1. Spirit Fanfics >
  2. Freak Out >
  3. Memorando

História Freak Out - Memorando


Escrita por: sammye

Notas do Autor


Hey, hey you!
I found, 🎤 🎶

Depois de dois meses sem conseguir atualizar, aqui estou de volta! Tenho um "recadinho" importante nas notas finais, por ora, farei um breve resumo do capítulo anterior (e outros acontecimentos para refrescar a memória). Após descobrir que Keid havia ido a visitar enquanto Avril estava fora, ela decide por manter sigilo e guardar essa informação ao menos até Damien e Misty se recuperarem por completo – ele sofreu um acidente e ela tinha sofrido uma grave reação alérgica causada por Seth.

Algumas palavras em destaque:
Autossuficiente é o mesmo que "independente". Coibir significa reprimir, o mesmo que coagir. Tendencioso significa possuir segundas intenções, objetivos ocultos, e no capítulo se refere a ser parcial. E, por último, "solícito" quer dizer prestativo, atencioso, carinhoso.

Por fim, desejo uma ótima leitura! 💕

Capítulo 43 - Memorando


Fanfic / Fanfiction Freak Out - Memorando

 

 

Subi os degraus da varanda e caminhei diretamente até à porta com as chaves em mãos, estava destrancando-a quando ouvi chamar meu nome.

— Ei, Misty!

Ergui a cabeça virando o rosto ao fitar a vizinha que estava parada rente ao portão de casa — Oi, Meredith! Como vai? – esbocei um sorriso fraco numa tentativa de ser cordial. Notei que ela estava aparentemente apressada, talvez atrasada?

— Eu vou bem, e você?

— Bem também.

— E Damien, como está?

— Ele está bem também.

— Ainda se recuperando do acidente?

— Ele está melhor, posso até dizer que estaria pronto para outra.

Riu com essa hipótese a qual ele seria bem capaz de comprovar estar pronto para mais um teste de sobrevivência — Vamos fazer uma reunião em casa neste final de semana para Moira, vocês estão convidados! Terá piscina, seria legal para o Damien levar o Noam – propôs um convite.

— Oh... Obrigada pelo convite, porém eu estou de mudança por esses dias.

— Ah, que pena! Damien ficará sozinho?

— Pelo jeito, sim. Mas ele sabe se virar – dei um sorriso ao terminar a frase.

Não era de hoje que Meredith demonstra interesse por ele, mas apesar de seus esforços, meu irmão sempre acaba esquivando. Acho que ele não se simpatiza muito com ela no final das contas.

Ela balançou os braços, agitada — Bem, se der, apareçam por lá! O convide continua de pé – ressaltou. Agradeci pela gentileza e a deixei retomar seu trajeto pela rua.

Girei a chave na fechadura destrancando a porta e entrei em casa chaveando-a novamente. Observei o silêncio que reinava aqui dentro, pelo visto não tinha mais ninguém em casa, o que ainda era muito estranho. Lembro-me de quando mamãe trazia alguns amigos ou clientes para tomar um chá e conversar com mais tranquilidade fora do seu local de trabalho. Em outros tempos esse lugar não parava quieto, e agora está tudo tão sossegado que o único som que consigo escutar é o ruído que as mobílias velhas emitem ao ranger.

Passei pela cozinha pegando um copo d’água para depois seguir diretamente até meu quarto onde pilhas de caixas empilhadas se transformaram em minha nova decoração provisória. Deixei a bolsa sobre a cama já que meus móveis estavam ocupados, e em seguida prendi o cabelo e troquei o agasalho por peças menos pesadas. Posteriormente retornei para a cozinha passando direto até os fundos onde havia mais caixas.

Quando voltei ao quarto comecei a empacotar as coisas que ficavam na penteadeira. Tentei ocupar a mente para esquivar das memórias que me perseguiam desde o momento em que acordei hoje de manhã, ou também quando fui dormir ontem. E antes de ontem também.

