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História Freeze You Out - 1. Prólogo: Cicatrizes


Escrita por: PandoraCipriano

Notas do Autor


- Fic inspirada na canção da Sia: freeze you out.
— Os personagens Oc pertencem a mim, os demais que aparecem na historia de O Hobbit e O Senhor dos Aneis são propriedades do autor J. R. R. Tolkien.
— Plágio é crime e será penalizado pela equipe do site do Nyah!

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Olá, aqui estou eu com mais um fic. Confesso que nem achei que iria postar outra fic do Hobbit, mas ultimamente andei tendo umas inspirações, no entanto, estou com receio sobre ela... A ideia da fic ainda está sendo formada, mas eu já tenho uma base para ela, mas gostaria da opinião de vocês.
Se vocês gostarem desse primeiro capitulo eu continuo ou então eu trabalho mais na ideia dela, para depois retornar... Mas enfim, fiquem com o capitulo e espero que gostem dele...
Qualquer erro ortográfico me perdoem, eu ainda não o revisei! Mas prometo consertar qualquer erro depois.
Boa Leitura!

Capítulo 1 - 1. Prólogo: Cicatrizes


Fanfic / Fanfiction Freeze You Out - 1. Prólogo: Cicatrizes

Reino de Erenon

 

O vento gélido que soprava parecia apenas piorar a situação onde se encontrava, suas mãos tremiam, mas duvidava que fosse do frio, o pânico a assolava e seus olhos buscavam por alguma alma viva que houvesse sobrevivido aquilo. A culpa e o medo eram suas únicas companhias, no entanto, seu corpo ainda se encontrava parado no mesmo lugar.

As mãos trêmulas foram em direção aos fios desgrenhados e que outrora foram castanhos, o gelo formado no chão mostrava seu reflexo. Um grito de pavor travou em sua garganta ao ver a si mesma, só então ousou erguer os olhos. Mas desejou não ter feito. O salão que guardava o trono do rei e da rainha, de seus pais, estava completamente tomado pelo gelo.

Corpos de alguns guardas estavam caídos no chão, já outros possuíam estacas de gelo fincados em varias partes do corpo. O corpo dela tremeu ainda mais quando avistou próximo a si outro corpo. Um grito de horror saiu quando viu a própria mãe caída e com sangue seco no rumo de sua barriga, havia manchas pelo robe que ela usava por cima da camisola. O olhar dela estava apagado, mostrando que ali já não havia mais vida. Uma pequena camada cobria a pele empalidecida da rainha.

- Mãe... – sussurrou, pegando o corpo inerte e mantendo-o entre seus braços.

O choro começou assim como ela iniciou um balançar tal qual uma mãe fazia com um bebê que chora ou quando ia niná-lo. Mas nada aconteceu, sua mãe continuou quieta e com aquele olhar vago. Seu choro se intensificou e debruçou-se sobre ela deixando sua dor esvair.

Ela não queria aquilo, nunca quis, mas as coisas se tornaram complicadas e tudo saiu fora de seu controle. Ela não queria matar ninguém, ela não queria ferir ninguém daquela maneira, apenas queria que todo aquele sofrimento que sua mãe sempre sofreu sumisse. Os olhos azuis varreram novamente a procura do causador de sua fúria e perda de controle. Logo o encontrou, caído no chão coberto de estacas finas, mas que penetraram fundo seus pontos vitais. Prova disso era o sangue seco ao redor dele.

Ela trincou o maxilar em fúria para o corpo morto. Mesmo que fosse seu pai, aquele que a criou, ele havia merecido aquilo. Por todos os anos de sofrimento que ela, sua mãe e sua irmã passaram. Ele merecia aquela morte impiedosa...

