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História Freeze You Out - 12. Aprendendo a se aproximar


Escrita por: PandoraCipriano

Notas do Autor


Olá leitoras, lamento pelo atraso. Não direi o motivo aqui e sim nas notas iniciais, deixarei vocês com o capitulo que está beeem grande e depois explico direitinho. Tenham uma boa leitura!

Capítulo 12 - 12. Aprendendo a se aproximar


Fanfic / Fanfiction Freeze You Out - 12. Aprendendo a se aproximar

O livro escorregou de suas mãos e caiu aos seus pés, o tédio a dominava completamente. Ainda eram dez da manhã e seu animo não havia melhorado nada. Não treinara com Malyr naquela manhã, acertaram de treinar um dia sim e um dia não, até por que ela precisava treinar sua fala élfica. Não queria pagar mico na sua festa de casamento, ainda mais que na mesma haveria elfos de classes ainda maiores do que aqueles que foram para Rivendell em seu noivado.

Por mais que se sentisse estranha em relação ao casamento, estava mais conformada. Principalmente pelo convívio com Thranduil. Ainda doía não vê-lo e faziam apenas três dias que estava ali. Ela sentia aquela estranha sensação de vê-lo, praticamente ansiava por isso. Mas como o mesmo vem a evitando, ela simplesmente parou de esperar por isso, mas sabia que lá no fundo ainda restava um pouco daquele desejo.

Cansada de ler, ler e ler... Ela saiu da biblioteca e foi arrumar algo para se ocupar, talvez iria pedir para Eirien a acompanhar pelo reino, podia ir... Aonde iria? Sair da floresta nem pensar, pensou ela negando com a cabeça. Andava pelos corredores pensando em algo para fazer. Foi então que lembrou que seu irmão estava lhe ajudando a usar adagas e arco e flecha, apesar de gostar mais das adagas. E com este pensamento em mente, ela foi em direção ao campo de treino dos elfos.

Eryn havia lhe falado sobre ele e onde ficava, os elfos não costumavam usá-lo durante a manhã, pois estavam sempre ocupados com suas tarefas e os treinos ficavam após o almoço. E foi para lá que ela seguiu, caminhando mais alegremente com a possibilidade de fazer algo de diferente naquele dia. Ou então morreria de tédio.

Ao adentrar aquele espaço aberto, rodeado de árvores como se fossem muros grandes e resistentes, Nye procurou por alguma adaga dando sopa por ali. Encontrou duas largadas próximas de alvos grandes para as flechas, sorriu ao pegá-las. Eram ainda mais lindas que as de Leony. Avaliou o cabo com detalhes feitos a mão e o típico detalhe élfico, a lamina estava afiada e brilhava de tão limpa. Sentiu euforia ao se imaginar manuseando-a como seu irmão fazia, já o vira treinar com as adagas e duas espadas grandes e ao se imaginar como ele, sentiu a adrenalina lhe percorrer.

Lembrava-se pouco dos ensinamentos de Leony, seus dias em Rivendell era mais precisamente com Arwen e suas aulas élficas. Mas se recordava de alguns movimentos e tentou imitá-lo, agradecendo por estar sozinha ali.

 

***

 

As cobertas estavam sendo reviradas pela décima vez. Os travesseiros foram jogados ao chão depois de vasculhados também. Legolas estava afoito, saíra em patrulha cedo e nem percebeu que esquecera uma de suas armas. Um par de adagas que ganhou quando atingira a maior idade, cuidava dela com o maior carinho e honra. Daria um ataque do coração se a perdesse. Eram como se fossem um objeto da sorte.

Eirien o estava ajudando, ela olhava no closet dele e revirava as roupas, mas não encontrou nada. Havia falado com Tauriel e ela foi procurar no refeitório dos guardas, onde normalmente comiam ou até mesmo na cozinha.

- Tem que estar aqui! – alarmou-se, revirando algumas gavetas.

- Tem certeza? Pois já olhamos tudo e elas não estão aqui – alegou Eirien – Onde foi a última vez que as usou?

Legolas interrompeu seu ato e largou a gaveta que segurava e despejava papeis e pergaminhos contidos ali, para então ele fazer uma expressão de que se recordara do paradeiro de sua adaga.

- Vá, eu arrumo tudo isso! – afirmou.

- Obrigado – em seguida saiu, as pressas.

Sentiu-se um tolo por alguns segundos, usara as adagas no dia anterior em um treino com os guardas novatos. Fora apenas uma demonstração, era final de tarde e logo depois saiu e foi para o quarto banhar-se antes da janta ser servida. Correu em direção à ala de treinos, ficava fora do palácio e era uma área bem grande e também bastante segura. Ao chegar, estranhou encontrar a porta dupla e de cor marfim meio aberta. A porta era feita de galhos grossos e havia frestas entre um galho e outro, no topo um emblema élfico.

Franziu o cenho. Os elfos não treinavam pela manhã e sim à tarde. A menos que houvesse alguma missão e quisessem se preparar, mas fora isso, não havia motivos para a porta estar aberta. Adentrou com cuidado o recinto amplo e espaçoso. Caminhou calmamente por entre as grossas árvores enquanto procurava pelo individuo que estava ali.

Não poderia ser seu pai, pois ele possuía uma área privada para si em outra parte do reino.

Caminhou mais a frente, chegando perto de onde os alvos redondos para o arco e flecha estavam posicionados e se surpreendeu ao encontrar com a noiva de seu pai bem ali. Manuseando de um modo totalmente errado e desajeitado duas adagas em suas mãos. E que por sinal, eram as adagas que procurava, ou seja, suas adagas.

Ficou ali por um tempo. Escondido e apenas observando o jeito desajeitado dela. Mas ao menos ela parecia tentar, tanto que se frustrava ao falhar. E em uma dessas falhas uma das adagas caiu de sua mão e ela tentou pegá-la, mas pela lamina e a palma de sua mão ganhou um corte fino. Não chegou a sangrar, mas deu pra ver que ardeu bastante. Sua feição demonstrou isso. Mas também pudera, Legolas deixava aquelas laminas bem afiadas e o mínimo toque cortaria até mesmo o mais fino fio de cabelo e o dividiria ao meio.

Nye parou de usar as adagas e prestou mais atenção no corte em sua mão, ardia como brasa contra a pele. E aquela dor, ela conhecia. Nem notara a presença de Legolas ali, a observando. E após sentir a ardência diminuir ela continuou com seus “movimentos” com as armas.

Ela era um desastre, Legolas concordava. Mas nada que um belo treino não a fizesse ficar boa com aquilo e mais forte na hora de lutar contra um inimigo. Foi então que as palavras de Eirien ecoaram em sua cabeça e sua expressão se endureceu um pouco.

“Ela não está aqui para roubar o lugar de sua mãe, acredite”

“Tente ver as coisas pelo lado dela”

Ele respirou fundo, ainda incerto se estava fazendo o certo. Nunca fora de se envolver nos assuntos do reino e de seu pai, eles possuíam uma relação bastante complicada para ele querer ficar se metendo no meio de assuntos nos quais não eram da sua conta, mesmo sendo o príncipe. E esperava ficar fora daquele casamento, mas parecia que estava sendo arrastado para ele. Não sabia o que pensar, ás vezes sentia pena da garota por se casar com seu pai, ele é uma pessoa difícil e ela teria que aturá-lo. Por outro não a queria ali e ocupando o lugar que um dia pertenceu a sua mãe.

Mãe na qual ele nunca conheceu. Nunca viu se quer o rosto, não sabia do que ela gostava ou de coisas pequenas como: cor preferida, comida, hobbies. Nada. Ele não tinha nada. Mas ela também não. Percebeu de repente. Ele conhecia a historia trágica de Vallarin, em como o reino caiu em ruínas e fumaça negra da Bruxa das Trevas.

Ela também nunca conheceu a mãe, já que era nova ainda. Não possuía família, mas ela ganhou uma quando foi para o reino humano. Podia ter perdido a mãe biológica, mas ganhou uma adotiva. Assim como ele.

