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História Friends - Conheça Marie Evans


Escrita por: Snow_Evans

Notas do Autor


Hey não me matem! Juro que não foi a intenção deixar o capítulo tão triste, mas não resisti. I hope you enjoy it!

Capítulo 17 - Conheça Marie Evans


Sinto meu estômago embrulhar instantaneamente quando vejo quem estava sentada com minha mãe. Marie Evans, o pesadelo para todos os seus netos e familiares. Também conhecida com minha avó materna.

Sério eu não entendia como meu avô Edward Evans um cara tão legal, foi se apaixonar por uma víbora igual minha avó. Entro na sala com o Paçoquinha, visto que se eu ficasse lá fora eu pegaria uma pneumonia. Pensando bem, uma pneumonia não parece tão ruim agora. Droga o Paçoquinha, já entrou na sala de estar fazendo estardalhaço.

- Harry meu amor, você chegou mais cedo. - Fala minha mãe assim que eu coloco o pé onde as duas estavam. Paçoquinha estava aos pés de minha mãe quieto olhando com raiva para minha avó. Me aproximo das duas mulheres ruivas e beijo a bochecha de minha mãe carinhosamente e antes de me sentar ao seu lado.

- Mãe eu fiquei uma hora como sempre. - Respondo pegando um bolinho, apenas para minha mãe tirá-lo de minha mão.

- Vai lavar a mão e tirar essa roupa molhada, depois você come. - Ela pede calma, minha avó observava nossa interação estranhamente quieta, com um suspiro me levanto do sofá para fazer o que minha mãe mandou, quando minha avó começa a pigarrear para chamar atenção para si.

- Não vai falar com sua avó Harry? - Ela fala com falso carinho na voz. Rá avó sei, está mais para víbora isso sim, avó mesmo é a vovó Potter! - Ou sua mãe não lhe deu educação?

- Oi vó. - Respondo secamente sem olhá-la nos olhos. - Minha mãe me deu muita educação se quer saber, mas é claro que eu não vou desperdiçar com quem não merece.

- Harry James! - Bronqueia minha mãe se levantando e pegando em meu casaco. - Peça desculpa a sua avó.

- Mas mamãe...- Protesto olhando inocente para minha mãe.

- Agora, Harry. - Insiste ela olhando com firmeza para mim.

- Desculpa vó. - Murmuro baixo mal humorado e sem esperar uma resposta saio do cômodo, indo tirar essas roupas molhadas, mas ainda posso escutar a minha avó falar com mamãe.

- Você viu? Ele não te respeita. - Fala ela venenosamente e eu podia imaginar com perfeição um sorriso vitorioso em seu rosto. - Eu te avisei Lily, falei que você e o Potter não iam conseguir cuidar desse pirralho direito. Mas você me ouviu? Não, claro que não.

- Eu já disse mãe! Eu nunca colocaria um filho meu na adoção, mesmo que eu não tenha condições para cuidar dele! - Retruca mamãe raivosa, e abaixa a voz, me aproximo mais da porta para ouvir e pego apenas uma parte do que ela dizia. - ...e nunca mais mencione isso com meu filho em casa.

Curioso, me aproximo mais ainda para ouvir a conversa que era sussurrada furiosamente entre as duas ruivas.

- Ora então você não contou a ele? - Pergunta a mais velha maliciosamente, rindo sarcástica. - Que ele é um...
Clap! O som alto de um tapa se faz presente em todo a casa.

- Não ouse falar isso! - Grita minha mãe com a voz tremendo de choro ou fúria, nunca saberia, escuto passos se aproximando e subo o mais rápido e silencioso que posso. Mas não conseguia tirar de minha cabeça, o que eu era, que minha avó insinuava que deixou minha mãe tão brava?
Isso era uma coisa que eu preciso descobrir! Bem depois que eu tirar essa roupa, eu já podia sentir uma gripe se aproximando.

Entro no meu quarto e passo direto para o banheiro, com uma muda de roupa quente. Tomo um banho demorado, aproveitando para lavar minha cabeça de novo. Me sentindo melhor do que quando cheguei, chegando a esquecer o assunto da minha avó. Coloco a calça jeans e uma blusa de mangas na cor cinza, calço meus tênis e me jogo na cama ligando meu PS Vita. Mal tinha colocado no jogo, quando batem na porta do quarto.

