer apostar quem chega primeiro do outro lado?

Por mais que relutasse em aceitar, sei que no fundo ele queria apostar — Certo. – disse virando o corpo e caminhando tranquilamente em minha frente.

Dei alguns passos até sentir confiança em meus pés para tentar pegar no embalo, contudo mesmo andando depressa os meus passos ainda eram mais lentos comparados aos dele — Ei, isso é trapaça! – reclamei quando apressou os passos e correu em minha frente chegando ao final da ponte.

Riu desdenhoso — Você não disse que não podia correr! – disse sarcástico e eu o fuzilei com o olhar mostrando a língua assim que cheguei no meu destino. Desdenhou sorridente e entrelaçou suas mãos envolta de minha cintura para me pousar cuidadosamente no chão — E então, qual o meu prêmio por ter vencido?

Fiz um bico e virei a cara conforme ia caminhando desajustada pela rua — Vou pensar no seu caso – murmurei entre os dentes. Ele chamou minha atenção dizendo que era pro outro lado, mas o que era pro lado oposto?!

— O restaurante.

— Que restaurante?

— O que vamos jantar.

Meus olhos cresceram com essa possibilidade — Vamos jantar?

Ele passou a mão pelo cabelo desviando o olhar um tantinho irrequieto — Você aceita jantar comigo?

Minha barriga roncou em resposta — Espero que seja um italiano, sabia que adoro massas?

Balançou a cabeça, rindo — Eu espero que você goste desse que estamos indo, é o meu preferido.

Então deve ser bom, constatei. Continuei caminhando erroneamente em sua frente com ele sempre dizendo que era para o lado contrário do qual eu estava seguindo. Não demorou muito para que saíssemos numa rua bem iluminada, as construções rústicas erguidas ao lado do restaurante denominado “Bianco” dava um ar sofisticado ao local.

Recompus a postura, passei a mão pelo meu cabelo desgrenhado, calcei as sandálias novamente e ajeitei a barra do vestido um pouco antes dele empurrar a porta para que eu entrasse. Fiquei admirada com a elegância e requinte dessa pequena locação que apesar de singela pelo lado do fora, esbanjava um ar familiar por dentro.

Debaixo da janela com uma toalha vermelha e um vaso com uma única flor enfeitando o centro, aquela era uma das poucas mesas disponíveis para nós naquele momento. Escolhemos ela e nos acomodamos ali. Um garçom veio trazer o cardápio e sem muita enrolação logo tratei de fazer meu pedido. Fiquei observando a vista para a rua sem perceber o tempo passar e dessa forma o jantar fora servido rapidamente.

Tomei um gole de meu vinho e continuei garfando minha refeição até que o celular dele apitou. Apressado, retirou o aparelho do bolso e visualizou a tela. Cessei os gestos e soltei os talheres, ele percebeu que estava encarando-o impaciente com um guardanapo de papel amassado em minha mão — Ah, me desculpe – pediu ao guardar o celular e retomar para o seu prato — Era minha irmã avisando que Noz já se instalou bem em sua casa.

Arqueei a sobrancelha fazendo uma careta inimaginável — Noz?

Assentiu — Noz, o meu gato.

Repito: Noz?!

— Ei, não faça essa cara! – reclamou ao me observar segurando uma gargalhada — Noz tem esse nome porque quando o encontrei ele estava todo empoeirado e encoberto como se tivesse uma camada protetora. Como uma noz.

Abri a boca — Oh.

Brody contou-me que sempre trazia o bichando em suas viagens e que hoje o gatinho de dois anos havia ficado com sua irmã. Sorri com essa notícia e mencionei que também tenho um gatinho — O Panqueca.

Franziu o cenho — Panqueca?

— É, ele era amassado que nem uma panqueca quando o conheci – brinquei o provocando e ele caiu no riso juntamente comigo, levei um tempo para recuperar o fôlego tentando prosseguir — Ele tem alguns meses, é uma gracinha!

Sorriu de volta — Então devemos promover o encontro desses amigos! Noz iria adorar tem um amiguinho, ele é meio solitário.

— O Panqueca também é meio sozinho – comentei chateada pelo meu amigo ser tão quietinho, o Panqueca era tão quieto que chegava a ser estranho.

