História Friends - Capítulo III: Who I Am?

Após a conversa, Hyun se ofereceu para me levar para casa junto da Clari e forçou aquele tal de Mark, o qual eu não fui muito com a cara, a vir junto.

Eu queria recusar pois minha casa estava uma bagunça. Quando recebi a notícia sobre Kim, eu comecei a quebrar a casa, jogar pratos, copos e vasos de plantas, chutar o pé da mesa entre outras coisas que acho melhor eu não citar.

Deixei que eles me levassem e ao chegar lá, eu expulsava-os e entrava sozinha no apartamento. Me plano foi falho.

“Vamos Kate, deixe-nos entrar! ” - Hyun pigarreava.

“Ela está um pouco bagunçada, amanhã vocês podem voltar! ” – Tentei convence-los.

“Ela está claramente escondendo algo, será que vocês não percebem? ” – Mark falou com a típica cara indiferente.

“Kate, o que você está escondendo? ” - Clari também desconfiava.

“Já disse que não é nada! ” – Gritei e entrei rapidamente, fechando a porta e indo para a sala.

Me joguei no sofá e fechei os olhos numa tentativa falha de dormir, já que fui interrompida por vozes.

“Pelo amor de Deus, o que aconteceu aqui? ” – Hyun falou boquiaberto.

“Como entraram aqui? ” – Perguntei levantando.

“Se você não trancar a porta qualquer um pode entrar! ” – Mark novamente deu uma de “sabe-tudo”.

“Engraçadão você heim, merece um prêmio! ” – Falei sarcástica. – “Agora saiam, por favor! ” – Apontei para a porta.

“Não, nós vamos ficar e ajudar a arrumar! ” – Clari exclamou, já indo para a cozinha pegar uma vassoura e jornais para limpar os cacos de vidros que estavam espalhados pelo chão.

Eles insistiram tanto que acabei cedendo e ajudando, obviamente. Até mesmo Mark ajudou, acho que ele pode até ser uma boa pessoa. E quando eu falo que insistiram demais, foi demais, mesmo. Eles passaram uns 20 minutos tentando me converncer.

Demoramos umas duas horas até acabar e no fim, todos comemos ‘Cup Noodles’ e dormimos espalhados. Hyun e Mark no sofá abraçados, eu na minha cama e Clari no colchão ao lado da minha cama.

Acordei após um sonho, no qual eu e as meninas, incluindo Kim, brincávamos de pega-pega.

Não importa a idade, é sempre legal brincar de pega-pega.

Eu estava toda suada, então decidi tomar um banho. Parecia que eu queria acabar com a água do planeta, já que fiquei 20 minutos no mesmo. Quando saí, coloquei uma roupa qualquer e peguei meu celular, vendo que eram 06:47.

Saí de casa rumo a casa de minha mãe. A esta hora ela já estaria acordada e eu precisava desabafar com alguém que não fosse Clari ou Hyun, já que as outras meninas não atendiam o telefone.

xXx

Eu havia chegado na casa de minha mãe, estava pronta para abrir a porta com a minha cópia da chave, mas percebo que a porta estava aberta, já que fiquei minutos tentando girar a chave na tranca.

Uma enorme interrogação surge em minha mente, já que ela não deixava a casa destrancada nem se fosse na padaria a uma quadra de distância.

Entrei e escutei algo quebrar.

Peguei uma faca que estava na cozinha e andei a passarinhos em direção ao quarto de onde vinham os barulhos.

Olhei pela fresta da porta e vi meu tio. Empurrei um pouco a porta e vi o mesmo estuprando minha mãe. Pensar nesta frase quase me fez vômitar, mas consegui segurar colocando a mão na boca.

“Como ele pode? E desde quando isso acontece? ” Me perguntei e então entrei, dando um soco no rosto dele, que o pegou de surpresa, apesar de que o rosto dele nem ficou tão vermelho, mostrando a pouca força que eu tinha, reduzida pela vontade de vômitar. Não quis usar a faca, sabia que não ia servir para nada. Ou quase nada.

