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História Freeze You Out - 5. Casamento?!


Escrita por: PandoraCipriano

Notas do Autor


Lamento pela demora. Aqui está o novo capitulo. Tenham uma boa leitura! ^^

Capítulo 5 - 5. Casamento?!


Fanfic / Fanfiction Freeze You Out - 5. Casamento?!

 

Seus pés corriam o máximo que conseguia por aqueles corredores que a levavam para todos os lugares e ao mesmo tempo não lhe levava a lugar algum. Naquele dia acordara incrivelmente bem, apesar da historia horrenda que envolvia seu povo, seus pais e Vallarin. No café da manhã recebeu a mensagem de Arwen avisando que estaria a esperando na biblioteca para lhe ensinar a língua élfica, por ter convivido tanto com os humanos ela nem se lembrava mais como pronunciar sua língua materna e isso seria um problema caso ela fosse para Lothlorien.

O que a fez pensar no motivo de haver um “se” nessa historia, como sobrinha de Galadriel ela achou que iria com a tia, já que Herea e Leony estão vivendo lá também. Assim como os poucos sobreviventes da tragédia de Vallarin. Mas aqui não era coisa para se pensar agora, ela tinha era que chegar a tal biblioteca e começar suas aulas com a filha de Elrond.

Quando avistou a porta dupla do local sorriu animada, abriu-a com certa dificuldade por ser pesada demais e sorriu ao avistar Arwen de pé e com um livro de capa dura em mãos. Porém, ela não era a única que estava no recinto, em outro canto ela pode ver Thranduil, sentado em uma cadeira e concentrado em sua leitura. Mas ela sabia que ele sentia sua presença, já que percebeu a expressão dele endurecer e isso a fez engolir em seco.

- Vamos começar, Nye? – a voz suave e quase angelical da elfa a tirou do transe, assentindo ela foi até a morena.

- Perdão, acabei me perdendo, ainda não estou acostumada com o lugar – alegou sentando em uma poltrona que ficava em uma varanda e assim ficou de costas para o rei elfo.

- Está perdoada, mas somente por hoje. Amanhã terá suas aulas logo após o café da manhã e não irei tolerar atrasos – avisou e mesmo com a voz severa, ainda possuía aquela áurea divina. Que deixava Nye abobada.

Ela se sentia um patinho feio diante de tantos cisnes. Mas duvidava que acabasse virando um cisne lindo após alguns anos, como no conto, provavelmente ficaria como pato feio por toda sua eternidade.

- O que sabe sobre nossa língua? – Arwen indagou.

- Ah... Nada – disse sem jeito – No palácio em Erenon, não havia livros de outros povos, apenas dos homens. Então meu conhecimento é limitado. Desculpe – emendou.

- Não se preocupe, estou aqui para ajudá-la – sorriu terna – Vamos começar com pronuncias fáceis e frases curtas, assim irei aumentando o nível gradativamente – explicou.

Nye assentiu e escutou cada palavra que saia da boca da elfa, de inicio era uma língua complicada e esquisita, mas que aos poucos se tornou magnífica aos seus ouvidos. Mesmo não entendendo o que significava (ainda), percebia a beleza daquela língua tão encantadora. Arwen então repetiu palavra por palavra e fazia pausas para que Nye repetisse, o que causou certo constrangimento por ela errar a maioria. Até podia sentir o olhar fulminante do rei elfo em suas costas diante de tanto atrocidade com sua língua materna.

E não o culpava, ela era horrível naquilo, mas queria se empenhar em dizer corretamente e tão belamente quanto um elfo nativo de sua raça. Ao chegar nas frases a coisa só piorou, depois de um tempo Nye pediu que Arwen apenas pronunciasse e somente depois dez vezes repetindo é que ela a imitava e conseguia fazer algum sotaque sair. O que não diminuía seu estrago.

Além da aula para aprender a falar a língua dos elfos, Nye também aprendeu a escrevê-la. Afinal, de nada adiantaria saber apenas falar e não entender o que se lê. A garota ficou contente quando ela só teve que escrever em pergaminhos frases curtas, era melhor do que dizê-las e ainda se questionava como Arwen tinha tanta paciência com ela. Se o contrario já estaria suspirando pesarosamente ou acabaria com a aula e arrumaria outro para ficar no seu lugar. Realmente a filha de Elrond era um tesouro.