Não eram tão diferentes assim. Mas a maior diferença era o fato de Nye ter tido uma vida sofrida em Erenon e Legolas desconhecia tal fato.

Pensar nas semelhanças, fez Legolas amenizar as expressão séria que carregava. E ainda sem saber se fazia o certo, foi até ela para impedir que machucasse a si mesma com as adagas.

Nye estava tentando girá-las em suas mãos, mas elas caiam sempre e já possuía três cortes nas mãos. Duas na direita e uma da esquerda. Quando mais uma vez elas caíram e ela foi tentar pegá-las no ar ainda, alguém segurou seu pulso fortemente. Se assustou ao ver o príncipe ali.

- Vai acabar se machucando ainda mais – ele falou – Nunca tente pegar uma arma ainda no ar, não quando não se tem experiência com elas – aconselhou.

Em seguida ele largou o pulso dela e recuou dois passos, enquanto Nye segurava seu pulso. Não por ele ter apertado e sim por estar sem jeito, estar na presença do príncipe era ainda mais conflitante do que enfrentar os olhos frios de Thranduil. Mas notou que ele parecia mais sereno e receptível do que nesses três dias em que se encontrou com ele.

- Desculpe – disse, sentindo-se constrangida com o silencio.

- O que fazia? – indagou.

Nye fitou o chão e outros cantos do espaço aberto, antes de responder.

- Estava treinando. – Disse.

- Do que jeito que fazia é bem capaz de cortar o próprio pulso ou a jugular em uma luta – observou – Não pode treinar sozinha, precisa de alguém mais experiente para lhe ensinar – emendou.

A garota se surpreendeu pelo tom de voz ameno do príncipe, não só com a voz como pelo modo dele de agir. Sua expressão estava mais calma, seu corpo relaxado e sua voz tão suave que ia tranqüilizando-a aos poucos. Não carregava aquele semblante pesado e uma expressão de desconfiança e acusadora.

- Eu recebia instruções de meu irmão em Rivendell, mas foi por alguns dias apenas. Tive mais aulas de linguagem élfica do que de lutas – comentou.

- Podia ter pedido a alguém! – disse simplesmente.

- Tauriel está ocupada demais, Eryn ainda não se recuperou do tornozelo e Malyr... Não creio que ela saiba usar uma espada ou adaga – levou a mão ao queixo – E... Bom... Seu pai é mais experiente em me ignorar, ele não vai me ajudar – rolou os olhos.

Ele a observou de cima abaixo, antes de tornar a falar. Agora compreendia o motivo dela treinar sozinha.

- Posso ajudar se quiser – ela o olhou surpresa, mas até ele se encontrava assim. A frase simplesmente pulou de sua boca e ele tentou completar com alguma desculpa – Tendo em vista que usava minhas adagas e que se machucou com elas... – acrescentou.

Nye sorriu, surpreendendo-o.

- Não irá atrapalhá-lo? Você faz parte da equipe de patrulha do reino e auxilia Tauriel. Não vai ficar com muita coisa para cuidar? – falou.

- Talvez. Mas dou conta do recado, estou acostumado a ter mil tarefas para fazer – respondeu – Então, aceita minha ajuda? – ergueu uma sobrancelha.

- Aceito – sorriu timidamente.

- Ótimo, pois começaremos agora! – Nye ficou estática – Não me olhe assim, se quer aprender terá que começar o quanto antes e honestamente... Você não é muito boa – emendou.

- Obrigada – falou ela e Legolas não entendeu o agradecimento – Seu pai diria que eu sou o desastre em pessoa e que envergonho a raça dos elfos – disse – Eu sei que sou um desastre com as adagas, não sou cega, mas vindo de você parece menos ofensivo – argumentou.

Legolas riu de canto e logo pediu para ela pegar as adagas, mas com cuidado e assim iniciaram o treino com elas. E de longe Eirien e Malyr observavam a cena do príncipe ensinando Nye a usar adagas e a futura rainha parecia entusiasmada.

E melhor ainda, aquele clima tenso entre os dois havia diminuído um pouco. Agradando as duas.

- Vamos Eirien, melhor deixá-los a sós para treinar – aconselhou.

 

*

*

*

 

A fumaça tomava conta do recinto, panelas sobre o fogão a lenha esquentavam alguns legumes, mas a maioria era feito sob as mãos ágeis das elfas da cozinha. Agora com Nye no palácio, um pouco de carne teria que ser adicionado ao cardápio deles, apesar de ser sempre para ela. Rosetta fazia questão de fazer vista grossa em cima das suas ajudantes, o almoço do rei fora levado para o escritório onde ele se encontrava assinando alguns papéis importantes.

O almoço dos guardas também já se encontrava sendo servido, faltava apenas arrumarem a mesa onde o almoço da rainha seria posto. Eryn apareceu em seguida, ainda mancando – porém, menos que os outros dias – e rumou a mesa que passou a dividir com Rosetta. Com o pé machucado ela tirou alguns dias de folga e para não ganhar um olhar feio de Tauriel por estar fora da cama, preferia almoçar com a cozinheira.

A cozinha era imensa, tudo separado e em seu devido lugar. A parte onde o fogão a lenha ficava se encontrava ao fundo, próxima a porta grande que dava acesso a um gazebo, que era local oficial das elfas cozinheiras do palácio. Os armários ficavam todos embutidos na parede, suas madeiras escuras e adornadas com símbolos élficos os deixavam magníficos. Os pratos, talheres, taças, copos e panelas necessárias eram todas guardadas ali. Havia uma divisória entre essa parte da cozinha e a parte onde ficava a mesa pequena de seis cadeiras, local onde Rosetta almoçava com a irmã ou sozinha. Mas nos últimos três dias, Eryn tem lhe feito companhia.

- Nunca me canso do cheiro de sua comida – elogiou ao sentar-se.

Rosetta sorriu.

- Notei que está mancando menos, logo poderá voltar a seus afazeres – falou, mexendo na panela onde batatas estavam sendo cozidas.

- Está me expulsando? – fingiu-se ofendida, logo começou a rir assim como a cozinheira – Confesso que estou louca para voltar para meu posto, ficar sem fazer nada é um saco! – reclamou.

Eryn viu três elfas mexerem e arrumarem as bandejas de prata, nas quais seriam levadas para o salão de jantar. Aquele provavelmente era o almoço do rei e da rainha, pensou ela. Mas antes mesmo delas saírem da cozinha carregando a bandeja de prata em cada mão, Nye apareceu acompanhada de ninguém menos que Legolas. Causando susto em Eryn e desconfiando e preocupação em Rosetta.

- Meu príncipe e... Minha rainha? – a cozinheira não sabia que expressão fazer, ainda mais por saber que Legolas não queria muita aproximação com a noiva de seu pai e vê-los ali juntos e sem qualquer expressão de acusação por parte dele era de se estranhar – Desejam algo? – sua mente ainda estava rodando.

Eryn por outro lado, estava de boca aberta. Perplexa por eles aparentemente estarem... Se dando bem? Por Eru, o que ela perdeu nesses três dias de isolamento em seu quarto para se recuperar do tornozelo machucado?

- Não almoçarei no salão de jantar – avisou e Rosetta se acalmou um pouco.

- Mandarei levar para seus aposentos, minha rainha.

- Não. – Disse novamente – Não quero almoçar sozinha, acho que minha cota de solidão já atingiu seu limite.

- E onde vai almoçar? – Eryn indagou.

- Aqui – disse simplesmente – Claro, se Rosetta não se importar – virou-se para ela.

Rosetta sorriu. Ela sabia perfeitamente bem seu lugar e em que espaço pertencia naquele palácio, mas não podia negar um pedido de sua rainha. Já havia percebido o jeito doce e humilde que ela possuía e se ela queria almoçar na cozinha consigo, então que seja feita a vontade dela. Quem era ela para negar?