O reino de Erenon sempre fora um reino respeitado por todos os outros, pelo menos entre os homens. O rei Ilis era um homem honrado e casou-se com a mais bela das mulheres, no entanto, depois de uma batalha enfrentada, o rei mudou completamente e com o passar dos anos tornou-se um tirano e o reino começou a decair. Sua esposa, a rainha Aren, sofria com a arrogância do rei todas as noites. Seus gritos eram possíveis serem ouvidos por todo o palácio, mas qualquer um que tentasse ajudar acabava morto. Seja pela própria espada do rei ou na forca, acusado de traição.

A rainha Aren gerou uma filha apenas e encontrara Nye pouco depois de dar a luz. Na época Ilis não era controlado por uma força sobre-humana, ele ainda era seu marido honrado e amoroso. Aceitou adotar a criança perdida sem problema algum, porém quando ele mudou de comportamento, fora na mesma época em que Aren descobriu que sua filha adotiva podia usar magia.

Desde os dois anos Nye se mostrou apta a usar magia, no entanto, a rainha Aren fora obrigada a esconder tal fato por medo de seu marido. O rei Ilis havia abolido a magia do reino e nenhum outro ser, seja elfo, anão ou hobbit, era permitida a entrada em Erenon. Os anos foram passando e Nye crescendo e se fortalecendo com sua força o que dificultava esconder o segredo, Maere – a filha biológica de Aren - não possuía magia alguma, mas não reclamava, pois adorava ver os truques da irmã. Tudo parecia bem, pelo menos... Até certa noite.

Ilis sentia que havia algo de errado com sua filha, começou a desconfiar quando percebeu que ela se curava rápido de suas agressões e notou um rumo constante sobre alguém usar magia de gelo nos arredores do reino. Uma noite, quando Aren ensinava magia para Nye, o rei ficou na porta de guarda e ao ver a filha manipular o gelo sua fúria aumentou. Arrebentou aquela porta e arrastou mãe e filha até o salão do trono, onde poderiam “conversar”, os guardas tentaram impedi-lo temendo matar a rainha e a princesa, mas foram impedidos.

Naquele momento Nye se desesperou, sabia que seu pai mataria sua mãe bem diante de seus olhos e ela e sua irmã seriam as próximas. E quando Ilis ergueu a espada pronto para cortar a garganta de Aren, a menina se enfiou na frente e usou seus poderes. Mas devido as suas emoções estarem fora do controle, sua magia também não pode ser controlada. O reino inteiro foi congelado e todas as pessoas morreram, seja por causa do gelo ou pelas inúmeras estacas que ela criara.

Mas seu alvo era apenas seu pai. Ela jamais desejou matar as pessoas inocentes daquele reino. Nem mesmo sua mãe e irmã.

De repente um estalo bateu na mente de Nye, quando ergueu a cabeça afastando-se do corpo da mãe, alguém estava faltando.

Sua irmã.

Novamente a onda de adrenalina percorreu seu corpo, assim como o pânico retornou. Mesmo não querendo ela fora obrigada a largar o corpo da mãe para ir atrás do da irmã, correndo e chorando ela saiu do salão do trono e percorreu o palácio coberto de gelo a procura dela. A cada corpo que via era um sobressalto, a cada sangue seco cravado no solo gélido era uma aflição e uma estaca em seu peito.

Respirar era algo árduo, uma vez que o ar estava tão frio a ponto de congelar seus próprios pulmões. Mas pouco importava, se ela congelasse também e morresse até seria bom, poderia pagar pelas vidas inocentes que tirou. Seu pai era o único miserável que merecia a morte, nenhum deles merecia aquilo.

Quando correu pelos corredores abertos onde a visão do jardim central era visto, Nye viu mais corpos e um deles fez seu coração parar, para em seguida agitar-se novamente.

- Maere – sua voz saíra sofrida, mas com certo ânimo. Apesar do medo fazer sua voz vacilar.

Pensou em pular da sacada, mas seria uma queda e de nada serviria se quebrasse as pernas. Então tentou encontrar uma saída, não estava com paciência para dar a volta e sair por uma das salas de leituras do palácio. Dando a volta e mantendo o corpo da irmã em seu campo de visão, Nye achou uma abertura onde gelo grosso se formava e ia até chão em uma espécie de ladeira. Poderia escorregar por ali.

