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História Freeze You Out - 13. O Reino de Erebor!


Escrita por: PandoraCipriano

Notas do Autor


Olá leitoras! Aqui está mais um capitulo, nem acreditei que consegui postar tão rápido assim e escrever tanto, bati meu recorde... Este acho que será o maior capitulo da fic, 12.116 palavras! Novamente eu tinha muita coisa para colocar e estava ansiosa para postar este capitulo! Espero que gostem e peço perdão por qualquer erro, não cheguei a corrigi-lo. Farei isso depois! Boa leitura!

Capítulo 13 - 13. O Reino de Erebor!


Fanfic / Fanfiction Freeze You Out - 13. O Reino de Erebor!

A entrada do palácio já se encontrava agitada pela manhã, Nye mal teve tempo para tomar seu café calmamente, pois Thranduil exigiu sua presença e ela se arrumou as pressas. Enquanto comia, Eirien a ajudava a se vestir e assim seu dia começou. As fortes rajadas do sol iluminavam o lado de fora, mas por causa das densas árvores o mesmo não chegava ao reino, mas ela sabia que fora daquela imensidão parcialmente escura, havia uma claridade esperando por ela.

No hall do palácio, encontrou o rei a conversar com Lorde Giel. Alguns guardas foram designados a acompanhá-los, chegou ao local tendo sua serva ainda atrás de si e penteando os cabelos que agora estava iguais as dos outros elfos. Thranduil não queria que os anões comentassem a respeito de Nye, caso viessem a saber que ela não fora criada com costumes élficos e sim humanos. Anões sabiam ser fofoqueiros e usar palavras maldosas e tudo que o rei menos precisava era de uma palavra mal intencionada para piorar sua relação com o rei da montanha.

O alce de Thranduil estava a postos, esperando somente pelos últimos detalhes e por ela. Como sempre, o animal se encaminhou até a mesma ao vê-la chegar e com um sorriso ela o acariciou. O gesto fora observado pelo rei que por alguns minutos ficou a observando, ela estava realmente estonteante trajando aquele vestido e seu cabelo jogado para trás, mas ainda mantendo as ondulações nas pontas a deixou majestosa.

Nye usava um vestido de cor branca e com bordados ao longo do mesmo, as mangas era somente de renda deixando o braço levemente exposto, o vestido modelava seu corpo deixando agora suas curvas discretas mais a vista. Seu colo estava mais exposto e nele havia um simples colar de perolas tão delicado quanto ela, seu cabelo penteado para trás possuía uma pequena tiara prateada deixando-a ainda mais bela. Lorde Giel observou o amigo fitando a princesa e futura rainha e não se conteve, acabou soltando um pequeno riso.

- Sorte a sua que está de boca fechada, senão era capaz de babar – comentou e o rei o olhou sério – Não me olhe assim, era você quem estava olhando-a com essa cara de besta. Mas tenho que concordar que ela está bela, tome cuidado para que nenhum anão a roube de você – riu.

- Talvez tenha que me preocupar com algum elfo enxerido – disse sugestivo e outro sorriso emoldurou os lábios do lorde.

- Já disse, me intrometo em sua vida, pois é meu dever! Além do mais, eu prefiro as ruivas – piscou e se afastou dele, indo até Nye, apenas para provocar o amigo.

O rei o observou se aproximar da mesma e sorridente beijou a costas de sua mão, Eirien ainda terminava de arrumar seus cabelos castanhos, mas ele notou algo de diferente. Em meio à cascata ondulante havia uma mexa clara e ele estreitou os olhos para aquilo. Não havia percebido noite passada e se questionou quando apareceu e se Nye contaria para ele. Deu mais algumas ordens aos guardas antes de se encaminhar até sua noiva.

Ele parou próximo a ela, ainda a contemplando. Agora ela parecia mais do que nunca uma elfa nata, até seus gestos ficaram delicados e por um breve momento se perdeu novamente naquela visão. Nye percebeu que o rei a fitava de forma intensa, apesar de ter corado com aquilo, desviou o olhar para suas mãos, unidas na frente do corpo. A elfa olhou para os lados em seguida, notando ainda a movimentação dos guardas. E foi ali observando aquele andar de um lado a outro, que ela se questionou quem os acompanhariam até Erebor.

- Irá conosco, Lorde Giel? – perguntou, não querendo dar bandeira de que sua intenção era saber se Elinor os acompanharia.

Thranduil não gostou do súbito interesse na presença de Giel nessa reunião com os anões, seu maxilar trincou um pouco, mas ele se conteve. Estranhando de repente seu comportamento repentino. Giel deu outro daqueles sorrisos e levou as mãos para trás do corpo.

- Não minha querida, eu não irei. Outro membro do conselho irá acompanhá-los – falou e o coração de Nye se apertou – Está vendo aquele elfo ali? Ele irá com vocês e auxiliará Thranduil em meu lugar nessa visita, tenho assuntos importantes a tratar e não poderei ir – emendou.

Nye respirou mais aliviada ao ver o elfo em questão, já montado em seu cavalo e aguardando somente pelo rei. Ele possuía cabelos castanhos, e usava vestes de aparência pesada e era bem sério. Só de saber que não terá Elinor para lhe atormentar nesse momento tão bom, se sentia melhor. Ela ia sair e conheceria outro reino, não queria ter que se preocupar com coisas que poderiam feri-la e nem ver Thranduil próximo demais a ela.

- Uma pena – lamentou, realmente sentia por Lorde Giel não poder acompanhá-los.

- Não lamente – Thranduil enfim se pronunciou, não gostando daquilo e Nye estranhou sua súbita mudança. Percebendo que falara alto ele tentou mudar de assunto – Tauriel irá conosco também, ficará com você enquanto converso com o rei sob a Montanha!

Nem dois segundos o rei havia dito aquilo e a chefe da guarda havia aparecido, parou em postura ereta e pronta para sair.

- Falando nela – Giel comentou, sorrindo.

- Ótimo, já estamos prontos para sair – Thranduil falou e em seguida estendeu a mão para Nye, que novamente sem jeito a pegou e ele a ajudou a subir no alce, em seguida foi a vez dele subir. Segurou as rédeas e antes de sair do palácio encarou Giel – Não se esqueça de cuidar daquele assunto! – avisou severo.

- Cuidarei. Não se preocupe – assentiu – E lembre-se você de manter-se quieto perante os costumes dos anões. Não quero ter que interferir em alguma burrada sua – rebateu.

Thranduil assentiu, não concordando muito. Anões não era o tipo de raça que ele gostava de se relacionar e eles sabiam ser bastante barulhentos para seus ouvidos élficos, que eram acostumados ao silencio e um barulho suave. Logo depois ele agitou as rédeas e saíram do palácio, tendo os guardas e Tauriel os seguindo a pé e o membro do conselho a cavalo.  

 

***

 

Em dez minutos deixaram a floresta densa para trás, seguiam por uma trilha de pedras e terra enquanto que um bosque florido e refrescante os cercava e acompanhava parte daquela trilha. Havia cachoeiras naquela parte e era possível ouvir seu barulho de longe, Nye se concentrou nele e por um momento se imaginou fazendo piquenique próximo a margem do mesmo. Um sonho talvez impossível, pois sabia que após retornar para aquela muralha que era a floresta de Thranduil, não veria o sol novamente tão cedo.

Aos poucos a trilha foi mudando, apesar de continuar sendo de terra e pequenas pedrinhas. Ao seu redor o cenário foi ficando cada vez mais aberto e poucas árvores a vista, mas um campo com grama bem verde se estendia como um tapete para eles. Thranduil guiava o alce calmamente, andando em um ritmo não muito rápido – para que os guardas os alcançassem – e nem muito lento, pois ele queria chegar logo e retornar logo. Sentada a sua frente, Nye lutava com suas emoções novamente. Sempre ficava desnorteada quando ficava tão perto assim do rei, novamente estava sentindo o tronco dele em suas costas e seus braços a rodeavam como se fossem sua maior proteção.

Suas mãos grandes seguravam as rédeas do alce, elas estavam tão perto que ela subitamente sentiu vontade de tocá-las. Incrivelmente o rei possuía mãos quentes e calorosas, por alguns poucos momentos ela sentiu seus toques enquanto esteve em Rivendell. Mas depois disso jamais os sentiu novamente. Não o sentia tão perto assim já fazem alguns dias. Mesmo durante a viajem para Mirkwood ele se manteve longe, apesar daquela trágica cena que fizera na tenda dele. Ainda sentia-se envergonhada pelo que pensou dele.

Mas não podia evitar.

- Está quieta – comentou Thranduil, baixo o suficiente para somente ela escutar. Notou-a calada demais e pensativa, ela não era daquele jeito, mesmo com pouco tempo de convivência conhecia seus gestos e modo de agir – Não há nada que queria perguntar? – disse.

Nye não respondeu, apenas encolheu e mordeu o lábio inferior.

- Como é Erebor? – indagou, não querendo ter que justificar seus pensamentos conflitantes.

- Um reino cheio de riquezas, devo confessar. Porém, seu governante é tão orgulhoso de sua riqueza que se esquece que tudo isso pode atrair pessoas erradas – alegou – Há uma jóia naquela montanha, tirada do fundo dela. Uma jóia diferente de todas as outras que já se tenha visto, a mesma é o maior orgulho do rei da montanha, mas será sua ruína se não tomar cuidado – completou.

- O que tem nessa jóia?