- Sem problemas – sorriu – Meninas, guardem isso e vão comer. Eu arrumo tudo para a majestade – afirmou e as bandejas foram colocadas na mesa grande e retangular próximo ao fogão – E você meu príncipe? – fitou a figura calada do mesmo.

- Ficarei aqui também – assentiu e outra vez Rosetta não sabia o que expressar e Eryn abriu a boca novamente.

Ele fitou a amiga, erguendo uma das sobrancelhas.

- Você bateu a cabeça? – exclamou.

- Minha cabeça encontrasse perfeitamente bem, ao contrario da sua. Não devia estar na cama de repouso? Não pode forçar esse tornozelo – alegou e Eryn rolou os olhos.

- Ah, você também não! Já não basta Tauriel no meu pé – reclamou, cruzando os braços.

- Coloque mais dois pratos, Rosetta! – Legolas pediu.

- Como quiser meu príncipe – respondeu, completamente confusa.

Nye então se sentou, de frente para Eryn e Legolas ao lado da amiga. A elfa ainda observava os dois, sentia um misto de preocupação e surpresa. Ambos ainda agiam normalmente, mas não havia aquele clima exagerado e carregado que Legolas fazia questão de criar quando Nye aparecia. E agora ele estava... Calmo. Não olhava para Nye com tanta seriedade ou desconfiança. Mas não quer dizer que ele havia aceitado aquele casamento ou a presença dela. Ainda havia um resquício de duvida no príncipe, mas talvez ele devesse seguir os conselhos de Eirien e dar uma chance a ela.

Legolas ainda se sentia estranho em relação a ela casar-se com seu pai, mas as duas horas que passaram na área de treino o fez ver sua madrasta com outros olhos. Mas ele preferia ir devagar.

Com a mesa posta, eles se serviram. Nye não deixou que Rosetta a servisse, afinal, ela estava em “seu horário de almoço” e deveria se concentrar em comer ao invés de servi-la. O silencio formado não era algo incomodo e Nye agradeceu pelo mesmo. E minutos depois Tauriel apareceu e tal como os outros ficou surpresa ao ver Legolas e Nye no mesmo espaço, ou melhor, na mesma mesa.

Ela fitou os dois, demorando-se mais em Legolas.

- Você bateu a cabeça? – questionou e Eryn gargalhou.

- Por que todo mundo pergunta isso? Estou com cara de quem bateu a cabeça tão forte assim? – respondeu com outra pergunta.

Tauriel pensou em responder algo, mas tratou de fechar a boca. Não iria questionar as coisas ainda, o faria quando ela e Legolas estivessem a sós. Então passou a olhar para Nye e logo disse:

- E você? Por que está aqui?

- Não irei almoçar sozinha. Já cansei disso! – alegou.

E realmente estava. Após terminar o treino com Legolas, ela se encaminhou para o salão de jantar, mas ao encontrá-lo vazio como de costume ela até perdeu o apetite. Não queria repetir a cena de anos em Erenon, aqui ela estava começando uma nova vida e queria fazer tudo diferente. Então ela mesma foi atrás de Legolas e perguntou se poderia almoçar na cozinha, já que ela também gostava de Rosetta e a mesma sempre a tratou bem.

- Pensei que almoçaria com o rei? – indagou.

- Por que não se junta a nós, Tauriel? – Rosetta convidou e entregou um prato a ela, assim a chefe da guarda o fez e se sentou a mesa.

- Então... Por que não foi almoçar com o rei? – Eryn questionou, curiosa.

- Eryn! – Tauriel brigou e a outra deu de ombros.

- O rei prefere almoçar sozinho e em seus aposentos. Não estou a fim de ter apenas a mobília como companhia – Nye respondeu, levando o garfo a boca.

E ali eles entenderam que o rei não tem almoçado com ela ou feito qualquer outra refeição junto dela. O que não era estranho para eles, que já estavam habituados aos costumes do rei e sabiam que ele preferia fazer qualquer refeição sozinho. Legolas mais do que ninguém sabia disso. Tauriel notou certa irritação por parte da nova amiga e tentou logo mudar de assunto.

- E você? – fitou o príncipe.

- O que? – a encarou de volta.

Tauriel segurou a vontade de bater na cabeça dele.

- Esqueça. Encontrou suas adagas?

- Sim. – Disse apontando para Nye, que mostrou as mãos com pequenos cortes.

- Céus, você se machucou?! – Rosetta alarmou-se – Posso cuidar disso!

- Não precisa. Nem está doendo tanto – garantiu – Não sabia que as adagas eram dele, fui tentar treinar um pouco, mas... Não deu certo – riu sem jeito.

- Por isso eu a ajudei. Não podia ficar lá vendo ela arruinar minhas adagas – comentou, mas não havia um tom ofensivo.

- E como se saiu?

- Um desastre! – o príncipe respondeu a Tauriel.

- Agora você falou como seu pai! – Nye rebateu.

E Legolas riu de canto, causando espanto nas outras três à mesa. O loiro percebeu e ficou confuso.

- O que há com vocês hoje? – comentou, voltando sua atenção para seu prato de comida.

- O que há com você hoje? – Eryn indagou perplexa.

Logo o silencio tornou a pairar sobre eles, não era algo que faria Nye reclamar, mas era bom saber que havia pessoas ao lado dela na hora de comer. Mesmo que nenhum deles dissessem nada.

Porém, o agradável almoço estava prestes a ser arruinado quando Elinor adentrou a cozinha carregando uma bandeja com pratos vazios. Ela e Nye trocaram um breve olhar, e ela como sempre fazia questão de mostrar que estava acima de Nye, mesmo que a menina fosse se tornar rainha.

Rosetta se levantou e foi até a mesma. Sabia que aquela bandeja não era da irmã, a mesma almoçava em uma sala privada do conselho e a mesa era sempre posta logo após o rei receber seu almoço. E a cozinheira conhecia a bandeja do rei. Sua feição se tornou séria enquanto que a irmã sorria como se tivesse ganhado um milagre de Eru, que a muito esperava. Temia que ela soltasse alguma provocação por Nye estar ali.

- Vim buscar a sobremesa do rei – tarde demais, Elinor soltou a frase antes mesmo que pudesse perguntar algo e ela notou todos prestando atenção nela.

- Isso não é tarefa sua! – alegou, forçando um sorriso e fitando a irmã seriamente logo depois.

- Sim, mas o rei está atarefado com alguns papeis importantes e irei auxiliá-lo! – contou – Passei a manhã toda o ajudando. Então tomei a liberdade de vir buscar a sobremesa que ele tanto adora, já que ele está bem ocupado – sorriu sínica.

Tauriel respirou fundo, apertando o garfo em suas mãos. Eryn estava séria assim como os outros, mas fitou de relance a princesa e se doeu ao ver a cabeça da mesma abaixada e o cabelo solto cair por seu rosto. Legolas estava imparcial, odiava o jeito atrevido e vulgar de Elinor, ainda se questionava como o pai permitia que ela ainda ocupasse um cargo tão alto quanto o de um conselheiro. Mas também não iria se intrometer nessa briga que existia entre Elinor e Nye. Aquilo não era problema dele.

Nye fitava seu prato já vazio e brincava com o garfo, sem expressão.

Doeu. Doía na verdade. Lhe arrebentava saber que o rei preferia almoçar com Elinor ao invés de passar cinco minutos com ela. De repente a comida deliciosa de Rosetta pareceu querer voltar e ela não estava a fim de pagar mico na frente de todos, então tentou respirar mais profundamente. Mas ouvir aquela atirada falando e tirando vantagem de seu posto a fez sentir o sangue ferver ao mesmo tempo em que lágrimas queriam escorrer por seu rosto.

- O rei pediu para não ser incomodado. Temos muita coisa para resolvermos – alegou e Rosetta prestou atenção na palavra ‘nós’.

- Nós? – questionou e Elinor sorriu mais abertamente – O que quer dizer com nós?

- Nós dois passaremos a tarde no escritório trabalhando. Mas quem sabe eu não o ajudo e relaxar? – sugeriu, em um tom sugestivo.

