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História Freeze You Out - 11. Primeiro dia em Mirkwood


Escrita por: PandoraCipriano

Notas do Autor


Lamento ter demorado com o capitulo, mas semana retrasada eu não me senti muito bem e na semana passada a inspiração me abandonou completamente. Mas aqui está o capitulo e tenham uma boa leitura!

Capítulo 11 - 11. Primeiro dia em Mirkwood


Fanfic / Fanfiction Freeze You Out - 11. Primeiro dia em Mirkwood

Uma camada de gelo se formara na raiz de uma árvore, Malyr se aproximou da mesma e com o pé chutou o gelo partindo-o facilmente. Seus olhos seguiram para Nye, que estava parada a alguns metros dela e da árvore em questão, completamente suada e pálida. Sabia que estava exigindo demais da menina que mal sabia controlar a própria respiração, mas era para o bem dela que fazia aquilo.

Malyr começou cedo com os treinamentos, logo no dia seguinte a sua chegada a Mirkwood. Sua noite fora calma, apesar de não ter encontrado com Thranduil, ao amanhecer tomou café sozinha e logo Malyr veio a seu encontro lhe avisando do treino. Foram para fora do palácio, em uma área reservada para treinos dos soldados, mas a ruiva preferiu ficar o mais longe possível para que nenhum deslize pudesse colocar alguém ou o castelo em perigo.

Estava há horas treinando e a cada instante sentia seu ser decaindo, não sabia controlar seu poder e tinha medo de usá-lo, isso tudo ela já sabia, mas Malyr parecia querer forçá-la a usar seu poder e ela rebatia e a desobedecia. Era um esforço enorme para ela congelar qualquer coisa que fosse maior que sua mão, quando conseguia era porque suas emoções afloravam de tal maneira que sua força agia por conta própria.

A camada de gelo não era muito espessa, já que Malyr conseguiu quebrá-la com o pé.

- Se fosse seu inimigo já estaria livre e você provavelmente morta – falou a ruiva se afastando da árvore e indo ao seu encontro – Precisa por mais força nisso, Nye!

- Eu estou tentando! Mas não consigo! – alegou e já sentia a irritação lhe dominar.

Suas mãos estavam frias, sempre ficavam assim quando usava muito seu poder. Sentia o corpo frio, mas o calor que vinha da floresta abafada a fazia suar como uma condenada. Usou as costas da mão para enxugar o suor e sentia sua respiração ficar pesada.

- Não está tentando o suficiente – disse mais severa – Eu já disse a você uma vez, suas emoções controlam seus poderes então use isto a seu favor!

A expressão de Nye denunciou seu receio e medo. Malyr era uma elfa boa, mas como treinadora era severa e bem firme, sentia falta de Gandalf nessas horas. O mago cinzento era mais calmo e sabia ter paciência com ela.

- Você disse que treinava na floresta do reino de Erenon, não é mesmo? – Nye assentiu – O que sentia?

- Raiva – falou convicta.

- Bom. Será a raiva que irá guiá-la em uma batalha e a vontade de vencer a fará perseverar até ganhar. Nenhuma batalha é ganha sem coragem e força – explicou – Acha que Cassandra terá pena de você se a encontrar? Ou sua irmã? – questionou.

Nye respirou fundo. Não estava pronta para uma batalha e também não queria lutar, queria apenas viver uma vida tranqüila já que teria uma eternidade para isso. Ela só queria paz e tranqüilidade, seria muito pedir isso?

- Vamos tentar de novo – avisou Malyr e a elfa suspirou desolada.

De longe, no alto de uma varanda grande o treino de Nye era assistido. Legolas e Tauriel se encontravam ali observando a menina, Tauriel havia ido primeiro, pois torcia por ela e o príncipe acabou se juntando por curiosidade. Ria discretamente ao vê-la falhar e a chefe da guarda não gostava disso.

- Ela está tentando – defendeu a nova amiga que ganhara.

- Não está – rebateu – Ela está longe de ser uma elfa elementar, nem uma elfa comum ela se parece. Age como os homens – disse.

- Nye é diferente, foi criada por pessoas diferentes. Até um anão não se pareceria um anão se fosse criado por homens ou por elfos – alegou.

