1. Spirit Fanfics >
  2. Freak Out >
  3. Desfoque

História Freak Out - Desfoque


Escrita por: sammye

Notas do Autor


Hoy! Tudo bom? *♡*
O capítulo de hoje saiu mais adiantado por motivos de que minha internet anda caindo muito (por um dia inteiro) e não posso contar com o dia de amanhã, então melhor prevenir do que remediar! u-u Ah, no capítulo "anterior", Damien havia sofrido um acidente e agora se encontra hospitalizado.

É isso, desejo uma boa leitura! 💛

Capítulo 40 - Desfoque


Fanfic / Fanfiction Freak Out - Desfoque

 

— Cadê esse médico que não aparece logo? – murmurei incomodada quase roendo a unha de tanta aflição pela demora em obter notícias de meu irmão.

— Acalme-se, Misty! – Benedict pediu com a voz mansa tentando me fazer recordar o controle. Ele pousou a mão em meu ombro quando veio em minha direção ao levantar do banco em que estava acomodado — Sente-se um pouco, ficar de pé zanzando de um lado para o outro não vai fazer a hora passar mais depressa.

Hesitei em escutá-lo, talvez algum enfermeiro ficasse cansado com minha agitação e viesse prestar serviço? Assim eu poderia perguntar como Damien estava e me certificar de sua segurança. Respirei fundo soltando um longo suspiro, Bene tinha razão. Ficar perambulando pelos cantos não iria adiantar a hora.

Puxei a barra da blusa antes de sentar e me aquietei num dos assentos ao lado de meu irmão caçula, esfreguei os braços espantando o frio e ele me aqueceu num abraço reconfortante. Ouvi o tic tac do relógio repetir seu ciclo por incontáveis minutos até seu ruído enlouquecedor ser substituído pelo som que os passos vagarosos do Dr. Andrew emitia ao caminhar pelo assoalho em nossa direção. Levantamos num pulo rápido.

Dono de uma postura rígida e com seu prontuário em mãos, ele relatou que o estado do meu irmão era estável. Percebi que ele escolhia cada palavra com tamanha discrição como se estivesse controlando sua fala numa tentativa falha de não causar alarde. Ao meu lado, Bene se irritou — O que o senhor que dizer, doutor? Meu irmão está bem ou não?

— Ele está fora de risco.

Disse isso como se apenas essa informação fosse suficiente para nos acalmar e depois retornou o olhar ao seu prontuário. Esse médico não tinha um olhar gentil, compadecido ou apaziguador, era como se seus olhos cansados tivessem perdido o brilho ao decorrer dos anos, seus lábios ressecados não esboçavam sequer um sorriso para tornar a situação menos desconfortável.

— Podemos ver nosso irmão?

— No momento não. É melhor que os senhores aguardem mais um pouco, ainda iremos fazer alguns exames.

— Ele está consciente?

Não houve resposta, pude até mesmo imaginar grilos formando uma resposta com o silêncio que houvera.

— Por favor, doutor!

— Desculpe, ele precisa descansar.

— Um minutinho só será o suficiente – supliquei desesperada quase me ajoelhando.

Dr. Andrew fez uma careta ainda negando nosso pedido — Meio minuto então – agora fora Bene quem insistiu — Por favor, perdemos nossa mãe tem pouco tempo, não nos impeça de ver nosso irmão, por favor!

Impassível, ele negou o pedido — Meus sentimentos pela perda de vocês.

— Só queremos ver ele, nem que seja através do vidro...

Persistimos em persuadir o médico ranzinza por mais algumas vezes e mesmo assim fomos rejeitados. Ele se desculpou e nos deixou esperando por mais alguns minutos, até que finalmente retornou agora com um semblante menos severo e disse que poderíamos dar uma olhada em nosso irmão.

Seguimos os passos dele ouvindo atentamente todas as regras que deveríamos seguir para não causar nenhum dano, tive que ouvir o mesmo discurso da outra vez como se não tivesse decorado aquela palestra que escutei e repeti inúmeras vezes dentro de meus pesadelos.

Passamos pelo corredor, subimos o andar e paramos em frente à porta. Inspirei aflita sentindo o suor escorrer pelo meu rosto, limpei com as costas da mão e respirei fundo contando até três tomando coragem para encarar a cena, Benedict segurou minha mão e assim demos o primeiro passo vacilante quando abriram a porta.

Damien estava inconsciente, descansando em seu sono induzido. O encontrei jazido numa maca com agulhas e fios interligados a uma máquina, seus olhos estavam fechados, os lábios entreabertos e as mãos flácidas acomodadas sobre o lençol branco. Alguns hematomas estavam espalhados por seu corpo, o rosto com um curativo e alguns ferimentos enfaixados ou com gazes.