E Rosetta respirou fundo. Nye sentiu o peito doer e seus olhos lacrimejarem.

Em seguida, Elinor pegou outra bandeja de prata – uma menor – e colocou um prato pequeno com um pedaço de torta de amora e saiu da cozinha, mas não antes de jogar um sorriso provocante para Nye. Após ela sair Rosetta correu até a menina e segurou em suas mãos.

- Eu sinto muito, minha rainha. Não escute as asneiras que minha irmã diz, ela é uma desequilibrada – pediu com suplica.

Mas Nye não respondeu, apenas assentiu e se levantou da cadeira, saindo da cozinha em seguida. Deixando o clima agora pesado e esquisito.

- Tem que conversar com sua irmã, Rosetta. Já passou da hora dela aprender o seu lugar nesse palácio – Tauriel rebateu se levantando também – Vou atrás de Nye! – avisou.

 

***

 

Seus pés batiam fortemente ao andar, não sabia o certo o que sentia. Raiva, chateação e aborrecimento. Tudo e mais um pouco de uma vez só. Seguia pelo palácio e torcia para não encontrar com Thranduil ou que alguém a encontrasse, nesse caso Tauriel ou Eirien. Já que ambas tomavam conta dela. Eirien era sua dama de companhia e Tauriel era mais uma irmã mais velha que temia que ela se metesse em encrenca. Apesar de se impossível se envolver em problemas, uma vez que ela quase não via a luz do sol, ou seja, não saia do palácio para nada.

O tédio e treinos eram sua companhia agora. Junto da vontade de ver o rei todos os dias.

Chegou ao estábulo, lugar onde também se tornou seu preferido. O visitou no dia anterior, gostava de ficar ao lado do alce. Ele parecia lhe entender mais do que todos ali dentro. E era bom saber que alguém a entendia, os outros apenas se compadeciam dela e sua historia trágica. Não a compreendiam de verdade.

Adentrou o local de madeira resistente, assim como os cascos das árvores da floresta e os troncos que revestiam o palácio de Mirkwood. Lá dentro, tendo um espaço somente para ele, estava o alce. Que por sinal precisava de um nome, ela havia pensado em alguns, mas foram tantos acontecimentos um atrás do outro que ela não teve tempo de pensar em um nome para ele.

Ao vê-la, ele se agitou, de um modo feliz, claro. Foi até ela calmamente, mas com toda aquela imponência e exuberância que ele possuía. Era irônico pensar que até mesmo o alce lembrava as características mais marcantes do rei. E voltou a se entristecer. Acariciou o pêlo do animal com carinho, ele possuía um cheiro amadeirado e um forte odor de terra molhada também. Dava para notar que ele era bem cuidado aqui, afinal, recebia comida do melhor e tinha dois criados para ele. Não se podia esperar menos do alce do rei. Mas ele merecia.

- Seu dono é muito complicado – comentou fazendo carinho próximo ao rosto dele – Como consegue aturá-lo? – indagou.

O alce apenas grunhiu, não dando muita bola e Nye supôs que ele não gostava quando falavam mal de Thranduil. E ela riu.

- Devia ficar do meu lado! E não do dele! – rebateu – Ele está lá agora, trancado em um cômodo com Elinor – falou irritada e sentindo novamente seus olhos arderem – E eu aqui, ansiando por vê-lo – sussurrou.

O animal apoiou a cabeça em seu ombro esquerdo, em um sinal de compreensão. Como se dissesse que entendia o que ela sentia. Após ele grunhir novamente, percebeu que ele estava do seu lado. E uma ideia lhe veio a mente.

- Por que não damos uma volta? – indagou e o alce se afastou, parecendo surpreso com a oferta – Não me olhe assim! – levou as mãos a cintura – Estou cansada de ficar aqui sem fazer nada, meus dias não podem se resumir a ficar apenas treinando com meus poderes, que por sinal estão péssimos e não consigo controlá-los – bufou.

Outro grunhido dele, em sinal de alerta. Não poderia sair do palácio, nem mesmo andar pela floresta. Com certeza haveria mais aranhas por ali e se uma delas a pegar, poderia ser seu fim, ainda mais pela falta de manuseio em seu poder e com armas de qualquer tipo que seja. Como Legolas mesmo disse: ela era um desastre e tinha que concordar.

- Vamos sair! Damos uma volta e retornamos logo, ninguém vai saber que saímos – piscou e o alce recuou alguns passos – Anda, pare de ser medroso! – brigou.

Nye logo subiu nele, com certa dificuldade, pois ele ficava fugindo dela e grunhindo em sinal de alerta de que aquilo era um erro. Mas ela não queria saber, precisava sair daquele aperto que sentia e somente correr por aí na garupa dele a faria se sentir bem. Quando conseguiu subir nele, exigiu que andasse, mas ele bateu os cascos no chão se negando a sair dali.

- Por favor, por mim! – curvou-se ficando próxima ao rosto dele, mas ele parecia irredutível. Ela suspirou – Vai mesmo me deixar aqui nesse tédio todo? – fingiu drama e o alce emitiu um som em descrença.

Apelar para o lado emocional das pessoas – e animais – ás vezes funcionava. Aquilo funcionaria com elfos?

Contra a gosto, o alce aceitou sair. Claro que Nye teve que pelejar bastante e apelar para sua face tristonha e assim ele galopou para fora do estábulo e correu por uma trilha estreita. Seguiram reto até chegarem a um muro coberto por plantas e no centro, logo a sua frente, estava um portão de cor cinza e parecia bem pesado. O portão era enorme e não havia muitos guardas ali, ela desceu e foi empurrá-lo, mas era mais pesado do que ela imaginou. O alce a ajudou e assim ela tornou a subir nele e saíram dali.

Nye conseguia sentir o vento bater contra seu rosto, a euforia lhe dominar. As árvores passavam por si como borrões e ela nem se importou se haveria aranhas, ela apenas queria sentir aquela sensação, aquele gostinho de liberdade. Estava tão aliviada e sentindo-se um pouco melhor, que quando percebeu já havia saído da floresta e se encontrava na entrada da mesma. Um vasto campo gramado se estendia a sua frente, havia uma árvore ou outra espalhadas, montanhas rochosas ao longe e ela sorriu. E foi ali observando a paisagem que ela avistou a curiosa casa do troca peles.

Ela moveu os pés de forma delicada contra o corpo do alce, instigando-o a andar. Ele obedeceu e a levou aonde ela queria, apesar de saber que não era uma boa ideia. O troca peles que vivia ali, era um tanto rabugento.

Agora vendo a casa de perto, percebeu que era bem grande. Havia um muro de madeira com pontas afiadas, um portão que se dividia ao meio e entalhado com desenhos de ursos. O mesmo se encontrava aberto, e curiosa ela desceu e foi até o portão. Com o alce em seu encalço e temendo por ela. Ele mantinha a cabeça baixa e olhava para os cantos, esperando que o troca peles aparecesse. Havia um pequeno pátio com uma árvore de cada lado, entre elas uma casa de madeira grossa.

Também estava aberto. O alce grunhiu pedindo para que não entrasse, mas Nye o ignorou e continuou andando até entrar na casa. O lado de dentro era lindo, todo feito de madeira e decorações semelhantes a ursos. O chão não era muito limpo, havia poeira e feno espalhados pela casa. Uma iluminação que vinha das janelas e frestas. Os moveis eram grandes e ela de repente se sentiu pequena, havia uma mesa grande e de cadeiras largas. Na parede um quadro retangular com desenhos de um urso caçando peixes em um lago.

Olhou os outros cômodos, havia somente um quarto e um banheiro. A sala de jantar ficava ao lado da cozinha, mas sendo um troca peles que aparentemente se transformava em urso – já que ela julgou que este era seu animal, olhando pelas artes nos quadros -, ela duvidava que ele cozinhasse algo. Ao andar pela casa, sentiu o aroma de algo doce. Caminhou mais apressadamente a procura desse cheiro e em outro cômodo, em um canto na parede, encontrou um barril de madeira e havia algo escrito ali. Destampou o mesmo, sem nem saber o que era e levou o dedo ao mesmo.