Parei o que estava fazendo assim que ouvi um ruído ecoando pelo corredor, então soltei o que tinha em mãos e caminhei cuidadosamente até a porta do quarto sendo terrivelmente surpreendida quando Damien surgiu repentinamente na minha frente se escorando no batente da porta com uma expressão feliz — Oi!

Levei a mão ao peito com os olhos arregalados de espanto por conta de sua aparição — Que susto! – balbuciei ouvindo minha respiração afoita.

— Desculpe, não imaginei que fosse se assustar assim. Aconteceu algo?

Respirei fundo resetando a postura — Não, nada. Eu só fiquei surpresa porque achei que estivesse sozinha em casa.

— E estava! Eu cheguei agora a pouco – apontou para a saída — Fui levar Noam para dar uma volta.

Do jeito que ele fala até parece que se refere a um cachorro e não uma criança. Avaliei sua leitura corporal intrigada com os motivos pelo seu repentino entusiasmo — Posso saber o porquê desse seu sorrido de orelha a orelha? – indaguei apreensiva, sempre que Dam sorria daquele jeito é porque alguma coisa ele aprontou.

— Nada não, eu só acordei de bom humor, sabe? A vida é bela, maravilhosa! – proclamou de braços abertos para depois mudar de assunto — Eu estou preparando um chá, você aceita?

— Sim, claro! – aceitei logo de cara porque queria sondá-lo mais de perto.

Fomos até a cozinha, sentei em frente à bancada e apoiei as mãos sobre sua superfície batucando conforme aguardava a bebida. Damien serviu minha xícara com muito zelo, preencheu sua caneca e encostou-se a pia fixando seu olhar em mim — Beba, chá é bom para acalmar. Te deixa tranquila, leve... – começou a ladainha.

Tomei um gole do chá com o olhar mirado em sua direção, ele desviou — Ok. Que história é essa?

— Que história?

— Esse seu cuidado todo.

Bebeu um pouco antes de responder — Não posso mais agradar minha irmã preferida?

— Por motivos de?

— Estou aproveitando seus últimos dias aqui, quero que se sinta acolhida.

Arqueei a sobrancelha — Não sabia que você era tão carinhoso assim – desconfiei.

— Não é carinho, é por puro interesse egoísta! Pense bem, assim você nota que não tem como viver longe desse lugar e desiste de ir embora! – lá vinha uma nova lorota.

— Aham. Claro.

— Você não acredita?

— Hum... Vejamos – murmurei pegando a xícara novamente — Não.

— Por que não?!

— Porque você mesmo estava mais empolgado que eu até ontem.

— Disse bem, ontem!

Suspirei — Deixe de rodeios e fale logo o porquê de estar tentando me agradar, o que foi? Quebrou o aspirador novamente? Bateu o carro? Esqueceu Noam no parque?

— Seth está preso.

Disse assim, de supetão. Despejou essa informação de forma natural como se esse fato fosse apenas mais um detalhe banal de um dia comum e ele ainda continuou tomando seu chá tranquilamente.

Pisquei atônita algumas vezes antes de conseguir responder, meus pensamentos estavam rápidos demais para que eu conseguisse acompanha-los — M-Mas... Ontem mesmo vocês dois estavam aqui discutindo sobre, como assim ele está preso?! – balbuciei perdida no meio dos detalhes.

— Pra você ver como a vida é irônica, um dia ele está aí batizando comida alheia e levando crianças inocentes, e no outro, está lá ouvindo a lei de Miranda declarar que possuí direito a um advogado.

Balancei a cabeça — Você tem algo a ver com isso?

— Não fui eu quem aplicou fraudes.

— Essas acusações de novo?

— “De novo”? Lá vem você defendendo ele!

Respirei fundo e virei o chá com pressa — Não estou defendendo ninguém, mas acontece que se não tiver provas é você quem irá ser processado. Damien, o que você fez?! Você prendeu nosso irmão?

Deu de ombros — Eu não prendi ninguém, eu não sou da polícia, lembra? Não tenho autoridade nenhuma. Agora já o Tommy... – mais uma vez fui pega de surpresa com essa notícia — Não odeie ele por isso.

