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História Freeze You Out - 7. O Peso da Coroa!


Escrita por: PandoraCipriano

Notas do Autor


Oiii, pessoal! Trago mais um capitulo e espero que gostem dele! Tenham uma boa leitura.

Capítulo 7 - 7. O Peso da Coroa!


Fanfic / Fanfiction Freeze You Out - 7. O Peso da Coroa!

 

Fazia horas que ela estava rolando na cama sem conseguir pegar no sono, se questionou se era seu sangue élfico fazendo a mesma perder aquele habito humano de dormir em horas exatas. Pelo que ouvira de Thranduil – das inúmeras vezes em que ele exaltava as qualidades de sua raça -, elfos podiam ficar alguns dias sem dormir, raramente o faziam e quando o faziam era somente um fechar de olhos e pareciam meditar. Não pegam no sono profundo como os humanos.

Já havia passado horas desde o jantar, não comera nada por estar sem fome e com a cabeça cheia de pensamentos negativos a respeito do trágico acidente que fizera na casa de Elrond. Sem contar que o fato dela estar nua na hora não contribuiu para sua saúde mental e a coisa piorou e piorava quando ela se recordava que Thranduil estava ao lado dela, mantendo-a em seus braços na hora em que a salvou. Sua tia Herea havia contado tudo enquanto a ajudava no banho. E sua mente deu mais voltas.

Era de madrugada e agora Arwen não estava no quarto consigo, ordens dela mesma em querer manter a filha de Elrond longe de si, ainda estava com medo do que poderia fazer e não queria congelar a morena sem querer enquanto dormisse. Sentou-se na cama bufando, não havia um pingo de sono em seu corpo e sabia que ele não viria tão cedo. Então decidiu fazer algo para lhe acalmar: andar. Caminhar sempre lhe trazia paz, parecia que os pensamentos iam embora à medida que aumentava as passadas.

A casa de Elrond estava silenciosa, todos já recolhidos em seus aposentos e um sinal verde para ela andar – mas com cuidado – por aí. Não se atreveria a sair novamente dos domínios da casa e nem iria muito longe, talvez fosse até o pátio de entrada ou a fonte, ir ao gazebo era uma boa idéia também. Não havia luz alguma pelos corredores o que tornou difícil andar sem esbarrar em alguma coisa, porém, por sorte, não havia derrubado nada e nem feito barulho. O que a deixou aliviada.

Seus pés decidiram aonde a levariam, andou por um corredor mais extenso e escuro, tendo alguns fechos de luz que vinha da lua e logo Nye se viu em uma espécie de gruta onde por cima de sua cabeça uma cachoeira caia – varias delas por sinal -, havia uma mesa de cristal e quando a lua saia detrás das nuvens a luz iluminava aquela mesa e parte daquela área onde estava se encontrava. Nunca havia ido até ali e talvez tivesse entrado em uma zona proibida, sua mente gritou para ir embora, mas ela desistiu ao ver uma figura parada em um canto daquele lugar. E mesmo sem iluminação adequada ela conseguiu reconhecer a silhueta.

- Perdera o sono? – a voz grossa e altiva de Thranduil fez seu coração saltar.

Ao mesmo tempo em que ela não sabia se o ignorava e dava meia volta ou se permanecia ali.

Thranduil se virou, no mesmo instante em que a lua saia por entre as nuvens, ele trajava uma roupa mais simples, mas nem por isso deixou de demonstrar imponência e superioridade. Usava uma calça escura e uma bota de quase mesma cor, um sobretudo longo e de cor vinho. O rei estava sem sua coroa e seus cabelos estavam mais alinhados e arrumados do que de costume. Ele mantinha suas mãos atrás das costas.

E apesar de parecer causal a roupa dele, não a deixou mais confortável, visando os acontecimentos de horas atrás. E em comparação a ele, Nye usava um vestido realmente simples, de cor verde claro e sem muito detalhe.

- Talvez meu lado elfo esteja falando mais alto – fugiu do assunto, e por um momento pensou ter visto a curva da boca dele se ergueu em um sorriso irônico.

- Está longe de ser uma elfa ainda, apesar de ter nascido em nossa raça – falou e caminhou pelo local, sempre mantendo sua visão ao horizonte mergulhado no breu da noite.

Nye rolou os olhos – aproveitando que ele estava de costas a ela -, lógico que ele não perderia tempo. E quando achou que o rei a deixaria em completo silencio, eis que ele se vira novamente e inicia uma conversa, apesar do assunto não ser do seu agrado.

- O que fez para desencadear seu poder daquela maneira? – questionou, se aproximando dela a cada passo dado. Mas ela não recuou, estava desconfortável demais para se mover.

