Data:28 de Novembro de 2009
Horas:Cinco horas da tarde de domingo
Local: Fernando de Noronha
Idade das garotas:Nove anos
•Amizade desenvolve a felicidade, reduz o sofrimento, duplicando a alegria e dividindo o sofrimento•
•Narradora POV•
- Madduh me fala, como você imagina o garoto perfeito? - A irmã mais nova perguntou para a mais velha. Seus cabelos só castanhos estavam soltos enquanto enxugavam do banho de mar, nas belas águas de Fernando de Noronha.
- Um que faça tudo o que eu quiser - A garota pegou o pacote de biscoito e começou a comer enquando olhava a vista maravilhosa da maré enchendo as cinco da tarde, na sua cadeira de praia
- Só isso? - Malluh pegou um biscoito sem nem pedir. Elas compartilhavam tudo, não precisava pedir nada.
- Um garoto alto, bonito, charmoso, que brincasse comigo de boneca e que comprasse suco de uva quando eu quisesse. Tá bom pra tu? - Assentiu - E você? Como seria o seu príncipe encantado?
- Um garoto alto, de olhos claros, que usasse roupas que estavam na moda, que gostasse de Fernando Pessoa quanto eu, que gostasse de chocolate e comece biscoito de chocolate com calda de chocolate. - Sorriu a irmã mais nova ao imaginar o seu príncipe - E ele teria que ser encantado mesmo, nada de virar sapo no meio da história. Eu morro de medo de sapos!
- Eu também - Suspirou - Malluh, você acha que a gente vai encontrar nossos príncipes? - Perguntou para a irmã que tinha o rosto queimado e nariz vermelho por causa do sol
- Os livros dizem que uma hora a gente acha, é só parar de procurar. O futuro sempre nos reserva algo - A irmã sorriu. Ela sempre falava essas frases poéticas quando se sentia relaxada ou quando lembrava de algo. A irmã mais velha, apesar de só entender números, gostava quando ela falava isso.
- E o que você acha do futuro, minha feiosa sonhadora? - Perguntou brincalhona
- Eu imagino a gente morando juntas em um apartamento pequeno em Nova York. Você fazendo faculdade de matemática e eu de português. Dai a gente ia trabalhar no mesmo lugar. Vamos ligar para a Helô, pro papai e pra mamãe todos os dias e dizer que estamos bem. Vamos sair todas as sextas pra dançar e vamos rezar juntas todos os dias, agradecendo por estarmos juntas sempre. - Deu um sorriso de orelha a orelha, fazendo a irmã rir.
- Better in stereo? - Levantou o dedo mindinho para a irmã juntar os dedos
- Better in stereo! - Juntas, juntaram os dedinhos e sorriram uma para outra.
Se passaram vários dias enquanto elas aproveitavam as férias de final de ano. A praia era linda. Fernando de Noronha era um eterno paraíso. Em minutos para o ano de 2010 chegar, elas estavam na praia com toda a família esperando pela queima de fogos. Todos estavam vestidos de branco, menos as meninas. Que estavam vestidas com uma mistura de verde e laranja. Que significavam esperança e força. Juntas elas eram um poço de esperança e força. Nada podia deter as irmãs Almeida.
- Madduh - Chamou a irmã mais nova enquanto a cobria para que ninguém visse ela bebendo vinho pela primeira vez
- O que? - Largou o copo
- Vamos fazer uma promessa? - Perguntou
- Claro! Sobre o que?
- Vamos jurar que não importa o que aconteça a gente sempre vai estar juntas? Que sempre vamos ser nossa própria família? - Levantou o dedo mindinho para a irmã - Eu e você
Madduh juntou os dedos e sorriu para a irmã.
- Ao infinito e além!
Dez
Nove
Oito
Sete
Seis
Cinco
Quatro
Três
Dois
Um...
A ano de 2010 havia chegado!
★★★
Data: 19 de junho de 2016
Horas: 14 horas e 26 minutos
Local: Galpão perto do rio Caetano
- Vamos Malluh acorda - David jogou o corpo dela de um lado para o outro enquanto lágrimas desesperadas saiam pelos olhos escuros do moço - Por favor - Fez força contra o peito dela - Por favor. Vamos. Vamos. - Fez respiração boca boca, mas nada da moça acordar. O coração dela estava batendo, mas os olhos não abriam - Eu não posso te perder. Não antes de me explicar. Você não pode morrer. Eu te amo. Por favor, não vai. - Lágrimas caiam dos seus olhos freneticamente e molhavam o rosto dela - Malluh, por favor minha linda. Eu te amo.
- Nossa que romântico - Rafael bateu palmas e fingiu estar comovido pela situação - Você merece o Oscar David - Sorriu e David se tornou raiva em pessoa.