Enquanto ela se debruçava sobre a pequena mesa redonda, Arwen se levantou para buscar outro livro com palavras mais simples e que a ajudariam melhor. Vez ou outra ela olhava para trás para ver o rei elfo, mas arisco a fazer somente duas vezes. Logo desistiu, pois não queria fazer Arwen pensar que estava fazendo pouco caso de sua aula, ainda mais ela sendo tão prestativa e paciente consigo. Então largou a presença de Thranduil de lado.

Mas agora, tendo uma chance ela se virou como se buscasse o paradeiro de sua tutora e vasculhou a procura dele. O encontrou no mesmo lugar, o que a fez questionar se um elfo conseguia ficar muito tempo em um determinado lugar. Já fazia algum tempo que estava ali dentro estudando e não sabia a quanto tempo Thranduil estava lá, mas era bastante tempo até mesmo para um elfo. Ele ainda se encontrava sentado e parecia muito concentrado em sua leitura, mas sabia e sentia que vez ou outra ele a fitava e até podia imaginar a feição dele diante de seus erros absurdos.

Ainda o fitava, avaliando aquele ser alto e belo, o que a fazia se sentir ainda mais inferior diante de sua pessoa. E foi nesse instante que os olhos cristalinos dele encararam os seus, ela sentiu a respiração travar e o corpo tencionar, não importava o quanto tentasse jamais conseguiria sustentar o olhar dele por muito tempo. Sentia-se uma fraca por isso.

Voltou logo a sua escrita, tentando controlar a vontade de voltar a encará-lo.

Arwen retornou com mais dois livros em mãos e depois a aula novamente seguiu-se por mais algum tempo.

Tempo na qual ela não sabe o quanto passou, apenas sentia sua cabeça pesar de tanta coisa nova que aprendeu. Sua mão já doía de tanto escrever e agora ela já não via mais a elfa como uma gentil dama e sim como uma professora rígida. Arwen a fez repetir varias vezes as frases que errara e a pronunciar as frases que errou também. Sua boca nem conseguia mais se mover e agora seu estomago já começava a dar sinais de fome.

- Acho que terminamos por hoje – falou ela ajeitando os livros um em cima do outro – Amanhã continuaremos. Lembre-se de chegar no horário – avisou ao sair da biblioteca.

Quando ela saiu, Nye jogou seu corpo para trás e tombou a cabeça do mesmo jeito. Sentia a coluna doer por ficar em uma mesma posição, suas pernas também não estavam muito boas, senti-as dormentes. Se levantou e ajeitou seus pergaminhos, os guardaria consigo e talvez a noite antes de dormir poderia treinar um pouco. Talvez até lá estaria mais descansada.

Ao se aproximar da porta alguém a interrompeu, ou melhor, uma voz.

- Relaxe mais a boca ao falar – seu corpo tremeu ao escutá-la, não esperava que Thranduil estivesse ainda na biblioteca e girou devagar até encará-lo completamente.

Agora ele estava de pé, com um pergaminho grosso em mãos e sua feição séria habitava seu rosto, mas ela não sabia dizer se era da costumeira feição dele ou se era pelo que lia naquele pergaminho. Ele o enrolou novamente e após colocá-lo em seu devido lugar, caminhou até ela, em passos lentos e calculados.

- Você força muito a boca ao pronunciar, nossa língua não carrega esse peso como a língua dos homens – disse – Senão irá continuar a ser um completo desastre e acabará difamando minha língua materna – emendou.

Nye nem ao menos podia rebater, afinal ele falava tão bem a língua dos homens – como se ele tivesse nascido com ela na ponta de sua língua -, que se ousasse falar algo acabaria sendo ofendida ainda mais. De imediato ficou constrangida por ele ter ouvido sua pronuncia, além do mais, era exigir demais dela sendo apenas a primeira aula.

- Não queria exigir muito, é minha primeira aula – retrucou, mas sua voz era amena. Não seria louca o suficiente para querer brigar com ele.

Sem contar que ela nem conseguiria, sentia seu corpo todo anestesiar só de olhar para ele, imagina querer comprar briga. Seria jogada nas masmorras, no mínimo.