- Não sei – abaixou a cabeça – Fui apenas caminhar um pouco e resolvi nadar, não achei que fosse... Causar aquilo – disse constrangida.

- Seu poder está muito fora de controle. Quando contou o que houve em Erenon, pensei que seu poder reagiu a suas emoções devido as agressões que sofria pelo rei Ilis – comentou – Mas parece que eles simplesmente controlam você!

- Nunca tive problemas com ele até o rei Ilis me provocar – alegou – Realmente não sei o que houve desta vez – emendou, sentia a garganta fechada e sua respiração estava descompassada demais.

E ter Thranduil a rondando como se fosse uma pedra preciosa a ser vendida não estava ajudando em nada seu estado já conturbado. Sem contar, que tê-lo assim tão perto lhe fazia relembrar do momento em que fora salva e de estar tão próxima dele que seu perfume impregnou em suas narinas. A tontura já começava e ela tinha certeza que desabaria, não apenas por estar perto dele quanto por não ter comido nada desde o acontecimento no lago.

- Então temos um problema ainda maior – avaliou, se afastando um pouco dela e se aproximando de beirada da varanda/gruta – Se não sabe como seus poderes funcionam, levá-la para Mirkwood será ainda mais perigoso. Não posso arriscar levá-la para meu reino e colocar a todos em perigo – argumentou – Isso sem contar que esse pequeno incidente trará conseqüências.

- Eu não fiz por mal... Irei conversar com Elrond e...

- Isso não irá se resolver com conversas e palavras de ternura, Nye – falou ele a encarando seriamente, seu tom de voz ficando mais severo – Há pessoas importantes aqui. Ou melhor, elfos importantes e que protegem toda Arda, eles são tipo guardiões. E se verem que você é perigosa demais poderão tentar detê-la como fizeram com Fênix no passado – contou.

Nye arregalou os olhos enquanto assimilava as palavras do rei.

- Me deter? O que vão fazer comigo? – indagou temerosa, sua mente entrou em parafuso novamente ao pensar em ficar trancafiada em algum lugar, não queria passar pelo mesmo tormento que passou em Erenon.

- Não sei. Prende-la é o mínimo que fariam – foi franco – O mago branco está vindo para cá!

- Saruman?! – exclamou, ela conhecia o mago branco, ele havia ido até Erenon quando era mais nova e aconselhou a rainha Aren a lidar com seus poderes. – Ele me conhece, sabe que não faria mal a ninguém!

- Então não tem o que temer – falou a encarando – Isso se ele realmente acreditar que você possa controlar essa força dentro de você – emendou.

- Não está ajudando – brigou e abraçou o próprio corpo.

Achou que a conversa já havia sido encerrada e quis ir embora, quando se aproximou novamente do corredor por onde veio Thranduil a deteve mais uma vez.

- O que ela disse a você? – indagou, Nye se virou e mostrou-se confusa com a fala dele – Malyr. Ela lhe tocou, não foi?

- Nós apenas nos cumprimentamos, ela pegou na minha mão sim, mas fora apenas um cumprimento – defendeu.

- Tome cuidado com ela – alertou, caminhando lentamente pelo recinto.

Nye já estava tonta de vê-lo andar naquele espaço pequeno e sempre olhando ao longe, como se tentasse ver algo que ela nem se esforçando conseguiria enxergar.

- Vocês não parecem se dar bem – comentou se aproximando dele por vontade própria e parando ao lado do mesmo, agora estavam ao lado da mesa de cristal e as nuvens tampavam parcialmente a claridade da lua.

- Eu a desprezo – Thranduil revelou e Nye não ficou tão surpresa como achou que ficaria, afinal, o rei sabia expressão seu desgosto sem o menor problema – Aquela elfa sabe ser inconveniente. É outro de meus tormentos – deixou escapar – Não deixe que ela lhe toque novamente – avisou.

- Eu senti algo quando ela me tocou – disse sem saber ao certo se seria o correto dizer aquilo a ele – Foi como...

- Um arrepio pela espinha, como se sua alma estivesse deixando seu corpo e ficasse visível para qualquer um? Sentiu que seus maiores temores e segredos fossem tragos para fora sem seu consentimento? – ele indagou, virou a cabeça para fitá-la e não pode esconder certo incomodo ao vela próxima demais a ele – É isso que ela causa nas pessoas. Malyr tem o poder de sentir as vibrações das pessoas e de qualquer ser vivo. Ela sabe quando estão mentindo, feliz, tristes e dentre outros sentimentos que alguém possa sentir. Ela trás tudo isso a tona! Sem que você possa ter qualquer controle – disse amargo.