Senti meus olhos arderem e minha garganta fechar, minhas pernas estremeceram, meu estômago embrulhou e meu coração apertou — Vou deixar vocês as sós por um minuto – ressaltou Dr. Andrew antes de sair de fininho fechando a porta atrás de si.

Engoli a saliva em seco e caminhei relutante em sua direção, toquei em sua mão e alisei sua pele quase num acesso de choro. Do outro lado, Benedict cabisbaixo sussurrou algo que não pude distinguir, no momento meu raciocínio estava lento, ou rápido demais para que eu pudesse acompanhar. Fechei os olhos fazendo uma prece, foi quando senti sua reação.

Ainda de olhos fechados, Damien tentou segurar minha mão, entretanto estava fraco demais e sem forças para conseguir se mexer, sendo assim ele apenas remexeu o dedo que estava preso a um prendedor de uma das máquinas. Arregalei os olhos, emocionada — Dam, estamos aqui – balbuciei com a voz carregada — Bene e eu! Prometo que ficaremos aqui ao seu lado até você melhorar!

Benedict sorriu com a resposta que Damien havia dado para ele também — Noam está bem, ele está fazendo a festa e se empanturrando dos doces que você tanto barra, sabia? – contou com os olhos marejados.

— E também está morrendo de saudades!

— Nós também sentimos muito a sua falta!

Brincamos com os relatos do último dia em que ele havia perdido por estar desacordado, e por mais que quiséssemos ficar ali ao seu lado pelo restante dos dias, o doutor retornou avisando que nosso tempo acabou e que tínhamos que sair. Antes de passar pela saída, dei meia volta mesmo com o médico me censurando e completei — Ah, e Samantha está bem! Agora ela está descansando, mas está fora de risco, está bem? – contei para tranquilizá-lo, pois sei muito bem como é a sensação de não saber o estado de uma pessoa a qual causou um acidente.

Bene passou a mão envolta de meu ombro e me envolveu num abraço, soltei o peso de meus ombros, abaixei a guarda e caí no pranto, inconformada. E choramos a fio por um tempo sem nos importarmos com quem assistisse a cena. Depois de muito desabafar, nos acomodamos novamente no banco da sala de espera aguardando a hora passar.

Unidos, apoiei a cabeça em seu ombro e fechei os olhos pesados por alguns minutos apenas ouvindo a movimentação de pacientes e visitantes caminhando pelos corredores sem sequer cair no sono, repassei o momento em que soube do acidente, fora Kaspar quem ligou do hospital informando que Damien e Samantha haviam capotado com o carro. “Foi por pouco”, disse ele nervoso “Eles estavam sendo perseguidos, a sorte foi que estávamos logo atrás dos perseguidores e conseguimos evitar o pior”. Seguindo sua linha de raciocínio, constatei que se a equipe de Samantha não estivesse ali, era bem capaz dos criminosos descerem armados do carro e se certificarem de que os dois não iriam escapar dessa.

Thomas passou após ligar para o trabalho perguntando sobre meu irmão, em seguida retornou ao corredor e ficou plantado aguardando mais alguma resposta. Senti um pouco de culpa por não ter o chamado para visitar Damien, os dois são melhores amigos e o que eu fiz foi deixá-lo de lado. Fui até o seu encontro e pedi desculpas pelo meu esquecimento, Tommy disse que estava tudo bem, dessa forma, retornei ao meu lugar deixando-o sozinho e respeitando seu espaço.

 

~x~

 

O relógio deu mais algumas voltas enquanto permanecíamos irrequietos na sala de espera,  faltavam quinze minutos para as 20h quando meu irmão se pronunciou — Tenho que ir pegar Bea no aeroporto – anunciou ficando de pé ao meu lado — Ela ficou sabendo do acidente e decidiu pegar o voo mais depressa possível.

Sorri fraco — Muito gentil da parte dela – embora tentasse, ainda não conseguia esconder minha dor.

— Você precisa ir para casa tomar um banho, descansar um pouco e comer alguma coisa – falou preocupado segurando minha mão.

— Não, eu prometi ao Damien que ficaria aqui!

— Você dormiu no máximo meia hora, precisa descansar!

— Mas você também ficou acordado.

Fez que sim — Essa noite eu passo aqui com ele e você fica na próxima, qualquer coisa tem o Tommy ali também.

— Mas Tommy não é a mesma coisa que eu.

— Você está subestimando a amizade dos dois que são praticamente irmãos!