- Então pratique – aconselhou, no entanto, sua voz mordaz não desapareceu e nem a feição analisadora – Já viu um elfo tocar uma harpa? Ele mal toca nas linhas de seu instrumento, a pronuncia da língua élfica deve ser feita do mesmo jeito. Suave e sutil, mas com altivez e firmeza – explicou e segurou nas bochechas dela, mantendo seu rosto entre o polegar e os outros dedos dele – Como uma música de uma harpa.

- Falar é fácil, você nasceu elfo – disse e logo se arrependeu ao perceber o que acabara de falar – D-Desculpe – pediu logo.

Thranduil a soltou, fitando-a com a mesma intensidade.

- Não pense que fora fácil aprender a língua dos homens, ela é pesada e mais parece um martelo que é usado para forjar uma arma – disse com desgosto – Terá que se empenhar muito para aprender minha língua – avisou antes de passar por ela e sair.

Nye ainda ficou alguns minutos parada observando o nada e sentindo a fragrância que Thranduil deixou ao passar. O cheio único e característico, que foi capaz de deixá-la tonta.

 

*

*

*

 

Fazia algumas horas que ela estava ali, esperando sabe-se lá o quê. Depois de alguns minutos passou a andar pelo cômodo, ele era amplo e possuía uma lareira que agora estava apagada. Janelas grandes cobriam a sala, mas a claridade ainda chegava parcialmente. Não demorou para Thranduil adentrasse o recinto e avistou Elrond e os demais parentes da menina, somente a filha dele e o irmão de Nye não se encontravam ali.

- Então...

- Um completo desastre – falou sem animo, rumando para uma mesa no canto e se servindo de vinho – Temo que piore ao invés de progredir – avisou ao dar um gole em sua bebida.   

- Foi apenas a primeira aula dela, não exija tanto – Elrond avisou – Conversarei com minha filha mais tarde, Arwen a ensinará bem – garantiu, mas não convenceu o rei elfo.

Herea olhava os dois conversar e se sentia área, não entendia o motivo de Thranduil estar na biblioteca enquanto sua sobrinha estava aprendendo uma língua nova e muito menos gostou ao vê-lo falar aquilo. Era obvio que ela não se sairia bem na primeira aula, mas se ela possuísse a determinação de seus pais, com certeza, ela aprenderia rápido a língua élfica.

- Não sei se ela aprenderá a tempo, se quiser mesmo casá-la – Thranduil falou.

- Casar?! – Herea se exaltou e levantou-se da cadeira em que se encontrava – O que quer dizer com ‘se quiser casá-la’? – indagou, já sentindo uma pequena irritação lhe dominar.

Herea possuía os nervos a flor da pele e suas emoções a acompanhavam. Talvez devesse ao seu poder, o da tempestade, por isso vivia e sentia tudo intensamente e ela não sabia fazer de outro jeito.

- Não contou a ela? – indagou ele e era possível ver divertimento em sua voz.

- Do que ele está falando? Contar o quê? – argumentou.

- Elrond quer casar sua sobrinha comigo – respondeu ele ao ver a lerdeza de Elrond em responder, ele não tinha aquela paciência em tomar cuidado com as palavras, preferiria ser direto e jogar a verdade ao vento do que enrolar.

Herea fitou Elrond atônita e Galadriel precisou segurá-la, o mago cinzento se encontrava em um canto da sala fumando seu costumeiro cachimbo e a idéia também não o agradou, mas também não deixou de perceber que talvez a união fosse boa. Conhecia a rainha dourada e Elrond há bastante tempo para saber que se eles tinham essa intenção, era por uma boa causa. Restava saber se Thranduil ou Nye aceitaria tal fato, afinal, ela se casaria com um dos elfos mais difíceis e frios de toda Arda.

Que Eru tenha pena da pobre menina” Pensou o mago.

- Casar? Com ele?! – fitou Thranduil aturdida – O que pensa que minha sobrinha é? – questionou.

- Não estou fazendo pouco caso com Nye, apenas estamos pensando no bem dela e querendo ou não sabe que terá que escolher um noivo para ela – argumentou, caminhando pelo cômodo e tomando cuidado com cada palavra dita – Não será todo elfo que a aceitará. Os poderes de Nye ainda estão instáveis, qualquer súbita mudança de humor e ela pode congelar tudo, nenhum elfo arriscaria seu reino – emendou.