Estava na cara de Thranduil o rancor que ele sentia por Malyr, mas Nye, apesar de ter se sentido estranha ao ser tocada por ela, não acha que a elfa de cabelos flamejantes seja uma má pessoa. Afinal, como alguém que a defende de Thranduil pode ser má? Ponderou.

- Por isso não gosta dela? Ela fez seus sentimentos saírem sem sua permissão – comentou e o olhar do rei endureceu.

Ambos se encararam, apesar das intensidades serem diferentes. Thranduil a fitava de forma severa com aquelas safiras cristalinas lhe queimando a alma, enquanto que Nye devolvia o olhar suave e quase entorpecido. Mas nenhum deles ousou quebrar o contato, permaneceram ali conectados por algo que nem eles mesmos sabiam o que era. Logo se aproximaram – sem perceber.

Por ser um elfo nato – como ele sempre fazia questão de lembrar -, Thranduil conhecia bem a personalidade humana e seus movimentos. Com isso não fora difícil perceber a respiração de Nye mudar, ficar descompassada e o peito dela se agitar, subindo e descendo em um ritmo mais acelerado. Não podia negar que algo também se agitava dentro dele, mas ele era mais contido e sabia omitir suas emoções como ninguém.

Fitá-la se tornou tortuoso, encarar aqueles olhos claros lhe trazia a imagem dela de horas mais cedo e ele trincou o maxilar ao ver que estava sendo controlado pelas emoções. Odiava aquilo mais do que ninguém. Mas não sabia como evitar, desde que conheceu aquela elfa que se encontra pensando na mesma, sabia que ela a intrigava muito, mas deixar ser controlado até aquele ponto era demais para o orgulhoso rei Thranduil aguentar.

No entanto, seu corpo não parecia relutante, se aproximava mais dela como que inconscientemente. E quando percebeu já estava tocando aqueles doces lábios com os seus, iniciando um beijo calmo.

Suas bocas se juntavam como se pertencesse um ao outro, seus corpos permaneceram parados – mas próximos -, mas suas bocas se uniam que aquilo não fazia diferença. As mãos delicadas de Nye tocaram no peito do rei enquanto deixava ser beijada por ele. Não havia pressa ou luxuria no beijo, era algo calmo como se ambos estivessem aprendendo aquilo. O que no caso Nye sabia que só ela estava aprendendo.

Se afastaram, o beijo fora rápido, mas causou uma tempestade dentro de Nye que ela se preocupou, achando que tivesse congelado algo ao redor deles. Thranduil a fitava, ainda meio anestesiado ou incrédulo com que acabara de fazer. Ainda permaneceram próximos e se encarando. Mas Nye era a mais devastada, mal conseguia respirar.

- Quando respirar, não faça ruídos – falou quebrando todo aquele clima ameno e Nye precisou piscar algumas vezes, enquanto observava o rei se afastar e adotar uma feição séria demais – Nye... – chamou já no corredor e aquele fora um sinal claro de que era para segui-lo.

 

***

 

Estavam em uma sala agora. Com uma bandeja de prata contendo um bule e duas xícaras, um chá quente para poder ajudar no sono, ao menos no de Nye. Não conversaram nada, Thranduil ficou distante dela o tempo todo e parecia mais interessado em fitar algo pela janela, então ela se ocupou com seu chá. Que ela não sabia dizer se havia alguma erva forte ou se realmente sentia o cansaço daquele dia lhe arrebatar o corpo.

E quando percebeu estava caindo no mundo dos sonhos.

 

*

*

*

 

Ela acordou relaxada, girou na cama e espreguiçou-se, mas parou no mesmo instante ao notar que estava em seu quarto. Sentou na cama rapidamente olhando ao redor, aquele realmente era seu quarto, porém, não se recordava de ter voltado para ele. Avaliou a si mesma notando estar vestida, o que a deixou mais aliviada, não queria passar por outro episodio como aquele. Foi então que recordou-se da noite passada.

Ela conversara com Thranduil, depois foram para a biblioteca onde beberam chá e depois ela pegou no sono. Então a constatação veio rapidamente. Thranduil a havia carregado. Será? Pensou por um momento.

Levantou-se da cama e foi ao banheiro para fazer sua higiene matinal, nem precisou trocar de roupa já que ainda usava a da noite passada. Apenas penteou os cabelos que pareciam ficar cada dia mais claros assim como seus olhos. Saiu do quarto indo em direção ao salão onde tomavam café da manhã todo dia. Porém, encontrou o recinto deserto, com exceção da elfa de cabelos flamejantes: Malyr. Ela estava parada próxima a mesa e a encarava um tanto séria e Nye sentiu o estomago revirar.

- Precisamos conversar, Nye – disse somente.