- Um anão é um anão, jamais se pareceria com outra raça mesmo sendo criada por ela. Não compare nossa raça com eles – virou-se para ela.

Tauriel devolveu o olhar severo e intenso sem medo.

- Ela não é esta elfa que pensa ser. Ela é diferente, convivi com ela em Rivendell e vi pessoalmente – disse firme – Sei que está amargurado com seu pai por casar novamente, mas ela também é tão machucada quanto seu pai e você! – acrescentou.

Legolas trincou o maxilar, virou-se novamente para Nye e Malyr. Estreitou os olhos para ela, algo que virou costume desde que ela chegou. E fazia apenas um dia. Minutos depois saíram dali e foram para suas tarefas do dia a dia.

- Se recomponha! – Malyr ordenou, sua face quase não mudava de expressão, mas Nye conseguia ver que estava meio irritada por não estar conseguindo nenhum progresso.

Ou era ela mesma que estava irritada consigo?

Nye desabou, ficou de joelhos e respirava com mais dificuldades. Sentia os cabelos grudarem na nuca e o corpo estava mais frio.

- Não pode deixar que o frio tome conta de seu corpo, ele deve vir apenas para as mãos. Se estiver em uma batalha acabará morrendo congelada e o inimigo não precisará fazer esforço algum – argumentou.

Outro suspirou indignado.

Nye se levantou e se recuperou, esperou o corpo esfriar e usou a manga de sua roupa para enxugar o suor que escorria. Era até meio irônico, seu corpo estava frio, mas ela usava como se estivesse dentro de um vulcão. Não que tivesse estado em um para saber, mas nos livros em que já leu soube que vulcões eram bem quentes. Mas o calor ali se devia ao sol.

Após descansar um pouco, ela retornou ao treino.

 

***

 

Próximo do almoço, Nye parou com seu treino. Estava horrível. O cabelo estava acabado, grudado no rosto e na nuca e tinha uma aparência suja. Seu vestido simples também não estava lá essas coisas, na barra estava sujo, mas somente porque Malyr a fez correr alguns metros para se aquecer logo após o treino. Ao ouvir uma serva que seu banho estava pronto, fora como musica para seus ouvidos.

Rapidamente retornou para o quarto onde pode se livrar daquela roupa e do suor presente em seu corpo. A água estava fresca e ali ela ficou por alguns minutos, apenas relaxando o corpo e sentindo os efeitos do treino pesado. E pensar que ela teria aquelas aulas por um longo tempo, suspirou ao pensar nisso.

Ao sentir suas mãos enrugarem ela saiu da banheira e se enrolou na toalha, sabia que logo o almoço seria servido. E pensar nisso, Thranduil veio a sua mente. Mordeu o lábio inferior se sentindo tola por pensar em vê-lo, não o tinha visto por motivos do reino e até relevou, afinal, ele era o rei e sua tarefa seria importante ou lotadas de coisas para fazer. Mas não gostou de não vê-lo, se acostumou com a presença dele durante as refeições, pois todos os elfos almoçavam e jantavam juntos e por isso ela via o rei constantemente.

Logo correu para o closet, escolheria um vestido bonito, mas não chamativo para o almoço. Optou por um simples e bonito, seu gosto favorito, um vestido de azul marinho sem muito detalhe, suas mangas eram longas e caia-lhe bem ao corpo. O vestiu e depois ajeitou os sapatos nos pés que possuíam uma cor escura semelhante ao do vestido. Deixou os cabelos soltos naturalmente, pois não gostava dos penteados élficos, apesar de Thranduil ficar lindo com ele.

Ela corou com o pensamento.

Saiu de seu quarto andando apressadamente, mas sem parecer desesperada. Seu coração batia freneticamente enquanto seguia para o salão de jantar. Quando começou a se aproximar do mesmo, sentiu suas mãos suarem e sua respiração acelerar, prontamente se recordou do rei falando sobre ela respirar alto demais e tentou normalizar a respiração. Ao virar em outro corredor, seguiu reto e logo se encontrava entrando no salão, porém, novamente esbarrou em Legolas, que saia do cômodo.