Uma senhora de vestido azul espalhafatoso brotou em nossa frente e nos cumprimentou indagando se estávamos satisfeitos com o serviço. Notei que ela e Brody se conheciam, pois ele a chamou pelo nome e a senhora Octavia respondeu que sentia saudades de sua presença. Depois, olhando-me no fundo dos olhos como se tentasse desvendar meus pensamentos, ela pediu educadamente se eu poderia dar uma palinha de minha voz em seu palco.

Brody exclamou:

— Wow!

E eu apontei para mim — Eu?

— Sim, você mesma.

Pisquei atônita sem saber o que dizer, olhei para todos os lado perdida com o convite — Bem... Claro, por que não? – arrumei a barra do vestido mais uma vez ao me levantar e Brody se entrepôs no caminho para colocar a flor que compunha o cenário atrás de minha orelha. Agradeci a gentileza e chamei Octavia — Que música a senhora deseja que eu cante?

Ela passou a mão no queixo e ficou pensativa por um tempo tentando pensar em alguma música para sugerir, por fim ela disse “Uma que tenha significado” e então deixou a escolha ao meu desejar.

Aceitei seu pedido e subi os degraus do palco cuidadosamente para não tropeçar, em seguida caminhei até a banda e perguntei um tanto constrangida se eles conheciam a música que iria cantar. O baterista disse que era uma honra tocar comigo e que conhecia muito bem a música, fiquei lisonjeada com o elogio.

Engoli a saliva em seco e respirei fundo. Postei meu corpo em frente ao microfone com a postura rígida, minhas mãos suavam de tamanha ansiedade. Embora cantasse há tempos, ainda sentia um frio na barriga, e se eu errar a letra? E se minha voz falhar? Ou simplesmente não sair?

Passei a mão envolta do microfone de olhos fechados mentalizando que tudo daria certo confiante de minha capacidade para reproduzir com perfeição uma letra a qual não cantava há anos.

Sorri de volta e acenei quando abri os olhos e avistei ele me desejando boa sorte em seus olhos cintilantes. Segurei no microfone e dei algumas batidas para chamar a atenção até todos os olhares se voltarem em minha direção. A batida começou e eu iniciei cantarolando os versos de Naked sem temor algum, pois a insegurança havia dissipado feito fumaça.

Então você chega perto de mim

As paredes simplesmente desapareceram

Eu gostava daquela canção, ela possuía um significado para mim. Observei os casais levantando e formando duplas ao redor de suas mesas no embalo da música, também contive o riso quando a senhora Octavia retirou Brody para dançar e ele começou a fazer graça para me fazer rir. Desviei o olhar para o outro lado tentando não comprometer a música.

E isso parecia tão certo.

No final da canção fui ovacionada com uma salva de palmas e em agradecimento fiz reverências. Brody me pegou no meio do salto quando estava descendo do palco e me rodopiou congratulando minha maestria — Você cantou muito bem! – exclamou ao me pousar no chão.

Dei uma piscadela — Disso eu sempre soube! – e saí desfilando pelo salão de volta para minha mesa com ele seguindo dizendo que sou uma pessoa muito convencida.

Terminamos nosso jantar conforme conversávamos sobre coisas banais, fazendo trocadilhos e rindo de coisas confusas e sem nexo. No final da noite e após uma dose exagerada de vinho que me fez confessar histórias constrangedoras, ele me trouxe respeitosamente de volta para o hotel. O limite excedido do vinho também o deixou um pouco adulterado e isso transformou algumas cenas engraçadas.

Nos despedimos com um aceno quando o táxi deu partida e arrancou pela rua principal. Subi para o meu quarto nas pontas dos pés tentando não fazer barulho para acordar Camille, e ao jogar-me exaurida sobre o acolchoado da cama, repassei os momentos impagáveis daquela noite inimaginável.

Apressei o sono para que a noite passasse rápido e assim o dia seguinte chegasse o mais depressa possível. Próximo nível. Marcamos de fazer um piquenique no parque debaixo da sombra de uma árvore centenária e no cair da noite nos divertimos jogando boliche ao lado do playground no shopping. E no outro dia, ganhei um guarda-chuva amarelo com formato de uma flor de presente.