- Uma maldição. E a mesma vem sendo ignorada, não importa o que eu faça ou fale, ele não me ouve – disse, trincando o maxilar.

Nye pensou por um momento se Thranduil não estava a fim de obter aquela jóia tão poderosa e rara, mas pouco sabia de Erebor ou de suas pedras preciosas. Se bem que, coisas amaldiçoadas não eram raras em Arda, ela vira pessoas morrerem por tocarem no proibido e viu pessoas mudarem. O rei Illis foi um deles, depois que trouxe um anel dourado para o reino e passou a usá-lo com freqüência, o mesmo mudou e passou a fazer a vida de todos um inferno. 

- E como é essa jóia?

- Você a vera quando entrarmos no salão do trono do rei anão, fica acima do trono de mármore cinza dele. Ela brilha mais do que ouro ou diamante, tome cuidado ao tocar no nome da pedra, pode despertar interesse do rei em contar sobre como ele a encontrou ou pode despertar a fúria dele achando que você quer roubá-la – avisou – Sugiro que tome cuidado.

- A pedra tem um nome? – ergueu uma sobrancelha.

- Arkenstone – Thranduil pronunciou.

O nome pareceu poderoso, algo semelhante a um Deus. Nye até ergueu as sobrancelhas impressionava somente pelo nome da mesma, imaginou-se como ficaria ao vê-la pessoalmente. E sua curiosidade foi atiçada.

Seguiram caminho agora em silencio, a trilha se estendeu mais e logo contemplaram um amplo espaço, ainda coberto pelo chão de gramas. Havia uma cidade logo a frente, com casas de pedras bonitas e alguns enfeites era possível serem vistas. Um pouco afastado da mesma, havia uma montanha enorme e pontuda, parecendo que quase podia tocar os céus, sua entrada era marcada por dois homens grandes e feitos de pedra, segurando machados poderosos e capazes de cortar a cabeça de qualquer inimigo.

Entre essas duas estatuas, havia uma grande parede de pedra resistente e com frestas. Duas cachoeiras caiam logo após as estatuas, árvores também enfeitavam ao redor, apesar do gramado estar mais gasto e de aparência seca próxima a entrada do reino.

- Aquela é Erebor?! – se animou ao vê-la – E aquela cidade? São dos anões também?

- A cidade se chama Dale, é uma cidade de homens que vive do comercio e tem uma aliança com os anões. Eles praticamente dependem de Erebor pra sobreviver, os anões partilham de suas jóias com ele e Dale divide os lucros com os anões. Um depende do outro, por assim dizer – explicou – Dale não é muito grande e por isso precisa de outros para sobreviver – emendou.

Nye assentiu, prestando atenção em tudo que ele dizia. Mas ainda estava maravilhada com a paisagem da pequena cidade e o reino anão. Pena que Mirkwood ficava tão escondida pela floresta, se o reino fosse mais arejado e aberto como era Erebor, talvez ela não ficasse tão entediada.

Logo se aproximaram de uma ponte, ela era larga e cabiam duas carroças confortavelmente. Havia algumas pessoas ali, carregando cestas presas as costas e contendo trigo e outros alimentos plantados. Um homem de cabelos grisalhos, e de porte forte se aproximou. Ele ajudava os outros a encherem as cestas feitas de palha.

- Meu senhor Thranduil, o que o trás aqui? – indagou, mas mostrou respeito ao se curvar brevemente perante o rei elfo.

- Vejo as terras deram resultado – comentou Thranduil, mas não parecia muito interessado no assunto – Vim apenas visitar o rei sob a montanha – respondeu.

- Entendo – falou ele e novamente fez outra mesura de respeito – Deem espaço! O rei elfo está passando! – exclamou, fazendo assim as poucas pessoas que se encontravam ali se afastarem e permitirem que Thranduil e seus guardas passassem.

Abaixo da ponte havia um córrego, formado pelas cachoeiras. Logo estavam seguindo novamente uma trilha de terra e mais perto de Erebor.

- Quem era ele?

- Girion. Senhor de Dale – disse – É ele quem comanda a cidade e mantém contato direto com o rei anão.

- Hmm – murmurou – Ele me pareceu uma boa pessoa – comentou baixinho.

- Um homem de valor, de fato – concordou com ela, para sua surpresa.

Thranduil sempre demonstrou desprezo pelas outras raças e vê-lo elogiando alguém assim era de se espantar.

A entrada de Erebor ficou logo escancarada em suas caras, Nye ficou ainda mais encantada com o mesmo. Era enorme, imponente e demonstrava ser bem resistente. A entrada era um arco, enorme e majestoso, talvez até mesmo um gigante passaria por ali confortavelmente. Thranduil moveu as rédeas, fazendo o alce parar, na entrada alguém os aguardava assim como os inúmeros guardas na parte de cima das varias sacadas na entrada do reino. O anão em questão parecia ter certa idade, apesar dos cabelos serem escuros, mas sua feição demonstrava o contrario. Formou um sorriso amigável nos lábios, como se desse as boas-vindas.

O rei desceu do alce e depois ajudou Nye a descer. O conselheiro que os acompanhava, ficou parado atrás do rei e Tauriel ao lado do casal. Os guardas ficariam do lado de fora, tomando conta do alce e esperando até a hora do rei retornar a Mirkwood.

- Fizeram uma boa viajem, pelo que vejo – comentou dando alguns passos na direção deles – Mas trouxe bastante proteção – avaliou os quinze guardas que estavam mais afastados, todos com armaduras reluzentes e armados.

Thranduil deu uma rápida olhada para seus guardas e retornou seu olhar ao anão, um sorriso minúsculo brincava nos lábios do rei elfo.

- Proteção nunca é demais – alegou – Nunca se sabe o que se espreita logo a frente. O perigo pode estar mais perto do que se imagina – emendou.

O anão riu, mas Nye não soube dizer se era um riso sarcástico, se ele estava segurando uma resposta mal dada, já que a frase de Thranduil deixou algo subentendido nas entre linhas.

- De fato, nunca se sabe – comentou e depois seus olhos caíram em cima dela – Trouxa uma elfa com você desta vez – sorriu.

O rei assentiu e fez ele mesmo as apresentações.

- Este é Balin, braço direito do rei sob a montanha – falou e Nye o cumprimentou graciosamente – Esta é Nye – disse somente, achando que não precisava de mais explicações.

Somente por ela estar ao lado dele, de ter montado no mesmo alce que ele já era explicação suficiente para saber quem Nye era. E Balin era um anão esperto e que dispensava longas explicações. Ele entenderia rápido.

- Uma elfa muito bonita, tenho que confessar – elogiou e Thranduil se mostrou... Orgulhoso? Nye o fitou confusa.

Entraram em seguida. Thranduil esticou sua mão para Nye, que a pegou e tremia um pouco devido ao nervosismo, mas tentou se controlar. Balin os guiou até o salão do trono, o lado de dentro era ainda mais gigantesco, majestoso e imponente que o lado de dentro. Nye não sabia para onde olhava, apenas observava aquele lugar sentindo vontade de desbravar Erebor como se fosse uma criança descobrindo um bosque.

O chão era todo reluzente, pilastras de mármore acinzentado sustentavam o teto da montanha. Corredores se estendiam para todas as direções, outro lugar que parecia um labirinto. Talvez somente as raças dos homens que faziam seus reinos de forma simples, tanto elfos quanto anões pareciam gostar de se perder dentro de seus próprios reinos e palácios. Chegaram então ao salão do trono, tão amplo quanto a entrada, tão imponente quanto a montanha onde ele foi criado.

Vigas se formavam em arcos do teto ao chão, estatuas de anões que talvez vieram a ser antigos reis do passado de Erebor estavam enfileirados. Seis de cada lado, no centro uma trilha de mármore alta onde abaixo havia mais caminhos que davam a outros corredores e quem sabe quartos, salas e lugares desconhecidos. O local não era muito iluminado, a claridade que vinha atravessava uma vidraça que se localizava atrás do trono, uma área pequena e redonda onde um imponente trono se encontrava. Feito de pedra escura.

Do topo do trono uma rocha saia e se unia ao teto e acima da cabeça do rei, como Thranduil havia falado, havia uma jóia pregada. Tão reluzente, brilhava mais do que um diamante e até mais do que as estrelas durante a noite. Em torno dela havia símbolos de anões que ela não compreendia. O rei da montanha estava sentado ali, trajando roupas pesadas e uma coroa que lembrava a ferro, mas banhada em ouro. Tudo que ele vestia e usava parecia pesar mais do que tudo.

Pararam a uma distancia considerada do trono, o rei anão parecia contente por vê-los. Mas ela se questionava se era apenas aparência, afinal, Lorde Giel parecia muito preocupado se aquela reunião seria um sucesso ou um fracasso total. E temia que algo desse errado.

Ao lado do rei anão, se encontravam dois anões distintos. Um parecia ser jovem, tinha cabelos negros e barba também de mesma cor e trajava vestimentas azuis. O outro era mais velho, barba castanha presas por enfeites estranhos ao ver de Nye, usava roupas avermelhadas. Talvez fossem filhos do rei. Dois guardas colocados na ponta e próximos ao trono.

O rei se levantou, caminhou orgulhosamente até Thranduil. Parando a uma distancia de quatro passos. Mas seus olhos caíram primeiro em cima de Nye, novamente sentiu-se estranha com aquele olhar e a mão de Thranduil que segurava a sua, se tornou mais apertada.