Não chegavam a se encostar, mas ambos pararam prontamente ao ver um ao outro. Nye o fitou sem jeito e as palavras morreram novamente, nunca sabia o que dizer quando via o príncipe, até por que ela achava que o mesmo iria pular em seu pescoço com uma adaga na mão. Legolas por outro lado mantinha aquele olhar desconfiado, mas também a analisava em segredo. Rapidamente ela passou por ele adentrando completamente o recinto, mas sua expressão morreu ao ver o local vazio.

Sem a presença marcante do rei, sem o olhar penetrante e frio que ele sempre carregava.

O príncipe a observava da porta, atento sempre a seus gestos. Viu-a olhar atentamente para a mesa, mas parecia desapontada com alguma coisa, talvez pela comida élfica, afinal, pelo que soube de Tauriel ela fora criada em um reino humano. Ela se sentou em seguida e ao contrario do que ele pensou, Nye não se sentou na cadeira que pertencia ao seu pai, ela escolheu um lugar qualquer e serviu a si mesma. Deixando o príncipe curioso.

Em seguida ele saiu, deixando-a só.

Nye não esperou pela serva, apenas se serviu e se pôs a comer enquanto seus olhos vasculhavam pela mesa a procura de vestígios de Thranduil, mas não havia nada lá. A mesa estava posta, arrumada e decorada da forma que somente os elfos sabiam fazer. Mas nenhum prato estava fora do lugar, nenhuma taça com resquício de vinho, nada. Sinal de que o rei ainda não havia almoçado e que talvez nem viria, mas aquilo a fez se questionar o motivo do príncipe estar ali. No entanto, ela logo achou a razão.

Talvez ele também havia vindo a procura do rei e não o encontrou, podia estar naquele palácio há apenas um dia, mas já deu para notar a estranha relação entre pai e filho. Pelo que observou, o rei não era de dar satisfação nem mesmo ao filho.

Não comeu muito, havia perdido a fome.

Quando estava terminando de comer Tauriel apareceu acompanhada de uma garota, notou falta de sinais élficos como as orelhas na menina. Seu tom de pele era bronzeado – levemente – e seus cabelos eram castanhos intensos e possuía um brilho diferente. Ela usava uma roupa simples, iguais aos que as servas que limpavam o palácio usavam. Seus olhos eram esverdeados, dando total destaque para a eles.  

- Lamento atrapalhá-la, Nye – disse a chefe da guarda ao se aproximar.

- De maneira nenhuma, já havia terminado de comer mesmo – sorriu, contente por ter alguém naquele cômodo vazio – Quem é ela? – fitou a garota.

- Esta é Eirien, ela será sua serva particular de agora em diante – alegou – O rei a designou para si para que lhe ajude em tudo e que seja também uma companhia, por causa dos preparativos do casamento em tão pouco tempo, o rei ficará ausente com mais freqüência – explicou – As deixarei a sós para que conversem e se conheçam – disse – Se precisar de algo, Nye, não hesite em me chamar – em seguida saiu.

Um clima estranho pairou por sobre o recinto deixando Nye sem saber o que fazer, ela não era boa em começar uma conversa ou em como falar com as pessoas. Ainda mais elfos. Mas ela percebeu que aquela menina de aparência jovial não era uma elfa e ela se perguntou internamente se Thranduil arrumava servas humanas também. Porém, aquilo seria estranho, pois o rei demonstrou ter total aversão aos homens, então porque ter uma serva humana?

E da mesma forma que avaliava aquela garota, percebia que também era avaliada. E logo a tensão começou a dominar seu corpo e ela se preocupou.

- Eu ficaria nervosa também se tivesse que me casar contra minha vontade – Eirien se pronunciou – Ainda mais com um rei como Thranduil – disse.

- Acho que já passei dessa parte de nervosismo, mas ainda não estou habituada com as constantes mudanças de humor do rei – confessou. A próxima pergunta estava na ponta da língua de Nye, porém, se recusava a perguntar.

Era visível seu desconforto e ela tentava não mirar muito Eirien.

- Pode perguntar, minha senhora. Qualquer coisa que queira saber estou aqui para lhe responder – alegou.