Suspirei — Não foi isso que eu quis dizer, mas é que... E se ele acordar e eu não estiver aqui?

— E você acha que Damien iria gostar de lhe ver mal? Ele iria preferir que você estivesse descansada.

— Mas...

Balançou a cabeça negativamente me interrompendo e insistindo para que eu ao menos comesse algo até ele buscar Beatrice para voltarmos juntos ao hospital. Novamente, Bene tinha razão. Se eu continuar desconexa desse jeito é bem capaz de não absorver direito as informações e acabar sendo um incômodo.

Aceitei a carona de volta para casa pedindo para buscarmos Noam na casa de sua avó materna no meio do caminho. Segui o trajeto de cabeça baixa remoendo alguns problemas que vieram junto da internação como, por exemplo, o custeamento do tratamento. Por mais que eu quisesse focar apenas no meu irmão, eu não conseguia ignorar completamente os demais empecilhos.

— Não se preocupe, eu posso ajudar a pagar.

— Mexendo na sua poupança? Não.

— Tem Bea, eu posso pedir a ajuda dela e depois pago.

Recusei — Isso não é justo com você. – argumentei pensativa. Ontem logo após a saída de Damien, um advogado veio procurá-lo dizendo ser o intermediário da família Stowe. Ele disse que meu irmão era um dos dois herdeiros do senhor Jenks, pai de Lanore, e que precisava falar com ele para que assinasse alguns papéis. Obviamente, Dam irá detestar a hipótese de precisar da família que o abandonou e virou as costas para sua mãe quando mais precisou. Penso em esperar que ele acorde para contar desse encontro — Eu não sei o que fazer. – disse, por fim.

Apoiei a cabeça no encosto de estofado e fechei os olhos — Pois eu sei.

Desencostei e o encarei intrigada — Sabe?

Assentiu — Kaspar estava desesperado quando o encontrei e ele deixou escapar que foi por culpa dele que Samantha teve que levar Damien junto na missão. Sendo assim, ele sequer assinou o documento no qual deveria afirmar que abriria mão de sua segurança pondo a sua conta em risco e prometendo não processar o departamento.

— Você pensa em abrir um processo?

— Não precisamos ser tão extremos, mas podemos pressionar um pouco para que arquem com as consequências. Vi hoje no hospital um colega de Samantha circulando pelos arredores a mando de seu chefe, creio eu que essa seja uma deixa.

Fiz uma careta descontente — Mas isso pode pesar pro lado dela, não? Vai ser responsável pelo acidente, pelo possível processo e isso se não for demitida ou ser obrigada a reembolsar o dinheiro gasto.

Benedict estava concentrado na direção — Não precisamos ameaçar abrir uma ação nem nada do tipo, mas podemos conversar com algum supervisor dela a respeito disso? Damien estava errado em ter se intrometido, mas eles também estão errados em terem permitido.

— “Eles” no caso é a Samantha. Damien ficaria furioso se soubesse que a prejudicou de alguma forma por causa de sua atitude.

Resmungou — Isso também se não o processarem por ter obstruído a investigação deles...  – concluiu e eu concordei — Realmente, isso não é mesmo certo com a Samantha! Temos que concordar que Damien iria até escondido dentro do porta-malas, mas não perderia essa missão por nada.

Ri ao imaginar essa cena — Ele é mesmo muito teimoso!

— Põe teimoso nisso! – exclamou sorrindo — Mas não se preocupe, iremos dar um jeito, ok?

— Eu só não quero que você mexa na sua conta, está bem?

— Não, Damien é nosso irmão, tanto meu quanto seu e então iremos resolver isso juntos! – protestou e eu aceitei seu argumento deixando o assunto morrer por ali. Havia tanta coisa para fazer, tantas pendências para resolver, mas no momento o que eu mais queria era ter meu irmão são e salvo ao meu lado rindo de sua própria desgraça nos contando como fora que perdeu o controle do carro.

Passamos na casa da senhora Getz para buscar meu sobrinho que passara o dia com sua vó, o acomodei na cadeirinha enquanto o pequeno sonhava tranquilamente em sua soneca. Bene me ajudou a acomodar Noam na cama, subiu para tomar um banho e se arrumar para encontrar sua amada conforme eu preparava um café para me manter desperta.

A casa ficou praticamente vazia após sua saída, não havia mais movimentação, nem vozes alteradas ou ruídos da tv e aparelhos ligados. Sem mamãe, sem Damien e sem Benedict. Até mesmo prima Miranda se fora, ela cumpriu sua palavra e partiu logo no dia seguinte após a briga com Seth.