- Thranduil... – disse o nome dele, apesar de ainda avaliar Nye de cima abaixo – Vejo que não teve problemas para chegar. Fico contente por isso – alegou.

- Não há perigo na floresta, a conheço bem o suficiente para saber que posso andar por ela sem problemas – respondeu.

Nye olhava para os dois, parecia haver certo clima amigável ali, mas as palavras continham uma rivalidade escondida e ela novamente temeu. Talvez tivesse sido melhor Lorde Giel ter vindo junto e evitar que algo saia errado, ela não tem experiência nesse tipo de reunião e poderia piorar a situação ao invés de ajudar.

- Ouvi dizer que coisas estranhas andaram perambulando pela mesma. Estaria certo de sua afirmação? – comentou.

- Nada que eu não possa resolver – falou.

- Fiquei surpreso quando recebi sua carta, faz tempo desde a ultima vez em que esteve aqui e quase não tem saído de seu reino, mas olhando agora... – avaliou Nye novamente – Entendo o motivo de não querer sair – emendou – Uma elfa peculiar a que você trouxe – Nye engoliu em seco, mas forçou um sorriso gentil ao anão – Já conhecia Erebor antes, minha senhora? – indagou.

- Não, majestade – disse cordialmente.

- E o que achou dele? – quis saber.

- Possui um reino grandioso, majestade. Não é a toa que é o rei sob a montanha – elogiou e o rei anão riu.

- Gostei dela – virou-se para os outros anões parados ao lado do trono – Como se chama?

- Nye.

O rei a olhou esperando por mais e Nye ficou sem entender, não sabia que ao se apresentar a alguém devia dizer de quem era filha e por isso, Thranduil respondeu por ela ao ver a face do anão.

- Nye, filha de Freda e Nemaer – o rei elfo respondeu.

Pensou em dizer o nome somente da mãe dela, mas achou melhor e mais apropriado falar o do pai também.

- Nemaer?! O elfo do trovão?! – um dos anões que estava do lado do trono se pronunciou, deu alguns passos a frente encarando Nye perplexo – Eis um elfo elementar? – quis saber e o rei anão a encarou ainda mais surpreso.

- Nye é a princesa de Vallarin – Thranduil novamente respondeu, ao ver a confusão na feição de sua noiva aumentar.

- Não se vêem mais elfos elementares a mais de anos – Thráin, o filho do rei anão, Thror, alegou – O reino se desfez em reunias e magia negra causada pela Bruxa Negra – emendou.

Nye sentiu-se incomodada por tocar no assunto, não se lembrava do ocorrido por ser pequena, mas doía pensar em seus pais sofrendo assim como seu povo que perdeu ao longo dos anos.

- Sinto muito pelo que houve ao seu reino e a seus pais – Thror comentou – Conheci seus pais apenas uma vez, Erebor ainda era pequena e a montanha nem havia sido desbravada ainda – confidenciou.

- Agradeço a compaixão, meu rei – disse cordialmente.

Balin percebeu o clima pesado que ficou ali após tocarem no assunto da queda do reino de Vallarin, então ele mesmo decidiu mudar de assunto e ir logo ao que interessa.

- Realmente a queda de Vallarin foi algo terrível, mas creio que há coisas mais importantes a serem tratadas do que relembrar dores do passado, não acha, majestade? – Balin fitou o rei – Creio que o rei Thranduil não veio aqui para perder tempo – o fitou.

Thror assentiu.

- Na carta que mandou, disse que queria escolher uma jóia e estou certo que é para ela – Balin continuou.

- Sim. Quero dar a ela apenas um presente, mas quero que ela mesma escolha – o rei elfo alegou – Se estiverem de acordo – disse.

Thror concordou novamente. Virou-se para o trono e moveu a mão, chamando o outro anão.

- Thorin, acompanhe a elfa até o salão de jóias e mostre tudo o que ela quiser. Estarei em reunião com o rei Thranduil, depois mostre o reino a ela – ordenou.

- Como quiser, meu avô – disse ele, sua voz grossa ecoando pelos salões – Me acompanhe, minha senhora – Thorin a chamou, mas ele a olhava de forma intensa e indiferente ao mesmo tempo.

Nye olhou para Thranduil, sem saber o que fazer. Não sabia se seria certo ficar sozinha, tinha medo de falar algo inadequado.

- Vá. Tauriel ficará com você, não se preocupe – afirmou – Nos veremos em alguns minutos – emendou.

Incerta, ela assentiu e deixou-se ser guiada pelo anão e logo estava indo pelo caminho oposto ao que Thranduil e Thror tomavam.

 

*

*

*

 

Giel não podia evitar a preocupação e ansiedade naquela reunião, se não tivesse que lidar com certos problemas ali em Mirkwood, acompanharia Thranduil de bom grado. Mas devido ao ocorrido do dia anterior, ele não podia evitar a situação e deixar que aquilo se prolongasse. Se encontrava agora em um cômodo grande, com uma mesa oval e varias cadeiras ao redor da mesma. Aquela mesa era a mesa do conselho, mas agora estava completamente vazia.

Giel – que era o líder do conselho – pediu aos demais para se retirarem enquanto usava a sala para lidar com a dor de cabeça do rei. Fora Thranduil quem ordenara que ele tomasse providencias a respeito da fuga da rainha, ele já estava a par de tudo também assim como o rei. Fora através de Legolas que ele descobriu tudo.

Havia estantes de madeira clara embutidas na parede com dezenas de livros, suas capas possuíam cores diversas e Giel se demorou ali aguardando a chegada de seu problema. E não demorou muito para a porta do recinto ser aberta, a porta era larga e pesada, possuía um emblema élfico no topo onde a mesma formava uma ponta. Por ela Elinor e Rosetta entraram, sendo que a segunda estava apreensiva demais e sua feição era preocupada.

- Lamento ter que fazê-la sair de seus afazeres, Rosetta – Giel comentou cordial, mas sua feição não demonstrava o mesmo.

- Sem problemas, meu lorde – disse – Disseram que queria falar conosco. Algum problema? – ela sabia o motivo de estar ali, sempre era por causa de sua irmã e o comportamento obsessivo em relação ao rei.

E depois daquela cena na cozinha, sabia que problemas chegariam. Fitou Elinor de canto e a mesma parecia não se importa com o que podia vir a acontecer.

- Problemas? – repetiu a palavra, segurou um riso e aquilo fez o coração de Rosetta se apertar – Sempre trabalhamos para o rei, cuidando dele seja ao lado dele ou cuidando de sua alimentação. Porém, alguns elfos parecem se esquecer por que estão aqui – comentou e fitou Elinor – Tem dado muita dor de cabeça para o rei, Elinor – ficou sério.

- Meu lorde, sempre ajudei o rei em tudo que estava ao meu alcance. Nunca deixei que ele ficasse atarefado com assuntos banais, até por que o conselho é quem cuida disso e o rei dos assuntos mais importantes e pesados – alegou – Sempre fiz meu trabalho corretamente – emendou.

Giel sorriu de lado.

- Sempre achei esse seu cinismo uma preocupação e sua aproximação do rei também. Tanto que ousa em perturbar a rainha com suas provocações somente para tentar ter um lugar que jamais será seu – alfinetou e Elinor trincou o maxilar, odiava pensar naquele trágico fato.

- Meu lorde...

- Quieta, Rosetta! – exclamou interrompendo a cozinheira, fazendo as duas se assustarem. Giel sempre fora uma pessoa calma e gentil, mas quando ficava nervoso nem mesmo Thranduil ousava enfrentá-lo, as duas abaixaram a cabeça – Tem testado a paciência do rei e a minha também, coloquei você para trabalhar com ele nos assuntos econômicos do reino porque sempre foi boa no que faz, mas acabou esquecendo a que lugar pertence nesse reino! E está prejudicando um casamento no qual eu espero que seja bom para o rei, estou cansado de vê-lo nessa amargura desde a morte da ex-esposa – rebateu.

- E acha que ela dará conta? – Elinor alfinetou de volta, Rosetta segurou o braço dela, tentando impedir que ela dissesse algo errado.

- Dará conta? O que acha que Nye é? Alguma humana de baixo escalão? – estreitou os olhos – Nye pode ter sido criada pela raça dos homens, mas ela possui o sangue da família de Vallarin. É gentil, agradável com todos e faz bem ao rei, coisa que você não é e nunca será!

Elinor fitou o chão, segurando a irritação que lhe crescia. Odiava qualquer uma que pudesse estar ao lado de Thranduil, pois ela tinha plena certeza de que aquele lugar era dela.

- Ela não serve para ser a rainha deste reino – disse se controlando, senão era capaz de falar um monte ao lorde e acabar piorando a situação.

- E por achar isso, resolveu apelar para suas provocações fúteis – comentou e ela engoliu em seco – Não adiante mentir, já estou ciente do que comentou perto de Nye a respeito de seu trabalho com o rei.

- Não fiz por mal – disse.

- Você sempre faz por mal. Pensa em si mesma, apenas em si – alegou – O rei me deixou encarregado de puni-la, sua provocação perante Nye deu conseqüências e espero que saiba que se houver uma próxima vez, será pior – Você não passará a trabalhar com o rei mais, ainda fará parte do conselho, mas cuidará de coisas menores... Como por exemplo, os mantimentos dos cavalos do reino.

- O que?! – exclamou perplexa – Cuidarei de cavalos?