E assim o fez. Sentou-se e deixou seu corpo deslizar até a neve formada no chão do lado de fora, correu até a irmã caída próxima a uma roseira, o vestido marrom que ela usava estava levemente coberto de neve e sangue, assim como o pescoço dela. No entanto, ainda era possível ouvir o coração dela.

Nye sorriu em meio às lágrimas de aflição e desespero, quando o leve bater ecoou dentro do peito da irmã. Era fraco, mas eram indícios de que ela estava viva. Tirando a mão do pescoço dela, viu que havia sangue, procurou onde ela poderia ter se machucado quando notou uma estaca atrás delas e com macha de sangue.

A boca de Nye se tornou uma linha fina.

- Maere, acorde! – pediu dando leves tapas no rosto da garota – Vamos, acorde! – implorou, mas assim como sua mãe, ela não respondia, no entanto, o coração pulsando era um sinal de que ainda valeria à pena lutar. Mas sua mente estava fraca e seu choro aumentava a cada suplica feita em vão, tanto que neve começou a cair sendo influenciada pela maga – Não me deixe! Não pode me deixar! Quem vai me ajudar a esconder meu segredo? Não foi você quem disse que tinha uma ótima idéia e que ninguém nunca ia saber? – proferiu, sua voz embargada pelo pranto.

Nye estava tão alheia que não percebeu que algo se aproximava.

O silencio cobria sua presença e o choro alto da garota ocultava seus passos pela neve grossa sobre a grama que outrora fora sempre bem aparada. O sorriso desdenhoso cobria os lábios bem feitos, a capa preta se arrastava tão silenciosamente quanto a pessoa que caminhava. Os olhos brilhantes em pura euforia pelo tormento que ali se encontrava naquele reino.

Parou a centímetros das duas garotas e saboreou o luto, era uma adoradora nata do medo e do caos. Mas principalmente das emoções que ocorrem depois deles, o lamento, a tormenta. O sorriso dela se alargou.

- Hmm, Hmm... – se fez ser notada, Nye virou a cabeça aos poucos sentindo seu coração bater mais lentamente, era o medo novamente que a dominava, fitou aquela mulher estranha, mas que parecia se encantar com a cena vista – Parece que tiveram um divertimento por aqui – a voz dela fora debochada.

- Quem é você? – ela agarrou-se a irmã com mais força, vendo aquela mulher, trajando negro sobre a pele, andar ao seu redor como se fosse um objeto precioso a venda.

- O que fez aqui? – indagou curiosa, apesar de saber a resposta – Fora um belo trabalho, nem eu conseguiria liquidar um reino inteiro sozinha – riu provocativa.

Nye se levantou, deixando o corpo da irmã novamente no chão e ficou de frente para aquela estranha. Sentia a aura negra dela, os olhos diabólicos não era possível ser escondidos, mas também sentia aflição perante a presença dela.

- Quem é você? – repetiu – E o que veio fazer aqui? – argumentou pronta para atacar se precisasse.

- Se acalme menina. Não vim aqui para brigar, até por que eu seria a derrotada – comentou de forma simples, até pareciam que estavam falando sobre o clima – Vim para ajudar.

- Ajudar? – Nye engoliu em seco, desconfiada – Como?

A mulher sorriu.

- Por quê não abaixa essas mãos e me ouça? Será tudo mais fácil, garanto – piscou e sorriu – Sei que está aflita demais para lutar e que o melhor seria evitar qualquer confronto. Afinal, tudo isso não passou de um infortúnio, não é mesmo? Mas ele merecia, não é? – proferiu e caminhou se aproximando dela.

Nye parecia entrar nas palavras dela como um inseto sendo preso na teia de uma aranha, o atordoamento do momento contribuía para que ela pudesse deixar Nye com a guarda baixa.

