História Friends - Capítulo Único - Não somos amigos.

Sabe quando você gosta tanto de alguém que chega a ser engraçado?

Quero dizer, você não faz ideia de como aquilo surgiu, muito menos quando. Num belo dia aleatório, algum Deus resolve brincar com você. Talvez ele esteja apenas entediado e acaba virando sua vida de cabeça pra baixo, apenas por diversão.

Bom, isso aconteceu comigo. Faz exatos 350 dias que eu descobri minha paixonite pelo meu melhor amigo, e cara, eu não desejo essa sensação pra nenhum dos meus piores inimigos. Platão achava certo, quando dizia que amor era uma séria doença mental. Analise bem, afinal pra ser uma doença tem que existir sintomas. E isso é o que não falta:

1 - Você fica completamente aéreo e idiota;

2 - Você faz coisas que nem nos seus mais loucos dias você pensaria em fazer;

3 - Dependendo da situação, dói muito;

4 - Aquela coisa estranha que acontece com o coração;

5 - Aquela outra coisa estranha que acontece na barriga;

E por aí vai, é uma lista enorme, mas esses são os principais sintomas, tenha cuidado! Ah, a pior parte: Não tem cura. Cara, não adianta, essa coisa aparece do nada e gruda igual chiclete.

Voltando a minha história deprimente.

Eu estou em agonia em exatos 350 dias, 16 horas e 27 segundos. "Oh Sasuke" - Você pergunta - "Porque você está em extrema agonia a tanto tempo?"

Eu respondo: Meu melhor amigo é um idiota. Desde que eu conheci ele eu não tenho a menor ideia do que se passa naquela cabeça loira oxigenada. Sem falar que ele é bonito pra porra, e vocês conhecem essas meninas de hoje em dia, eu realmente não tenho paciência pra lidar com essas atiradas. Mas eu sei disfarçar muito bem, ok?

Como eu sou um ser humano como todo mundo (Apesar de Naruto ter suas desconfianças de que eu realmente vim da Terra) eu cheguei ao meu limite de suportar uma paixonite. No inicio eu até pensava que era coisa da minha cabeça, mas o ano tá acabando e cá estamos nós, ainda com os mesmos sintomas. Então, eu resolvi por isso pra fora. Sinceramente, eu já tô na merda, não tem como ficar pior né?

Errado.

Nunca pergunte se tem como ficar pior, porque SEMPRE fica.

Inicialmente eu já tinha um plano, e eu ESTUPIDAMENTE, pedi ajuda da minha amiga Sakura nesse plano idiota. Foi o pior erro da minha vida.

O plano era simples e prático. Eu fiz uma canção (Sim, eu Sasuke Uchiha fiz uma canção. Eu sei tocar violão e realmente gosto disso, não sei porque todo mundo fica louco com isso. Aliás, não é por nada, mas o Naruto adora quando eu toco alguma coisa) E eu obviamente ia cantar pra ele, depois da escola, na sala de música.

Porém ao que parece a  Sakura não ficou muito satisfeita com meu plano simples, e resolveu me candidatar no SHOW DE TALENTOS DA ESCOLA.

Sim, isso mesmo amigos, eu SASUKE UCHIHA irei PROCLAMAR o meu amor que até agora NÃO FOI CORRESPONDIDO pelo meu MELHOR AMIGO na frente da porra da ESCOLA INTEIRA.

Por isso e por vários outros motivos eu te avisei pra não falar se tem como ficar pior.

Eu, movido pelo sintoma de fazer idiotice sem perceber, coloquei minha melhor roupa e cá estou. Atrás do palco, com o cu na mão.

Não que eu esteja nervoso por cantar, isso vai ser a parte mais fácil, a parte difícil vai ser encarar aquele idiota, já que a Sakura fez a questão de separar o assento na frente do palco pra ele sentar e ter a visão perfeita da minha pagação de mico. (Fiquei sabendo disso por um SMS que recebi dele agora apouco)

SMS ON

 Dobe: SASUKE, COMO VC TÁ MANO? VC NÃO VAI ACREDITAR!!!

 Eu: O que você quer idiota?

 Dobe: EU CONSEGUI UM ASSENTO NA FRENTE. EU VOU VER VC DE PERTINHO. ONNWT! *u*

 Eu: ...

 Dobe: AH SASUKE! Não faz assim, sabe quanto foi difícil? Tem um monte de mina louca aqui querendo te comer! Eu tô até com medo!

           Enfim, Boa sorte Sasu! ;*

 Eu: Tá...

 SMS OFF

Escuto meu nome ser chamado, dou uma ajeitada no meu blazer, pego meu vilão. Respiro fundo e vou a caminho do meu funeral. Com passos precisos, consigo chegar ao meio do palco, e me sento num banquinho. Ajeito o microfone e pego o violão. A luz que vem do refletor incomoda um pouco mas nada muito insuportável.

Vejo o dobe sentado de frente pra mim, como ele havia falado. Meio irritado com as meninas ao seu redor que não paravam que gritar meu nome. Assim que ele me vê, levanta a mão com um sinal positivo e me lança um sorriso avassalador. Droga.