- Exatamente. Irá averiguar se estão sendo bem alimentados, cuidados com a pelagem deles, cuidará da manutenção do estábulo e as rédeas que usamos para montar neles – enumerou e conteve outro riso ao ver a face vermelha de raiva dela.

- Não pode fazer isso! – se irritou, Rosetta a segurou temendo que ela avançasse pra cima do lorde.

- Posso porque sou o líder deste conselho! E tem sorte de ainda fazer parte do mesmo, mas estou lhe dando outra chance – falou severo – Se ousar ofender a rainha ou atrapalhar este casamento, será expulsa do conselho e passará a limpar o chão deste reino com as suas vestes! – a encarou com extrema frieza.

Elinor pensou em dizer mais alguma coisa, mas desistiu. Assentiu, concordando com sua nova função naquele conselho. Daqui por diante ela teria ir ao estábulo e fazer parte da rotina dos cavalos para saber se eles estão sendo bem cuidados. Odiou aquilo, mas não mais do que odiava Nye. Tudo era por causa dela, até Lorde Giel estava colocando aquela garota em um pedestal e a idolatrando como se ela fosse alguma espécie de cura para o rei. Ela era a cura dele, ela era quem iria salvá-lo da escuridão e de uma vida apagada.

- Pode sair, seu novo trabalho começa hoje mesmo – moveu a mão.

A elfa fez uma mesura em respeito e saiu junto da irmã.

 

***

 

Ainda nos corredores do palácio, se encaminhando para a cozinha, Rosetta agarrou o braço da irmã e a levou até uma área aberta do palácio. Uma varanda onde a paisagem de uma parte da floresta era vista, abaixo um pequeno rio corria em meio aos arbustos. Algumas folhas secas caiam na sacada pelo vento. Rosetta encarou a irmã severamente, ela era a mais velha e por isso devia tomar conta da irmã. Porém, não importava o que dizia, Elinor sempre a ignorava.

- O que pensa em conseguir agindo desta maneira? Quer ganhar a ira do rei? – ralhou.

Agora, longe de Giel, ela podia extravasar sua raiva. Ambas podiam.

- Eu que pergunto o que Giel quer ganhar casando aquela sonsa com o rei, com o meu rei?! – alarmou-se, andava de um lado a outro, nervosa. Suas mãos chegavam a tremer.

- Seu rei?! Ficou louca? Thranduil não pertence a ninguém, senão a rainha. Tanto a ex-esposa falecida quanto a nova e Giel tem razão, você nunca vai ocupar tal cargo – disse – Vai acabar prejudicando seu posto por conta de um capricho e obsessão!

Porém, Elinor riu. Um tanto convencida.

- Thranduil nunca me tiraria do posto de conselheira, ele mesmo me escolheu. Sou boa demais para ser tirada daqui, mesmo se Giel causar um escândalo, não perderei meu lugar – sorriu de canto – Nasci para ficar ao lado do rei e assim será! – foi firme.

- Não se continuar a agir desta maneira. Está ariscando muita coisa por pouco – avisou – Será que não percebe que você não pertence a essa parte da vida de Thranduil? Como pode ser tão cega?! – lamentou.

- Como você pode ser tão cega? Aquela garota não sabe como Thranduil pensa, não sabe da metade das cosias que eu sei a respeito dele – alegou, convicta.

- Nenhum de nós sabe algo do rei, nem mesmo você o conhece de verdade. Até Legolas não conhece os segredos do pai, por que você conheceria? – rebateu – É só um aviso, Elinor! Tome cuidado com suas atitudes ou pagará caro e eu não estarei do seu lado da próxima vez! – avisou e em seguida deixou a irmã sozinha.

Retornando assim para a cozinha.

A irmã permaneceu ainda na varanda, andando de um canto a outro e pondo sua mente para funcionar. Ela não podia deixar que Nye se casasse com o rei, usaria de todos os artifícios que possuía.

- Ela não vai se casar com o rei – sussurrou.

 

*

*

*

 

O grande salão das jóias de Erebor era mais do que apenas um cômodo. Era um amplo espaço, mais semelhante a um palácio do que um recinto, varias pedras preciosas se encontravam jogadas ao chão. Desde simples esmeraldas até imponentes rubis e safiras. Diamantes reluziam e se encontravam em baús de diferentes tamanhos. Pilastras decoravam o cômodo, sustentando o teto alto e liso ao contrario do resto de Erebor. O teto era de rochedo e possuía ondulações ou pontas.

Nye não sabia o que escolher, Thorin lhe falava como fora colher cada tipo de pedra e até lhe mostrou algumas jóias já feitas como braceletes, anéis e belos colares. Até mesmo coroas e tiaras possuíam ali. Mas a duvida a consumia e ela não sabia o que escolher. Tal como o salão do trono, aquela imensa sala possuía uma iluminação parcial, que vinha das vidraçarias no topo que permitiam pouca ventilação e claridade.

Ela não queria qualquer jóia, na verdade, nem sabia para que ter uma. Nunca ganhou qualquer tipo de presente quando morava em Erenon, nas festas usava as mesmas jóias feias que ganhara somente uma vez. Mas provavelmente eram falsas. Não possuíam aquele brilho que elas mostravam agora para si. Nye então optou por algo que lembrasse Thranduil. Algo semelhante a ele, que fosse imponente e majestoso, mas também frio e mordaz. Será que havia algum tipo de pedra parecia com aquele rei?

- Parece em duvida – a voz grossa de Thorin a tirou os devaneios e ela o fitou.

- São tantas que não sei como escolher – sorriu timidamente – Podia me dar alguma dica. Não sei escolher jóias – riu de sua falta de noção.

O anão por outro lado ficou surpreso pela forma como ela agia, já vira varias damas da corte e da realeza irem até Erebor e encomendarem jóias de vários tamanhos e formatos. Todas sempre com seus narizes em pé, postura ereta e olhar de desdém. Sem falar que muitas escolhiam a primeira que visse e depois mais uma dês jóias e sempre as maiores. Nye não parecia ser como elas, olhava sim de forma maravilhada pelas as inúmeras jóias ali, mas não se encontrava afobada para pegar a primeira que visse.

Ela parecia ser diferente. Andava de forma calma, tal qual um elfo, mas ainda sim de uma maneira simplista. Se questionou então o que aquela elfa peculiar era do arrogante rei elfo. Uma criatura tão pura como ela não podia ser esposa dele, não possuía traços semelhantes ao rei para ser filha. Então cogitou a ideia dela ser talvez sua nora, esposa de seu filho. Nunca conheceu Legolas, mas sabia que o rei tinha um filho.

Provavelmente o rei elfo já queria passar o reino para o filho. Mas Thorin não ousou perguntar sua relação com o reino e com Thranduil.

- Depende de que tipo de jóia quer – comentou e Nye o fitou, causado uma estranha sensação no anão, coisa que o deixou confuso – Há as mais simples com uma ou duas pedras, há também as mais exuberantes que são banhadas a ouro e possuem muitos rubis ou esmeraldas – contou – O que procura?

Nye moveu a boca, confusa e não sabendo como explicar.

- Quero algo mais simples, pequeno. Talvez um anel ou uma pulseira. Algo com diamantes e talvez safiras, as mais claras e gélidas que tiver – respondeu.

- Acho que temos o que procura, darei uma olhada no fundo do salão. Mas fique a vontade para olhar algo a mais se quiser – avisou antes de se afastar delas.

Tauriel observou o anão se afastar, e logo se misturou aos montes amontoados nos cantos e ao redor das pilastras. Havia somente uma trilha para se andar ali.

- Claras e frias? – indagou, sem entender muito da definição.

- São os olhos de Thranduil – disse, sorrindo timidamente – E o que queria que eu dissesse? Ah, quero uma jóia que seja áspera, gélida como o inverno e de cor forte, tipo uma pedra ônix – falou e acabou rindo, tendo Tauriel a acompanhando.

- Esqueceu-se de agregar a delicadeza cortante como uma navalha – riu.

- Tenho certeza de que não existe em lugar algum alguma pedra que se pareça com Thranduil, em toda sua complexidade – comentou, andando por entre as jóias – Então clara e gélida me pareceu algo mais fácil – deu de ombros.

- Irei querer ver a cara do rei ao contar que escolheu a jóia pensando nele – provocou e Nye corou fortemente.

- Não sei qual a necessidade de contar a ele, é bem capaz dele rir da minha cara – ralhou.

- Não duvide – riu mais ainda, mas pelo rei rir de sua noiva, mas sim pelo fato de Nye corar mais e mais a cada instante.

Andando pelo cômodo, Nye avistou uma pequena mesa quadrada de vidro. Havia um baú contendo um colar largo e pesado banhado a outro e com pedras grandes em esmeralda, ao lado direito havia uma pequena caixa aveludada com brincos de ônix e ao lado esquerdo um almofada pequenininha contendo cinco diamantes. Eles pareciam ser diferentes, pois brilhavam mais intensamente como se fossem estrelas que caíram do céu.

No mesmo instante, Thorin retornou. Carregava uma pequena caixa dourada e fechada.

- São gemas brancas, tiradas de Lagaslem – disse – Uma terra bem distante, mas abandonada. Um reino anão tomou conta do local agora e encontraram essas pedras. Muitos dizem que ela é a luz mais pura das estrelas e dada pelos Vallar.

- São lindas – disse fascinada.

- Sim. Ficarão ainda mais bonitas quando acharmos mais e forjarmos jóias com elas. Com esse pouco não dá nem ao menos para fazer uma pulseira para um bebê – alegou – Encontrei algo semelhante o que pediu, espero que esteja do agrado – falou abrindo a caixa.