- Eu sei do sofrimento que sua mãe passava e o seu também – disse rondando-a, agora mais perto – Ninguém tinha culpa, mas também ninguém fazia nada! Não acha que era injusto? Vocês três não tinham culpa alguma, o único culpado era aquele miserável do seu pai – disse próxima ao seu ouvido, a mulher estava atrás dela, segurando em seus ombros enquanto desferia aquelas palavras.

Ela sorriu ao ver Nye repetir algumas delas.

- Ninguém nunca fez nada... – sussurrou.

- Então não tem motivos para se sentir culpada, todos eram tão imundos quanto seu pai – disse mais séria – Acredite, eu sei como sente. Eu também já passei por isso e tal como você eu me livrei de meu agressor – falou quase num sopro.

- Livrar do agressor – repetiu, mantendo a voz sempre no tom baixo. De repente Nye se mexeu, afastou-se da mulher como se tocá-la desse algum tipo de choque – Se afaste! – exclamou tampando os ouvidos.

A loira a sua frente fitou-a de maneira minuciosa, logo depois virou o rosto fitando a garota inerte e com tão pouco tempo de vida. Ela tinha pressa em agilizar o caos naquele lugar. O reino congelado não era o tipo de caos que queria ver.

- Melhor decidir. Sua irmã não tem muito tempo – comentou fitando sem interesse aparente a garota de cabelos castanhos escuro.

- Por quê quer ajudar? – questionou.

- Não tenho motivos, apenas ajudo quem precisa – disse, mas Nye não acreditou.

- Como pode ajudá-la?

O sorriso se alargou no rosto reluzente da mulher de preto. Com um movimento de mão ela puxou sua capa negra e como se ali tivesse algum bolso ela pegou algo, de repente em sua mão havia uma pequena bola em chamas. Mas não parecia ser qualquer tipo de fogo, aquilo era intenso, profundo e Nye sentia como se ali uma vida vivesse.

Ou ela estaria tão desesperada a ponto de acreditar que fogo reviveria sua irmã? Estaria tão cega e desesperada?

- É a chama de um dragão! – explicou e os olhos de Nye se arregalaram – Mas não é qualquer chama, é a chama da vida deles. Uma parte bem pequena do coração deles – emendou.

Ela sabia das lendas das chamas dos dragões. Dizem que elas eram milagrosas e poderosas, que se uma pessoa as engolisse poderia ser salva da morte. No entanto, eram perigosas demais, se aquilo não salvasse a pessoa poderia terminar de matá-la. Queimando-a de dentro para fora.

Nye engoliu em seco diante da possibilidade de irmã morrer. Não estava pronta para perder a única família restante. Mas confiar em alguém tão suspeito também não estava lhe agradando.

- Pode deixar sua irmã morrer então, quem sentirá culpa será você. Eu nada tenho haver com isso, sou apenas alguém querendo ajudar – comentou, dando de ombros.

O olhar da mulher era intenso, parecia que era capaz de analisar a alma. O sorriso brincando em seus lábios como se divertisse com seu desespero apenas contribuía para que Nye ficasse ainda mais confusa e dividida. Era possível ver os olhos da garota atônitos, e isso apenas fazia a mulher rir internamente. Estava adorando tudo aquilo.

- Pode mesmo salvá-la? – questionou-se.

Ela sorriu mostrando os dentes brancos e alinhados.

- Sua irmã será salva, eu prometo! – garantiu.

- Me dê a chama! – disse convicta ao estender a mão diante da mulher.

Nye se agachou ao lado da irmã, com a chama em uma mão ela usou a outra para segurar Maere e fazê-la engolir aquilo. Apesar de duvidar que fosse funcionar, a bola não era pequena, mas também era grande, o que a fazia duvidar se aquilo passaria pela garganta. Mas a menina se negou a ser pessimista e querendo o melhor para a mais nova fez a mesma engolir aquilo.