A chuva era uma barreira entre nós, Brody estava debaixo da tenda e eu na calçada sobre a proteção do guarda-chuva. Ele questionou-me olhando no fundo de meus olhos com uma curiosidade imensa tentando descobrir minha resposta antes mesmo de sequer perguntar — Você está retornando hoje... – disse o óbvio. Mas embora tentasse parecer calmo, sua inquietação era perceptível — Você tem a quem voltar?

Curvei a cabeça fitando-o intrigada, era cativante a forma como seus olhos sorriam agraciados por uma alegria infinita — Bem... – esbocei um sorriso de volta — Agora eu tenho você. – dito isso, dei meia volta e atravessei a rua com o rosto ardendo de ansiedade sem deixar com que respondesse, mas ainda assim a tempo de ver seu sorriso.  Compactuamos um riso tímido, apressei os passos para dentro do carro evitando contato visual e acenei em despedida assim que o carro deu partida direcionando-me até o aeroporto.

 

...

 

Abri os olhos tentando desfazer o sorriso bobo que meus lábios não cansavam de esboçar e continuando com o pensamento nos meus últimos dias em Los Angeles, completei meus versos.

 

O que é isso que estou sentindo?

Pois não consigo esquecer

Se é ver para crer

Então eu já sei

 

Assim que terminei esse trecho, dei um salto jogando o caderno para o alto após ouvir um ruído ao meu lado. Era Cam acordando e me repreendendo por agir estranhamente. Estranha, eu? É ela quem me assusta e eu quem levo a culpa!

— O que você está aprontando, posso saber?

Fiz que não — Nada demais, apenas estava concentrada numa coisa aqui e você me assustou – resmunguei entre os dentes e ela juntou as sobrancelhas formando uma careta confusa — O que foi? – ralhei enquanto tentava recuperar meu caderno do chão.

— Hum... – sondou-me com aquele par de olhos persuasivos — Você anda bem estranha, está aprontando algo?

— Quem, eu?!

Fitou-me cética — Sim, você!

Levei a mão ao peito falsamente ofendida e comecei a rir de nervosismo — Me deixe em paz, ok? – virei a cara e guardei minhas anotações dentro da bolsa de mão.

Cam prosseguiu — Eu vi você naquela noite voltando tarde, sabe?

— Você estava me vigiando?

— Não, estou apenas cuidando de você. – ressaltou convicta antes de ementar a frase — Mas quero que saiba que estou feliz por você e respeito sua privacidade. Só queria dizer que não adianta tentar esconder, eu sempre sei das coisas.

Dito isso, ela tapou os olhos e apoiou a cabeça no estofado sem reproduzir qualquer outro som a não ser os suspiros de seu sono. Fiquei abestada com sua afirmação, mas deixei por isso mesmo e retornei a relaxar durante o trajeto final da viagem.

Em pouco tempo estaria de volta para minha casa, próxima aos meus problemas e cada vez mais distante de meu adorável sossego.

 

...

 

Escancarei as portas de casa ao retornar de minha breve viagem passando pelo hall cantarolando e trocando uma conversa rápida com um dos seguranças. No pé da escada encontrava-se Gianne com as mãos entrelaçadas aguardando minha aproximação.

A cumprimentei e ela se acarretou em me informar dos acontecimentos sem nem me deixar respirar. Gianne como sempre muito profissional — Ontem veio um homem procurá-la, - informou com a postura rígida — ele era alto de porte físico atlético, moreno de olhos castanhos escuros. – descreveu sua aparência na tentativa que eu o reconhecesse, no entanto minha única resposta foi uma expressão confusa.

— Ele não se identificou?

— Não, senhora.

— Deixou algum recado?

— Disse que precisava falar apenas com a senhorita e que não podia deixar recado.

Fiz uma careta — Não faço ideia de quem seja. Mas bem, se for algo importante ele há de retornar – concluí dando de ombros. Ameacei dar um passo e mais uma vez ela interviu — Mais alguém veio?

— Não, senhora. Porém sua mãe ligou, ela disse que não conseguiu lhe contatar pelo celular.