Dentro dela, pousada sobre o veludo azul escuro, se encontrava uma pulseira. Adornada com diamantes e a mais gélida safira que se podia encontrar em toda Arda. Ela era delicada, mas suas cores lembravam perfeitamente os olhos frios de Thranduil. Seu coração bateu mais forte ao fazer a comparação, queria ter algo que o lembrava. Para quando ele resolvesse ignorá-la de novo, o que não tardaria a fazer.

- É lindo – elogiou, pegando calmamente a pequena caixa e admirando a mesma – Exatamente o que eu quero – sorriu de forma doce.

Thorin assentiu. O valor da jóia já estava pago, na carta o rei havia mandado também um saco com moedas de ouro, para pagar adiantado pelo presente. O valor daria para comprar qualquer coisa dali, mas Nye escolheu a mais simples se em comparação ao restante das exuberantes jóias.

- O rei já acertou o pagamento, correto? – Tauriel se pronunciou, apenas verificando.

- Sim. Seu rei já deixou tudo certo na carta que mandou – disse e voltou sua atenção para Nye – Me permite, minha senhora? – indagou, mostrando que queria ajudá-la a colocar a pulseira.

Nye estendeu o braço e assim Thorin a colocou, ficando linda no pulso dela. Coube perfeitamente, não ficou apertada e nem mesmo folgada. Parecia que a jóia estava aguardando pela sua chegada e poder assim enfeitar seu pulso com sua beleza.

- Obrigada – agradeceu sorrindo e Thorin a imitou, admirado com o sorriso da mesma.

 

***

 

- Desde então estamos vivendo da produção de jóias e dividindo os lucros com Dale. Mas temos vários retornos de lucros também – Thorin acrescentou, após contar para Nye a historia de Erebor.

Depois de escolher em fim sua tão procurada jóias, algo que pudesse lembrar do rei toda vez que olhasse para ela, Nye foi conhecer o reino anão tendo o herdeiro de Thráin a guiando. Tauriel vinha atrás, acompanhando o passo lento de ambos e prestando atenção na historia, que era até interessante. Nunca pensou que anões pudessem ter historias que chamassem a atenção. Até agora, ela achava que eles eram apenas barulhentos e ficavam acertando seus machados uns nos outros e berrando coisas sem nexo. Agindo feito animais em bando e eufóricos do que pessoas normais, que trabalham, comem e dormem.

Se bem que ela não conseguiu imaginar Thorin agindo feito um animal, ele falava de forma mansa e controlada. Agia como um cavalheiro e era cordial, agradável devia confessar.

Se encontravam agora andando por um largo e extenso corredor, cheio de pilastras e próximo a eles, algumas escadarias com corrimões adornados e a estampa do reino costuradas nos tapetes pendurados ao longo do palácio. Todo canto havia aqueles tapetes, como se fosse para reforçar a grandiosidade que Erebor era.

- Uma historia interessante, meu príncipe – disse Nye, andando lado a lado com o anão moreno.

- Mas e quanto a você? Creio que deva possuir historias de seu povo – se mostrou interessado, mesmo que anões e elfos se detestassem, aquela elfa não parecia ser como as outras e sendo parte maga seu interesse aumentou.

- Lamento, mas não possuo algo para partilhar. Quando Vallarin caiu, eu era pequena e me lembro de muito pouco – confessou – Para me salvar minha mãe me abandonou e eu segui sozinha até ser salva por um casal.

- Entendo. Deve ter sido difícil viver em adaptação, longe de tudo e todos que conhece – disse com pesar e Nye agradeceu por ele não ter perguntado quem era o casal que lhe adotou, não estava a fim de tocar no assunto de Erenon.

Tocar nele era o mesmo que abrir feridas antigas. Tocar no nome Erenon, era lembrar de um inicio confortável e quente como uma lareira acesa no inverno, mas de repente tudo se transforma em uma tempestade com relâmpagos e raios fortes, ventos que lhe machucavam assim como rei Illis fazia quando lhe acertava com o chicote ou a deixava passar fome.

Nye respirou fundo, se controlando para não ser levada pela enxurrada de emoções negativas.

- Como é Dale? Apenas a vi de longe, mas me parece uma cidade muito agradável – tentou mudar de assunto.

- E é, as pessoas de Dale são ótimas e sempre parece estar de bom humor – contou.

Outros assuntos foram surgindo a medida que andavam e conversavam. Nye fazia se tudo para manter-se no assunto Erebor ou Dale, qualquer coisa para nada cair em cima dela. Até que em um ponto do longe corredor em que andavam, Balin apareceu novamente.

- Vejo que escolher seu presente. Um tanto simples, porém – estranhou ao avaliar a pulseira no pulso dela.

- Sim, por isso a escolhi – sorriu gentil.

- Algum problema, Balin? – Thorin indagou e o anão sorriu negando.

- Nenhum. Apenas vim avisar que o almoço já está servido, nosso rei e o rei Thranduil aguardam vocês – avisou.

- Almoço?! Já? – se surpreendeu.

Nem percebeu que as horas haviam passado, parecia que estavam ali apenas poucos minutos. Logo estavam seguindo Balin e indo em direção ao salão de jantar do palácio. Seguiram por um corredor liso, onde nas paredes haviam quadros de mulheres anãs e Nye se questionou se aquelas eram as rainhas do passado de Erebor. Ao final do corredor havia uma porta dupla de madeira rústica e escura, do outro lado o cômodo da sala de jantar.

Uma mesa retangular no centro no salão largo e espaçoso. Cortinas vermelhas nas janelas altas, mas as cortinas iam até o chão. A claridade entrava ali com mais liberdade e deixava o cômodo mais claro para a adoração de Nye, que detestava ambientes escuros. Outro trauma de sua vida em Erenon.

Avistou Thranduil sentado próximo ao rei anão, Thror. Ambos apreciavam um vinho, mas ela duvidava que estava do agrado do rei elfo. Thranduil era muito chato com vinhos e percebeu isso em sua estadia em Rivendell. Havia outros anões ali também, todos falavam alto, riam alto e comiam de forma exagerada. Colocando na boca mais comida do que realmente cabia. A feição de seu rei estava séria, apesar de parecer centrado na conversa com Thror. Uma cadeira vaga jazia ao lado de Thranduil e Nye sabia que a cadeira era para ela. A segunda cadeira vaga se encontrava ao lado de Thráin, filho de Thror.

A atenção do rei elfo caiu sobre si assim que ela adentrou aquela porta, sentiu novamente seu peito se inquietar e não contendo acabou abaixando o olhar e fitou a pulseira em seu pulso. Parecia mais fácil encarar a jóia que se assemelhava a seus olhos do que encarar os verdadeiros. Sentou-se ao lado dele, graciosamente enquanto que Tauriel ficou parada próxima a parede apenas observando. E Thorin sentou do outro lado, ficando de frente a Nye.

- Espero que tenha gostado do palácio, minha senhora – Thror comentou, dando um gole em sua taça.

- Sim, majestade. Ouvi também a historia de criação de Erebor e achei fascinante – disse sorrindo singelamente.

Thror ergueu a taça, sorridente. Mas talvez devido ao álcool, ele não era muito resistente com o mesmo. Ao contrario de Thráin e Thorin.

Logo servos apareceram trazendo o almoço, varias bandejas de prata contendo porções enormes de comida. O que os anões comiam antes era apenas a entrada, o almoço de verdade estava chegando agora. Um pernil fora posto no centro da mesa fazendo os olhos dos anões ali presentes brilharem, até mesmo Nye sentiu a boca salivar. Há quanto tempo não apreciava um bom pedaço de carne de porco assado? A saliva inundava sua boca.

Carnes, pães, arroz, bolinhos fritos que Nye nunca vira na vida fora colocado a mesa e tudo parecia ser gostoso, ao menos o cheiro a fez delirar. Havia também um peixe e algo mais leve para Thranduil. O cheiro das outras comidas parecia fazer o estomago dele revirar, já que sua feição se tornou mais séria. Mas talvez devesse ao fato dos anões terem piorado seus modos a mesa, eles avançaram na comida como cães famintos que passaram longos meses no deserto escaldante.

A comida era mastigada e junto o vinho ou suco era despejado em suas bocas, tornando algo horrendo de se ver. Até ela respirou fundo tentando manter o estomago calmo, agora entendia o motivo de Thranduil não querer se relacionar bem com eles.

Nye se serviu, pegando uma quantidade pouca e colocou no seu prato. Um pouco do arroz deles, a carne de peixe e a salada com temperos suaves e cítricos. Thranduil colocou o mesmo que ela, mas com exceção do peixe. Os anões conversavam entre si, alto e quase estouravam seus tímpanos. Deu uma rápida olhada para Thorin e o viu conversando com Balin, mas pareciam ser os únicos a se “comportarem” a mesa.

Deu uma olhada discreta para trás e avistou Tauriel de cabeça baixa e com uma mão rumo a boca, ela acertara quanto ao príncipe anão ser comportado, mas o restante era difícil de aturar. Nye entendeu que aquela atitude dos outros era quase como um ultraje aos modos refinados dos elfos. Notou Thranduil comer devagar, tentando não prestar atenção ao seu redor e deu graças a Eru pelo rei estar mais interessado em rir alto e contar vantagem de algo com o próprio filho, do que falar com ele.