A boca de Maere foi fechada e quando a pequena luz desceu pela garganta da garota, a mulher que ainda não havia se identificado sorriu abertamente. Ela não poderia estar mais eufórica do que agora. Suas mãos coçavam ao imaginar o que poderia conseguir ao despertar a criatura adormecida naquela garota. Bastava o incentivo perfeito.

Apesar de que o melhor seria esperar que ela despertasse sozinha, mas Cassandra não era do tipo que esperava. Ela era mais do tipo que agia e fazia a roleta do destino rodar mais rápido, com uma ajudinha dela, é claro.

Há muitos anos que ela vinha procurando pelo paradeiro de Nye, seu interesse em seus poderes poderia lhe render muitos benefícios. Quando descobriu onde ela se encontrava, ficou ainda mais surpresa por ver que algo mais magnífico se encontrava em Erenon. Então seu foco mudou de Nye para Maere, não fora difícil manipular a pobre garota, que vinha nutrindo certa inveja pela irmã. Pelos poderes que a mesma possuía. Um prato cheio de desordem na qual ela adorava.

Cassandra era uma feiticeira negra, não possuía aliados – a não ser a escuridão – não sabia ser controlada, tudo tinha que ser dela e da maneira dela. Nem mesmo Sauron conseguiu capturá-la, mas não quer dizer que ela não possa contribuir para o caos dele. Assim todos saem ganhando. E ter Maere ao lado dela, seria um trunfo. Ela até podia sentir o sofrimento instalado naquele mundo e seu poder aumentando.

Enquanto Cassandra quase tinha uma overdose causada pelas trevas que poderia conseguir de todo a dor que aquela criatura causaria, Nye estava absorta e fitava o rosto pálido da irmã. A chama ainda brilhava dentro do corpo dela e era possível ser vista, pulsava como um coração. Era quente como um. Lágrimas ainda banhavam o rosto da garota do gelo, enquanto aguardava pelo retorno da irmã.

De repente a luz opaca parou de pulsar e foi se expandindo, crescendo até se espalhar por todo o corpo de Maere e emitir uma luz forte e então se apagar completamente. Nye tampou os olhos e quando abaixou o braço, viu a cor voltar para o rosto da irmã, o ferimento em sua cabeça se curou e logo Maere deu uma respirada profunda. Voltando a vida novamente.

Nye sorriu em meio às lágrimas que agora escorriam de felicidade. Não demorou muito para que Maere abrisse os olhos.

- Maere! – chamou ela e logo abraçou a irmã, que parecia meio confusa.

No entanto, Nye não percebeu que algo estava errado. Não notou o brilho dourado nos olhos que um dia foram azuis cristalinos, tão puros quanto os de sua mãe. Mesmo sendo abraçada a garota que possuía cabelos negros até abaixo dos ombros avaliava o local em que se encontrava. Sua mente rodava com acontecimentos vagos de outra vida e acontecimentos de horas atrás, quando uma tormenta invadiu aquele palácio.

E como se tivesse recebido um choque, Maere sentiu o corpo travar e sua feição se endureceu, sua raiva estava embutida em sua face. Suas mãos cravaram nas costas de Nye e naquela região a menina sentiu a pele queimar como se brasa tivesse sido colocada ali. O tecido do vestido derreteu formando duas bolas e deixando a pele queimada exposta.

- Ahhh... – gemeu Nye ao sentir a queimação.

Logo se afastou da irmã e caiu de costas a neve que cobria a grama do jardim real, sua face expressou alivio. Os olhos se abriram e encontraram com os Maere, já de pé e a fitando com puro desdém, como se ela soubesse das atrocidades que cometera. Mesmo que não tivesse cometido crime nenhum. A não ser... O que fez com todos daquele reino.

A expressão de Nye era pura confusão e um turbilhão de questionamentos. Cassandra apenas permanecia onde estava e observava o desenrolar da cena. Mas estava contente. Havia conseguido o que queria.