Nye assentiu, ainda incerta se devia perguntar sobre sua origem. Mas sua curiosidade acabou falando mais alto.

- Você é humana? Quer dizer, você não tem o físico de um elfo – indagou.

Um sorriso um tanto orgulhoso pairou sobre os lábios da mulher morena.

- Está certa, minha senhora, não sou uma elfa. Sou uma humana e ainda me encontro com muitos anos pela frente. Possuo 32 anos – alegou, ainda mantendo um sorriso caloroso nos lábios.

Por um momento, Nye sentiu-se acolhida com aquele sorriso, algo que lhe lembrava o calor de uma mãe e fora inevitável não sentir uma pontada no peito. Mas tratou de conte-la.

- Parece tão jovem – disse sem perceber e logo percebeu o erro – Desculpe, não estou dizendo que você é velha... Apenas que... – tossiu – Não imaginei que Thranduil fosse acolher uma filha de homens, ele não parece gostar muito deles – falou.

Eirien assentiu.

- Por que não termina de almoçar, minha rainha – pediu – Assim podemos conversar.

- E você? Não está com fome? Aposto que nem comeu ainda já que Tauriel lhe chamou para vir cuidar de mim – comentou ao se sentar novamente.

- Agradeço a oferta, mas não seria o certo. Porém, me sentarei com você – alegou e rodeou a mesa sentando-se do outro lado e de frente a elfa.

- Então, como veio parar aqui? – quis saber.

- Eu vivia em uma pequena vila ao longe daqui, mas próxima a Rivendell. Um dia decidi sair de minha vila e procurar um lugar melhor, no caminho encontrei um elfo ferido e o ajudei. O coitado estava quase entre a vida e a morte, sou uma espécie de medica, cultivos plantas, ervas e outras coisas para ajudar a curar feridas, enfermidades e etc. Cuidei deste elfo por uma semana e quando ele melhorou ficou realmente agradecido, pois se fosse outro humano o deixaria para morrer ou o levaria para algum lugar onde seria preso.

- Preso?! – arregalou os olhos – Mas, por que?

- Alguns reis acham que elfos são ótimos escravos, principalmente se forem elfas – disse – E como forma de agradecimento fui traga para este reino e só então fiquei sabendo que o elfo a qual ajudei era o filho do rei, Legolas – contou.

- O rei não é tão mal assim – respondeu.

- Mesmo eu sendo uma humana ele disse ter sentido grato pela ajuda, ainda mais que a ferida de Legolas era profunda e ele poderia ter morrido. O príncipe é uma pessoa boa, durante a viajem para cá pude conhecê-lo bem – explicou – Ele pode parecer frio e uma copia do pai, mas acredite, ele é um elfo bom.

Nye levou o garfo a boca, terminando de comer seu almoço já quase frio. Ao engolir, continuou:

- Pode até ser, mas acho que ele não gostou muito de mim – rolou os olhos – Não o culpo, eu também ficaria enciumada se meu pai se casasse com outra mulher, aparentemente bem mais nova do que ele – riu sem animo – Apesar de que... Eu não creio que o príncipe Legolas esteja com ciúmes do pai, eles parecem ter uma relação um tanto complexa.

- Ele não está bravo com você, mas também não confia em você – afirmou.

- Como sabe? – a encarou.

- Converso com ele ás vezes – sorriu.

Nye assentiu e voltou sua atenção para o prato agora vazio.

 

*

*

 *

 

A noite já pairava novamente por sobre o reino de Mirkwood, naquele instante Eirien se encontrava se arrumando para jantar, acompanharia Nye no mesmo e provavelmente jantaria com ela. Uma vez que o rei estaria ocupado novamente. Havia acabado de por seu vestido e agora penteava seu cabelo quando batidas foram ouvidas na porta. Ao abrir, deparou-se com Legolas.

- Precisa de algo, Legolas? – indagou.

Como era amigo de Eirien, ele adentrou o quarto dela, mas ainda permaneceu próximo a porta.

- Sentia sua falta durante o dia, principalmente na hora do almoço – comentou ele.

Eirien havia virado uma figura materna para o príncipe, ele havia aprendido muita coisa sobre os homens através dela, mas talvez a morena seja a única de outra raça que ele confie.