Não respondi, apenas optei por ficar quieta e deixar o silêncio sufocar o ambiente. Dam ficou me encarando por um bom tempo sem dizer mais nada, ele queria que eu me juntasse a ele na comemoração, mas infelizmente não dava. Escorei o cotovelo na mesa e apoiei a cabeça em minha mão com os olhos fechados, cabisbaixa.

 

~x~

 

Os dois estavam em um embate trocando olhares raivosos como dois leões prontos para atacar. Damien o rondava da mesma maneira como Seth fazia frequentemente — Por agora, podemos falar de negócios? – ele indagou claramente entusiasmado.

— E que negócios eu teria para tratar com você?

— Hum... Que tal sobre a sua parte na casa?

— Você está interessado na minha parte?

— Posso ser bastante amigável e lhe oferecer uma boa oferta.

Ambos trocaram um olhar pretensioso — Claro, faça sua proposta.

— Faça você o seu preço.

Seth gargalhou — E você tem cacife para isso?

— Pelo que eu saiba você não está numa condição tão boa assim para recusar uma proposta.

Foi aí que meu irmão o desmascarou revelando que Seth tinha falido e que fora essa a razão dele ter reaparecido. Não foi por saudades e muito menos pela nossa mãe, e sim porque ele precisava de fundos para sustentar seu padrão de vida. Ele sempre soube que eu jamais passaria minha fração em seu nome, o plano era tentar me compelir a passar minha parte sabendo que, preocupada com o bem estar de Noam, eu não faria tanta questão da remuneração. Depois ele partiria para cima de Benedict e arremataria mais da metade da casa.

O ápice discórdia aconteceu no minuto em que Damien alegremente informou que nós havíamos nos adiantado e que mais da metade dessa residência pertencia a ele. E obviamente, Seth não aceitou muito bem o detalhe de que seu plano fora revertido contra si mesmo.

— É, fomos mais rápidos que você. – vangloriou-se.

Nesta hora a discussão entrou em um nível mais elevado onde eu tive que me entrepor, intervindo na conversa, pois sabia que nenhum deles iria jogar a toalha e deixar essa briga de lado. Não existe acordo entre eles, nunca existiu e nem existirá.

 

~x~

 

— Sil... Qual é! Você está brava comigo por eu ter permitido que prendessem um criminoso? Depois de tudo o que ele fez?!

Respirei fundo recompondo a postura levemente irritada — Não é por ele e sim por nossa mãe. Mamãe estaria extremamente decepcionada se soubesse que seu filho fora preso.

— Ela estaria mesmo era extremamente envergonhada pelos crimes que Seth cometeu. Ele poderia ter te matado!

— Esse era um problema meu.

Era seu até o segundo em que o meu filho entrou no meio dessa história!

Soltei o braço e ergui a cabeça para encará-lo — Como aconteceu? – questionei entristecida, não pude conter o timbre pesaroso em minha voz. Apesar de todo o mal que Seth causou, ele ainda era da família e eu não conseguia ignorar o quanto nossa mãe estaria sofrendo nesse momento. Ela fez de tudo para educa-lo, para que fosse honesto, um bom homem, mas parece que todo seu esforço fora revertido e como resultado ele se tornou numa pessoa sem escrúpulos.

Damien me contou que o plano inicial era para que Seth viesse aqui em casa e que Samantha surgisse para se por de frente a ele pelo o que fez com Noam, dessa forma, Thomas apareceria na hora de dar voz de prisão. Todavia, Samantha ponderou a estratégia e apontou que seguir esse método poderia não ser uma boa ideia por causa das motivações pessoais de todos nós. Sendo assim, os três se reuniram e elaboraram uma tática melhor.

Com a cabeça mais fria, Thomas fora com Samantha para a casa de Seth e o confrontaram lá, prendendo-o sem a presença de meu irmão. Claramente Damien não iria perder essa oportunidade, então tratou de aguardar sua chegada na delegacia para poder satirizar o episódio.

De acordo com o que fora dito, o empresário da família manteve a postura rígida e evitou demonstrar insegurança. Ele ficou obviamente surpreso pela apreensão, porém não hesitou em provocar caso alguém aparecesse em seu caminho. Permaneceu frio, não fez questão de fazer seu telefonema e demorou em chamar um advogado, pois queria manter a pose autoritária no propósito de demonstrar possuir tudo sob controle.