- Surpresa irmãzinha? – Maere zombou, enquanto a olhava para a forma patética da irmã – Surpresa em ver que não é a única com poderes? – riu.

- Você... Você...

Maere riu. Mas depois parou, ficando sem expressão, algo beirando a apatia.

- Você matou todos eles... – murmurou olhando ao redor, era quase possível sentir a dor da morena – Todos eles! – rosnou ao virar-se para a irmã, seus olhos se tornando cada vez mais dourados a medida que sua raiva aumentava – Você é uma assassina, Nymerie!! Uma assassina e uma fraca! – acusou e se aproximou dela, enquanto a outra se arrastava pelo chão branco com medo daquela pessoa que vestia a pele de sua irmã – Esse seu poder... Você podia tê-lo matado! Podia ter acabado com nosso sofrimento, mas não... Você preferiu guardar ele para si, preferiu odiá-lo a nos salvar! A salvar mamãe e o que você fez agora? Você a matou! – gritou.

- Não... Não... Eu não queria... – choramingou.

A cabeça de Nye dava voltas e mais voltas, as ultimas cenas vividas por ela, os últimos gritos de Aren e de tudo saindo do controle e agora tinha Maere completamente mudada e a fazendo se odiar ainda mais. Se temer ainda mais.

Aquilo só podia ser um pesadelo, era isso, tinha certeza. Talvez tivesse batido com a cabeça enquanto corria a procura de sua irmã e está sonhando agora, sua mente está lhe pregando uma peça. Pegando seu medo e o virando contra si, tinha certeza de que acordaria logo e se encontraria caído no chão gélido em alguma parte do palácio.

- Não... – resmungou levando as mãos a cabeça.

Maere se aproximou mais e com uma das mãos segurou fortemente no pescoço de Nye, fazendo-a ficar ajoelhada no chão coberto. A área se aqueceu e Nye sentiu o ar faltar mais rápido do que se sua garganta fosse apertada. A região ficava vermelha pela queimadura nova que ali se formava.

- Você não fez nada! Você podia ter se tornado nossa salvadora, nosso milagre... Mas você foi egoísta! – a empurrou e Nye se engasgou sentindo dificuldades para respirar – Guardou essa droga de poder para si mesma, você o temia quando podia tê-lo usado para salvar nossa mãe! A mulher a quem lhe acolheu quando fora abandonada na porta de Erenon!! – cuspiu as palavras.

- Pare!!! – berrou Nye e mais gelo se formou ao seu redor.

O chão que antes era apenas neve se tornou duro e com pequenas laminas no chão capazes de machucar se não tomasse cuidado. Mas os pés de Maere apenas faziam o gelo derreter ou as pontas das laminas pequenas se quebrarem. 

- Por que não me disse? – Nye questionou – Por que não me contou?

- E faria diferença? Você não me notaria, ninguém nunca notava... Nem mesmo ele... – falou e um riso saiu ao final da frase.

A cada frase Maere parecia mais insana e Nye já estava mais do que assustada com toda aquela situação. Afinal, o que havia acontecido com sua irmã?

- Isaac? – proferiu ela atônita.

- Você é tão burra, irmãzinha – Maere balançou a cabeça em negação – Sempre achou que fosse uma aberração e eu confesso, eu sei que você é... Mas era incrível como as pessoas pareciam ser atraídas para você e com Isaac não foi diferente! – esbravejou, era surpreendente a mudança de humor dela.

Uma bipolaridade incrível e assustadora.

- Ele era o melhor rapaz do reino, um ótimo chefe da guarda de papai e ele seria promovido caso se casasse com uma de nós... Afinal, apesar do cargo dele a família de Isaac tinha seus atributos, mas ele apenas olhava para você, apenas perguntava por você... Eu nem se quer existia pra ele... Então tive que mudar isso, mostrar a ele que eu sabia ser... Quente!  - riu ao ver a face de espanto em sua irmã.