- Como se Thranduil fosse aceitar colocar em risco o precioso reino de Mirkwood – disse ríspida – Ele me negou ajuda quando busquei a floresta dele para ajudar nas buscas por Nye. Por que então esse elfo metido aceitaria minha sobrinha como esposa?! Para ela morrer assim como morrera a rainha dele?!

Por mais frio e calculista que fosse, Thranduil não era de ofender com facilidade, mas havia certos assuntos que era melhor serem evitados para não despertar a fúria que escondia naquele elfo. O rei da floresta das trevas já era temeroso quando calmo, mas furioso era pior ainda e nem mesmo o anão mais valente ousaria enfrentá-lo.

Ouvir o nome de sua falecida esposa causava fúria e ódio naquele elfo, nem mesmo ele tocava no assunto para não se irritar. Odiava a si mesmo por tê-la deixado morrer, por não ter sido forte o bastante para ter protegido-a.

- Não ouse tocar na memória de minha esposa, sua elfa desequilibrada! – quando Herea percebeu Thranduil estava praticamente diante dela e a olhando com fúria nos olhos – Acha mesmo que eu quis ela morresse? Mirkwood estava tão protegido quanto Vallarin – se afastou, sua voz adotou um tom mais severo e ela ecoava pelo recinto – Não duvide de Cassandra. Aquela bruxa maldita é mais esperta do que pensa – avisou.

- Ainda não explica por que casar Nye com você.

- Nem eu entendo as razoes de Elrond em selar esse casamento, talvez os anos já estejam afetando sua cabeça – olhou para o elfo moreno, e este apenas respirou fundo – Por que insistir nessa coisa já falida? – indagou.

- Linhagem – fora o mago cinzento quem respondeu e todos o olharam – Pelo que eu soube Legolas não quer assumir o trono e você também não vai viver para sempre. Nye também precisa de uma linhagem, Galadriel não possui filhos então a linha de sucessão cairá em Nye ou Leony – argumentou, andava pela sala com as mãos cruzadas nas costas – Vallarin já não existe mais e são poucos os elfos que pertenceram a aquele reino tão glorioso no passado. A única razão para essa união é um herdeiro. Ambos os lados precisam e querendo ou não tenho que concordar com Elrond... Você é o único que aceitaria Nye.

As palavras de Gandalf pegaram todos de surpresa, até mesmo Thranduil.

- E acha que daria certo, Gandalf? Como minha sobrinha pode sobreviver naquele lugar e com ele? – fitou o mago e mudou seu olhar para Thranduil novamente – Nye não vai sobreviver a outro trauma – avaliou.

- Acho que quem tem que decidir isso é Nye – aconselhou o mago – Mas esperem mais alguns dias até contarem sobre o casamento. Ela ainda tem muito o que aprender sobre os elfos e sobre si mesma – acrescentou.

Herea parecia relutante, balançou a cabeça em negação.

- Não irei esperar porque não haverá casamento. Não irei permitir que ela se case com esse rei – avisou e se encaminhou para fora da sala.

- Herea... – Elrond tentou chamar, mas ela não ouviu e ainda bateu a porta ao sair.

 

*

*

*

 

Em Algum Lugar da Terra Média

 

Nunca havia ruídos naquele lugar, as paredes de rochas grossas bloqueavam qualquer som que viesse do lado de fora, também não havia muita luz solar e as poucas que apareciam se esgueiravam através das frestas e pequenos buracos que haviam por todo o lugar que agora ela chamava de lar. Não era bem o que ela imaginava quando decidiu seguir aquela mulher, mas dava para o gasto.

Não era incomodada e ninguém conseguiria encontrá-las. Afinal, ninguém iria até uma fortaleza abandonada e com rumores de fantasmas rondando por ali. No entanto, não havia muito o que se fazer e o tédio ás vezes a tomava. Cassandra vivia saindo e planejando coisas, parecia que até mesmo dormindo imaginava planos maquiavélicos para destruir Arda ou qualquer outro reino pequeno, apenas por divertimento. E torcia para isso, quem sabe um pouco de animação não melhorasse seu animo.

Ela não podia sair, o que a irritava profundamente, se era para ficar trancada dentro de uma fortaleza que tivesse ficado em Erenon, ao menos podia sair de vez em quando.