- Entra. - Chamo com a voz levemente irritada, e logo minha mãe entra no meu quarto com um sorriso muito além do falso.

- Harry querido, vem tomar chá comigo e sua avó, sim? - Chama ela ainda na porta, deixando claro que era uma ordem. Me levantando o mais lentamente quanto podia com meu PS Vita na mão e meu Ipod junto com os fones de ouvido, sigo em sua direção, enquanto a mesma me olhava com raiva.

- O que? - Pergunto encarando a com um sorriso falsamente inocente e dou um beijo em sua bochecha, antes de passar por ela, plugando os fones no Ipod e colocando no último volume. Sinto uma mão quente e carinhosa, arrancar os fones não tão delicadamente de mim e os colocá-los em algum lugar do meu quarto.

- Agora nós podemos ir! - Ela afirma passando o braço envolta de minha cintura e beijando meu rosto e me puxando em direção a escada.

- Mas mãe, eu nem tô com fome. - Reclamo emburrado enquanto ela me puxava escada a fora, e minha barriga acha ser muito conveniente protestar, exigindo alimento.

- Não, claro que não e é por isso que sua barriga está roncando. - Ela retruca sarcástica, encolho o ombro infeliz por ser obrigado a tomar chá com minha avó.

- Não posso comer no meu quarto? - Peço quando chegamos a sala de estar, minha mãe me olha avaliadora e suspira.

- Você sabe que não pode Harry, pare de fazer drama, é só um chá com a minha mãe. - Ela fala suspirando cansada. Paro de insistir no assunto e abraço minha mãe, enterrando meu rosto em seu cabelo ruivo, aspirando o forte perfume de lírios e brincando com a corrente fina de ouro que está sempre em seu pescoço. - Você sempre adorou essa corrente, quando era pequeno vivia mexendo nela. 
A solto com um sorriso e me deixo ser arrastado para a sala, onde minha avó nos esperava olhando atentamente para os vasos e fotos na lareira. Nós sentamos calmamente no sofá de dois lugares e minha avó se vira para nós dois com um sorriso - ou o que era para ser - amoroso e se senta na poltrona de tom pastel delicada que fica exatamente ao meu lado. Merda. Merda. Isso não pode ser bom.

- Harry querido você está tão crescido, quase um homem. - Comenta com a voz doce, dando tapinhas nas costas de minha mão. - Cresceu desde a última vez que lhe vi.

- Bem, era o esperado não é mesmo? - Retruco sarcástico sem conseguir segurar minha língua. Ela tava brincando com a minha cara, só pode. Ela não me vê desde que eu tinha 8 anos!Já se passaram 8 anos, sem ela aparecer para ver mamãe, e ela mora a apenas 100 km da Mansão Potter! Minha mãe coloca a mão em minha perna em sinal de aviso, com um olhar feroz me repreendendo silenciosamente. Ainda com aquele sorriso horroroso no rosto, ela se serve de chá com graciosidade forçada.

- Sra. Potter, os doces. - Fala Ruth em tom neutro, minha acena com a cabeça e Ruth se aproxima de nós trazendo alguns doces, para acompanhar o chá.

- Obrigada Ruth. - Agradece ela com um sorriso afetuoso que eu sabia que era totalmente verdadeiro. - Eu não vou te ocupar mais agora Ruth, quando acabarmos o chá, eu chamarei.

- Sim senhora, se me der licença. - Pede ela, saindo com um sorriso de satisfação no rosto. Mamãe graciosamente serve uma xícara de chá para mim, colocando leite e o adoçando com mel, misturando delicadamente para adoçar adequadamente, ela me entrega a xícara de porcelana e faz o mesmo para si. Pego um Macaron, sabendo que estaria tão bons quantos os bolinhos que minha mãe não me deixara comer quando cheguei e como vagarosamente, quase me esquecendo da péssima companhia que tínhamos. Até ela fazer o favor de abrir a boca.

- Petúnia me contou que você está grávida novamente Lily. - Ela falou suavemente sua voz parecendo uma brisa calma de tão baixa e suave, mas também continha veneno e desdém em sua voz, fazendo com que se parecesse mais uma cobra sibilando vitoriosa sobre uma presa assustada.

- Sim, já estou com três meses, logo nós vamos descobrir o sexo, mal posso acreditar que vou ter outro bebê. - Fala minha mãe sorrindo radiante, seus olhos mostravam felicidade e amor, para alguém que ela sequer conhecia, mas já amava intensamente. Dava uma pontada de ciúmes ela vai embora ao mesmo momento, quando me lembro que serei um irmão mais velho.  