 A comida descia devagar pela garganta do rei elfo, ele se ocupava em beber bastante tentando de algum modo fazer a comida descer sem que ela queira voltar sozinha. Nye não parecia tão afetada pela forma deles comerem e agirem, era uma característica única dos anões – um tanto quanto exagerada e extravagante, mas ainda sim uma característica. Querendo ajudar seu rei, Nye tocou de leve sua mão pousada sobre a coxa dele.

Thranduil não esperava pelo toque, assustou-se de imediato e depois virou-se para a única pessoa que parecia entender seu descontentamento naquele almoço. Contava as horas para poder ir embora, ainda mais já tendo conversado com o rei. Os olhos gélidos dele a fitaram e depois abaixaram-se para suas mãos – a dela sobre a dele – e ali ele avistou a pulseira de diamantes e safiras. Algo simples demais para alguém podia escolher a jóia mais cara e pesada daquele lugar. E ficou curioso a respeito do motivo de sua escolha.

Suas mãos continuaram unidas enquanto almoçavam, deixando o gesto despercebido pelos outros que pareciam mais interessados em ver quem gritava mais no salão e causava eco.

 

***

 

Para a graça de Thranduil, aquela visita já estava chegando ao fim. Depois de sobreviver ao terror do almoço, o mesmo passou algumas horas conversando trivialidades com o rei anão. Claro que algumas alfinetadas foram trocadas, era de se esperar. A relação entre elfos e anões era tênue e sempre havia deslizes de palavras ofensivas acobertadas por feições educadas.

Agora se preparavam para retornar a Mirkwood.

- Recolher as gemas brancas da montanha é complicado. Posso fazer seu pedido com clareza, mas irá demorar, não se colher gemas como aquelas de um dia para o outro – Thror comentou, andava mais a frente com Thranduil e conversavam a respeito do presente dele para Nye – Não as terei em minhas mãos até seu casamento – alegou.

- Não importa o tempo. Se conseguir as gemas e forjar o colar que sugeri então está ótimo – meneou a cabeça, entendendo a situação dele também.

Nunca cavou pedras preciosas em uma montanha, mas dava para imaginar o quão difícil era. Apesar de ter achado eles um pouco lentos.

Nye vinha mais atrás, ainda conversando com Thorin e o rei novamente sentiu seu senso o alertar sobre aquele anão. A elfa sorria singelamente para ele que retribuía, não sabia se ela estava sendo educada ou se realmente conseguiu apreciar a companhia daquele ser duas vezes menor que ela. Endureceu a face diante da proximidade, mas relevou. Não havia motivos para se preocupar tanto com isso. Ela não veria aquele anão novamente.

Se encaminharam para o enorme portão de entrada de Erebor. Onde do lado de fora seus guardas ainda aguardavam o rei de Mirkwood. O sol estava forte, anunciando o meio da tarde daquele dia tão cansativo e cheio de imagens que o rei gostaria de esquecer. Nye se despediu do príncipe mais novo e se colocou ao lado de Thranduil, novamente segurando a mão dele que fora dada a ela. Tauriel se postou próxima ao casal.

- Agradeço por ter aberto as portas de Erebor – Thranduil agradeceu, meneando sua cabeça em respeito – Espero ter noticias de meu pedido – o relembrou.

- Avisarei quando ficar pronto – Thror respondeu.

Outro movimento em respeito ao rei anão e Thranduil se virou levando Nye junto dele, mas ela ainda conseguiu acenar ao dizer adeus aos anões de Erebor. Logo estava sendo colocada em cima do alce e tendo novamente o rei atrás de si, segurando sua cintura.

Em questão de minutos estavam deixando Erebor para trás, já se aproximavam da ponte, que agora estava vazia.

- Creio que com isso nossos problemas com os anões estão resolvidos – o conselheiro comentou, cavalgando ao lado do alce do rei.

- Não pense que aceitei totalmente aquilo. Foi obra de Giel colocar aqueles termos e acabei tendo que concordar e ceder a algumas vontades de Thror – disse e ele não parecia contente.

- Giel ficará contente, soube controlar bem a situação apesar dos comentários indiretos – disse.

Thranduil não respondeu, apenas continuou guiando o alce rumo ao reino. Ainda sentia a comida querer voltar e não queria passar essa vergonha na frente de Nye, também estava cansado, conversar com Thror lhe rendeu um esgotamento total. Mas não era somente ele. Dava para ver que Nye sentia o corpo cansado, passaram mais da metade de um dia ali e mesmo que não tenham feito esforço algum, conseguiram se cansar.

Tudo o que queria era chegar ao seu reino e esquecer desse problema e se preparar para o próximo. Se Giel havia feito mesmo o que pediu, já havia punido Elinor e com certeza ela viria até ele para reclamar. Já sentia sua cabeça latejar pelas coisas que sairiam da boca daquela elfa.

- Percebi que não comeu direito – Nye comentou, baixinho. Novamente para que só ele ouvisse.

- E como queria que eu comesse diante daquela atrocidade? – falou sério.

- Não sabia que anões podiam ser tão animados na hora de comer – alegou.

- Acredite, eles se comportaram bastante. Aquilo eram eles sendo calmos e comportados – respondeu e Nye ficou incrédula.

Depois disso, não disseram mais nada. Seguiram caminho em silencio e apenas ansiando chegar logo ao reino para descansarem depois de um dia longo. O entardecer já estava chegando.

 

*

*

*

 

Ela não sabia descrever o que sentia, mas sabia que seu corpo agradecia de todas as maneiras aquele belo banho. Chegaram quando o céu estava todo tingido de laranja, depois disso Thranduil fora conversar com Giel a respeito da visita a Erebor e uma reunião com o conselho fora feita de ultima hora. Ela tentou o máximo que pode não pensar que Elinor estaria lá, já que ela faz parte do mesmo, por isso tratou de se ocupar. Não treinou com Legolas ou Malyr por estar cansada, passou a maior parte do tempo deitada e até cochilou, foi acordada por Eirien avisando do jantar. Mas avisou que gostaria de se banhar antes, sentia que precisava.

- Parece melhor – Eirien comentou ao vê-la sair do banheiro, Nye havia pedido alguns momentos a sós apenas para relaxar na água morna.

Ela sorriu, enquanto terminava de secar os cabelos. Trajava um vestido branco com detalhes em dourado. Sentou-se na poltrona de frente ao espelho grande de seu quarto e deixou que Eirien penteasse seu cabelo.

- Eu apenas precisava de um banho – suspirou revigorada.

- Como fora em Erebor? – indagou, enquanto passava a escova pelos fios castanhos e juntamente a mecha branca.

- Interessante eu diria – comentou – Os anões são bem... Peculiares – emendou, recordando-se da hora do almoço e da cena um tanto espantosa dos anões.

- Sempre ouvi dizer que anões são brutamontes, agem de forma selvagem e agressivos. Barulhentos e porcos – contou – Nunca vi um pessoalmente, nem quando vivia na minha vila – disse.

- Acho que chegou perto de descrevê-los – disse e acabou rindo junto de Eirien.

Depois de arrumar, Nye se encaminhou para o salão de jantar. Não sentia muita fome apenas cansaço e talvez fosse deitar cedo naquela noite.

No salão, Malyr a aguardava para comer. Sorriu brevemente ao vê-la e Nye a imitou. Como de costume a mesa estava repleta de iguarias e ela agradeceu por ser uma comida leve e não algo pesado como a dos anões. Depois que retornou, sentiu o estomago pesado e achou que fosse passar mal. Havia pegado apenas um pedaço pequeno da carne de porco, mas talvez o tempero usado estivesse forte demais.

Ela comeu pouco, conversou com Malyr a respeito de Erebor e de como os anões são de certa forma interessantes. Causando risos na ruiva sobre as feições do rei a respeito da forma dos anões de comerem. Malyr já havia tido contato com anões e realmente não era algo agradável vê-los comer.

Legolas havia aparecido de repente no salão, carregando uma xícara com chá de ervas e esta era designada a Nye. O mesmo havia dito que seu pai não quis jantar devido ainda estar passando mal, a comida dos anões era pesada mesmo que tivessem apenas feito salada e peixe para eles, anões não sabiam quais temperos usarem e acabavam deixando tudo pesar no estomago. Sem contar que o rei ainda parecia estar sob o efeito da forma deselegante deles se portarem a mesa. Uma cena um tanto difícil de esquecer, Nye tinha que confessar.

Tauriel parecia passar pelo mesmo problema e devido a isso, Legolas levou para eles um chá de uma erva élfica para curar o mal estar do estomago. E como Nye estava junto ele havia levado para ela também e se surpreendeu ao vê-la no salão de jantar com Malyr e comendo calmamente, apesar de ter colocado pouca comida no prato.

Mesmo assim Nye aceitou e agradeceu o cuidado. Malyr sorriu com a outra aproximação do príncipe e a preocupação dele, que minutos depois se retirou do recinto. Achando que precisaria, Nye tomou o chá após não conseguir comer mais e seu estomago alertá-la do incomodo. Depois acabou se recolhendo no quarto e se pôs a ler um livro.

Naquele dia, as horas passaram voando. Sentia o corpo cansado, seus olhos queriam se fechar, mas ela não queria dormir. Pensava o tempo todo na reunião que Thranduil teve com Thror e queria saber como fora, Giel parecia super preocupado com o resultado daquela visita e temia que algo tivesse dado errado. Sem contar que ela também queria saber se ele estava melhor de seu mal estar.