- Talvez eu não vá mais fazer minhas refeições com você e Tauriel – alegou, em seguida pegou sua manta que sempre usava e saiu do quarto junto do príncipe. Andaram pelos corredores do palácio.

Ele a encarou confuso.

- Por que?

- Estou encarregada de cuidar da rainha – respondeu e Legolas fitou a frente, meio incomodado com o assunto – Não faça essa cara, ela será rainha com ou sem sua permissão – argumentou.

- Quem lhe pôs nesse cargo? – quis saber.

- Seu pai.

- Há outras servas que podem fazer isso – defendeu.

- Sim, mas nenhuma outra elfa saberá dos costumes humanos. Nye foi criada entre eles por bastante tempo e agora terá que aprender os costumes élficos, ela está mais perdida que um cego – contou – Alguém como eu, poderá de ser de muita ajuda!

- O que achou dela? – a fitou de canto, Eirien o fitou de cima abaixo.

- O que você achou dela? – rebateu e ele rolou os olhos.

- Não sei o que pensar a respeito dela. De inicio fiquei com raiva, mas acho que estava enciumado por meu pai ou por minha mãe, nunca achei que o lugar dela fosse ser substituído – disse entristecido, apesar de sua expressão não mudar.

Ele tinha essa faceta também, assim como o pai, possuía uma expressão que dizia mil coisas e ao mesmo tempo não dizia nada.

- Ela não está aqui para roubar o lugar de sua mãe, acredite. Aquela menina se encontra tão amedrontada quanto um bichinho prestes a ser atacado – disse.

- Não sei o que pensar. Ela não parece ser uma pessoa má olhando de longe, suas ações também mostram que se preocupa com os outros ao seu redor e não se importa com a classe a qual ela pertence – enumerou e Eirien riu.

- Viu? Já conseguiu ver algo de bom nela. Isso é muito bom! – alegou – Tente ver as coisas pelo lado dela. Ela é uma elfa que foi criada pelos modos dos humanos e agora irá se casar com alguém que mal conhece e descobre também que pertence a uma raça diferente, com costumes diferentes. Até eu me sentiria deslocada como ela – falou.

- Não prometo nada – disse ele.

Logo se despediram e Eirien seguiu por outro corredor indo até o salão de jantar, onde Nye já a esperava. Naquela noite, Malyr fez companhia as duas e Nye se sentiu melhor por ter alguém com quem compartilhar aquele jantar, não queria ficar sozinha de novo.

 

*

*

 * 

 

Uma pequena mesa era arrumada na enorme varanda diante de seu quarto, o aroma de seu jantar já preenchia todo o cômodo, porém, ele apenas sentia vontade de apreciar seu vinho. Apesar de achá-lo um tanto sem graça no momento, até chegou a olhar a safra daquela garrafa. Mas depois percebeu que o problema estava nele e não no vinho. Havia um dia e meio que haviam chegado e sua mente parecia mais conturbada com pensamentos sobre Nye do que quando estava em Rivendell.

A maior parte do tempo ele pensava no que ela estaria fazendo e ás vezes indagava Tauriel a respeito dela. Soube que está treinando com Malyr e que o mesmo não está indo muito bem, ela passa bastante tempo na biblioteca ainda treinando a língua élfica e os ensinamentos de Arwen. Mas pior do que pensar nela era aquele sentimento que o aterrorizou no dia em que chegaram a floresta.

Não se recordava de sentir tamanha aflição e medo de algo de ruim acontecer a alguém como sentiu naquele momento. Ainda questionava suas ações também, ele deveria ter seguido reto com Nye e chegado ao palácio e mandado reforços, mas ele simplesmente desceu do alce e mandou Eryn protegê-la. Ele jamais faria tal coisa, preferiria ariscar a vida de um elfo de sua guarda do que a vida dele ou a do filho. Mas não era Legolas que estava ali e sim Nye e ele simplesmente... Se preocupou?

Thranduil deu uma golada na taça, bebendo o resto daquele vinho sem graça. A serva em seguida se retirou, avisando que a pequena mesa – apenas para um – estava pronta.