 

***

 

Thranduil se encontrava sentado em uma cadeira, suas mãos fechadas em punho enquanto observava Lord Giel andar de um lado a outra no cômodo em que se encontravam. As feições de ambos estavam sérias, mas o rei se encontrava em uma fúria fora do normal. A pressão para casar-se com aquela elfa parecia maior agora apesar dos riscos que aquele casamento continha.

- Uma elfa extraordinária eu confesso, mas esse poder dela pode afetar o reino – Giel disse, enquanto andava sem encarar um ponto fixo ou o rei. Giel conhecia seu rei antes mesmo dele assumir a coroa e possuía certa liberdade de conversar com ele sobre qualquer assunto, sem contar que o lorde era um dos membros chefes do conselho de Mirkwood – Está em uma encruzilhada, Thranduil. O restante do conselho irá querer que se case com ela, mas somente quando a mesma controlar essa força que possui – alegou – Ninguém vai querer que ela congele o reino inteiro como fizera com Erenon.

- Não cabe ao conselho decidir se eu devo me casar com ela ou não – afirmou, fazendo questão de demonstrar sua irritação quanto a aquele assunto.

- Não tem muita escolha. Precisa de uma noiva e sua situação não é uma das melhores – parou o fitando por fim – Legolas não quer assumir o trono e os rumores de que ele pode ir embora e não retornar nunca mais estão se espalhando, sem dizer que a relação de vocês piora a cada dia – gesticulou com as mãos – Mirkwood precisa de um herdeiro, você não viverá para sempre. E a princesa de Vallarin também precisa de um marido, afinal a situação dela é pior que a sua. Reconstruir um reino não é fácil, principalmente uma linhagem tão forte quando a dela – emendou.

- Nye não é uma elfa qualificada! Ela nem ao menos sabe a própria língua materna, como espera que ela esteja ao meu lago e governe ao meu lado? – rebateu se levantando de seu assento – E prometi que não me casaria novamente após a morte da mãe de Legolas. Elfos não se casam duas vezes.

- Não quando amam de verdade. Você se casou com Lilith porque o conselho a empurrou pra cima de você e porque nenhuma princesa escolhida estava a sua altura. Você é um elfo difícil de lidar e ela pareceu ser apta a aturá-lo, assim como Nye – avaliou.

A verdade bateu contra o rosto de Thranduil, mas este não deixou transparecer. Apenas fitava o amigo de longas eras de forma irritada, mas ele já estava acostumado a aqueles olhares mortais.

- E somente por isso espera que eu aceite me casar com ela? Não seja tão tolo, Giel – rolou os olhos.

- Normalmente você é um rei astuto, Thranduil, porém, no momento parece não estar pensando muito bem – disse – Nye é uma princesa de Vallarin, uma elfa que possuía magia correndo em suas veias, uma magia tão forte e mais poderosa que a de Galadriel. Imagino isso nas mãos de Mirkwood, o prestigio, o poder que ela traria para nosso reino e seus herdeiros – sorriu de canto – Um elfo silvestre de sangue azul carregando uma magia poderosa na pele – comentou – Mirkwood poderia se sobrepujar a qualquer outro reino élfico que existe nesta Arda. E não é isso que deseja?

Thranduil avaliou a fala de Giel atentamente, as palavras fizeram efeito e realmente seria interessante fazer Mirkwood um reino ainda maior do que já é. Mas para isso ele teria que aceitá-la como esposa e seu orgulho não permitia isso, não somente o orgulho, mas ele todo. Mesmo que ele tenha cometido a loucura e a burrice de beijá-la, aquilo não significava nada e ele não iria aceitar aquele casamento.

- Desejo sim que Mirkwood cresça, mas não ao lado de alguém como ela – desprezou.

- Então creio que não terá outra escolha. Quando sai de Mirkwood eu conversei com o conselho e eu dei garantia a eles de que você iria se casar com esta moça – afirmou.

- E como fará isso? Me ameaçando? – zombou.

- Se for preciso – disse convicto.

- Não ousaria – estreitou os olhos.

- Então se case. Como eu disse, você não tem escolha. A menos que queria ver seu reino cair em pedaços por não possuir um herdeiro digno – aconselhou.

- Legolas é digno – enfureceu-se, mas Giel pouco se importou com a fúria do rei.

- Um herdeiro que não quer um trono, não pode ser digno de nada – falou e em seguida se retirou do cômodo.

Thranduil fechou os olhos tentando respirar e conter sua frustração, acabou jogando a bandeja de prata com o bule de chá contra a parede fazendo os vários cacos se espalharem.

 

***

 

- Creio que não entendeu aonde quero chegar, Ney – Malyr falou, um pouco mais severa agora.