Nye tampou a boca ao perceber a verdade nua e crua ser atirada em sua cara, seu corpo tremeu diante do choro compulsivo que se iniciou.

Isaac era... Tudo para Nye. A única fonte de felicidade que ela conseguiu encontrar durante toda sua vida de sofrimento naquele palácio. Nascido de uma família nobre, ele servia o rei Ilis muito bem. Ele era o único - além de sua mãe e irmã - que sabia sobre seu segredo, ela o amava e de repente fora tirado dela.

Uma noite o estábulo pegou fogo misteriosamente e Isaac ficou preso lá dentro, morto da pior forma possível. Nye possuía dezessete anos, quando aquilo ocorreu. Ele fora seu primeiro amor. E talvez o último.

- Você o matou!! – gritou avançando em Maere, que ria da forma desequilibrada que ela agia.

- Eu dei uma escolha a ele... – riu – Mas ele não aceitou, até me chamou de louca! – disse séria – Ele mereceu!

Com toda a força que reuniu, Nye conseguiu acertar as “garras” na face da morena, linhas de sangue se formaram no rosto de Maere, sua expressão ficou ainda mais séria. Mas logo os traços foram sumindo, a pele dela parecia curar qualquer ferimento.

Quando Nye foi atacá-la novamente, a mesma teve seu pulso segurado por Cassandra. Sua áurea estava mais diabólica possível e seu olhar não dava esconder o quão contente estava de sua vitoria.

- Já chega de brigas inúteis – falou ela, sua voz soando calmamente por entre o silêncio cortante – Não deve se rebaixar a tanto, Maere, sua irmã nada passa de um peso morto. Deixe-a sofrendo com os mortos e vamos andando... Há uma Terra Média inteira para destruirmos – falou se afastando da garota, logo parou e estendeu a mão a morena.

Maere sorriu de canto e seguiu Cassandra, lhe estendeu a mão e deu uma última olhada para a irmã.

- Ainda nos veremos... Irmãzinha – debochou.

Nye rosnou e correu até elas, se jogando contra as duas, mas ambas se transformaram em inúmeros pássaros negros que voaram se misturando as nuvens daquela noite que carregava apenas dor. Ela foi ao chão e em seguida o grito que tanto segurava e entalava na garganta fora solto, causando eco em todo o palácio.

Em seguida sentou-se e abraçou as próprias pernas e enterrou a cabeça ali, deixando que sua dor lhe consumisse até não restar mais nada dela. Mais nada a Nye que um dia restou.

 

*

*

*

 

Nada se ouvia, nada se sentia. Apenas aquela quietude que parecia rezar pelos mortos daquela noite. No entanto, aos poucos e em passadas calmas algo se aproximava. Tão sorrateiramente que o corpo adormecido sobre o gelo nem se quer despertou com sua aproximação. Passo a passo se aproximou com seus cascos pisando no chão duro e frio ao contrario da terra fofa de horas atrás.

Ele se aproximava devagar, cheirando o ambiente para não ser pego desprevenido. Fumaça saia de sua boca quando aberta, grunhidos ele fazia quando chegava perto de alguma coisa que já fora uma árvore ou um arbusto. Então logo encontrou quem procurava, seu focinho tocou o corpo e tentou acordá-lo, ao notar que estava inerte demais.

Quem visse a cena de longe estranharia ver um alce de florestas longínquas naquele lugar que parecia amaldiçoado. Parecia que até mesmo a criatura mais diabólica evitava aquelas terras. Mesmo que outrora aquele lugar já tenha sido um reino, o que fora a mais ou menos quatro horas atrás. Mas talvez tenha passado mais tempo.

O corpo caído no chão e abraçado a si mesmo se moveu, para a alegria interna do animal. Ele afastou-se dando espaço para ela se moveu e despertar por completo, quando o viu Nye se sentou rapidamente. Surpresa por seu segundo amigo ali.