 –    Boa Noite... - Digo no microfone, sendo respondido por gritos e palmas - Eu vou cantar uma música que eu mesmo fiz. E... É pra uma pessoa muito especial na minha vida, que se encontra aqui. Enfim, acho que ela vai captar o recado...

Tomo um gole da água que se encontrava ao lado do banquinho, e me posiciono. Os primeiros acordes saem do violão e minha voz se faz presente.

 –   Não somos, nós não somos amigos, e nunca fomos, nós só tentamos manter esse segredo em uma mentira e se eles descobrirem, será que vai dar tudo errado? E só Deus sabe, ninguém quer que isso aconteça. - Ouço alguns gritinhos e palmas. Mas apenas uma reação me importa. -  Eu poderia escolher um caminho mais fácil mas os seus olhos me guiam direto para casa e se você me conhece, como eu te conheço você deveria me amar, deveria saber...

 –  Amigos dormem em camas separadas e amigos não me tratam como você me trata, bem, eu sei que há um limite para tudo mas meus amigos não me amam como você. Não, meus amigos não me amam como você... -  A essa altura, ele já entendeu pra quem era, e me olhava um tanto quanto surpreso - Não somos amigos, nós poderíamos ser qualquer coisa. Se tentássemos manter esses segredos a salvo ninguém descobriria se tudo desse errado eles jamais saberão de nada do que passamos...

 –   Eu poderia escolher um caminho mais fácil, mas os seus olhos me guiam direto para casa e se você me conhece, como eu te conheço, você deveria me amar, deveria saber. Amigos dormem em camas separadas e amigos não me tratam como você me trata. Bem, eu sei que há um limite para tudo. Mas meus amigos não me amam como você. Não, meus amigos não me amam como você...

 –   Mas então, nós não somos amigos, pode ser que outra pessoa também te ame e  aí então, se não somos amigos. Não há nada que eu possa fazer. - Diminuo um pouco a velocidade da música. Já estava chegando ao final, e graças a Deus ele não tinha fugido ou algo do tipo. -  E é por isso que amigos devem dormir em camas separadas e amigos não deveriam me beijar como você me beija e  eu sei que há um limite para tudo, mas meus amigos não me amam como você...

 –   Não, meus amigos não me amam como você me ama - Só mais dois acordes e tudo terá acabado -  Oh, meus amigos nunca me amarão como você...

 Ouço mais palmas e gritos, e alguns confetes, provavelmente anunciando que eu ganhei,  mas como antes, só um me importa.

Ele continua estático e com uma incógnita no olhar. Dou um sorriso fraco e volto pra trás do palco.

Então, é isso... Será que eu o perdi pra sempre? Ele parecia bem chocado na realidade..

 –  Sasuke!!!! - Ouço a Haruno me chamar após alguns minutos - Caralho! VOCÊ DESTRUIU VIADO! Foi incrível!!!

 –   Obrigado... - Dou um sorriso fraco, não estava no clima pra isso. - Ele já foi embora?

 –   Lógico que não.. - Ela deu um sorriso malicioso - Eu acabei de chamar ele aqui, já está a caminho!

 –   VOCÊ O QUE?? - Eu a sacudo - Você tá louca??? Perdeu o juízo???

 –   Sakura? - Ouço Naruto a chamar e meu estomago congela. Ouço a louca rir alto e sair correndo. - Cadê você, sua estranha!

 –  TÔ AQUI! - Ela vai até ele e o empurra na minha direção. - UMA BOA NOITE PARA TODOS! HAHAHAHA!

 –   S-Sa-Sasuke? - Ele coça a nuca, como sempre faz quando tá nervoso. - Oi.

 –  Oi... - É tudo o que sai de mim.

É uma sensação engraçada, eu quero saber a resposta dele, mas eu tenho medo. Medo de ser algo negativo, e se for, o que eu faço? O que vai acontecer daqui pra frente?

 –   Eu amei a canção... - Ele riu suave - Foi ótimo, como sempre..

 –  Obrigado... - Senti meus ombros menos tensos, ele gostou, já é um avanço, certo? - Você entendeu? Hãm, o propósito?

 –  Eu acho que sim - Ele corou um pouco, e vi ele se aproximar e por a mão no meu cabelo. - Você tá cheio de confete!

 –   Sim.. -  Seguro seu pulso, ainda na direção do meu cabelo, e vejo alguns confetes caírem. Me aproximo do seu rosto, que estava mais vermelho do que nunca. - Posso?

O vejo sorrir e lhe puxo. Com um pouco a mais de força do que eu planejei mas tudo bem.

Sinto seus lábios suaves sobre os meus, nos movimentamos lentamente, ponho meus braços em sua cintura, ele põe os seus sobre meus ombros, e ficamos ali, ao que parecia uma eternidade. Quando o ar foi necessário, nos separamos, e ainda juntos nos fitamos.

 –   Ahh...  - Suspiro - Que alívio!

 –   Não somos amigos... - Ele riu me dando um beijo de esquimó - Somos muito mais que isso...