— Eu sei que você se preocupa com ele – falou olhando-me nos olhos com compaixão — Eu não entendo, admito, mas compreendo de forma geral. Acontece que você se importa muito em tentar orgulhar nossa mãe, tanto que acaba se pressionando mais do que deveria.

Ele puxou uma cadeira e sentou em minha frente — Eu sei. – resmunguei chateada, em resposta, Damien segurou minha mão e, afetuoso, expressou sem usar palavras que entendia o meu ponto de vista e que eu não estava sozinha.

— Não é questão de certo ou errado e sim do justo. Não o prendemos por sequestro ou envenenamento, você já parou para analisar as coisas que ele fez para outras pessoas?

Assenti.

— Uma senhora testemunhou contra ele.

— Tudo bem, Dam. – segurei sua mão de volta forçando um sorriso fraco.

Engoli a saliva em seco, era errado eu me importar com uma pessoa que comete atrocidades contra outra? Meu sonho era investigar crimes e solucioná-los, contudo como irei fazer isso se acabo protegendo alguém?

— Não fique assim...

— E-Eu... Eu estou comprometida, sou parcial, sou injusta. Talvez tendenciosa como ele?

Grunhiu — Não diga uma coisa dessas! Você não está sendo injusta, é o desejo por justiça imparcial que lhe deixa assim. Misty, você se importa com todo mundo e até mesmo com pessoas que não valem a pena – argumentou tentando me acalmar — Lembra do que eu te disse uma vez?

— Que eu confio demais nos outros e tais pessoas não merecem tamanha confiança?

Fez que sim — Eu te admiro – confessou ao sorrir — Mamãe não sentiria outra coisa por ti que não fosse muito orgulho, além do amor, é claro.

Senti meu coração encher-se de alegria ao ouvir essas palavras. Não tentei nem mesmo conter o sorriso — Eu... – interrompi antes de completar a frase. Por mais que doesse guardar tamanha saudade no peito, eu tinha que demonstrar força para cuidar de meus irmãos.

— Eu também sinto a falta dela, – comentou encorajando-me a falar — tem dias que eu corro para a porta quando ouço alguém entrando porque penso ser ela retornando do trabalho, e... Entende? – havia um tom cômico na maneira como ele formou uma careta ao revelar, como se fosse um tímido segredo embaraçoso.

E isso me fez sorrir.

— Não tem problema admitir que também sente saudade, não vai ser banalidade. Não tem problema, Sil.

Damien deu a volta pela bancada e me acolheu abraço caloroso, o abracei forte de volta apoiando nele. Às vezes eu penso como seria tal momento se ela estivesse aqui, mas daí a realidade vem à tona e eu me deparo abraçada a um travesseiro encharcado.

Hoje mais cedo eu me encontrei pairada em frente à sua porta contemplando até mesmo o design de sua decoração. Mãe Raziel não parava quieta nem por um segundo, era como se houvesse eletricidade percorrendo em suas veias que a impedia de se aquietar. Ela iluminava cada canto dessa casa, eu consigo ouvir seus risos ecoando pelos cômodos toda vez que trago em mente alguma memória sua. Mamãe tinha uma personalidade forte e excêntrica, com hábitos curiosos e malucos, sendo uma aventureira guerreira que buscava sempre enfrentar qualquer tipo de desafio.

Muito amor. Foi a primeira coisa que senti quando a vi pela primeira vez. Muito carinho, tanta ternura que... Pensar nela no passado fazia meus olhos arderem, meu coração permanecia apertado, a saudade era tanta que mal cabia no peito.

E quanto dei por mim, eu estava chorando.

 

 

 

Funguei, soltando um suspiro logo em seguida com a respiração entrecortada. Damien estava ao meu lado, quieto e atencioso, apenas me ouvindo. Ele não sabia muito o que dizer, e era difícil porque eu me sentia culpada por deixa-lo preocupado, porém manter a compostura e apresentar tamanha força o tempo todo estava esgotando minha estabilidade emocional que – a qual na verdade já se encontrava relativamente abatida.