Balancei a cabeça exasperada e marchei rumo ao banho, deixei a água escorrer pelo meu corpo tentando relaxar e espairecer um pouco. Lavei o cabelo, sequei com o secador e o deixei solto sobre os ombros. Vesti uma roupa confortável, arrumei uma peça de roupa e segui até o quarto de meu irmão para buscar um cobertor que o mantivesse aquecido durante sua internação.

Sua mochila estava jogada no chão, agachei para pegá-la e assim que a levantei um envelope pardo caiu no chão espalhando alguns papéis sobre o tapete, então coloquei a bolsa sobre a cama e abaixei para guardar o que tinha caído, mas quando peguei um dos papéis, notei a textura diferente e identifiquei sendo uma fotografia. Dei de ombros, são as coisas dele.

Não iria futricar suas coisas, dessa forma abri o envelope e joguei as fotografias ali dentro. No entanto, percebi uma imagem minha ao virar a foto para guardar. O que ele fazia com uma foto minha lendo um livro enquanto tomava café na praça? Damien estava me espionando?!

Curiosa, virei outra imagem e contemplei Avril tocando violão em sua varanda, em seguida virei o envelope de volta sobre a cama buscando compreender o que aquelas fotografias queriam dizer. Tinha até mesmo um registro de Bene na faculdade, o que está acontecendo?

Não demorei a ver o remetente vazio e o destinatário direcionado ao meu irmão, a mensagem era clara e óbvia, bastava apenas ligar os pontos: Damien andava estranho, agia de forma brusca, fora ríspido com Avril a expulsando da investigação, proibiu a saída de Noam sozinho com a babá e ainda, de acordo com a enfermeira, fora encontrada uma arma em seus pertences. De início pensei que tivesse sido emprestada por Samantha, contudo Kaspar negou conhecer aquele revolver. Juntando A mais B, cheguei a conclusão de que meu irmão estava sendo ameaçado e isso explicava tudo!

Moxi?

Sua voz grossa interrompeu minha linha de raciocínio, dei um salto e enfiei tudo de volta ao envelope e depois joguei dentro da mochila — Seth?! – exclamei atônita com sua presença, escondendo a bolsa atrás de mim — O que faz aqui? Como foi que entrou?

— Pela porta, ou esqueceu que essa casa também é minha?

— E desde quando você tem as chaves?

Não respondeu — Vejo que está surpresa, podemos conversar?

Balancei a cabeça espantando meus devaneios — Sim, claro! – concordei indo em sua direção e o empurrando para fora do quarto, tranquei a porta ao sair e guardei a chave em segurança — Você aceita um café?

Meneou com a cabeça aceitando a bebida e me acompanhou lado a lado até a cozinha, sentou-se no banco em frente ao balcão aguardando que eu o servisse. Respirei fundo, preenchendo a caneca com o café — Como seu irmão está?

Ele realmente queria saber?

Encarei como uma pergunta retórica do tipo “perguntei por educação, não precisa responder” e fiquei quieta esperando que tomasse o café e fosse embora logo. Debrucei sobre o balcão batucando na madeira fitando-o impaciente, pelo canto dos olhos notei um embrulho na beirada do móvel — O que é isso?

— Bolinhos que Zoe e sua mãe Cathylin fizeram, elas pediram para que eu trouxesse.

— Hum...

— Posso pegar um?

Assenti passando a caixa em sua direção, ele tirou a tampa e deixou o aroma adocicado do doce exalar pelo ambiente. Fiquei tentada em provar, tinha uma boa aparência e um cheirinho bom, Seth pegou um e ainda sobrou meia dúzia deles.

— Você pode dar um para o menino se quiser, Zoe fez com muito carinho.

Fiz que sim murmurando que iria oferecer um quando Noam acordasse. Observei Seth devorar um bolinho e depois mais um, minha barriga roncou recordando o fato de que estou apenas com um café e uma barra de cereal forrando meu estômago. Olhei para o doce e depois para ele que comia com etiqueta garfando cada pedaço.

Levantei, encostei-me ao armário com as mãos nos bolsos do casaco e perguntei — Você queria falar comigo?

Tomou um gole da bebida antes de falar — Sim, era sobre o nosso acordo.

— Acordo?

— Sobre a venda da casa.

Minha barriga roncou tão alto que fiquei constrangida — Você quis dizer, da minha parte da casa?

— Foi o que eu disse...

— Minha resposta é não.

— Pense bem, Moxi. É uma oportunidade única, você não quer ser uma detetive renomada?

— E sem alma?

Terminou seu prato limpando a boca com o guardanapo de papel — Vou lhe dar mais alguns dias para repensar sua escolha, tenho certeza que você vai acabar aceitando!