Mel. Ela conhecia o gosto, apesar de ter provado poucas vezes. Mas o gosto ela nunca esquecera. Era doce e forte, não era a toa que as abelhas adoravam mel.

Olhando aqui e ali, ela achou um cacho de bananas. E não pensou duas vezes antes de pegar um prato e partir uma banana e por um pouco de mel ali. Voltou a olhar o resto da casa, enquanto comia.

 

***

 

Ela passou horas ali, até tirara um cochilo. E nem sinal do dono da casa. O entardecer se aproximava indicando que ela passara horas ali e nem percebera, sentia-se melhor, mais calma e com os pensamentos no lugar. Sabia que Elinor queria apenas seu posto de rainha e esposa de Thranduil e ela faria de tudo para aborrecê-la. Mas pior do que aquela elfa tentando lhe jogar para baixo era ver que Thranduil não fazia muita coisa a respeito dela. Parecia até não se importar.

E esse motivo era o que lhe irritava e a deixava entristecida.

Colocou o prato que usara para comer banana com mel na mesa grande e se encaminhou para fora da casa, o céu já se encontrava tingido de laranja e estava bem quente. O vento havia parado de dar sinais de vida, deixando o clima mais quente. O alce estava deitado, ao lado de uma das árvores e aguardava por ela. Ao vê-la ergueu a cabeça em alivio, e correu até ela dando-lhe uma leve lambida. Nye sorriu.

- Eu estou bem – garantiu enquanto ele a cheirava e averiguava se estava inteira – Agora vamos voltar, antes que...

O rugido seguinte a assustou e ela virou-se para o rumo de onde o barulho havia vindo.

- Ahhh!! – gritou, escondendo-se detrás do alce.

O urso e dono da casa se encontrava na entrada do portão de madeira, os dentes afiados estavam a mostra assim como os pelos negros eriçados em fúria pela invasão. O coração de Nye batia forte, aquele urso era enorme, já havia visto um urso uma vez – da janela do seu quarto – quando o rei Illis saíra para caçar e depois fez questão de exibir o animal morto no pátio do palácio. Mas ver um tão de perto assim era outra coisa.

Ele rosnava e a saliva chegava a escorrer, suas unhas grandes ficavam no solo macio e Nye teve a sensação de que ele queria era fincá-las em si. Seus olhos escuros eram pura raiva.

O alce ficou a sua frente, emitindo seu som natural como se argumentasse contra o urso. E Nye parecia petrificada no chão, pois não conseguia se mover, apenas encarava o animal negro enraivecido. Em linguagem animal, ambos discutiam e a elfa rezava para nada de pior acontecesse, mas ela sabia que nada seria fácil. Afinal, era ela. Tudo que tinha haver consigo era complicado, até mesmo sair ilesa de um ataque de urso.

E como havia imaginado, as coisas pioraram. O urso se moveu e pulou para cima deles, mas conseguiram escapar. O alce usava seu corpo enorme e cascos grossos para afugentá-lo, apesar de não parecer funcionar, pois o urso ainda usava uma das patas para tentar arranhá-lo. Nye estava atrás e vendo a brecha que tinha, uma vez que estava próxima do portão de entrada. Não pensando duas vezes ela correu e logo escutou o urro do urso que vinha atrás dela e o alce em seu encalço.

Ela se desesperou ao ver aquele grande animal correr atrás dela, em pânico acabou tropeçando em um galho jogado no caminho e caiu. Apenas viu uma mancha negra vir para cima de si, enquanto ela tampava o rosto com um dos braços, já que o outro usava de apoio no chão. Achou que seria seu fim, mas o alce conseguiu lhe salva e usando todo seu peso empurrou o mesmo, mas não antes dele conseguir arranhar seu braço.

A ardência a fez trincar os dentes e se abaixar enquanto era protegida pelo alce. Abaixou o olhar para ver o estrago em sua pele e viu sangue escorrer do machucado. Logo se levantou e ficou a espera do próximo ataque do urso, assim como seu amigo alce, que arranhava o solo indicando que iria atacar ao menor movimento. Mas o outro era insistente e não parecia querer ceder, já estavam um pouco afastados da casa dele e a floresta de Thranduil se encontrava atrás de suas costas, mas teria correr muito rápido para adentrá-la e ainda não sabia se o urso a seguiria.

A única coisa que ela podia fazer, era ajuda seu amigo e usar seus poderes, mesmo que eles fossem instáveis. Não sabia lutar, era fato, mas que maneira melhor de treinar do que uma situação real de perigo?

Unindo toda sua força ela abriu as mãos e sentiu-as gelar, já era um indicio de que eles estar do seu lado – na teoria. Lembrou dos ensinamentos de Malyr e tentou repeti-los ali, em um movimento de mão ela levou-a pra trás e a trouxe para frente, no mesmo instante uma onda afiada de gelo se formou e rumou para cima do urso, o atingindo e o jogando a um distancia considerada. O animal rolou e parecia meio tonto.

Nye respirava com dificuldade, seu queixo tremia e suas mãos também. Era medo. Estava com medo e tudo que pensava era... Nada. Ela não conseguia formular nada em sua mente, nem mesmo Thranduil ocupava-a naquele momento. Apenas a sensação de sobreviver. Um instinto natural.

Logo abaixou o braço, estava doendo e levou a mão ao braço esquerdo, bem no local em que sangrava. Ela se curvou, reprimindo um gemido de dor.

Após se recuperar, o urso entrou em modo de ataque novamente, mas desta vez receberam ajuda. Uma flecha atingiu o ombro do animal e ao olhar para trás, ela viu Tauriel e um grupo de cinco guardas correrem até ela. Os guardas apontaram suas lanças pontudas para o urso que se encolheu, mas ainda urrava contra eles. E Tauriel se postou ao seu lado apontando sua flecha para ele também.

Tauriel deu uma rápida olhada para Nye e viu o ferimento grade no braço dela, escorria bastante sangue. O que não era para menos, as unhas dos ursos eram firmes e fortes, capazes de rasgar a pele dos elfos e de qualquer outra raça com a mesma facilidade que uma espada afiada.

- Me dê cobertura! A rainha está ferida, preciso levá-la o quanto antes para o palácio – alegou aos guardas e eles rapidamente formaram uma parede a frente delas com seus corpos – Vamos Nye! – pediu, ao guarda sua flecha e ajeitar o arco em suas costas.

Passando o braço pelos ombros da garota, elas saíram dali enquanto os guardas lhes davam apoio. Eles foram recuando aos poucos, uma vez que o urso não ousou atacar novamente e nem seria tolo de adentrar a floresta sabendo que ganharia uma chuva de flechas. Ele não era tolo.

Na entrada da floresta, Tauriel ajudou Nye a subir no alce e após subir também. Retornaram para o palácio.

 

*

*

*

 

Ela nem teve tempo de raciocinar ao retornar ao palácio. Rapidamente estava sendo encaminhada para o salão do trono, onde um Thranduil com a feição enfurecida se encontrava. Ao seu lado esquerdo estava Lorde Giel e do lado direito Malyr. Ambos pareciam neutros a sua escapada repentina, a ruiva demonstrou preocupação ao ver o braço dela e Giel apenas fitava as reações do rei. Não sabia dizer se aquilo era algo bom ou ruim. Ver o rei demonstrar preocupação e irritação por ela ter saído assim sem mais nem menos do reino, era algo bom, mas Thranduil sabia ser ignorante também.

Nye parou no centro do salão e fitou o rei sentado em seu trono. A expressão dele era séria, a fitava como se ela tivesse feito a mais alta das atrocidades e novamente aquela sensação de chateação retornou e ela virou o rosto, não querendo encará-lo.