Solícito, ele se manteve ao meu lado dando suporte enquanto eu buscava não demonstrar muita fraqueza. Preciso manter-me firme, então respirei fundo e espantei para o mais longe possível os pensamentos que me mantinham melancólica tentando também esboçar um leve sorriso.

— Eu estou bem, não se preocupe – disse, por fim, coçando a garganta para a voz não sair rouca.

Fitou-me, cético — Claro, eu estou vendo!

Dei um tapa em seu ombro como numa brincadeira — É sério, foi só um mau momento, agora eu estou me sentindo melhor – assegurei e em seu olhar amável pude perceber sua insegurança.

— Sério mesmo?

— Absolutamente.

Ele sorriu. Limpei meu rosto antes de tornar a encará-lo novamente — Ei, você não me contou como foi lá hoje! – recordou puxando a cadeira para mais perto, seus olhos brilhavam de curiosidade.

— Foi bom.

— Só “bom”?

— É, o que mais eu poderia dizer? Foi... Interessante.

Arqueou a sobrancelha — Você volta a dirigir depois de anos e diz que foi “interessante”? Que ânimo é esse, Sil?!

Ergui os ombros fazendo uma careta — Eu fiquei apavorada, pronto. Mas apesar do temor, eu gostei da experiência, foi nostálgico – constatei.

Contei ao meu irmão sobre o fato de Kane ter questionado o porquê que uma pessoa tão autossuficiente como eu “ainda não sabia dirigir?” e eu tentei explicar por cima do assunto que em parte era, também, por causa de meu pai que apostava corridas ilegais – os famosos rachas – comigo sendo sua passageira. Ele demonstrou arrependimento por ter tocado em uma memória como essa ficando todo entristecido, e isso me deixou irrequieta por ele, não queria deixa-lo chateado e então busquei alegrá-lo com outras lembranças melhores.

— Ele disse que fui bem, embora tenha feito o carro morrer algumas vezes.

— Você ficou nervosa.

— Talvez seja melhor ir aos poucos, uma tentativa por mês, que tal?

— Por semana, talvez.

Mordi o lábio — Foi ótimo.

— Mas?

Passei a mão pelo cabelo evitando responder a pergunta, abaixei a cabeça e fiquei analisando a xícara que tinha em mãos com o conteúdo do chá pela metade. Eu ainda resguardei em mente o memorando que alertava o porquê da combinação “Silenna mais Direção” ser uma adição arriscada.

— Shakespeare já dizia que lamentar uma dor passada, no presente, é o mesmo que sofrer novamente!

— “É criar outra dor e sofrer novamente”.

— Tanto faz! A questão é que quanto mais você tenta esquecer, mais ainda que isso fixa em sua mente.

Ergui a cabeça para encará-lo — Não tem como simplesmente esquecer.

— Ele já esqueceu.

Balancei as mãos, agitada — Eu quase matei o Bene! O meu irmão caçula, eu podia ter acabado com a vida dele e tudo isso porque quis ser inconsequente!

Ele soltou um suspiro e ficou de cabeça baixa — Não é justo com você mesma ficar se crucificando dessa forma.

Mirei o olhar para o chão — É mais fácil na teoria – resmunguei apertando os dedos.

Ficamos em silêncio por um tempo esperando espairecer um pouco. Tentando mudar de conversa, notifiquei a Damien o convite feito por Meredith para a festa de Moira e ele ignorou o assunto, perguntei se essa implicância toda era por causa do bolo que havia levado – ou melhor, um fora – no dia do baile da formatura e a resposta foi um sonoro e impaciente “não”. Mas por que seria? Dam disse que a perdoou na época em que era um “idiota” e, sendo assim, não guardava rancor por esse motivo.

Eu não sabia dizer exatamente a ocasião em que ele parou de falar com ela, lembro com clareza que as irmãs passaram uma temporada fora do país, em épocas diferentes, mas desde que voltaram os dois não se dialogam mais — Tem algo a ver com a mãe Raziel? Se não me engano a mãe delas era cliente VIP da mamãe.