Ele me devolveu o soco no estômago, e me empurrou, fazendo-me chocar contra a parede. Fui em sua direção e enfiei a faca no ombro dele, logo após retirando e dando múltiplas facadas em seu estômago, até ele que ele não pudesse mais reagir.

“Kate...!? ” – Escutei a voz de minha mãe ao me lado.

“E-eu... ” – A minha voz não saía. Dei alguns passos para trás e caí ajoelhada.

“Você está bem, querida? ” – A voz de minha mãe soou baixa pelo meu ouvido que estava entupido.

Gritei assustando minha mãe e comecei a chorar. Foi então que eu vômitei.

“Por que você fez isso Kim? Você nos faz sofrer e perder o controle, mas eu não consigo te odiar! Por quê? ” – Falei após vômitar. Eu ainda chorava, sem ligar para o que minha mãe falava

“Ah minha querida... Eu estou aqui! ” – Minha mãe me abraçou, me fazendo voltar ao “mundo real”.

“Me desculpa, eu não... Mas ele... E então eu vi... ” – Tudo o que eu falava era cortado pelos meus próprios soluços.

“Apenas vamos chamar a polícia e dizer que foi autodefesa, está bem? ” – Ela sorriu.

“Obrigada... ” – Foi o que consegui dizer num sussurro e desmaiar logo em seguida.

“Uma luz branca surgiu de repente, mas não uma luz forte e sim uma luz que me acalmava.

Dessa luz saiu uma garota. Era Kim.

- Kim...? – Perguntei me aproximando.

A mesma apenas se aproximou e me abraçou. Ela se afastou um pouco, beijou minha testa e voltou a me abraçar.

Foi então que eu percebi que ela estava vestindo um vestido inteiramente branco, estava descalça e com uma serenidade expressada através de seu olhar e seu sorriso.

A imagem dela começou a se apagar.

Pude escutar algumas palavras, algumas pela metade, outras inteiras enquanto ela sumia.

- Eu a_o to___ v__ês! – Foi o que escutei.

Não tive tempo de tentar processar as outras letras que faltavam, pois tudo ficou escuro... ”

“Kate? ” – Escutei a voz da minha mãe e abri os olhos. – “Oh, graças a Deus! ” – Ela suspirou.

“Onde eu estou? ” – Perguntei vendo que não era um local conhecido.

“Numa sala de descanso da delegacia” – Ela falou.

“Eu fui presa? Eu vou ser presa? ” – Arregalei os olhos, rezando para que a resposta fosse não.

“Vou ser sincera: eu não sei e não faço a mínima ideia! Falaram que iriam levar o caso a justiça, mas não sei quanto tempo irá demorar para darem a “resposta”. Além de que eu preciso arrumar um bom advogado caso o caso (??) vá para o tribunal. ” – Ela olhou para o chão. – “Eu vou buscar algo para você comer, me espere aqui, demoro no máximo uns 40 minutos. ” – Ela foi até a porta.

“Está bem, obrigada! ” – Sorri para ela, que saiu definitivamente da sala.

“Porquê? O que foi que eu fiz? Primeiro uma de minhas melhores amigas morre e depois eu assassino o meu tio? ” – Apenas pensamentos deste tipo dominavam a minha mente.

“Quem sou eu? E o que está acontecendo comigo e com a minha vida? ” – Mais pensamentos negativos surgiam.

“Eu já não sou capaz de me reconhecer mais... ” – E foi com esse último pensamento que eu resolvi ligar para ‘ela’, na esperança de que a mesma me respondesse. As ligações anteriores, no dia em que Kim faleceu foram totalmente inúteis, já que ninguém havia me atendido.

Ela era a minha melhor amiga desde pequena, sempre me apoiando, mas ao contrário de Kim, ela parecia mais como uma irmã do que uma mãe.