Ele se mantém o mais longe dela, não estava gostando daquelas sensações que ela fazia aflorar e em tão pouco tempo. Desde a noite da barraca ele vem se sentindo estranho, se vendo agindo estranho em tudo que diz respeito a aquela elfa. Aquela garota que desde a primeira vez, pareceu uma vergonha para sua raça, mas que agora parecia estar se transformando.

E aquilo o desagradava.

Encaminhou-se até a mesa na varanda, aproveitando a noite quente e fresca. Porém, não sentia fome, mas faria algum esforço para comer algo.

Mas seu momento de sossego durou por alguns segundos, logo a porta de seu quarto estava sendo aberta e Lorde Giel entrou por ela. A face do rei demonstrava que não estava contente em se interrompido em seu relaxamento e seu jantar, mas o amigo de longa era não parecia se importar e já estava acostumado com certas caras que Thranduil fazia.

- Não me olhe com esta cara, sabe que precisamos conversar – alegou ele adentrando a varanda.

- Sobre o que?

- Duas coisas: o presente de Nye e o fato de que anda evitando-a – enumerou, em seguida pegou outra cadeira e se sentou diante do rei – E então?

Thranduil respirou fundo, tentando controlar a vontade de jogá-lo pela sacada.

- Pretendo fazer uma visita em breve ao reino que parece fazer questão de crescer no jardim de meu reino – disse – Aqueles anões praticamente dominaram a montanha e não tem razão alguma para saírem de lá, além do mais, você mesmo disse que devemos conviver em paz com eles – o assunto não ao agradava e falar sobre aqueles anões da montanha solitária muito menos, mas por que não unir o útil ao agradável? – Naquela montanha reside as mais preciosas pedras, por que não unir as duas coisas? Os visito e conversamos a respeito de nossa convivência pacifica – alegou.

Lorde Giel o encarou, parecendo satisfeito com a resposta do presente e sobre o reino anão que cresceu rápido demais na montanha solitária. Para evitar maiores danos e problemas, era melhor que Thranduil e o rei da montanha se dessem bem. Apenas torcia para que ele não dissesse nada errado.

Mas aquilo não era só o que ele queria ouvir, estava aguardando o resto da resposta e o rei parecia fazer questão de fingir de desentendido. Thranduil respirou fundo mais uma vez e conteve a vontade de rolar os olhos.

- Sou rei, Giel. Tenho afazeres – argumentou impaciente e sem encará-lo.

- Tanto assim a ponto de não poder ver sua noiva ao menos por cinco minutos? – rebateu – Soube que Nye tem praticado com seu dom... – esperou a reação do rei.

- E está indo de mal a pior, ainda espero e temo que ela congele o reino ou parte dele. Mandei Tauriel ficar de olho nos treinos dela para caso algo saia do controle – disse.

Thranduil já não estava com muita fome, agora que a conversa estava indo em direção a um rumo que ele não queria, sua fome se dissipou ainda mais. E o gosto do vinho piorou em sua boca.

- Faz pouco caso de Nye.

- Ela tem muito que aprender – respondeu – Mas se ela conseguir se manter calma, tudo ficará bem!

- Como se viver com você fosse sinal de calmaria – riu debochado e Thranduil novamente se conteve para não arremessá-lo da varanda.

Giel e ele eram amigos de longas eras, tinham uma amizade onde qualquer palavra dita não ofendia, mas certas vezes Giel passava dos limites. Ele sempre cuidou do reinado de seu pai e agora que ele era rei esse cuidado caiu em cima de si, agora entendia o motivo de seu pai dizer que Giel era cuidadoso demais e enxerido também. Ele cuidava de todos os detalhes e parecia cuidar tanto de seu reinado como se sua vida particular, mas não podia reclamar, aquele era o trabalho de Giel.

Ficaram em silencio por alguns instantes, até Giel quebrá-lo. Ele se levantou e fitou o rei antes de retirar de seus aposentos.

- Não deixe que uma abertura cresça entre vocês – avisou – Ela não tem ninguém, Thranduil, se ela não tiver você não sei o que será desta garota – em seguida saiu. Deixando o rei novamente só.