Thranduil ergueu-se do trono, caminhou ao redor dela e viu o machucado em seu braço. Ainda sangrando e mesmo tentando se fazer de durona, sabia que aquilo devia estar doendo mais do que tudo. Se viu ficando preocupado, aquilo podia infeccionar e causar maiores danos. Mas não diminuía o erro dela. Após rodeá-la, parou diante dela e esperou que a mesma a encarasse. Coisa que não aconteceu.

Então ele decidiu falar assim mesmo.

- Tem ideia do que fez? – sua voz saíra mordaz, estava severa como se fosse um pai repreendendo um filho, ou no caso, uma filha – Eu disse para ficar longe daquela casa! O troca peles não gosta de visitas, ainda mais se ele estiver na forma de seu animal! – disse.

Ela segurou o choro, não sabia por que queria chorar, mas sentia seus olhos arderem. Havia sido atacada por um urso e ele nem se quer havia perguntado se estava bem, mesmo com o machucado enorme a avista em seu braço. Aquilo a frustrou. Se fosse com Elinor com certeza estaria com ela na ala de cura ou ele mesmo faria o curativo. Provavelmente a deixaria dormir em sua cama para se sentir melhor.

Pensar em tal coisa, apenas piorou seu estado. Pois a vontade de chorar aumentou, mas iria se segurar, não choraria. Não na frente dele. Aprendera a segurar o choro quando morava em Erenon, quanto mais chorava, mais rei Illis lhe batia ou batia em sua mãe como punição.

Aprendera a ser orgulhosa também, mesmo que desabasse em seu quarto a noite.

- Não pensei que ele estaria lá. Apenas... – interrompeu-se, não sabendo o que falar.

- Não pensou em seus atos. Agiu inconseqüentemente! – rebateu e ela abaixou o olhar, apenas escutando – E olha o resultado que conseguiu! – disse referindo a seu ferimento.

Havia mais coisas que ele queria falar, queria gritar com ela e dizer o quão burra foi ao ir até lá, que quase o matou de susto só de imaginá-la com mais ferimentos ao longo do corpo. Que sentia o peito de comprimir ao imaginá-la entre a vida e a morte. Não estava sabendo lidar com aquela nova avalanche de emoções e reprimia aquilo com sua mascara de indiferença e rei imponente. Mesmo sabendo que ela não precisava daquilo agora.

Mas ela também tinha que ser repreendida.

- Podia ter morrido! – disse severo. Não queria prolongar mais aquilo, mas a atitude dela o fazia quase enlouquecer, chateada Nye vira a cara não querendo o encarar e aquilo também mexe com ele – Não faça essa cara, se Tauriel não tivesse...

- E você se importa?! – rebateu, sua voz saíra alta e pegou até mesmo o rei de surpresa. Talvez fosse um erro erguer a voz contra ele, mas quando ela percebeu as palavras pularam de sua boca e mais estavam por vir – A única coisa que tem feito nesses últimos dias é me evitar, nem pareço que sou sua noiva! Talvez seja porque sou uma vergonha para sua maldita raça, mas claro que o mesmo não aconteceria se fosse com Elinor, não é mesmo?! – o ciúme a controlava e ela já não ligava para conseqüências naquele momento – Se fosse ela a ser atacada com certeza estaria cuidando dela e a mesma estaria deitada na sua cama! – exclamou.

Lágrimas escorriam por seu rosto, mas pouco se importou. Resolvera jogar seu orgulho fora e deixar o que estivesse entalado na garganta sair. Thranduil a olhou confuso por um segundo, atingido pelas palavras dela, o que eram ridículas. Ela não precisava se comparar a Elinor. Mas foi nesse soltar de verbo que o rei percebeu que o motivo dela ter saído repentinamente do reino tinha haver com a maldita elfa. E suas safiras cristalinas se tornaram ainda mais claras com a raiva que lhe tomou.

Tauriel estava aflita com a situação, mas gostou do confronto de Nye. Estava na hora de alguém questionar essa aproximação entre eles e colocar aquela elfa em seu devido lugar. Quanto a Malyr e Giel, ambos se viam divididos. Mas o amigo do rei queria alguma reação além daquela frieza que eles mostrava agora.

Thranduil não disse nada, apenas a encarava como se ela tivesse enlouquecido.

- Não se compare a Elinor – falou ele, bem próximo a ela e logo recuou – Tauriel... Acompanhe Nye até a ala de cura e a ajude a cuidar desse ferimento! – ordenou.

- Sim, senhor – diz a chefe da guarda, que gentilmente puxa Nye e mantém seu braço passado pelos ombros dela.

A contra gosto, Nye se deixa ser levada. Mas antes de sair dá uma ultima olhada no rei.

Malyr pensou em segui-las, também se encontrava visivelmente preocupada com a menina. Ela se sentia um pouco culpada, afinal, também era responsável por ela e nem ao menos percebeu que talvez os nervos dela estivessem à flor da pele por causa do casamento e havia se esquecido da cobra da Elinor. Sua cabeça apenas pensava em ensiná-la a domar seus poderes para que não houvesse mais danos.

Então optou por deixá-la ir com Tauriel. Ela não precisava de mais alguém lhe repreendendo.

Thranduil andava diante do trono, abalado, perturbado e em um conflito interno que preocupou até mesmo Giel. Sozinhos – em partes, já que Malyr estava ali -, ele agora poderia expor o que pensava a respeito desta fuga dela. Seu olhar se tornou severo e o fitava com extremo desgosto.

- Não devia ter feito isso – aconselhou e Thranduil o olhou feio.

- Ela errou. Não devia ter saído assim e ter deixado todos preocupados! – alegou, completamente irritado.

- Todos ou só você? Não sou eu que estou andando perdido por aí e mergulhados em pensamentos – Giel rebateu – Ela é sua noiva, Thranduil e não sua filha! Ela não precisa de alguém que a repreende e sim alguém que fique do lado dela. Agora, por que raios ela saiu do reino? – indagou e fitou Malyr.

- Não é preciso tocá-la para saber o que sente ou o que pensa. Ela mesma deu a resposta ao tocar no nome de Elinor – a ruiva disse calmamente e então fitou o rei.

- Elinor está se tornando uma dor de cabeça terrível – o rei suspirou – Mesmo eu tendo dito a ela que outra afronta ela pagaria... – rangeu os dentes.

O andar de um lado a outro do rei já estava irritando Malyr, odiava pessoas inquietas, apesar do rei não ser uma. Mas naquele momento ele estava mais agitado do que o normal. E querendo saber o motivo de tanta inquietação à elfa de cabelos escarlates agiu e antes mesmo que o rei percebesse, seu pulso estava sendo segurado por ela.

Seus olhos se arregalaram ao virar-se e encontrar-se com ela, logo aquela dor pelo corpo se apoderou dele. Uma corrente fria desceu da cabeça aos pés e sentiu o coração falhar uma batida. Sentia que iria desmaiar. Malyr sorriu de canto ao entender parte dos sentimentos dele. O rei era complexo por natureza e entende-lo mais ainda, tanto que nem mesmo o poder de Malyr era páreo para decifrá-lo totalmente. No entanto, ela ainda conseguia ler o mais importante.

Um sorriso pequeno formou-se nos lábios rosados dela e Thranduil se enfureceu pela ousadia da elfa. A mesma sempre fora assim com ele, achava que podia tocá-lo para ver o que bem entendia de si.

- Está tão confuso consigo mesmo que nem percebeu que essa inquietação toda se deve ao fato de que se preocupa com ela. Teve medo, Thranduil. Teve medo dela se machucar seriamente, não foi? – questionou, ao soltá-lo e deixar que o rei recuasse e ficasse próximo de seu trono.

- Não devia ter feito isso! – trincou os dentes, enquanto segurava apertava o pulso.

- Não importa, sempre o farei se achar necessário – alegou e riu, mas depois voltou ao seu semblante normal – Está assustado e preocupado com ela, mas prefere assumir essa máscara de frieza do que ir atrás dela e ficar ao lado da mesma. Giel tem razão, ela é sua noiva e daqui alguns dias sua esposa. Concordo que o que ela fez foi errado, mas ainda sim devia estar do lado dela – disse.