- VOCÊ DISSE QUE ELA NÃO IA FAZER MAL A ELAS! - Ficou mais perto do suposto "amigo" - VOCÊ ME DISSE QUE SÓ SERIA UMA BRINCADEIRA!
- E foi - Disse, calmo - Tanto é que ela ainda está respirando
David limpou as lágrimas na camisa laranja.
- Mesmo assim, não deveria ter feito isso com elas - Olhou mais uma vez para sua amada. Ela estava com os cabelos espetados por causa do choque, mas ainda continuava linda.
- A Helô estava muito bêbada. E se elas morressem? Você não tem nada a ver com isso, David. Isso é coisa da Helô e do plano de vingança dela. Você não tem nada a ver com isso. - Rafael falou com uma expressão séria.
- Mas eu...
- Você só é o cara que foi besta demais e se apaixonou por uma das garotas. Só isso. O que isso vai influenciar na faculdade? Nada!
- Mas...- Foi interrompido mais uma vez
- Agora vá pra casa e só volte hoje a noite. Vou precisar dos seus serviços.
David, já derrotado, foi andando até a saída. Mas Rafael segurou a gola da sua camisa e o fez olha-lo.
- E se você amarelar, saiba que seu futuro estará destruído.
★★★
Data: 19 de Junho de 2016
Horas: 20 horas e 02 minutos da noite
Local: Galpão perto do rio Caetano
Corpo doído. Cabeça latejando. Sentidos acabados.
Quando as gêmeas abriram os olhos no mesmo instante, elas sentiram a verdadeira dor. Agora sim, elas sabiam como era levar um choque e o porquê das mães sempre falarem para tomar cuidado com a eletricidade.
Nunca duvide das mães. Never! Nunca! Jamais!
- Vejo que vocês acordaram - A voz da irmã maleficamente maléfica ecoou na sala grandiosa
- Ah - A irmã com cabelos roxos resmungou. Ela queria que isso tudo fosse um sonho e que Helô nunca tivesse feito isso. Mas a realidade batia na porta. E apesar de seu corpo estar dolorido, ela estava querendo muito tirar fio por fio da irmã muito mais velha.
- Que pena que não morreram - Fez uma cara de pena para as garotas. Agora sim, Malluh sabia. A irmã era uma ótima atriz. - O que vocês acham de umas aulas? Ou melhor, aulas comigo ensinado? Não seria ótimo?!
Ninguém respondeu nada pois estavam muito fracas para falar. O que foi tido como uma carta branca para Helô, que logo puxou uma louça que continha várias fotos.
- Prestem atenção na aula, por favor. - Sorriu - Quem são essas meninas aqui? - Apontou para a foto das duas que elas tinham tirado no ano de 2010 na festa de aniversário de dez anos delas - Isso mesmo, vocês. E sabe o que eu vou fazer com isso? - Pegou a foto e rasgou no meio com todas as suas forças
David saiu do galpão arrasado demais. Ele ajudou nisso tudo e Malluh estava daquele jeito por causa dele. Se ela morresse, a culpa seria dele. Chegou em casa aos prantos. Sempre diziam que quem chora é mulher. Mas, que se foda! Homens podem sim chorar, isso não fará com que eles fiquem menos homens. Tomou um banho longo e foi até a sua aula semanal de judô. Jogou toda a sua raiva enquanto lutava e pensou em o que fazer para reverter essa situação. Foi aí que a idéia veio na cabeça e ele foi imediatamente pegar o celular.
Discou o número dele e depois de três toques, ele atendeu.
"Preciso da sua ajuda" - Foi direto ao ponto
Já se passava das nove horas da noite e nada de Helô acabar a maldita aula, que se resumia a ela falando e falando sobre como se define ética e moral. Madduh dormiu a metade do tempo. Não por tédio, mas porque o seu corpo estava doendo muito e ela só queria uns dois dias em cima da cama, dormindo.
- Heloisa - Rafael abriu a porta da sala e chamou sua namorada.
- O que foi Rafael? Não está vendo que eu estou dando aulas de ética e moral para minhas irmãzinhas queridas?
- Já são dez e quarenta da noite e a gente fez uma reserva no restaurante se lembra? Ou eu estou ficando maluco? - Indagou
- Certo. Irmãzinhas eu vou jantar, agora vocês vão ficar com meu ajudante gato - Sorriu e pela primeira vez, Malluh deu graças a Deus pela irmã estar indo embora. Mas ficou curiosa para saber quem seria esse ajudante gato. E quando ele passou pela porta, seu coração acelerou e ela só quis chorar.