No momento, a sua única diversão estava ser em atormentar um lagarto que apareceu ali. Não sabe de onde veio, mas serviria para distraí-la até Cassandra retornar sabe-se lá de onde. A loira nunca dizia aonde ia. Com movimentos de mãos singelos, Maere fazia fogo apareceu em torno do lagarto e ver o desespero dele lhe fazia rir. Começou a aumentar o fogo enquanto o pequeno animal se contorcia para escapar daquela centelha.

Até que não vendo mais graça ela o queimou de uma vez, nem dando tempo dele perceber o perigo eminente. As cinzas do animal voaram quando o vento soprou.

Logo em seguida, a sombra serpenteou e Cassandra não demorou a se mostrar. Sempre majestosa e cheia de rancor, causando em Maere apenas fascinação e admiração. Porém, percebeu que ela estava acompanhada, havia um ser pálido com ela e com algumas cicatrizes na face. Não era um elfo, apesar de possuir orelhas pontudas, seus dentes pareciam laminas afiadas e seu olhar era tão cheio de maldade quanto o de Cassandra. Mas ele causava apenas calafrios na espinha de Maere.

- Creio que nunca tenha visto um orc na vida, estou certa? – Cassandra falou andando e parando ao lado da morena. Maere apenas negou enquanto avaliava aquele ser diante de si – Esse um orc bastante poderoso, nos ajudará em nosso próximo plano – sorriu convicta – Este é Azorg, o profano ou o orc pálido como alguns o chamam. Ninguém nunca foi capaz de matá-lo, ele será perfeito – garantiu.

- E seu próximo plano é...? – Maere a fitou, ainda não estava a par de toda a situação e muito menos sabia quais os planos da maga negra.

Azorg devolvia o mesmo olhar que Maere lhe lançava, mas ele parecia mais malicioso que a morena.

- Há anos que estou em busca de riquezas, se quero montar um exercito preciso primeiro de ouro – argumentou se aproximando da beirada da varanda que não possuía proteção alguma – Estou de olho em um tesouro. Um tesouro que é bem guardado por um certo reino, adentrar nele não será fácil, a menos é claro que usemos as cartas certas – virou-se para eles – Será aí que você entrará Maere! Com seu poder de fogo poderemos domar nosso segundo aliado e conquistar esse tesouro. O único problema é que teremos que viajar para as terras do norte, ele não desce para essas bandas, a menos é claro que ele encontre algo de muito valor – sorriu de canto.

- Tesouro é – Maere mordeu o lábio inferior – Estou começando a gostar desse seu plano. Mas e quanto a minha querida irmãzinha – fingiu preocupação.

- Vamos deixar que ela pense que se livrou de nós – falou – Apareceremos quando menos esperarmos.

Maere sorriu. Ainda possuía rancor pela meia irmã, apesar de aparentemente ela não ter feito nada de errado, mas para Maere somente uma podia ser a mais poderosa e esta seria ela. O que Nye não sabia era que seu poder se igualava ao da Fênix e talvez fosse à única capaz de destruí-la de verdade, mas a morena não daria esse gosto a irmã. A faria sofrer pelo simples motivo de sentir-se viva e bem com aquilo.

Tal como Cassandra, ela almejava a dor e o sofrimento. E ela os traria para Arda.

 

*

*

*

 

Todo o seu corpo latejava, devido ao treino intenso que tivera naquela tarde. Depois que terminou a única coisa que queria era um belo banho, para aliviar o corpo e tensão. No entanto, sua tia não parecia compartilhar da sensação boa que sentia após o banho, já que suas injurias e resmungos ecoavam pelo banheiro enquanto ela secava os fios de Nye.

A cabeça da menina balançava como se fosse uma bola, quicando por aí sem rumo aparente. Varias vezes tentou chamar a tia, mas ela parecia em transe ou mergulhada demais em sua irritação para lhe ouvir. Até que um ‘ai’ escapuliu de sua boca e então a elfa voltou a si, a tempo de vê-la quase cair da cadeira em que se encontrava agora.

- Oh... – emitiu, como se sentisse culpa. Afagou os ombros da menina enquanto pedia desculpas mil vezes, mas seu semblante ainda era sério.