— Não.

— Foi por causa daquela confusão?

— Não.

— Do carro?

— Misty, pelo o que eu saiba o papel de irmão inconveniente pertence a mim.

Sorri sarcástica — Agora não pertence mais!

Não respondeu, apenas levantou-se irritado, retirou sua caneca de cima da bancada e a levou até a pia. Não insisti nessa história, talvez eu só quisesse provoca-lo um pouco, fazê-lo provar de seu próprio veneno, algo assim. Mas Damien se estressava muito fácil e as consequências duravam por um bom tempo.

Deixando de lado as implicâncias, desci da cadeira, arrumei o blusão caído e retornei em direção ao quarto pronta para continuar a embalar minhas coisas. A mudança seria daqui dois dias, grande parte já se encontrava dentro das caixas, pois optei por deixar os mais utilizados por último. Amanhã terminarei de guardar as roupas nas malas, depois passaria em minha nova moradia no intuito de averiguar se estava tudo certo mais uma vez e voltaria para finalizar as bagagens.

Perambulei pelo corredor cantarolando versos embaralhados da canção que ouvi tocar no rádio de manhã, era um lançamento de um cantor novo e eu não entendi muito bem a letra toda, mas gostei do ritmo. Entretanto, no instante em que tive um calafrio ao sentir a brisa gélida assoprar pela janela que foi quando eu cessei os passos e petrifiquei feito uma estátua.

Só havia um único problema, o vidro estava erguido e a janela escancarada.

E eu não me recordo de tê-la deixada aberta.

 


Notas Finais


Embora tenha demorado para postar esse capítulo, eu o inciei lá em julho? E o reescrevi, refiz algumas vezes até chegar nesse resultado. Ultimamente venho pensando em que rumo tomar com a fic, se devo continuá-la ou se já passou da hora de finalizá-la. De acordo com meu antigo cronograma, era para estar finalizando agora entre a última semana de setembro até o início de outubro visto que, FO completará um ano.
Mas nem sempre saí como o planejado, e de uma forma inesperada esse ano se tornou muito mais complexo e delicado. Não entrarei muito em detalhes, porém meu pai não anda muito bem de saúde e por um bom tempo achei que fosse perdê-lo, e então outras questões surgiram, como o desemprego, e quando eu vi, escrever que era minha rota de fuga tornou-se um pesadelo. Nada nunca está bom o suficiente, no nível que eu exijo, com a qualidade que adoro, e então começou a ficar difícil manter o ritmo ou até mesmo abrir o word. Eu pensei muito a respeito do que fazer.
Sim, eu quase excluí semana retrasada e desisti de escrever. Não vou mentir dizendo que não penso nisso, contudo minha teimosia não permite que FO seja abandonada, e eu gosto muito dessa história, acredito ser a minha melhor em questão de enredo e desenvolvimento. Após esse textão todo, o que eu quero dizer é que Freak Out entrará em hiatus por um tempo indeterminado 💔 Não estarei desistindo, por mais que esteja insegura e instável, eu ainda pretendo continuar escrevendo. Quero continuar esse projeto, juntar uns capítulos para quando voltar como fiz da outra vez. Tenho capítulos em mente, o final está pertinho, eu acho, logo ali! E eu não pretendo nadar tanto para morrer na praia, ah mas não mesmo u_u

Aliás, esse é o último capítulo (ou penúltimo) de Freak Out sem estar na reta final! 🎉 (Calma que não vai acabar assim de uma hora pra outra, tem que ter finalização certinha) Isso mesmo, o próximo capítulo dá início ao final 💜

Eu também sei que uma pausa terá inúmeras consequência, no entanto é o melhor a se fazer do que deixar a história às moscas e sem nenhuma notificação. Era esse o meu memorando. FO está em intervalo, quem sabe no segundo tempo?

Obrigada a quem chegou até aqui, e para todos que acompanharam essa fic em algum momento! Peço desculpas pela demora, nos vemos no próximo, sim? 💖 *o*


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...