- Bem espero que esse seu ventre inútil consiga segurar, alguma coisa além de um fedelho... - Ela responde com um sorriso venenoso, falando lenta e venenosamente, me olhando com desdém, porém antes que ela pudesse terminar a sentença, minha mãe cobre meus ouvidos com suas mãos, me impedindo de escutar o que ela falava sobre mim.

- Eu já lhe avisei não fale assim do meu filho! - Grita mamãe com raiva a olhando mortalmente, minha avó suspira dramaticamente e sorri inocente. - E caso a senhora não saiba mamãe, se eu não consigo "segurar um bebê" a culpa é sua!

- Por que a culpa seria minha afinal, Lily Isabelle Evans? - Ela questiona crítica com o nariz enrugado, da mesma forma que mamãe fazia quando a comida lhe deixava enjoada ou como se ela estivesse perto de um punhado de estrume. - Não, tenho culpa que nem para ser mãe você serve.

- A senhora, sabe muito bem o porque! - Mamãe retruca se exaltando, eu podia sentir a tensão em sua voz e vê-la tremer, assustado com sua reação e sabendo que se ela se exaltasse demais poderia sofrer outro aborto espontâneo. Enquanto elas discutiam tento pensar em uma maneira de distraí-las, mas mal se passam cinco minutos e eu começo a espirrar sem parar, fazendo minha mãe parar de brigar com minha avó e se voltar para mim com o rosto preocupado. - Harry, meu amor, você está bem?

- Eu estou... - Começo a falar assim que paro de espirrar, mas mal consigo ter tempo de respirar corretamente, antes de começar a tossir. - bem. - Completo com um sorriso tímido após meu pequeno ataque de tosse, sentindo meu rosto já quente, enrubescer ainda mais, quando minha mãe levanta a sobrancelha avaliadora e sai do sofá, mandando eu me deitar.

- Certo, venha aqui querido, deixe-me ver se está com febre. - Ela pede se aproximando de mim com um sorriso carinhoso e coloca a mão em minha testa, a tirando apenas alguns minutos depois. Sentado de onde estava vi minha avó franzir os lábios, em uma expressão reprovadora, por minha mãe que tem pelo menos uma dúzia de empregados, estar se agachando para ver se o filho adolescente estava com febre. - Céus Harry, você está queimando de febre. - Fala minha mãe obviamente preocupada comigo, retirando a mão de minha testa e olhando para o relógio em cima da lareira.

- Mamãe, eu tô bem, é só um resfriado. - Falo com a voz meio rouca, e pontuo minha frase com um espirro particularmente alto.

- Seu pai já deve estar chegando, vou pedir Ruth para fazer uma sopa para você, meu amor. - Ela fala com um sorriso maternal me dando um beijo no topo da cabeça, antes se levantar e se voltar para minha avó. - Mãe, eu agradeço pela visita, mas temo que seja melhor ir agora.

- Ora Lily, eu tive duas filhas, eu sei muito bem cuidar de adolescentes doentes. -Declara minha avó sem sair do lugar, estendendo a mão para um bolinho, dando uma pequena mordida antes de se voltar para minha mãe. - Além do mais eu pretendo jantar com vocês.

- Certo. - Mamãe responde seca, antes de se virar para mim com preocupação. - Querido você está sentindo alguma coisa? - Pergunta passando a mão por meu estômago e braços. Nego veemente, e fecho os olhos ao sentir seu toque quente e gentil. Estremeço involuntariamente e abro meus olhos, quando a porta se abre e ela retira a mão do meu braço. Os passos se fazem ouvidos e o paçoquinha corre para o corredor atrás da pessoa, obviamente meu pai. Logo sua voz, se faz ouvida e ele entra na sala, sorrindo como sempre. E minha mãe se levanta sorrindo para meu pai com carinho.

- Oi amor. - Ele fala se abaixando ligeiramente até minha mãe e a beijando rapidamente, antes de se voltar para mim, se agachando para ficar a altura de meus olhos. - Ei filhote, você não parece muito bem. - Fala passando a mão em meu cabelo e rosto, concordo com ele colocando a mão na boca para cobrir uma tosse repentina e forte o bastante para me deixar sem ar por alguns segundos.