Rafael abriu a porta do carro para a amada que colocara de última hora um vestido amarelo, entrando logo em seguida e ligando o carro. Eles iam comemorar dois anos de namoro, e iam jantar em um restaurante perto do galpão.
- Você acha que o David é confiável para ficar com as meninas?
- Por que você acha que ele não seria confiável? - Colocou o sinto de segurança
- Você me disse que ele estava apaixonado pela Malluh. E se ele soltar elas? Passei muito tempo arquitetando esse plano, não quero que um adolescente de dezessete anos acabe com isso.
- Fica tranquila meu amor. Se ele fizer isso, o futuro dele estará acabado. - E foram em direção ao restaurante.
- Espera, espera - Madduh tentou se levantar da cama - Eu estou drogada demais. Mas, eu tô vendo mesmo o David?
- O que significa isso? - Malluh ficou sentada na beirada da cama. A cabeça dela estava tentando entender o porquê dele estar lá e ser chamado de "ajudante gato".
- Não temos muito tempo - Falou apressado e começou a juntar tudo o que fora das meninas no local
- O que você está fazendo David? - Malluh conseguiu ficar em pé. E ajudou Madduh a se levantar da cama. Madduh estava mais grogue que ela
- Já falei. Não temos muito tempo, temos que sair daqui agora! Daqui a pouco eles voltam.
- Eu não vou pra nenhum lugar com você, antes de você me explicar o porquê de estar aqui! - Exclamou. Uma parte, dentro do seu ser, estava querendo dar uns bons tapas nele.
- Por favor Malluh e Madduh. Não temos muito tempo, quero tirar vocês daqui. E se a gente não sair agora, é capaz de tudo dar errado. - Chegou mais perto da amada - Por favor. Não estou pedindo pra você confiar em mim por completo, mas se você não confiar em mim agora, é capaz de você passar anos aqui nesse galpão. - Falou olhando nos olhos dela.
- Valeu por se preocupar comigo, cunhado. Eu tô aqui também pô! - Madduh falou ainda meio grogue e tonta ao mesmo tempo. Fazendo David dar um riso de lado.
- Tudo bem - Suspirou, desistindo de questionar ele. Por hora.
- Certo. Daqui a dois minutos o sistema de luz é desligado para ser reiniciado quinze minutos depois. Esse é o tempo que vai dar pra gente fugir daqui sem ser visto pelas câmeras. Nesses quinze minutos as portas são abertas, porque elas estão ligadas a eletricidade. Daqui a... - Olhou no relógio - Vocês estão podendo andar?
Malluh olhou para a Madduh. A irmã mais velha parecia estar drogada.
- Eu ajudo a Madduh - Falou
Em questão de segundos, a luz foi desligada e os três correram para o portão principal. David abriu sorrateiramente o portão e olhou para os lados, certificando-se que não havia ninguém. Pegou Madduh nos braços e deu as coisas para Malluh. A irmã mais velha estava quase desmaiando. Correram para o carro onde Lucas estava esperando no banco do motorista.
Colocou Madduh no banco de trás e seguiram com pressa para um mini-hotel na estrada. Lucas cobriu o rosto das garotas, para caso da Helô sair por aí perguntando pelas irmãs "queridas" dela. Abriram a porta do quarto e Lucas colocou Madduh na cama. Malluh foi tomar um banho e depois do banho David chegou com comida para elas. Madduh estava dormindo como um anjo. A menina de cabelos verdes estava aliviada por ter saído daquele galpão.
David deixou a comida na cômoda do lado da cama e olhou para a garota que estava prestando atenção todos os seus movimentos.
- Eu sei que você espera por uma explicação. Mas eu acho melhor eu explicar depois. Tá tudo corrido e eu preciso tomar bastante café, porque eu e o Lucas vamos ficar de guarda na porta e na janela de vocês.
- Então eu acho melhor você sair agora - Falou com os braços cruzados e com uma expressão séria.
- Vou então - Saiu do quarto derrotado
Malluh agora só queria uma coisa.
Dormir.
No dia seguinte as duas se arrumaram para ir ao encontro de Christopher. Lucas e David acharam melhor contar para ele, já que ele é o melhor amigo delas. Saíram e se certificaram com Chris de que ninguém estava seguindo ele. O local era uma praça perto de onde eles estavam "hospedados". Não queriam falar para os pais pois corria o risco deles contarem que elas "apareceram" para a irmã mais velha. Chegaram no local e ouviram um gritinho estonteante.
- Ah - Chris saltitou até as meninas e deu um abraço de urso nas mesmas. - Como eu senti falta das minhas lindas. - Deu vários saltos fazendo as meninas rirem.
Ouviram o gatilho de uma arma perto deles e olharam para onde vinha o som.
- Mãos pra cima. Vamos ver quem vai escapar agora.
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