Giel riu de canto e isso não agradou o rei.

- Tenho que concordar com ela, Thranduil – Giel se pronunciou, parando ao lado da bela elfa ruiva – Por que não faz o seguinte: deixe que ela se acalme e então vá falar com ela – piscou e depois virou-se para Malyr – Devia “ler” Thranduil mais vezes, será mais fácil lidar com ele sabendo de tudo o que ele sente e pensa – sorriu, depositando um beijo casto nas costas da mão dela.

Thranduil rolou os olhos.

E logo depois foi deixado sozinho pelos dois.

 

*

*

*

 

Ela não comera nada no jantar, não sentia fome. Depois de sair da sala de cura, ela foi para seu quarto e lá ficou até que Eirien chegasse junto de Tauriel para lhe ajudarem no banho. O braço estava dolorido e o melhor era não mexê-lo muito ao menos por enquanto, talvez na manhã seguinte se sentiria melhor para move-lo. Se encontrava agora na banheira, com os braços apoiados na borda da mesma enquanto Eirien lava suas costas. Uma faixa com uma gaze se encontrava cobrindo o ferimento. Sua expressão ainda era fechada. E Tauriel andava de um lado a outra citando o que havia feito de errado, mas que havia gostado da forma como confrontou o rei.

- Eu devia ter imaginado que aquela cobra apareceria e soltaria seu veneno! Se eu tivesse sido mais rápida e ido atrás de você logo em seguida quando saiu, teríamos evitado esse ferimento! – alegou, andando de forma nervosa no banheiro, enquanto Nye suspirava alto.

Não queria mais bronca, queria apenas deitar em sua cama e chorar. De raiva, de tristeza. De qualquer coisa que fosse, mas queria chorar, ainda sentia aquela vontade lhe dominar no fundo.

- Agora está machucada e provavelmente também serei repreendida pelo rei por não ter tomado conta de você – inspirou fortemente, já imaginando o que o rei falaria.

- Não foi sua culpa, Tauriel. Sai por vontade própria! – defendeu-se.

- Mas sabia que era errado e mesmo assim o fez – agora era a vez de Eirien lhe repreender – Porém, não se deixe abalar pelas palavras do rei.

Era meio difícil. A frase dele dizendo para não se comparar a Elinor era uma clara visão de que a conselheira era melhor e ela não possuía valor algum. Aquilo doía mais do que o olhar frio e indiferente do rei. O banho logo terminou e ela saiu da banheira, enrolou-se na toalha e sentou na cadeira que havia no canto do banheiro. Com outra toalha Eirien secou as pontas dos cabelos e foi ali secando-os que a sua serva pessoa viu algo de diferente no cabelo castanho.

- Nye, seu cabelo! – exclamou e ela se assustou.

- O que tem ele? – indagou e Tauriel se aproximou também.

- Tem uma mexa branca por baixo de seu cabelo – avisou e o separou do resto dos fios acastanhados – Já possuía essa mexa?

- Não. – Respondeu confusa – Será que tem algo haver com meu poder?

- Talvez. Irei conversar com Malyr a respeito, ela deve saber – Tauriel disse.

Em seguida, após se secar, Nye vestiu sua camisola. Ele possuía alcinhas finas e era todo de seda, longe e na cor branca. Vestiu o robe por cima que possuía mangas cumpridas e era fino. Retornou para o quarto e sentou-se na cama, ainda pensativa. Segundos depois batidas foram dadas em sua porta e seu coração se agitou, cogitando a ideia de que poderia ser Thranduil. Mesmo que estivesse irritada com ele, ainda havia um resquício de ansiedade em vê-lo em seu quarto. Talvez querendo saber como está.

Porem, sentiu sua ansiedade ser morta ao ver Lorde Giel em sua porta. Um sorriso amistoso emoldurava os lábios do elfo, que sempre trajava roupas negras com detalhes prateados. Deixando o cabelo louro platinado como destaque, além de seus olhos.

- Perdão por aparecer assim, minha rainha. Mas queria saber como está – falou, ao adentrar o quarto e ficar próxima a cama onde ela ainda se encontrava.

- Não tem problema, Lorde Giel – disse – E estou bem.

- Ótimo – sorriu – Será podemos conversar? A sós? – fitou as outras duas.

Nye ficou incerta se devia aceitar, mas não viu mal em fazê-lo. Giel não era uma pessoa ruim, ou melhor, não era um elfo ruim.  Então não haveria problemas.

- Claro.

Deu uma rápida olhada para Eirien e Tauriel, elas entenderam o recado e saíram após uma breve reverencia. Após ter a porta fechada, Giel tornou a falar.

- Queria ter alguma desculpa para dar pelo comportamento de Thranduil, mas acho que já está cansada de saber do temperamento difícil dele – comentou e ela assentiu timidamente – Porém, estou curioso para saber o motivo de sua saída do reino. Por que saiu? Pretendia fugir?

O real motivo não importava a ele. Após jantar, ele fora falar com Legolas sobre o ocorrido, pois chegou ao seu ouvido que ele ficará com a princesa a manhã toda e almoçou junto dela. O que era uma boa coisa, ele estava tentando se aproximar dela e ganhar a feião do príncipe seria um bom sinal. Uma convivência pacifica era necessária.

E Legolas havia lhe falado que Elinor havia provocado Nye a respeito de seus afazeres com o rei naquela tarde. O que causou descontentamento nele. Ele era o líder do conselho e devia não só cuidar do rei e ajudá-lo com o reino, como também cuidar de cada membro do conselho dele.

Mas sabendo disso, ele tinha apenas uma coisa em mente. Testar Thranduil. Até onde ele se preocupava com aquela menina? O que sentia de verdade? Notara ele bastante aéreo e pensativo demais esses dias e tinha certeza que era por causa de Nye.

- Não pretendia fugir, não irei dar pra trás com minha palavra de casar com Thranduil – disse firme – Mas... – suspirou – Não foi nada demais, não quero preocupá-lo com bobagens – falou.

- Não são bobagens. Se algo lhe aborrece deve ser reportado, principalmente ao rei – avaliou.

- Ele não se preocuparia. Nem se eu chegasse aqui com varias flechas nas costas – bufou.

- Meu amigo sempre foi de esconder o que sente. Mas o culpe por isso. Ele sofreu muito com a morte de Oropher e da esposa – disse e Nye o encarou – Então aprendeu da pior forma que o melhor é esconder o que sente. Quando o pai morreu ele ainda era um elfo jovem, não teve tempo para lamentar sua morte, pois o reino precisava dele! Uma guerra havia chegado até aqui e o reino ficou debilitado. Não havia tempo para luto – explicou.

- Isso é triste – disse com pesar – E a esposa dele?

- Ela morreu em uma batalha. Poucos meses após Oropher falecer, Legolas era bem pequeno – contou.

- É compreensível ele ser assim – respondeu.

- Mas não quer dizer que ele precise agir daquela maneira – alegou.

Nye ia abrir a boca para falar algo, quando outra batida na porta de seu quarto se fez presente e Giel escondeu um sorriso. Aguardava pela chegada de seu amigo, apesar de que corria o risco dele não vir ver sua futura rainha. Nye foi até a porta e a abriu, fazendo o lorde se alegrar ao ver o rei parado ali. Sua feição não estava muito diferente do habitual, carregava o semblante sempre sério e analisador. Encarou Nye por alguns segundos, mas foi somente erguer o olhar e avistar Giel ali dentro que sua expressão se endureceu mais.

Thranduil adentrou o quarto, passando por Nye e fitando o amigo com desconfiança. Apesar de saber que não havia motivos para tal.

- Parece que tivemos a mesma ideia – disse de forma provocante.

- O que faz aqui? – Giel segurou o riso, ao ver o olhar dele ficar ainda mais sério.