- Eu não me sinto muito bem. - Respondo desanimado, espirrando sem parar com o nariz coçando sem poder realmente coçá-lo, realmente eu não poderia pensar em um jeito do dia acabar pior. Quando minha querida avó pigarreia chamando a atenção do meu pai. Ele se volta para sua direção com uma rapidez surpreendente e eu tenho certeza que ouvi um crack.

- Ah Sra. Evans eu não te vi, me desculpe. - Fala meu pai levemente, com os músculos tensos e a postura defensiva, ele beija o dorso da mão de minha avó.

- Eu percebi, estava muito ocupado fazendo cena de comercial de família de Margarina. - Ela comenta secamente, me olhando com desgosto, a qual é? Eu nem coloquei um sapo na cadeira dela dessa vez. Com o rosto corado, meu pai remexe no cabelo desconcertado, murmurando alguma coisa sobre trocar de roupa e sai rapidamente da sala.

- Mãe, dá um tempo, meu filho está doente, ardendo em febre e meu marido está preocupado com a saúde dele, assim como eu! - Bronqueia minha mãe ofegante, a mulher mais velha faz menção de falar, porém mamãe levanta a mão para impedi-la. - Não mamãe já basta! Você passou a tarde inteira falando mal de mim e me criticando e no momento em que meu filho apareceu você começou a implicar com ele por motivo nenhum, e mesmo vendo que ele claramente não está passando bem a senhora não dá trégua. - Grita mamãe com lágrimas correndo pelo rosto, me levanto rapidamente e passo o braço carinhosamente por sua cintura e a faço sentar no sofá, passando a mão em seu cabelo para confortá-la, assim que ela se acalma um pouco me volto para a minha avó, ficando de pé.

- Você, é uma víbora, que se aproveita da bondade da minha mãe para nos atormentar, sempre criticando, implicando, repudiando, ela sua filha, será que você não entende? - Falo completamente furioso, conseguindo enxergar a mulher que sempre fez da vida de minha mãe um inferno. Ou melhor desde que minha ficou grávida aos 20 anos. Ela me olhava friamente, com nojo. Aponto o dedo furioso ignorando completamente as súplicas insistentes de minha mãe para eu parar. - Você é uma pessoa horrorosa despreza sua filha mais nova apenas porque ela ficou grávida cedo demais, você dá em cima do marido dela, caramba você me odeia e eu mal sei o por quê! Eu odeio saber que eu tenho seu sangue ruim correndo por minhas veias e pelas veias da minha mãe, que é uma pessoa tão maravilhosa. Você é uma vadia, não merece o amor do vovô Evans ou da minha mãe, nem mesmo a porra da educação que a minha mãe me deu e que uso com você! - Grito já rouco e com raiva cega, tremendo em frente da mulher ruiva que me olhava com um sorriso de desprezo.

- Já terminou com o show? - Ela pergunta retoricamente, com um sorrisinho desdenhoso brotando em seus lábios. - Ótimo, vamos colocar os pingos nos i's então. - Fala calmamente - mesmo que para mim parecia um sibilar de uma cobra. - alisando a saia para tirar rugas invisíveis na roupa. - E como se não bastasse fazer faculdade de música, ao invés de algo melhor e mais construtivo, ela quis fazer essa faculdade bobinha, mas eu deixei, afinal ela ia se casar com um administrador, então não teria problemas. Bem sua mãe desonrou a família Evans, engravidando sem estar casada, não esperava por essa, não é mesmo? Isso chocou a família, e eu ainda não consigo acreditar que eu Marie Evans a famosa estilista e ex modelo tenho um neto bastardo. E eu certamente não dou em cima do seu querido papai. E o odeio porque foi você que afastou minha Lily de mim, e para completar arruinou o nome dos Evans. - Ela fala terminando a frase furiosa, com os olhos faiscando de raiva.