- Aconteceu alguma coisa? – indagou sem jeito, não queria ser evasiva, mas também sentia que não podia ficar calada e ver a tia naquele nervosismo.

Queria ajudar de alguma forma.

- Não é nada – afirmou, apesar de sua expressão dizer outra coisa.

Nye ajeitou a toalha em torno de seu corpo enquanto deixava que a tia terminasse o trabalho, que por sinal não era mais preciso, sua irritação era tão grande que ela acelerou os movimentos com as mãos e seu cabelo já estava apenas úmido e algumas pontas já secas. Herea levou Nye até o quarto para se trocar, o sol começava a se por no horizonte e o quarto se banhava nas luzes alaranjadas do entardecer.

Optou por um vestido branco com alguns detalhes em lilás, algo bem suave e fresco para aquela noite encalorada. Sentia o tecido fino e frio cobrir seu corpo agora relaxado, mas ainda latente pelas dores do tortuoso treino. Depois esperou que sua tia penteasse seu cabelo. E novamente os resmungos voltaram, mas agora Herea tomou cuidado para não puxar nenhum fio de sua preciosa sobrinha.

Os resmungos se tornaram mais audíveis e Nye observou ser a respeito de alguém.

- Brigou com alguém? – ela evitava usar a palavra ‘tia’, pois ainda não estava totalmente familiarizada com sua nova família.

Ainda era estranho saber que pertencia a uma raça e saber que teve uma família bondosa sendo que passou anos significativos sendo torturada por um rei de coração negro. Mas algumas vezes a palavra escapulia sem que percebesse.

Herea suspirou, tocando os ombros da sobrinha.

- Estou sim nervosa, mas não é nada sério ou algo que deva se preocupar – ela não mencionaria sobre o casamento dela com Thranduil, até por que na cabeça dela estava claro que isso não aconteceria e que fora apenas um equivoco – Tive um desentendimento com Thranduil. Aquele elfo é realmente... Um... Um... Asco! – esbravejou – Ainda não sei como conseguiu se casar e ter um filho, se eu não soubesse que a falecida rainha de Mirkwood fora morta por Cassandra, eu iria jurar que ela tinha morrido de infelicidade ao lado dele – exaltou-se.

Algo estranho se mexeu em Nye, percebeu que sempre ficava assim quando era mencionado que Thranduil já fora casado. Mas não era algo impossível, como ela mesma já dissera ele era extremamente bonito e não era difícil arrumar uma esposa. Porém, percebia que o assunto a incomodava.

Herea ainda continuou com suas reclamações enquanto terminava de escovar as belas madeixas de Nye, logo depois saiu do quarto para respirar um pouco e a menina permaneceu ali em sua varanda observando o entardecer do sol, em seu momento final. Quando as luzes naturais começaram a sumir ela saiu de seu quarto para andar, adorava perambular pela casa de Elrond durante a noite, achava-a mais atraente e tranquila, sem contar que gostava de observar as quedas d’águas que aos seus olhos ficavam encantadoras.

Estranhamente ela adorava o anoitecer, o céu salpicado de estrelas e a lua brilhando em todo seu esplendor. Caminhar pelos corredores decorados com arcos finos e lustres bem adornados fazia Nye senti-se calma e em casa. Sentiria falta caso fosse embora dali, sem bem que ela tinha curiosidade em conhecer o reino de sua outra tia. Lothlorien devia ser um reino esplendido. Mas em seu intimo também sentia vontade de conhecer o lar do rei elfo.

Imaginava como seria. Seria tão imponente quanto ele? Seria tão belo quanto Rivendell ou Lothlorien? E aonde seria? Tantas perguntas rondavam sua cabeça que ela só parou com elas ao ouvir vozes conhecidas logo mais a frente. Só então percebeu que caminhou sem rumo e perdida em seus pensamentos inquietos até chegar ao gazebo que estivera após despertar de seu sono profundo, quando fora ferida por Cassandra.

- Ainda não respondeu minha pergunta – a voz de Galadriel fora reconhecida por Nye, afinal, quem não reconheceria a voz dela? Tão melodiosa e calma.

- Por que insiste nisso? Qual a finalidade em querer me juntar a ela? – a segunda voz fez o coração de Nye saltar e aquela era outra voz impossível de não reconhecer, aquela imponência e timbre grosso fazia suas pernas bambearem.