O rei continuou seu jantar, mas logo parou ao sentir sua fome ir embora de vez. Deixou sua comida pela metade e retornou ao quarto, caminhava de um lado a outro, fazia muito isso quando estava inquieto ou nervoso com algo. Suas mãos ficavam unidas atrás do copo, seus olhos sempre fitando o chão enquanto se permitia caminhar. Ficou assim por longos minutos até seus ouvidos captaram movimentos do quarto ao lado.

E sem que pudesse se controlar, ele já estava saindo novamente e andando pela varanda. Se Nye fosse um pouco mais curiosa ela perceberia que as duas varandas eram conectadas e assim ela podia ir ao quarto do rei sem o menor problema. Mas até mesmo Thranduil não fez isso, precisava primeiro colocar os pensamentos conflitantes em ordem.

Viu luz sair por entre as cortinas do quarto dela, a sombra de Nye se movimentava pelo quarto e só então ele percebeu que já havia se passado bastante tempo desde o jantar. Olhou mais atentamente para o céu e viu a lua em um ponto diferente, anunciando a passagem das horas. Andara tanto e completamente perdido em seus pensamentos que nem vira o tempo passar. Quando voltou a fitar a porta da varanda dela, achou uma brecha para poder observar ali dentro.

Mesmo não vendo-a durante o dia, mesmo não observando-a de perto, ele sabia de suas movimentações dentro do quarto. Sabia que lia antes de dormir, então ela estava retornando da biblioteca e agora se preparava para se deitar. O vento soprou fazendo as cortinas suaves balançarem, assim revelando a visão de Nye se trocando.

Ele percebeu que não devia estar ali, ainda mais a observando daquele jeito. Mas ele não podia evitar, era um homem antes de mais nada. Nye estava somente de calcinha enquanto se trocava e vestia a camisola de seda e longa. Thranduil sentiu a visão causar reações em seu corpo tal qual na noite em que acamparam. Mesmo zelando por ela e sabendo que não poderia tocá-la enquanto ela não se livrasse daquele medo que a mesma sentia, ele ainda era um homem. Qualquer visão como aquela aguçaria seus sentidos e as mais diversas reações tomariam seu corpo.

Porém, elfos eram bem diferentes dos humanos. Um homem qualquer se excitaria com qualquer mulher nua ou semi nua, já elfos apenas sentiam aquela sensação diante de sua amada ou alguém por quem sente uma forte atração. Ele já vira varias vezes sua falecida esposa nua, mas nunca chegou a sentir o que sentia agora, nem mesmo quando em um ato desesperado de Elinor – ao surpreende-lo em seu banho e pelada – ele foi capaz de sentir tal coisa.

E pensar que Nye está causando essa reação com tão pouca coisa o deixou ainda mais pensativo. E tal pensamento o fez recuar e retornar ao seu quarto a passos firmes e irritados, tanto que bateu a porta ao entrar causando um estrondo que foi ouvido por Nye. Mas ela também não foi averiguar o que era.

Thranduil andava ainda mais tenso pelo quarto, seu maxilar trincado indicava irritação, mas seu olhar apesar frio mostrava confusão. Por isso se afastava dela, pois não entendia aquelas coisas, com somente um olhar ela era capaz de desarmá-lo, com somente um movimento sutil era capaz de fazê-lo entrar em seu quarto e tomar seu corpo para si. Ele enlouqueceria. E o casamento nem tinha chegado ainda.

Que Eru o dê forças. 

 

 

 

 

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado, o capitulo não teve lá aquelas emoções e os próximos (ao menos até o casamento) não terá muitas também, pois até o casamento de Thranduil e Nye quero focar mais nos sentimentos conturbados do rei e na relação entre Legolas e Nye! Afinal, Nye precisará de mais um aliado!! O casamento está próximo, não irei enrolar muito, mas peço a paciência de vocês, pois ainda preciso acertar algumas coisas como falei...
Até o próximo capitulo!

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P.s: ah, uma coisa que eu sempre quero dizer e acabo esquecendo. É sobre em que parte da historia a fic se passa, para aqueles que assistiram o filme O Hobbit, a fic se passa algum tempo antes de Smaug tomar a Montanha Solitaria!


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