A elfa havia falado tanta coisa que Nye sentia-se tonta. Ainda se encontrava no salão onde tomavam café da manhã todos os dias, seu prato já vazio após comer, mas o embrulho que se formava em seu estomago a fazia se arrepender de ter comido. Ela sentia-se encurralada e ainda não compreendia muito bem por que ela tinha que recriar o reino ou dar um herdeiro para dar continuidade para Vallarin. Seu irmão era mais velho do que ela, podia muito bem casar-se e dar o herdeiro que eles queriam.

Não podiam obrigá-la a se casar.

A menos que...

- Leony não pode ter filhos, não é? – Nye logo deduziu.

- Não – afirmou Malyr com pesar – Seu irmão já é casado, com uma elfa filha de um lorde e muito amigo de Galadriel, mas tal fato devastou o casamento dele e as coisas não estão muito boas em Lothlorien – contou de forma rápida.

- Pensei que Leony vivia no reino da esposa dele – comentou.

- Devido a esse momento trágico na vida de seu irmão, achei melhor que ambos vivessem em Lothlorien. Assim evitamos cochichos dos empregados e outras coisas – explicou.

- Adotem – disse ela por fim, sentada em sua cadeira de forma desleixada e demonstrando pouco interesse naquele assunto.

Confessava que sentiu-se sem chão e nas nuvens com o beijo que ganhara de Thranduil, mas sentia-se estranha sempre que falava sobre casar-se com ele. Sentia-se amedrontada e temerosa com seu destino, mas não sabia dizer se era medo do rei ou medo dele se transformar no rei Ilis e viver toda sua eternidade em um sofrimento sem fim.

Sem contar que havia diferença entre conviver com ele e viver praticamente sobre o mesmo teto e dividir a mesma cama com ele. Ali na casa de Elrond ela o via algumas poucas vezes durante o dia, ou basicamente quando estava na biblioteca aprendendo a língua dos elfos e quando almoçava ou jantava. Fora isso raramente o via.

Nye ainda achava cedo demais para falarem de um assunto tão importante como aquele, que envolvia sua vida e seu destino. A comida que forrava seu estomago se remexia varias vezes e ela se concentrava para não deixar que viesse para fora.

- Eu sei que tem medo, Nye. Senti isso quando toquei sua mão, você teme acabar como a rainha de Erenon. Mas eu coloco minha fé em Thranduil, ele é um elfo difícil, mas não seria capaz de fazer tal coisa – Malyr disse, agora mais gentil – Seu medo a domina, criança. De tal maneira que acaba afetando seus poderes e você nem percebe – emendou.

- Ainda sim, não sei por que casar com ele! Não há outros elfos? Um que não me olhe como se eu fosse à vergonha da raça élfica? – reclamou.

- Há sim, mas que te aceitariam... Poucos. Thranduil possuía uma linhagem forte também, é um rei nobre e de mais prestigio do que muitos por aí – alegou – Mas eu pensei que ficaria contente em se casar com ele. Pela forma como o olha e age quando ele está por perto, pensei que lhe alegraria passar sua eternidade ao lado do rei de Mirkwood – sorriu de canto ao vê-la corar.

- Desde quando eu gosto daquele elfo metido a besta? É um egocêntrico, metido e acha que todos estão abaixo dele – suspirou – Eu sei do que aquele elfo pode ser capaz.

- Como se não o conhece de verdade?

- Ele deixa bem claro que não me vê como uma elfa de verdade, que sou a ralé da minha raça e uma vergonha para a mesma – disse entristecida.

Malyr se aproximou e segurou as mãos dela entre as suas.

- Thranduil tem a mania de usar sua frieza e indiferença como arma, mas ele não é ruim. Só está machucado ainda pela morte de sua rainha – disse.

Nye suspirou e abaixou a cabeça, sem saber o que pensar a respeito desse casamento. Mas não parecia que teria muito tempo para pensar. Malyr se afastou dela e no meio do salão parou.

- Nye, você é uma princesa e como tal ás vezes a coroa irá pesar e escolhas terão que ser feitas – argumentou – Para lhe ajudar a pensar, imagine que Vallarin esteja viva e é um reino magnífico e logo você irá assumir o trono, mas precisa de um rei ao seu lado. Quem você escolheria? Quem seria apto a governar do seu lado? – sugeriu.

Em seguida ela se retirou, deixando Nye ainda mais afundada em suas questões particulares.

 

*

*

*

 

- O reino de Vallarin ainda está vivo e você é a esperança do que sobrou do povo – Nye falava para si mesma enquanto caminhava sem rumo em alguma parte da casa de Elrond – Ah, seria mais fácil se eu fosse uma elfa qualquer ou que fosse filha de guardas de algum reino. Na verdade, seria bom mesmo se meus pais morassem em uma floresta em uma cabana – resmungou.