Mas eu não podia entender como era possível eu ser um bastardo? Olhando chocado para minha mãe, implorando para que as coisas que ela falou não fossem verdade, mas tudo o que minha mãe fazia era chorar e balançar a cabeça em choque. Olhando em descrença entre as duas, saio da sala com pressa esbarrando em meu pai enquanto subia as escadas correndo para meu quarto. Me deito na cama com o braço sobre o rosto, sem me preocupar com meus óculos e sem saber o que fazer, ou mesmo o que pensar. Não tinha como eu ser um bastardo, certo? Quer dizer, meus pais sempre me contaram que eles já estavam casados quando mamãe engravidou, eles não estavam mentindo, estavam? Eu tenho fotos deles comigo no apartamento em que eles moraram da faculdade até eu fazer 2 anos. Eu não conseguia entender a lógica, simplesmente não encaixava com o que meus pais sempre me contaram, olhando pensativo para a janela, enquanto tentava desvendar esse quebra cabeça que minha vida se tornou desde que minha avó apareceu, a apenas algumas horas atrás. Céus a "Girl Night" parecia ter sido em outra vida, mal conseguia acreditar que hoje cedo eu reclamava sobre estar com a unha roxa e agora eu nem sei mais quem está falando a verdade.

Será que eu tinha vivido toda a minha vida iludido? Que tudo isso só aconteceu com meus pais por minha causa? Que se eu não tivesse nascido, eles poderiam ter mudado de vida mais rápido, minha avó ainda apoiaria as escolhas da minha mãe, se eu nunca tivesse nascido minha mãe seria capaz de engravidar e ter tantos filhos quanto os Weasley e ter a sua tão sonhada menina? Eram tanto "se's" e "será's" que minha cabeça começava a latejar, eu queria apenas chorar e esquecer o dia de hoje desde o momento em que voltei para casa. Sinto as lágrimas escorrendo por meu rosto, não conseguia pará-las e nem ao menos tinha certeza se teria força o suficiente para isso.

Dói tanto saber que se você não tivesse nascido seus pais teriam uma vida melhor, teriam realizados sonhos e feito coisas que nunca poderiam fazer com um bebê recém nascido em seus caminhos. Eu sabia que apesar da dor que eu sentia e de tudo que eu lhes fiz passar, eu nunca poderia fazer algo tão estúpido como fugir de casa, não depois do que aconteceu da última vez. E por mais tentador que fosse eu também não poderia acabar com minha vida ou sumir, porque eu sabia que apesar de toda a dor que minha deve ter sentindo ao descobrir que estava grávida de mim, - caso minha avó esteja falando a verdade. - eu sabia que se algo me acontecesse ela não sofreria muito mais. Afinal após 16 anos com um filho, meio que fazia você amá-lo não é mesmo? Bem, talvez isso não servisse para todo mundo, mas com toda certeza para meus pais e eu não me perdoaria se os fizesse sofrer novamente.

- Harry querido, nós podemos entrar? - Fala a suave voz de minha mãe, passando pela porta fechada, suspiro com força passando as mãos pelo rosto, tentando retirar qualquer vestígio de lágrimas, antes de gritar para eles entrarem.

Eles entram cautelosos olhando ao redor do quarto, minha mãe carregando uma bandeja com três pratos de sopa, um pouco de pão caseiro e suco de laranja e nas mãos de meu pai estava alguns filmes. Colocando a bandeja no criado mudo e se sentando ao meu lado, mamãe passa suas mãos carinhosa e suavemente por meu cabelo e depois para meu rosto. Papai se joga na minha cama e liga a televisão, recebendo um olhar repreendedor da única mulher no quarto.

- Jay, nós não estamos aqui para assistir televisão. - Ela reclama olhando para ele chateada, suspirando alto e dramaticamente ele desliga a televisão e volta seu olhar para mim e mamãe.

- Eu sei, só pra aliviar a tensão. - Ele responde jogando os braços para céu em sinal de redenção e desligando a televisão. E se voltando para nós com um sorriso, passando a mão por meu cabelo e o bagunçando. - Como você está se sentindo, filho?

- Eu não sei. - Respondo com um encolher de ombros, eu estava com raiva por terem me escondido isso, certamente estava, mas ao mesmo tempo não sabia se deveria confiar naquela mulher. Reunindo toda a minha coragem olho para meus pais, antes de decidir encarar minha mãe. Afinal era a mãe dela que falou isso. - Ela..ela não estava falando a verdade, né? - Pergunto soando desesperado e inseguro, até mesmo aos meus próprios ouvidos, mamãe ofega e me puxa para se colo enquanto papai nos abraça apertado, me espremendo entre os dois.

- Oh meu amor, eu nunca quis que isso acontecesse... Eu tentei tanto... - Mamãe falava incoerentemente com a voz chorosa, enquanto passava a mão por meu rosto com carinho. - É tão complicado querido, você veio tão de repente e foi tudo acontecendo tão rápido. - Ela falava com a voz carinhosa, como se lembrasse dos melhores anos de sua vida, papai passa mão em seu braço em sinal de conforto e ela sorri agradecida.