No entanto, ele não possuía um nome. Ainda.

As lágrimas dela estavam secas, mas havia rastros delas em seu rosto pálido. Seu vestido estava com uma leve camada de gelo, que conforme se mexia ia sendo desmanchada. O alce voltou a se aproximar dela e tocou seu focinho no rosto gélido da menina, parecia realmente feliz em vê-la e saber que estava bem.

- O que faz aqui? – indagou acariciando o rosto dele.

O animal apenas grunhiu como se respondesse algo, mesmo que não fosse compreensível Nye sentiu-se feliz por ver uma alma boa naquele lugar de sofrimento.

Aquele alce era o único amigo que ela fizera em Erenon. Depois que Isaac morreu, ele se tornou ainda mais importante para ela. Nunca soube de onde ele veio ou se pertencia a alguém, mas ele parecia gostar ela, pois sempre que a mesma ia a floresta ela o encontrava. Ás vezes achava que ele ficava a sua espera.

Se lembrava da primeira vez em que o vira, aquele alce enorme e incomum, com sua galhada exuberante e enorme que com certeza causava inveja em muitos outros alces. E fazia as fêmeas se apaixonarem perdidamente.

Logo seus cascos foram batidos no solo frio como se dissesse algo a ela, mas confusa Nye não compreendeu.

- O que foi? – disse e em seguida ele a empurrou, como se quisesse que ela se levantasse daquele chão – Tudo bem, eu levanto – assim o fez.

Em seguida ele se moveu novamente caminhando em uma direção, em direção a floresta aberta. Nye sentiu o corpo travar ao ver o alce lhe encarar e depois fitar a floresta escura e coberta por uma neblina fria e densa. Ele relinchou novamente e moveu a cabeça, querendo que ela o seguisse.

Nye deu uma olhada para trás, vendo o castelo completamente destruído e congelado. Sentiu o coração apertar e novas lágrimas queriam manchar seu rosto, mas ela as segurou. Respirou fundo e depois andou até o alce que a aguardava pacientemente.

Quando se aproximou dele, o mesmo se agachou e ela entendeu o recado. Subiu em cima dele e segurou na pelagem em seu pescoço. Mas antes de partir, ela deu uma última olhada para atrás. Para uma breve despedida para sempre.

Outro grunhido dele e ela reprimiu um soluço de choro.

- Tem razão... Não restou nada mais aqui – disse com pesar e em seguida seu corpo deu um solavanco baixo quando o alce se moveu.

O que começou com passadas calmas, logo se transformou em um galope apressado e Nye apenas mirava o horizonte desconhecido. Mas vez ou outra ainda se arriscava a olhar para a vida de dor e gritos desesperados que um dia teve e mesmo assim, sentiria falta de algumas coisas. E uma delas era sua mãe. Mesmo que adotiva, ela cuidou de si como se fosse de sangue e isso... Ela nunca poderia retribuir.

E para onde quer que ela estivesse sendo levada, nada apagaria o que fizera ali. 

 

 



 


Notas Finais


Então, aqui está o primeiro capitulo.
Eu fiquei meio em duvida de como começar a fic e fiquei com medo dele não ter ficado bom.
Confesso que estou até com medo da fic ficar meio chata, como eu disse a idéia da fic ainda está sendo revisada, mas eu já tenho uma base e espero que ela agrade a todas(os).
Alguns pontos ficaram sem explicações, mas era pra ser assim mesmo, não posso acabar com o mistério da fic. Perderia a graça... kkkk
Mas calma que tudo será explicado no decorrer da fic, quem já leu outras fics minha sabe que sempre explico tudo e se ficar algo para trás é só me avisar que eu explico qualquer ponta solta que ficou para trás!
Agora alguém adivinha de quem é esse alce grande? Kkkk Acho que deixei meio óbvio né? Kkkkk
Bom, deixem suas opiniões e me dizem se devo continuar ou não.
Desde já obrigada por lerem!


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