Certo, irei ligar para ela daqui a pouco. Esperei um pouco antes de tentar subir novamente e Gianne se prontificou em retornar para seus afazeres mais tranquila por ter me notificado. Subi a escadaria pulando alguns degraus até chegar no topo, depois perambulei pelo corredor e avistei tia Lette saindo de seus aposentos.

— Tia! – exclamei chamando sua atenção, ela deu um pulo.

— Abbey, querida! – largou sua bolsa em frente a porta e veio apressada de braços abertos — Que saudades de você, meu anjinho. Veja como você está radiante! – ela espalhou meu cabelo para os lados e deu tapinhas de leve em minhas bochechas coradas — Vejo que se divertiu por lá!

Não respondi, apenas a abracei calorosamente. Assim que olhei em direção ao seu quarto, notei a bagagem — A senhora vai sair? – afastei-me um pouco para encará-la.

Negou — Não, minha querida. Eu estou indo embora, hora de largar do teu pé e retornar para minha casa!

Fiz um bico descontente com a notícia — Mas tia... – ela emitiu um “shiu” e me abraçou novamente — Vou sentir saudades! Embora tenha sido de supetão, sua presença aqui fora muito importante para mim – confessei com a voz embargada de emoção. Ela esteve aqui no momento em que a solidão estava me abraçando e espantou essa sensação angustiante com sua presença radiante.

Tia Juliette disse que iria me deixar um bilhete para quando eu retornasse, mas que como agora eu já retornei, não precisaria mais ler. Ela amassou o papel e jogou no lixo, e assim que nos despedimos com um forte abraço na entrada principal, voltei apressada para ler sua despedida.

Em seu bilhete com um garrancho quase ilegível, ela disse: “Obrigada pela hospedagem, meu pequeno pássaro cantor. Sou grata por ter me recebido de braços abertos mesmo com minhas peculiaridades. Não preciso dizer que você é uma estrelinha, não é mesmo? Você nasceu para brilhar, e eu quero ver mais uma vez aquele sorriso resplandecente em seu rosto angelical de hoje em diante e sempre”.

Sorri emocionada com seu carinho, ela fora uma grande motivadora em minha vida. Sempre ao meu lado como uma irmã mais velha me ensinando a arriscar e buscar meu próprio caminho.

Guardei o pedaço de papel com carinho e depois segui para o banho, apoiei a cabeça na borda da banheira e relaxei o corpo, descansei por um tempo entretida com a espuma que segurava em minhas mãos. Em seguida vesti o roupão e me joguei na cama com a tv desligada. Debrucei sobre o travesseiro e fiquei observando a tela do meu celular que informava uma chamada perdida de Michelle.

Tentei ligar de volta e ela não atendeu, então liguei para mamãe e ela disse que estava tudo bem e que apenas queria saber como eu estava. Ficamos conversando por alguns minutos até ela encerrar a ligação reclamando que seu bolo iria queimar e me deixar falando sozinha como sempre fazia. Chateada, novamente tentei ligar para minha irmã e caiu na caixa postal mais uma vez. Bufei irritada com esse descaso e abandonei meu celular em cima do travesseiro.

Foi aí que um súbito pensamento apareceu e tomou conta de todo o restante de meus questionamentos. O detetive Thomas disse que tanto Michelle quanto Kendrick sabiam mais do que estavam falando, e se eu fosse até o melhor amigo de Cord e tentasse descobrir o que seria esse segredo? Pois, repassando o acontecimento na festa de Halloween, a pessoa quem me perseguiu não estava no meu encalço e sim no dele!

Então eu vou lá.

Agora!

 


Notas Finais


Esse capítulo fora bem complicado de escrever (pois foge muito da minha zona de conforto) e foi um grande desafio (mesmo!), mas eu dei o meu melhor e – nada menos do que isso – acho que consegui vencer esse desafio u.u E essa calmaria toda há de chegar ao seu fim!

Alguma crítica ou sugestão? Estou a todo ouvido! Ainda estou aprendendo (e sempre estarei), então peço paciência e conselhos para caso cometa algum deslize, visse?
Espero de coração que tenham gostado e nos vemos no próximo, sim? *u* 💖

Link de Faling Fast: https://youtu.be/Trg8K3CryCQ 🎵


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