Estiquei a mão e puxei um bolinho levando-o até a boca — O que te faz ter tanta certeza? – mordi um pedaço sentindo o gosto de baunilha espalhar pela minha boca.

— Eu sou um ótimo negociador.

— Não quero fazer negócios com você.

— E por que não?

Terminei de engolir mais um pedaço antes de responder, o sabor era um tanto familiar, tinha um gosto que eu não pude identificar de imediato — Porque eu não vou trair meus irmãos, Damien precisa dessa casa. – disse, por fim. Devorei o primeiro bolinho partindo logo para o segundo — Elas cozinham bem, está realmente delicioso!

Seth abriu um largo sorriso de orelha a orelha — Cathylin é uma ótima cozinheira e Zoe será esplêndida como a mãe! – concordou aparentemente orgulhoso de sua família. Ele puxou sua maleta executiva e colocou uma papelada sobre o balcão — Tem certeza que não quer assinar enquanto minha proposta inicial ainda continua de pé?

— Te-Tenho – gaguejei com a voz rouca passando a mão pela garganta tentando pigarrear, senti a língua dormente e a garganta fechar — Que ingrediente você usou nesse doce?

— Eu não, foram Zoe e sua mãe – respondeu sorridente. Senti um formigamento seguido por um frio a barriga, um mau pressentimento — Pedi que elas adicionassem leite de amêndoas especialmente para você.

Nauseada, larguei o bolinho deixando-o cair no chão, meu estômago revirou como se estivesse dando um nó — Se-Seth! Você sabe muito bem que eu sou alérgica! – proclamei com esforço sentindo o desespero me assustar.

— Sei sim. E então, vai assinar ou não? Você ainda tem uns três minutos antes da crise piorar de vez e, você sabe... Apagar.

Balancei a cabeça negativamente sentindo tontura ao dar um passo, minha vista estava turva, senti meu sistema tentando empurrar o que me fizera mal para fora me forçando a por os bofes para fora, petrificada de medo, tentei conter o vômito por alguns segundos observando Seth levantar tranquilamente e desaparecer do meu campo de visão por um curto período. O vi novamente saindo do quarto de Noam com meu sobrinho adormecido em seus braços.

“Deixe-o quieto agora!”, foi o que tentei gritar, porém minha voz não saiu — Você ainda pode assinar esse papel e deixar o seu adorado sobrinho dormir em paz, o que acha? – questionou num tom sarcástico acariciando os cachos de Noam. Não consegui responder, comecei a me coçar quase arrancando a pele de tanta aflição.

E foi quando Seth saiu pra fora de casa com Noam no colo trancando a porta atrás de si que eu entrei em uma crise desesperada por não ter feito nada para impedi-lo. Havia tempos que não tinha uma crise alérgica, tudo rodava conforme meu sistema não reagia bem ao leite de amêndoas percorrendo pelo meu corpo. Procurei abrir a porta puxando a maçaneta com força, entretanto ele tinha trancado e eu não consegui recordar em meio ao pânico onde tinha deixado a minha.

Bati, estapeei e dei até golpes ao tentar conseguir ir atrás dele. “Seth, não faça isso, volte aqui!” empenhei em vociferar, em vão. Eu precisava que me escutasse e trouxesse Noam de volta, então supliquei “por favor!” e ele nem sequer ouviu.

Alarmada, peguei a chave que estava guardada no bolso e me esforcei para abrir a porta, e num movimento brusco, ela ficou presa dentro da fechadura partindo-se em dois quando tentei puxar de volta. Fui ao chão de uma forma abrupta com o impacto que teve. Debruçada sobre o assoalho, apoiei num móvel tentando me reerguer, porém a mesinha tombou com o meu peso me derrubando outra vez.

Com o ouvido pulsando e tendo palpitações, passei a mão pelo peito até o pescoço sentindo o sangue impregnar em minhas unhas numa tentativa desenfreada de conseguir respirar, contudo minha garganta trancada dificultava a passagem de ar.

Eu queria vomitar.

“Socorro!”.

Tentei berrar.

Mas não consegui nem mesmo clamar, nem fazer absolutamente nada! Apavorada e com minha vista ficando cada vez mais embaçada, continuei fitando a porta desfocada suplicando mentalmente para que alguém me ajudasse e trouxesse meu sobrinho em segurança de volta para casa.

 


Notas Finais


Tadinha da Misty, ela comeu o pão que o diabo amassou!

Obrigada a quem chegou até aqui, espero que tenham gostado! *u* Nos vemos no próximo, sim? 💖


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...