Thranduil conversava com Galadriel, mas por que a sós? Ponderou a menina. Calmamente ela se aproximou para ouvir melhor, não era de bisbilhotar, mas estava curiosa ainda mais pelo rei elfo estar exaltado assim como sua tia Herea se encontrava minutos atrás. E ela sabia que não era por nada.

- Você é o único que pode protegê-la. Eu não pediria isso se não confiasse em você. Mas preciso ter certeza de que irá cuidar bem dela! – mesmo sua voz calma, Galadriel se mostrava firme.

Um silêncio rápido se seguiu até a voz irritada de Thranduil ecoar novamente.

- Ela ficará bem e a salvo, é só o que posso lhe prometer. Não pode colocar a responsabilidade do destino dela em minhas mãos – ele argumentou e a curiosidade de Nye apenas aumentou, fazendo-a chegar mais perto do gazebo para ouvir melhor e saber de quem realmente eles estavam falando.

- Seus destinos já estavam ligados no momento em que seu alce foi atrás dela! – rebateu e Nye parou no mesmo instante, já estando próxima o suficiente.

- E por conta disso quer casar sua sobrinha Nye comigo?! – rebateu ainda mais irritado e alterado.

E no mesmo instante a mente de Nye gritou fazendo com que suas mãos fosse a boca para tapar o grito de surpresa que queria fugir, no entanto, com isso ela acabou dando dois passos para trás e não viu o jarro grande de planta atrás de si, fazendo assim ela esbarrar nele e cair para trás e causando ruído.

Ambos, rei e rainha, se interromperam e olharam para a entrada do gazebo desconfiados. Thranduil levou a mão a sua espada ao lado do quadril, mas a mão gentil de Galadriel se esticou a frente dele impedindo que sacasse a espada. Olhou para o meio dos arbustos e o varro derrubado já sabendo quem estava ali.

- Há quanto tempo está aí, Nye? – ela indagou gentil, mas havia repreensão escondida em suas palavras.

Nye se levantou, seu cabelo sujo pelas folhas e um pouco de terra sujou a barra de seu vestido limpo, ela se escorou na pilastra na entrada do gazebo e fitou os dois cabisbaixa. Não queria bisbilhotar e nem interrompê-los, mas quando deu por si já estava ali ouvindo tudo – pela metade.

- Desculpe – pediu sem jeito – Não queria interrompê-los – emendou.

Ela evitava erguer o olhar, pois sabia que se o fizesse encararia Thranduil e seu olhar mortal. E como ela odiava aquele olhar dele, mas ao mesmo tempo se fascinava.

- É do feitio humano escutar conversas que não devem, mas não é algo comum para um elfo. No entanto, devo lembrar que você não é uma elfa, apesar de possuir o corpo de uma – falou ele, mas parecia falar para Galadriel do que para Nye – Deixarei vocês a sós, creio que queria conversar com sua sobrinha – disse e em seguida passou reto por Nye que sentiu o peito se apertar.

Quando o rei elfo foi embora, ela se apressou em se desculpar.

- Desculpe, minha senhora, eu não queria ouvir sua conversa. Estava apenas andando por aí quando ouvi suas vozes e...

- Nye, se acalme! – pediu gentilmente, depositando suas mãos nos ombros da menina – Eu sabia que você estava por perto. Consegui sentir sua presença assim que saiu de seu quarto – alegou e a menina ficou surpresa – Esse é um de meus inúmeros dons – sorriu gentilmente.

- Pensei que somente os elfos elementares possuíam poderes – comentou incerta.

- De fato são os únicos, mas digamos que há alguns que possuem certos dons. Não são poderes tão grandiosos ou fortes como os elfos de sua raça, mas eles são de uma maneira considerados mais dons do que poderes ou magia – argumentou – Não sou tão poderosa quanto você – emendou e lentamente a conduziu até a cadeira para se sentar – Já que está aqui e ouviu minha conversa, creio que o melhor seja conversar com você.

- Eu vou mesmo me casar com o rei Thranduil? – indagou, mas se encontrava confusa de como deveria se sentir. Sentia agitação, mas também temor.