- Nós estávamos no último ano da faculdade, morávamos juntos e iríamos nos casar apenas alguns meses antes da formatura. - Meu pai falou sorrindo, ele olhava para minha mãe de um jeito tão intenso e amoroso que me emocionava, eu queria ter exatamente aquilo que eles tinham toda a cumplicidade e tudo mais.

- Então eu comecei a passar mal o tempo todo e ter mudanças de humor, fiquei preocupada e assustada, então quando fui ao médico descobri que eu tinha uma coisinha crescendo dentro de mim. - Ela me olha com carinho na última parte, apertando a mão de meu pai e beijando meu rosto, eu a encarava querendo saber mais sobre o que lhes aconteceu. - Não posso negar que senti muito medo quando descobri, eu estaria mentindo para você, mas depois que eu entrei na primeira loja de bebês, eu sabia que nunca poderia fazer nada além de amar você.

- Quando sua mãe me contou logo após descobrir, eu não estava no melhor dos meus momentos, na verdade nenhum de nós dois estávamos. - Ele conta com remorso entoando sua voz, o olho admirado ao vê-lo limpar algumas lágrimas insistentes. - Eu tinha acabado de ser demitido do escritório, a faculdade estava cada vez mais difícil e meus pais não poderiam ajudar, eu não queria a ajuda financeira deles, nem Lily queria.

- Foi muito difícil, todos os deveres da faculdade, os empregos que ocupavam mais da metade do meu dia, seu pai desempregado tendo que procurar emprego todos os dias, as vezes fazendo um trabalho pequeno aqui e ali. - Ela fala soltando um suspiro cansado, olhando para o nada com um certo pesar no olhar. - As coisas que aconteceram foram horríveis, nós tínhamos muito medo de não poder comprar as coisas para você. O dinheiro armazenado estava acabando, depois de comprar os móveis de bebê e roupas para nós três, sobrou muito pouco.

- Foi exatamente quando sua mãe tinha completado oito meses de gestação, que eu consegui um emprego melhor, era em um escritório pequeno, tinham acabado de abrir e precisavam de pessoas novas com muita criatividade, eu tentei a sorte e consegui o emprego. - Papai continua a história com um sorriso no rosto, ele bagunça meus cabelos e olha para minha mãe que confirma. - Eu estava trabalhando dobrado, mas no fim do mês já podíamos ver que o esforço valera a pena. E quando você nasceu, eu fiquei tão feliz, era uma felicidade sem tamanho, e eu achava você tão frágil e pequeno, parecia que iria quebrar.

- No começo foi difícil as coisas tinham melhorado um pouco, mas cuidar de um bebê não é tão fácil assim, e com isso vieram noites em claro, brigas, choros de todos os três e tantas coisas. - Fala mamãe com um riso choroso, olhando para o papai que sorria com nostalgia. - Depois quando você tinha 6 meses eu tive que voltar a trabalhar, não tinha como adiar, mas também precisava voltar a estudar, então como não tinha onde deixar você eu te carregava para todos os cantos, da escola de música onde eu trabalhava a faculdade. - Ela me conta dando tapinhas em minha mão e pegando um prato de sopa e o entregando para papai, e após me entregar um ela pega o restante para si.

- As vezes quando ela precisava fazer um trabalho importante e eu tinha que trabalhar, eu o levava para empresa, sob milhões de recomendações de sua mãe carregando você em um carrinho de bebê e uma bolsa pra lá de grande que sua mãe fazia. - Ele conta divertido, recebendo um tapinha fraco da Dona Lily que sorria. - As secretária babavam em você e eu tenho certeza que se você se desse ao trabalho de ir comigo na empresa, elas babariam ainda mais, afinal puxou o papai aqui. - Meu pai fala estufando o peito, enquanto mamãe o olhava abismada e eu ria abertamente de suas palhaçadas.

- Não seja bobo James, eles se apaixonariam pelo Harry, porque ele é muito mais bonito do que você, afinal é jovem e puxou meu ótimos genes! - Ela exclama comendo um pouco do pão caseiro, mas logo após comermos sob brincadeiras leves entre nos três, mamãe coloca os pratos na bandeja e me olha parecendo muito mais séria do que eu já a vi. - Agora Harry, nunca em hipótese alguma pense que você não foi amado ou que o fato de você já estar no meu ventre antes de nos casar ou não ter sido planejado, faz você menos amado.