Passara a manhã toda remoendo as palavras de Malyr, não quis ver ninguém depois disso, nem mesmo foi para a biblioteca para ter sua aula com Arwen. Sua mente não descansou em momento algum e isso parecia piorar a dor latejava na mesma, ela não conseguia encontrar um rumo, uma decisão fácil de encontrar. Sua cabeça rodava, Thranduil habitava ali a todo instante e ela se encontrava dividida.

Não sabia se seria uma boa idéia aceitar aquele elfo, como conviver com alguém que se recusa a vê-la como da mesma espécie? E que tipo de vida teria em Mirkwood? Não queria ficar trancada em um quarto novamente como em Erenon, se for assim, ela viveria em uma floresta e se esconderia de todos. Conseguiria se virar, tinha certeza de que o alce a acompanharia, mesmo tendo aquele rei egocêntrico como dono.

- Andar em círculos não vai adiantar nada – Leony se aproximou ao vê-la andando de um lado para o outro, sussurrando palavras que mais parecia murmúrios.

Nye não respondeu nada, apenas se sentou no banco de mármore ao seu lado e deixou suas costas cansadas relaxarem. Seu irmão sentou-se ao seu lado e a olhou de canto de olho.

- Malyr lhe contou, não foi? – ele a interrompeu, quando a mesma pensou em abrir a boca para dizer algo.

- Sinto muito – falou sem encará-lo.

- Eu que devia pedir desculpas, deixei que o peso de recriar nosso reino caísse em você. Eu sou o irmão mais velho e essa responsabilidade é minha – alegou.

- Nossa – disse ela – Depois que você tivesse um filho, os olhos cairiam sobre mim assim como as expectativas – emendou – Mas agora, todo o peso está em minhas costas. E o pior é que Malyr tem razão, Thranduil é único apto a ser um rei ao meu lado, o único cujo sangue é tão forte quanto o nosso. Sem contar que poucos seriam aqueles me aceitaria devido meu passado, fui criada por humanos e alguns elfos não vêem isso com bons olhos.

- Eles são uns tolos! – Leony esbravejou – Quando escapamos do reino ainda em chamas, fomos parar em uma vila humana e conseguimos abrigo lá. Fomos bem recebidos e recebemos bastante apoio, até a senhora Galadriel chegar e nos buscar – contou – Muitos nos viraram as costas.

- E são esses que não me aceitam – ela argumentou – Não sei o que fazer – foi sincera.

- Se pensar não está ajudando, vá andar por aí... Ou cavalgar – sorriu de canto e moveu a cabeça para trás, onde Nye pode ver o alce abaixo de uma árvore e a encarava de forma convidativa – Ele parecia lhe procurar horas mais cedo e parecia preocupado, estava bem agitado – contou.

- Será que não tem problema eu cavalgar fora dos domínios de Rivendell? – indagou.

Leony deu de ombros.

- Você já está encrencada mesmo por ter congelado o lago, sair sem autorização não fará diferença para você – riu.

Nye deu um tapa de leve no ombro dele, em seguida saiu correndo e indo até o alce. Subiu nele e deixou que o mesmo a levasse para qualquer lugar. E pouco se importou que fosse fora do território de Rivendell.

A enorme floresta se encontrava a sua frente, a entrada da casa de Elrond ficou para trás. Agora árvores com troncos finos formavam sua visão, assim como o solo pouco verde e coloração amarelada. Havia terra para todo o lado assim como galhos secos, avistou alguns animes aqui e ali durante o percurso.

De repente observou que o alce a levava para algum caminho, pois ele seguia uma trilha e se questionou aonde estava indo. E não demorou muito para descobrir, logo avistou uma cabana estranha e toda feita de madeira e emendada a uma árvore de tronco grosso e casca dura. Vários animais se encontravam ao redor da cabana e ao se aproximar o alce parou de correr e abaixou para que ela descesse. Assim o fez e viu o animal se aproximar da porta da cabana.

Com seu casco ele chutou levemente a porta, dando três “toques”.

E não demorou muito para que a porta fosse aberta por um homem baixinho e que possuía a aparência meio suja, não somente ele, mas como suas roupas também. Ele tinha um cajado em mãos, parecido com o de Gandalf. Quando o viu, ele se surpreendeu e encarou o alce curioso. O homem a analisou e depois ao constatar que estava bem, sorriu.

- Não esperava vê-la, mas vamos entrar! – disse a empurrando para dentro da cabana e antes mesmo que pudesse rebater se viu entrando na mesma.