- Receio que sim, mas é sobre o motivo desse casamento que quero lhe falar. Herea a ama muito e quer apenas protegê-la, já eu acho que todos os fatos devem ser contados – disse enquanto caminhava pelo gazebo – Nye, como eu disse você é mais poderosa do que eu e esse seu poder é o que fará Cassandra vier atrás de você, sem contar que ela ainda quer vingança contra o sangue de seus pais e você e Leony são os alvos dela – contou – Sem falar que ela agora tem Fênix como aliada, você é a única pode parar a Fênix – acrescentou e Nye arregalou os olhos.

- C-Como assim?

- Por algum motivo você foi abençoada com um poder enorme dentro de você, tão belo e tão destrutivo também. A única capaz de parar Fênix e qualquer destruição que ela possa vir a causar neste mundo – explicou – Cassandra não vai desistir enquanto não acabar com você e eu creio que Thranduil possa ser o único a lhe proteger. Isso afirmando que nenhum outro elfo irá querer ficar com você por conta de seus poderes que ainda estão tão instáveis – emendou.

- Eu poderia ir para Lothlorien. Ou você não me quer lá por ser perigosa? – sentiu-se acuada com a possível rejeição, era obvio que ela não receberia felicidade, sua vida toda fora apenas dor e sofrimento, por que então receberia alguma recompensa por todos esses anos.

Galadriel estendeu a mão para ela, que a pegou sentindo a maciez que era a mão da rainha dourada.

- Você é mais do que bem-vinda a meu reino, você também é sangue do meu sangue, porém, Lothlorien será o primeiro lugar que ela irá atacar. Meus guardas já estão preparados para qualquer ataque repentino dela, aquela mulher é esperta e Fênix parece ter certo rancor por você o que irá apenas alimentar o ódio dela e fazer Cassandra se fortalecer. A escuridão é o alimento dela – disse – Mas não pense que não lhe quero comigo. Se dependesse de mim já estaria em meu reino e bem protegida. E também... Quero que faça algo por mim e pela falecida esposa de Thranduil.

- Por ela? Você conhecia a esposa do rei?

- Sim. Não éramos grandes amigas, mas nos dávamos bem – alegou – Ela não gostaria de saber que Thranduil se afundou em uma solidão tão profunda a ponto de esconder em seu próprio reino. Aquele elfo já sofreu demais e depois da morta dela ele apenas se afundou e se nega a aceitar que está mergulhado em uma profunda dor.

- Mas... Arwen disse que elfos só se apaixonam uma vez em toda sua eternidade – contou.

- De fato, isso é verdade. Mas eu nunca disse que Thranduil fora apaixonado por sua esposa.

Nye arregalou os olhos.

- Então por que ele se casou?

- Minha criança, o dever e o peso de um trono é enorme e ás vezes há sacrifícios que temos que fazer. Nem todos conhecem um amor verdadeiro e isso acontece em todas as raças deste mundo – falou, retornando a andar pelo gazebo – Mas não quer dizer que Thranduil não tenha “amado” sua esposa de outra maneira, ela era sua amiga antes de tudo e mesmo que tenham tido um filho, eles ainda eram apenas amigos que queria o bem de um reino e de seu povo – contou.

- Então eu casaria apenas para tirá-lo dessa dor? Por que ele aceitaria se casar comigo? Já ficou claro que ele não gostou da idéia e nem me suporta – alegou.

- Dê tempo ao tempo – Galadriel falou tocando o ombro da menina – Até lá pense com calma e não se esqueça que você é uma princesa e esse peso da coroa também cai sobre você.

Dito isso, Galadriel se retirou deixando a menina só com seus pensamentos conturbados. Nye precisou sentar-se novamente antes de enterrar o rosto nas mãos e entrar em desespero. Por mais que se intrigasse com o rei elfo, casar com ele era algo mirabolante demais e temeroso para ela. E sem contar que ainda não havia percebido que era uma princesa e que havia deveres a cumprir.

Mesmo sendo contra sua vontade. 

 

 

 


Notas Finais


Espero que tenha ficado bom. Como perceberam as coisas se agitaram ainda mais agora que Nye sabe sobre seu suposto noivado com Thranduil. Mas seria isso algo bom ou ruim? E Nye irá aceitar?
Não esqueçam de comentar e até o próximo capitulo!


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