- Sim filho, eu apesar de estar muito assustado com toda essa coisa de paternidade, principalmente tão cedo e o medo de não ser suficiente para você, não quer dizer que te amei menos, do que eu amaria um filho que foi feito dentro do meu casamento. – Meu pai fala com um olhar penetrante, era difícil não acreditar neles quando me olhavam com tanto carinho.

- Eu sei papai, mas eu apenas sinto que se não fosse por mim, a vida de vocês poderia ter sido tão diferente, tão melhor. – Falo revelando o que estava realmente sentido aos meus pais. – Que se não fosse por mim vocês teriam aproveitado sua juventude melhor, sem um bebê para ter que carregar e cuidar o tempo todo.

- Oh meu amor, eu não consigo sequer imaginar uma vida sem você, não seria a mesma coisa, porque desde que descobrimos sobre você, nosso menininho você já era uma parte de nós. – Fala mamãe me abraçando apertado, me passando segurança e amor.

- Sim você sempre será o nosso legado. – Ele fala sorrindo brilhantemente, antes de nos abraçar me apertando entre os dois e gentilmente beijar minha mãe por cima de minha cabeça. – Você foi o nosso melhor erro, não pense que desejaríamos mudar isso, porque nós nunca faríamos isso! – Ele afirma antes de olhar para o relógio em cima do criado mudo. – Olha só, acho que ainda dá para vermos um filme.

- É uma ótima ideia Jay. – Comenta a ruiva saindo da posição confortável na cama e colocando o filme, cada um de nós segurava uma barra de chocolate e um pacote de minhocas de jujubas que deveria durar o filme todo. Era um ótimo filme de comedia, mesmo que eu não pudesse me lembrar de nem um terço do filme. Lembro-me de adormecer na metade do filme e ser acordado bruscamente com meu pai me balançando parecendo desesperado.

- O que foi? – Pergunto desnorteado, piscando repetidamente tentando me acostumar com a baixa claridade do quarto e achar meus óculos. Quando finalmente encontro os óculos e consigo colocá-los sem perder a visão, com um misto de surpresa e exasperação me deparo com o rosto do meu pai irritado e terrivelmente nervoso praticamente colado ao meu próprio rosto.

- Sua mãe, ela não está se sentindo muito bem, vamos pro St. Mungos. – Ele fala me puxando com força ignorando meus protestos confusos. Minha mãe não estava se sentindo bem? O que ela tinha? Alguma coisa aconteceu com meu irmãozinho? Acompanho ele com pressa enquanto calçava meus tênis o mais rapidamente possível e colocava um moletom por cima da blusa de mangas compridas que eu usava.

- O que mamãe tem, pai? – Pergunto confuso, quando ele me guiava para a porta dos fundos enquanto pegava as chaves de casa e o celular.

- Eu não sei, ela estava falando que estava sentindo muita dor. – Murmura ele nervoso, enquanto abria a porta do carro, entro no banco do passageiro e surpreendo quando vejo minha mãe completamente pálida com lágrimas escorrendo pelo rosto, sentada no banco da frente com a mão firmemente pressionada no ventre. Eu poderia dizer que ela estava assustada mais do que isso, ela estava apavorada. – Nós já estamos indo pro St. Mungos meu amor, agüente firme, por favor.

Eu estava completamente entorpecido durante toda a viagem para o St. Mungos. Simplesmente não conseguia acreditar que minha mãe, pudesse estar perdendo o bebê, outra vez. Não outra vez, não toda dor, eu não quero isso, não de novo, não com minha família, será que nós nunca mais teríamos paz? Primeiro minha avó, falando todas aquelas coisas, a verdade sobre o duro passado de meus pais e consequentemente o meu passado, agora isso. É tragédia demais, dor demais, espero que tenha alguma coisa realmente boa planejada para nós, porque não sei se meus pais e eu agüentaríamos mais uma provação tão grande como as que viemos enfrentando tão freqüentemente.

Após duas horas angustiantes na espera do Hospital, minha mãe foi liberada dos exames chorando sem parar, abraçando meu pai com força e se aconchegando seu peito, enquanto estremecia com soluços particularmente altos e meu pai a consolava parecendo tão perdido quanto ela. Me aproximo dos dois com a visão embaçada e abraço minha mãe com força, chorando em seu ombro, saindo do seu abraço com meu pai, mamãe me abraça com força, limpando minha lágrimas e afagando meus cabelos.