- O mesmo que você. Ver Nye, nada mais – deu de ombros.

Nye observava os dois se encararem. Não entendo a repentina mudança no clima ali no quarto. Eles eram amigos, então por que estavam agindo daquela maneira?

- É meu dever zelar pela família real e como Nye se casará com você em breve. Devo cuidar dela também – argumentou, puxando a elfa para perto de si e ela corou.

- Sim, é verdade. Mas talvez esteja dando atenção demais ao que não deve – rebateu e Giel estava quase tendo sua confirmação para o que queria – Além do mais, sou eu o marido dela, então é meu dever como rei cuidar da segurança dela – emendou.

- Não me parecia que estava interessado na segurança dela horas atrás.

- O que acha que vim fazer aqui? – indagou, irritado.

Giel sorriu, para confusão e frustração de Thranduil. Puxou Nye para perto de si, mas manteve seu olhar no do amigo.

- A deixarei com seu rei. Espero que melhore – disse – Afinal, não podemos deixar que algo parecido ocorra com esta bela elfa, não é Thranduil? – o encarou.

E bem ali estava a confirmação que Giel queria. O ciúme. Algo tão fútil na visão dele e tão comum para os humanos, mas até mesmo os elfos sentem aquilo. Porém, de uma forma mais intensa e dolorosa. Era como se arrancassem um pedaço deles. Tal qual a forma de amar dos elfos. Era algo para a vida toda.

Nye fitou Giel e depois Thranduil, ainda mais confusa do que quando aqueles dois começaram aquele dialogo estranho. E logo em seguida sentiu mãos fortes em torno de seu braço bom e se viu sendo abraçada por Thranduil. Causando uma forte ardência na área das bochechas e um sorriso ardiloso em Giel.

- Tenham uma boa noite – disse ele somente, antes de sair do quarto.

Nye o encarou, corou ainda mais ao vê-lo lhe devolver o olhar. Mas não desviou. Uma conexão havia sido estabelecida ali e vê-lo agora era como se estivesse vendo-o pela primeira vez. Ao entrar naquele salão do trono ela sentiu a euforia que lhe dominou nesses dias ao querer vê-lo durantes as refeições, mas tudo sumiu quando ele fez aquela cara de desgosto e lhe deu bronca.

Vendo que ainda a segurava ele a soltou e se afastou, andou pelo quarto se aproximando da porta de sua varanda. A mesma estava fechada e as cortinas lhe cobriam.

- O ferimento é profundo? – indagou, de costas a ela.

Seu coração batia acelerado e ela teve que levar a mão ao peito para se acalmar. Ela não conseguia ficar calma quando ele estava diante dela. Era sempre uma euforia incontrolável.

- Não. Não foi tão profundo e disseram que ficará bem logo, mas talvez não até o casamento – respondeu e ele se virou, causando outro batimento frenético de seu coração.

Não queria sentir aquilo, não quando ainda estava com raiva dele. Mas aquilo pareceu sumir com a presença dele. E agora mais calma, ela percebia que havia feito errado, mas não mudava o fato de que Elinor era sua protegida. E aquilo a feria.

- Por que veio? – quis saber.

- Por varias razões – disse, aquilo não era a resposta que ela queria.

- E quais razões?

- O que pretendia saindo do reino? Fugir não é a resposta, está agindo como a maioria dos homens agem quando as coisas se complicam. Elfos não fazem isso e sabe disto! – alegou.

- Eu já entendi! Já percebi que o que fiz foi errado, mas eu não teria feito isso se... – se calou de repente, ao ver o que falaria. Não queria dar uma de ciumenta e prolongar outra bronca que talvez estava a caminho.

Thranduil a olhou, analisando sua expressão. Andou novamente pelo quarto e continuou:

- Elinor está neste conselho há muito tempo, tanto quanto Giel. Mas seu cargo não é algo estável, um passo em falso e a mesma pode perder isto – comentou e Nye o encarou – Já deu para perceber que entendeu errado a minha frase. Quando falei para não se comparar a Elinor, eu quis dizer para não descer ao nível dela – disse – Eu mais do que ninguém sei como ela pode ser inconveniente. Mas não devia se preocupar, pois ela jamais ocupará meu lado ao trono e ela não me terá. Ao contrario de você – emendou.

Nye quase desmaiou pela batida forte que seu coração deu dentro do peito, fitou qualquer parte do quarto tentando desviar daqueles olhos gélidos, mas que ela adorava tanto mergulhar.

- Como se ela fosse aceitar que eu me case com você.

- Ela não tem que aceitar. Sou o rei e quem decide isso sou eu! – afirmou. Um breve silencio se seguiu entre eles, antes do rei quebrá-la novamente – Agora, responda minha pergunta: por que saiu do reino? Não foi só por causa de Elinor, não é?

Ela suspirou.

- Não importa. – Disse, não querendo dizer que fora também por causa dele.

Se dissesse acabariam brigando e prolongando aquela conversa e ela já não estava a fim de brigar. Thranduil não gostou dela omitir o real motivo de sua “fuga”, mas deixou quieto.

- Se está querendo tanto sair do reino, creio que amanhã será um dia interessante para você – a atenção dela estava voltada para ele e assim continuou – Amanhã irei visitar um reino anão e quero que vá comigo. Erebor é conhecida por suas pedras preciosas e além de ter uma conversa diplomática com o rei da montanha, quero que escolha um presente para você – falou.

- Um presente?

Ele assentiu.

- Passaremos a manhã toda lá ou parte da tarde. Terá tempo de sobra para aproveitar o lado de fora – contou e Nye sorriu, animada com a ideia – Melhor ir dormir para acordar disposta amanhã, pois sairemos cedo – disse e passou por ela, mas parou próximo a porta – E Nye... Quero que não se esqueça do que lhe pedi em Rivendell – a olhou de canto – Quero que confie em mim. E nada mais!

Logo depois saiu. Deixando Nye eufórica com a visita ao reino anão e suspirando pela forma como Thranduil conseguia deixá-la com raiva e caindo de amores por si com somente alguns minutos. 

 

 

 

 


Notas Finais


Bom, vamos ao motivo de meu atraso. Infelizmente meu PC deu pau de novo! Só que agora a coisa é mais séria, pois não tem concerto. Meu notebook é bem velinho (comprei ele em 2009) e o técnico disse que não adianta arrumar ele, pois vai arrumar uma peça e estragar outra. Então o jeito mesmo é comprar outro e infelizmente no momento não tenho grana para um PC novo, pois tá tudo caro (eu já dei uma pesquisada). Então com o pc ruim, do tipo que ele só funciona quando quer ¬¬, os capítulos da fic podem demorar, mas ELES SAEM! Mesmo que demore o capitulo sai! ^^
Agora sobre o capitulo! Como viram as coisas se agitaram um pouco. Legolas tentou uma aproximação com Nye, ele ainda está meio com o pé atrás com ela, mas ao menos ele já deu uma chance e veremos outras tentativas dele se aproximar e Eirien será nossa ajuda nessa aproximação. Elinor aprontou de novo, apesar de que talvez a provocação dela não seja lá tão forte, mas juntando com o fato de que Thranduil tem evitado Nye nesses dias, a cabecinha da nossa elfa ficou pensando besteira.
E por conta disso ela saiu do reino feito louca. Lembrando que esses escapes dela acontecerá com freqüência também, Nye não é do tipo que sabe lidar com as emoções, já que ela sempre as reprimiu e agora que pode libertá-las ela não sabe o que fazer. Por isso precisa de ar fresco! E com isso ela acabou indo onde não devia e se feriu. Eu quase pensei em por uma reconciliação ali, mas achei que fosse muito rápida então deixei uma cena de romance para o próximo capitulo!
No mais, espero que tenham gostado. Ah, deixarei aqui o link da minha pagina no face, quem quiser ver as fotos dos personagens é só clicar lá! ;)
Bjos e até o próximo!
Link da minha pagina no face: https://www.facebook.com/chaoticqueendestiny/?ref=bookmarks


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