La dentro, a bagunça tomava conta. Havia vários moveis, mas todos de aparência questionável e que ao menor movimento desabaria. Pilhas e pilhas de coisas que ela não soube identificar, vidros com líquidos curiosos e questionáveis também. Comida espalhada, mas todas em bom estado. O telhado possuía furos, mas nada que pudesse causar goteiras em um temporal. O vidro das janelas eram embaçados e era impossível de ser ver o lado de fora.

- Fico feliz que esteja bem – comentou ele enquanto parecia procurar algo em meio aquela bagunça sem fim.

- Ah, desculpe, mas você me conhece? Ou já nos conhecemos? – indagou ela.

- Eu lhe levei até a casa de Elrond quando o alce a trouxe ferida até mim – contou ao virar-se para ela, para depois voltar a caçar algo – Eu fiquei em Rivendell até você ficar fora de perigo, mas fui embora quando já estava a salvo. Não sou dado a ficar perto de pessoas ou conversar com elas, seja de qual raça for. Prefiro a companhia dos animais, espero que não se ofenda – falou.

- Ah, não me ofendi – falou – Então, eu acho que lhe devo um obrigado.

- Não precisa se preocupar. Fiz por vontade própria e a propósito: me chamo Radagast – garantiu e em seguida se afastou de uma cômoda estranha e foi até o alce do lado de fora da casa – Aqui, para você! – jogou uma fruta em bom estado e o alce grunhiu como se agradecesse e se pôs a comer – Mas, se não está ferida e se encontra bem, o que veio fazer aqui? – questionou.

- Bom, eu não sei. Foi o alce que me trouxe até aqui, eu apenas queria andar e arejar a cabeça – contou, se saber ao certo se seria apropriado se abrir com ele.

- Sua mãe gostava de andar pela floresta para se acalmar também – comentou ele, sentando-se em um banco, havia uma cadeira para ela, mas Nye preferiu ficar de pé – Ela adorava cavalos, o que não era estranho uma vez que o poder dela tinha relação com a natureza – acrescentou.

- Conhecia minha mãe? – ficou curiosa.

- Sim. Mas eu era mais amigo de seu pai, o ajudei um pouco durante seus primeiros anos de vida élfica quando seus poderes estavam fora de controle, mas ao ver o elemento dele, tive que recorrer a outros magos – explicou – Virei amigo de seu pai, talvez a única pessoa que eu possa chamar de amigo. E foi aí que conheci sua mãe, você se parece mais agora com ela com o cabelo castanho, apesar dela ter nascido com cabelos loiros como o sol nascente.

- O cabelo de um elfo pode mudar de cor?

- Somente os dos elfos elementares, o poder de sua mãe tinha haver com a natureza e por isso o cabelo loiro dela foi mudando para o castanho aos poucos. Seu pai era loiro também, mas ele ficou quase platinado devido ao poder de gelo e trovão dele – disse – Creio que possa ter herdado os poderes dele e os cabelos de sua mãe, isso pode influenciar e muito quando se tem um bebê – alegou.

Bebê. Criança.

Palavras nas quais Nye não queria ouvir agora, pois pensar em gerar uma criança a fazia pensar em casamento e tal palavra a levava até Thranduil. Uma careta se formou na face dela.

- Oh, o assunto pareceu não lhe agradar – falou.

- Não é isso, é que...

- Gandalf esteve aqui e me contou que irá se casar. Mas seu casamento não parece algo fácil – disse observando a expressão dele.

- Por aí – falou sentindo um nó no estomago – Antes parecia fácil responder, mas agora não sei o que fazer. Me encontro dividida.

- Ser uma princesa não é fácil, não é? – Radagast sorriu de forma amarga – Seu pai sofreu muito com isso também, a coroa parecia pesada demais ás vezes e ele sempre desabafava comigo. Eu o ajudava no que fosse possível, mas questões de reinos e obrigações não era comigo. Sou apenas um mago recluso e não sei nada sobre carregar um reino nas costas. Mas sei que esse peso não pode ser carregado somente por uma pessoa. E seu suposto noivo a vem carregando por eras – contou e Nye deixou a surpresa lhe pegar – Obrigações, deveres e proteger um povo inteiro é uma tarefa árdua, se você cair seu povo cairá junto. É linha bamba que a todo instante você deve tomar cuidado e fazer escolhas difíceis – falou tocando as mãos dela – Seja qual for sua decisão, pense em como deve ser carregar um reino sozinho. E por mais que isso doa, ás vezes um rei ou uma rainha, deve dar ao povo aquilo o que eles querem e o que for melhor para eles!

Nye sorriu sem animo e agradeceu pelo pequeno conselho, ouvir Radagast falar fora mais fácil do que ouvir Galadriel ou Malyr falar a respeito de ser da realeza. E imaginou como a tia se sentia a respeito disso, como fora para ela se casar e agora imaginava como era para Thranduil. Ele assumira o reino que era do pai, sabia através de Herea que a esposa dele faleceu e deixará um filho. Mas havia bastante tempo que isso havia acontecido.