- Ah meu menininho, acho que nunca serei capaz de ter dar uma irmãzinha ou um irmãozinho. – Ela sussurra tristemente em meu ouvido, ainda abraçada a mim, nós seguimos pelo estacionamento em luto eu pelo irmão ou irmã que eu nunca poderia conhecer e meus pais pelo filho ou filha que não poderiam mimar. – Eu sinto muito, vocês queriam tanto esse bebê e eu não pude fazer isso. – Ela fala nos olhando com uma tristeza profunda, que parecia marcar sua alma, limpo suas lágrimas a olhando com uma firmeza assustadora, até mesmo para mim.

- Mãe, não se desculpe, você queria tanto quanto nós. – Falo firme – apesar da voz rouca - a olhando com carinho e certeza, meu pai murmura em concordância, enquanto destravava o carro. Eu e mamãe fomos nos bancos traseiros, com mamãe apoiando sua cabeça em meu ombro e eu apoiando minha cabeça sobre a sua, em um sinal claro de consolo.

Assim que saímos do carro, meus pais e eu concordamos que seria melhor entrar pela porta da frente, porque certamente o ar gelado de dezembro nos faria respirar melhor e nos ajuda a absorver a bomba que fora jogada em nossas cabeças tão de repente. Comigo no meio dos dois e todos nós abraçados nos protegendo do frio e nos consolando em silêncio, caminhamos pelo vasto jardim frontal coberto por uma fina camada de geada, que cobria meu velho balanço de madeira de branco.

Me lembrava dos dias ensolarados que meu pai e minha mãe saiam comigo para fazermos um piquenique a sombra da grande e majestosa árvore que eu sempre gostei de observar, seu verde intenso na primavera, que produzia uma brisa fresca e uma sombra perfeita para apenas estender uma toalha sobre a grama verde escura e passar horas a fio olhando o formato das nuvens e brincar a luz pálida do sol. Me trazia lembranças de outonos coloridos de vermelho, laranja e amarelo, fantasias para os dias das bruxas, a volta as aulas e tantas coisas que eu fiz sob os olhos da majestosa árvore e sob o pequeno balanço onde meus pais me balançaram por minutos a fio em dias quentes e frios. E eu nunca poderia fazer aquilo com um irmão, porque eu não poderia ter um.

Ao chegarmos na porta de casa, após nossa longa caminhada sob o vento frio da madrugada de inverno, nos separamos para entrarmos em casa quando repentinamente minha mãe ofega alto e sua boca abre em um O perfeito, olhando para algo entre os arbustos. Curioso com o que poderia chocar tanto a minha a ponto de tirá-la de seu estupor dolorido, me deparo com o par de olhos mais assustados que eu já vi.

Ora alguém só poderia estar brincando com a nossa cara, eu não conseguia acreditar, não era possível isso! Era a coisa mais assustadora que poderia acontecer hoje, exatamente depois de mamãe perder o bebê. Era inacreditável, ali, exatamente ali, escondida pelos galhos grossos do arbusto estava nossa salvação. Ou talvez nossa desgraça, mas certamente a nossa mudança.


Notas Finais


Olá pessoal, estranho eu ter voltado tão rápido, não é mesmo? Pois é, sei que costumo demorar séculos para atualizar em todas as minhas fanfics, mas bem, esse capítulo por mais trágico que tenha sido, não saia da minha cabeça, sei que muitos querem me matar por ter feito a Lily sofrer outro aborto, mas ora gente, é por um bom motivo, eu juro! E essa “coisa” misteriosa, garanto ela será a melhor “coisa” que acontecerá na fanfic para James e Lily! Vocês vão realmente adorar.

Agora alguém mais tá odiando a mãe da Lily como eu tô? Merlin achei que não dava para detestar alguém mais do que eu detesto a Umbridge, mas se revelou falso eu realmente odeio Marie Evans! Me digam o que vocês acham o que é nos comentários ( Não a @Miss_Scamander, você já sabe quem é, então por favor, não estrague as coisas.) Votem/ Favoritem, adicione na lista de leitura para receber notificação de quando eu – finalmente- atualizar novamente.

Beijos e até o próximo, amo vocês <3


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