Fechou o livro enquanto tentava se decidir se devia ou não ir até o quarto do rei. Com certeza ele já estaria lá, uma vez que ele não se sentia bem. No entanto, não queria ir a porta dele e bater fazendo assim seu “descanso” ser interrompido. Elfos não dormiam, mas repousavam o corpo para relaxar, uma forma deles de descansarem. Mas não tinha como saber se ele realmente estava no quarto, talvez estivesse na biblioteca ou no salão do trono.

Então teve uma ideia, poderia ver através da sua sacada de havia luz no quarto ao lado. Assim saberia se podia ir até lá ou não.

Nye levantou-se da cama e vestiu o robe de sua camisola longa. Já havia trocado de roupa, pois sabia que deitaria cedo naquela noite. Abriu a porta de sua varanda e andou pela sacada espaçosa, havia um vaso de planta no canto e ela se aproximou tentando ver a outra varanda, mas foi quando se aproximou do vaso que notou que as varandas eram uma só. Elas se ligavam e havia aquele vaso de planta no canto do minúsculo corredorzinho.

Calmamente ela andou e passou para a varanda de Thranduil. Avistou luzes vindas do lado de dentro e viu uma sombra se mover ali dentro, era o rei. Ali ela permaneceu parada, olhando a porta de madeira com formatos de símbolos élficos, a porta dupla e ampla estava fechada assim como as cortinas. Ela não fazia ideia de como iria entrar lá, não queria simplesmente bater e dar de cara com ele, acabaria engolindo as próprias palavras, pois sempre ficava nervosa ao olhar demais naquelas geleiras. Mas também não podia ficar ali a noite inteira, esperando que ele notasse sua presença e viesse até ela. Ele não faria aquilo, mesmo que percebesse que esteja ali fora.

Ela não precisava de um motivo aparente, mesmo já tendo um. Então por que aquela dificuldade em bater na porta dele ou entrar de uma vez? Suas mãos suavam, suas pernas tremiam e ela respirava fortemente.

Moveu-se em direção a porta, mas desistiu rapidamente. Parou de costas a porta, sentindo-se uma tonta por agir daquela maneira. Não era hora para ficar daquele jeito, ele era o rei, não era um bicho de sete cabeças. Apesar de que um bicho de sete cabeças seria mais fácil de lidar do que Thranduil.

Decidida a ir falar com ele, Nye se virou e tornou a andar em direção a porta, porém, seus pés – ainda trêmulos – se enroscaram na barra de sua camisola e isso a fez cair para frente e faze-la ir com tudo contra a porta da varanda do rei. As portas foram abertas e Nye veio a chão, junto das cortinas que balançaram com a rajada de vento que soprara naquele momento. O ato fez Thranduil se virar bruscamente e ver sua noiva cair no chão de barriga para o mesmo. Após as cortinas se aquietarem ele se aproximou dela.

Nye estava com a cabeça baixa, quase beijando o chão. Teria feito isso se não fosse seus braços a protegendo, estava toda largada de bruços no chão. Gemeu ao sentir que machucara levemente o joelho, esperava que não ficasse roxo. De repente viu uma sombra lhe cobrir e ao erguer a cabeça avistou Thranduil a olhando.

- O que está fazendo? – ele indagou.

Ela abriu e fechou a boca umas duas vezes, mas nada saiu. O rei ofereceu uma mão e ela aceitou, levantando-se em seguida. Mas preferiu ter ficado no chão, assim não seria arrebatada pela visão estonteante de Thranduil. O mesmo usava uma calça cinza e suas botas costumeiras, um roupão de cor vinho por cima do tronco nu, o mesmo deixava uma parte do centro peito dele a mostra. Nye inalou rapidamente o cheiro suave de seus cabelos úmidos e todo escorrido em suas costas. Não usava coroa ou tiara élfica. Ele estava simples, mas ao mesmo tempo encantador e sedutor.

Por alguns segundos ela se demorou naquela parte a mostra do rei e só despertou de seu olhar quando o rei se afastou. Ao sair do transe ela viu que o quarto dele era enorme, talvez maior do que o seu.

Sua cama ficava ao fundo do quarto – do lado esquerdo a ela -, castiçais de ambos os lados da cama e acesos. Uma pequena cômoda de madeira com somente uma gaveta, um tapete macio frente a cama. Raízes de árvores pareciam nascer do chão e ir de encontro o teto nos cantos das paredes. Havia dois degraus separando a área em que a cama se encontrava e a ante-sala onde ela estava. Um tapete de cores vermelha e creme forrava o centro do chão da ante-sala. Tinha uma mesa pequena e redonda de vidro sustentada por raízes grossas de árvore que foram cortadas e pareciam pés de polvo, nela uma garrafa de prata contendo água e uma garrafa de vinho ainda fechada.

Havia outro espaço logo a frente e depois uma outra porta que talvez fosse o banheiro e pensou se o banheiro dele também era tão grande quanto o quarto.

- A que devo sua visita? – ele indagou, vendo o silencio dela. Ele havia se aproximado da jarra de água e a despejou em uma taça.

- Legolas me disse que você não está bem – comentou e agradeceu por ele ainda estar de costas a ela, não queria que ele visse sua face corada – E... Bom, eu queria saber como foi com o rei Thror – emendou.

Thranduil se virou, encarando-a. Estava surpreso pela visita repentina dela, não esperava vê-la depois do longo dia que tiveram. Mas não deixou transparecer.

- Parece que tem se aproximado de Legolas, Giel comentou que ele a está ensinando a usar adagas – comentou, havia gostado de saber da aproximação de seu filho com Nye. Esperava que assim ele aceitasse mais esse casamento e as coisas ficassem mais leves entre ele e o filho.

- Ah sim – assentiu – Não sei muito ainda, comecei tem apenas um dia. Mas Legolas é um bom professor – contou.

- E como está indo? – quis saber.

-...

- Um desastre eu suponho – falou e Nye rolou os olhos.

- Seu filho usou a mesma palavra – reclamou, cruzando os braços – Não espere que eu saiba usar uma adaga com apenas um dia de treino.

- Lógico que não! Usar uma espada ou adaga leva tempo, nem mesmo eu aprendi da noite pro dia a usar uma espada – comentou ele, andando pelo cômodo e fazendo Nye se embriagar com sua imagem, as luzes dos castiçais o deixava ainda mais divino – Mesmo que se empenhe o bastante, levará tempo para aprender corretamente. E quanto ao seu poder? – a fitou.

- Cada dia mais difícil. Ele parece funcionar somente quando quer – deu de ombros – Consegui usá-lo bem quando o urso me atacou, mas talvez porque eu estava em pânico – disse.

- E essa sua mexa branca tem haver com seu pânico ao ser atacada pelo troca pele? – indagou e rapidamente Nye levou a mão até a mexa.

- Eu não sei, ainda não tiver a oportunidade de conversar com Malyr a respeito – alegou – Cheguei tão cansada de Erebor – acrescentou.

- Anões podem ser cansativos, principalmente quando se almoça com eles – alegou, deu um gole grande em sua água e depois depositou a taça em cima da mesinha redonda – Ainda não sei como conseguiu agüentar aquela cena horrenda – virou-se para ela.

- Alguns humanos não sabem se comportar a mesa também, já vi convidados do rei Illis almoçar conosco em Erenon e eles não eram lá muito... Comportados – disse – Mas confesso que a agitação deles me afetou, não consegui comer direito no jantar – emendou.

- Eu não comi nada – sussurrou.

Nye fitou o chão e depois voltou a encará-lo.

- Então, como foi com o rei de Erebor? – insistiu.

Thranduil a olhou, ainda andava pelo quarto enquanto conversava com ela. Não entendia o interesse dela pelo assunto, já que provavelmente ela era leiga com acordos diplomáticos. Se entendesse ele até partilharia do que conversou com o rei anão, mas ela não entenderia e ele não estava a fim de falar sobre sua conversa com Thror.

Olhando-a com cautela e a estudando, ele analisou a forma como veio ao seu quarto. Trajando uma camisola delicada branca e de seda, seu robe a cobria e colava ao corpo. O mesmo era quase transparente. Seus cabelos castanhos estavam naturais, soltos como sempre estiveram e encobriam suas orelhas de elfo. O perfume dela impregnava seu quarto e ele já parecia mais do que mexido com sua presença.

- Por que tanto interesse? – indagou desconfiado – Tem vontade de retornar a Erebor e rever seu guia? – a forma mordaz denunciou seu ciúme, mas Nye não percebeu.

Era difícil saber se ele estava com ciúme, na maior parte do tempo estava sério e era frio com qualquer pessoa. Até mesmo com ela.

- Thorin foi um anão gentil – alegou – Mas não tenho vontade de retornar a Erebor. Ainda prefiro ficar aqui – contou e Thranduil a fitou.

O rei havia parado diante dela, encarando-a com aquelas geleiras. Mas que sempre a faziam se aquecer ao invés de congelá-la. A distancia era pequena e aos poucos parecia que iam encurtando.

- Quer mesmo ficar? – ele estreitou os olhos – Você fugiu sem mais nem menos e parecia muito a vontade com o anão – comentou.

Ela não sabia aonde aquela conversa iria dar e não percebeu o tom irritado do rei, estava tão mergulhada naqueles olhos cristalinos que ela já não sabia mais responder com coerência. Sua boca se movia sozinha e as palavras saiam dela.