Agradeceu ao mago pela orientação e decidiu retornar para Rivendell, pois já havia bastante tempo que havia saído. Porém, quando saira da casa de Radagast encontraram com duas elfas armadas e apontando flechas para o pequeno mago. Ao reconhecerem o mago castanho abaixaram as armas e endireitaram as posturas.

- Viemos lhe buscar, minha senhora – Tauriel falou se curvando brevemente – Seu desaparecimento causou preocupações em todos – alegou.

- Sinto muito, não era minha intenção deixar todos preocupados. E... Não faça isso de novo – pediu e Tauriel a olhou sem entender – Não precisa se curvar diante de mim, não sou alguém tão importante assim – disse.

- Mas seria falta de respeito, minha senhora – Eryn afirmou – Se o rei Thranduil souber que estamos desrespeitando-a... – deixou a frase morrer.

- Deixem que eu me entenda com seu rei, acho que também preciso ser ouvida, não? Afinal, possuo um sangue tão azul quanto o dele – retrucou e as duas se olharam antes de concordarem – E nada de ‘minha senhora’, não sou tão velha assim. Me chamem de Nye, que é meu nome – pediu novamente.

- O rei vai arrancar nossas cabeças! – Eryn disse olhando em suplica para Tauriel, que avaliava a elfa a sua frente surpresa. Nunca vira alguém da nobreza recusar ser chamado daquela maneira, alguns até arrancariam a cabeça de seus serviçais se não o fizesse.

- Como quiser... Nye – Tauriel falou e Eryn arregalou os olhos, já sentindo o pescoço latejar.

 

***

 

Chegaram a Rivendell rapidamente, a princesa era escoltada pelas guardas de Mirkwood. Porém, ao chegar no pátio principal, encontraram um Thranduil a espera delas e sua feição não parecia muito boa e nem muito amigável. Ela desceu do alce calmamente e se forçou a encarar aquele rei de aparência fria e o mesmo estreitou os olhos vendo o gesto dela, mas queria saber até onde ela iria.

- Uma tentativa de fugir de seus problemas? Uma atitude humana e não élfica – comentou, sua face séria fazendo-a respirar fundo.

- Não estava fugindo, apenas quis andar por aí e sair um pouco – respondeu – Precisava pensar.

- Terá que se acostumar a ficar dentro do reino, Mirkwood é um lugar rodeado de uma floresta densa e mágica, pode ser que vá até ela e não retorne – avisou, o tom tenebroso pairando sobre sua voz.

- Experimente ficar trancada em um mesmo cômodo por anos e ser agredida de varias formas, encarar uma floresta mágica e maquiavélica não será nada – falou com altivez.

Thranduil a avaliou de cima abaixo, mas nado disse nada.

- Será uma boa rainha de fato, mas talvez não seja uma boa elfa – provocou, após minutos em silencio.

- Já você é o contrario, um elfo nato, mas peca como rei – rebateu parando diante dele.

Sua mente gritava para parar, sabia que comprar briga com aquele elfo era perigoso, pois era isso que sua mente alertava. Mas ela já estava cansada de ser sempre menosprezada por aquele elfo e se ela iria mesmo se casar com ele, então teria estar a altura do mesmo em todos os sentidos. Passaria a retrucar a cada acusação dele, rebateria qualquer comentário e não demonstraria medo, seria assim iria vencer.

Mas era difícil fazer isso, principalmente quando seu coração acelerava ao olhar naqueles olhos gélidos e sua mente recordava do beijo.

- Veremos até onde sua bravura irá – comentou chegando bem perto dela, ambos se esqueceram das duas outras elfas ali, observando toda a cena dos dois.

- Até onde eu quiser, teremos tempo para aprender a lidar um com o outro – falou.

- De acordo – assentiu.

E ali, de forma implícita, o comprometimento de ambos foi selado. Não era preciso a pergunta clichê: ‘quer casar comigo?’, pois ali não era necessária. Através do olhar eles davam suas resposta um ao outro e ambos diziam sim a aquele casamento que nem sabiam se daria certo. Mas para o bem de ambos os povos, eles o fariam. 

 

 

 


Notas Finais


Então, o que acharam? Sei que talvez foi cedo demais rolar um beijo entre eles, mas já aviso que não é por causa disso que eles começarão a se entender, mas já dá pra perceber que eles estão meio balançados. Nye principalmente, mas Thranduil parece lutar arduamente contra essa sua curiosidade sobre a elfa.
Deixem seus comentários e nos vemos no próximo capitulo!


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