- Não fugi, apenas precisava de um tempo longe para esfriar a cabeça – defendeu-se – E não estava a vontade com o anão, ele fora gentil, mas passei a maior parte do tempo pensando em você – confidenciou.

- E foi por pensar em mim que escolheu seu presente? – indagou.

- Foi. – Respondeu – Eu queria algo para me lembrar de você quando resolvesse me ignorar novamente – alegou.

Já não havia mais distancia entre eles, aquele minúsculo espaço nem dava para ser considerado uma distancia. Estavam perto demais, ambos mergulhados nos olhares um do outro e pouco se importavam com o que acontecia ao redor. Por ser mais baixa do que ele, Nye teve que manter a cabeça um pouco erguida – uma vez que ela batia na altura do peito dele e inicio do pescoço – para poder fitar aqueles olhos cristalinos e que lhe causavam emoções diversas.

Thranduil não entendia o motivo de estar tão atraído por aquela elfa, ela era bem peculiar tinha que confessar, mas o irritava saber que estava tão vulnerável a ela.

- A conversa com o rei Thror deve ter sido bem ruim, para não querer falar – comentou, sentia o copo mole e anestesiado, sentia os braços de Thranduil a rodearem suavemente.

- Por que tanto interesse nesta conversa? Nada sabe sobre acordos políticos – sua voz grossa a deixava tonta e ela tentava manter o foco, mas sua situação piorou quando ela abaixou o olhar e fitou aquela parte da pele dele exposta.

Sua boca se secou, parecia que o rei a sua frente era sua água após percorrer um deserto. Sua mão foi erguida e ela tocou de leve aquela pele à mostra pelo roupão que ele usava, seus dedos deslizaram ali sentindo o peito dele subir e descer, o toque suave dela causou uma ardência no rei e sua respiração se tornou mais pesada. Ele fitava seus movimentos, atento a tudo que ela fazia. Mas simplesmente perdeu a linha de raciocínio ao tê-la tão perto assim.

Ele já não se continha, seu corpo e suas ações pareciam responder somente a ela.

- Eu serei sua rainha, não serei? Uma rainha deve cuidar de seu rei – respondeu.

Seus rostos estavam próximos, extasiados e embriagados pelo clima que ali se criara.

- E como cuidará de mim? – indagou de volta.

- Do jeito que quiser... – sussurrou, sua boca brincando com a do rei de tão perto que estavam.

Qualquer frase que fossem deixar sair teria que esperar, Thranduil tomou a boca de Nye para si em um beijo intenso e sedutor. Seus braços rodearam de ver o corpo dela e a elfa apoiou suas mãos em seu peito, ainda em contato com sua pele. O beijo se intensificou fazendo Nye arfar, as mãos do rei percorriam livremente as costas dela e ele sentia o corpo menor se arrepiar.

Era sensual, era calmo. Era um monte de coisa, mas nenhum dos dois possuía alguma característica para descrever aquele beijo, então restou apenas sentir e aproveitar aquele contato.

Nye sabia ao certo o que sentia, seu corpo ardia e ela arfava contra a boca do rei. Queria mais toques, mais daquele beijo que ia aos poucos se tornando lascivo. De repente sentiu o chão sumir sob seus pés, parecia flutuar, somente quando sentiu algo macio em suas costas é que ela percebeu que o rei a carregou e agora estava deitada na cama dele. O corpo grande do mesmo deitou ao seu lado, mas não abandonou sua boca.

Pararam por um segundo, apenas para respirarem direito e logo depois outro beijo se iniciou.

Agora as mãos do rei estavam mais ágeis e atrevidas, ele desceu uma delas - já que a outra ele usava para se apoiar na cama e segurar o corpo dela contra o seu -, percorreu seu pescoço com a ponta dos dedos, sentiu o tecido fino do robe dela e o empurrou para o lado permitindo que seu ombro ficasse a mostra. Outra arfada dela veio quando a mão dele tocara-lhe o seio e assim continuou descendo. Thranduil abandonou a boca dela e desceu para o pescoço, onde se afundou naquela área. Sua mão se encontrava agora na coxa de Nye.

Mesmo estando afetado por toda aquele clima e pelo beijo dela, Thranduil ainda conseguiu manter sua cabeça atento as reações dela. Seu casamento está perto e ele tinha duvidas de como seria sua noite de núpcias, não queria deixar Nye com mais um trauma então quis saber até onde ela iria e permitiria que ele fosse.

E foi pensando nisso que ele tentou puxar um pouco do tecido da camisola dela e desceu mais sua boca. Nye ainda se mostrava completamente entregue a ele, mas sabia que qualquer movimento errado dele as coisas iriam mudar.

E realmente mudaram.

Foi somente quando o rei tocou a parte interna de sua coxa e enfiou-se entre suas pernas, que os olhos dela se abriram e o pânico a assolou.

- Não!! – gritou empurrando o rei, mas Thranduil a segurou e a olhou com serenidade.

E mais uma vez aqueles olhos contendo inúmeros traumas e pânicos se encontravam de novo na face dela. Suas unhas agarravam com firmeza o roupão dele, pronto para arranhá-lo e rasgar sua roupa se isso significar se livrar dele. Nye virou o rosto sentindo os olhos úmidos, o rei enxugou uma lágrima solitária que ousou escorrer.

- D-Desculpe – disse com a voz embargada – Eu não...

Thranduil saiu de cima dela e ajeitou a camisa erguida. Nye sentou-se direito na cama, enquanto o rei ficou sentado ao lado dela. Sentia a vergonha cair em cima dela, novamente acabou deixando que seu pânico tomasse conta dela e afastou o rei. Por mais que o mesmo fosse arrogante algumas vezes e distante, ela sabia que ele jamais ousaria forçá-la a fazer alguma coisa.

- Desculpe, Thranduil... Eu não queria... Não queria gritar com você – o encarou, apesar da vergonha.

- Não se preocupe com isso - alegou e se levantou, indo pegar uma taça com água para ela. Retornou em seguida com a mesma.

Nye pegou a taça oferecida e deu um gole, sentiu a água melhorar sua garganta que além de parecer que algo a fechava, estava seca.

- Melhor? – indagou e ela assentiu devolvendo a taça vazia – Deite – pediu e ela ficou confusa.

- A-Aqui?

- Sim.

- Ah... – ela engoliu em seco e incerta levantou-se da cama e andou pelo espaço frente a cama.

Ficou de costas a ele enquanto pensava, sentia-se suada e tonta, mas não sabia se era pelo nervosismo ou se pelo beijo avassalador que tivera com o rei. Estava confusa. Sentiu as mãos dele em seus ombros e como daquela vez na tenda, ele manteve em seus braços. E ela se derreteu, sempre sentia-se bem e protegida nos braços de Thranduil.

- Posso ficar em outro lugar se quiser – comentou ao virá-la para si.

- Não! Não quero que vá... – confessou e sentiu suas bochechas arderem – Pode ficar comigo? – pediu.

- Se assim o desejar – falou, novamente aquele clima entre eles fora restabelecido. E então ele esticou suas mãos – Seu robe – pediu - Creio que não será confortável dormir com ele – alegou.

Corada Nye o retirou, entregando a ele. Thranduil o pendurou e enquanto isso Nye deitou-se na cama, debaixo daquelas cobertas grossas e quentinhas. Apesar de ainda sentir o corpo quente e o calor a invadir. Ficou de costas e minutos depois sentiu a cama afundar ao seu lado. Era o rei que havia deitado.

E assim ela tratou de dormir. 

 

 

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado. Não esperava postar tão rápido assim, mas dêem graças que meu PC funcionou direitinho nesses dias então deu para escrever de boa. Mas não irei comemorar, pois vai saber até quando ele vai funcionar direito XD
Sobre o capitulo, bem... Nye visitou Erebor e já deu pra perceber certo conflito entre anões e elfos, notaram que Thorin se encantou com Nye e o mesmo acha que ela irá casar com o filho do rei elfo e não com o próprio... Hehe, isso dará problemas! O presente que Thranduil dará a Nye caso não perceberam é o calor de gemas brancas que aparecem no filme O Hobbit. Mas o presente irá demorar um pouco a ficar pronto como foi dito e Nye escolheu o seu como um mimo do rei e pegou algo que o lembrasse. De inicio eu pensei em colocar um anel, mas não achei nada que lembrasse Thranduil então achei a pulseira mais parecida, deixarei a foto logo abaixo.
E então veio a cena que eu mais queria: a cena de romance que prometi no capitulo passado! Sei que algumas leitoras me perguntaram sobre os traumas da Nye, principalmente com relação a estupro, mas garanto que o rei illis não fez isso com ela, mas irei falar sobre esse trauma dela mais pra frente... Para deixar mais esclarecido. Como viram Thranduil se deixa levar totalmente quando Nye está perto. Mas ele também se preocupa com ela, como já falei. Ele quis ver até onde poderia ir com ela e pelo jeito não pode ir muito longe o que será um problema para sua noite de núpcias. Mas nosso rei é paciente e respeitoso, não se preocupem.
Bom, não tenho mais nada para falar. Apenas espero que tenham gostado e até o próximo! Bjos!
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Pulseira que Nye escolheu: https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/originals/0d/e7/a5/0de7a5f10c4cd888153408a47134b483.jpg

Vestido de Nye: https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/originals/ff/c3/eb/ffc3ebe52821a3a875d09fa0690f446d.jpg

Tiara élfica de Nye: https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/originals/36/21/bf/3621bf4215f265df64fb865a7f8e86ce.jpg


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