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História Friends - Louis Tomlinson - 010. Notícia


Escrita por: sunzjm

Capítulo 10 - 010. Notícia


Fanfic / Fanfiction Friends - Louis Tomlinson - 010. Notícia

• TAYLOR 

Onde você 'tá?” 

A mensagem foi destinada ao Louis. Já passava das quatro horas e eu pensei em dar uma passadinha na casa dele, tudo para convencê-lo a aceitar o pequeno Neil, porque mamãe chegaria do trabalho e Tiago não hesitaria em contar sobre o “rato” que encontrou no meu quarto. Ele e Claire viram Neil e simplesmente fizeram um escândalo, por isso era impossível continuar com ele lá.

Eu não fui à casa da Jane naquele dia, mas conversamos bastante por mensagens instantâneas. Ela me contou que não sentia mais dor, que estava melhor depois do sono que teve e, também, por causa de sua conversa com Louis. 

Eu sentia muito orgulho de Jane Collin, porque ela era tão forte que, se pudessem nos comparar com alguma coisa, ela seria blocos de tijolo e eu seria os restos de areia. Eu apostava muitas fichas que Jack Mayson agora não passava de nada para Jane. Ela conseguia lidar melhor com todas as coisas, principalmente tendo a ajuda de Louis e eu, e ela sabia o que queria; ela sabia o que fazia bem para o seu psicológico.

Um bip me tirou dos devaneios e olhei para o meu celular. Era uma mensagem do Louis que dizia: “Estou em casa, por quê?”. Logo digitei o que eu queria, avisando que era um assunto de vida ou morte e que iria até a casa dele. 

Assim, pus um casaco e peguei o pequeno Neil, que brincava com o cadarço do meu All Star. Quando desci a escada, fiz questão de pôr Neil debaixo do moletom, para que não se assustasse com os barulhos do trânsito.  

— Claire, se mamãe perguntar onde eu estou, diga que fui até a casa do Louis! — eu gritei da sala de estar e então o meu irmão apareceu da cozinha, segurando um sanduíche pela metade. — Ah, escuta aqui — apontei o indicador pra ele, muito séria —, se você falar alguma coisa para a mamãe sobre o gato que viu no meu quarto, eu faço você vomitar todo esse sanduíche depois, entendeu? Eu 'tô falando sério. 

Tiago se assustou, mas logo assentiu.

[…]

Após andar durante alguns minutos pela rua que, aos meus olhos, parecia bem mais distante do que o normal, finalmente Neil e eu chegamos. Estava frio naquela hora e eu me apressei a entrar dentro de casa.  

— Taylor! — alguém exclamou, muito alegre. Era Maggie, que trabalhava para os Tomlinson e se encontrava sentada no sofá, assistindo a um programa sobre o bem-estar do corpo. Ao seu lado, havia a Sra. Tomlinson, que parecia de folga naquele dia. — Que bom vê-la, querida.  

— Oi, tudo bem?! 

Me aproximei das duas com um sorriso e dei um aceno com as mãos. 

— Estamos ótimas, mocinha — a Sra. Tomlinson disse, retribuindo o largo sorriso —, e você? Está se comportando bem? 

— Mais ou menos — respondi, sincera. — Consegui uma bronca da mamãe semana passada, mas já está tudo bem. 

— Que bom — a Sra. Tomlinson riu, descontraída. Dei de ombros e perguntei pelo Louis, que parecia estar no porão. Assim, segui pelo corredor do térreo. 

Antes mesmo que eu abrisse a porta e descesse a escada, passei a ouvir uma suave melodia. Louis estava tocando e, daquela vez, usava o seu violão. Ele se encontrava em um puff, usando uma camisa sem mangas e sua calça preta de costume. No cubículo, Louis estava rodeado com outros instrumentos, como sua bateria, uma guitarra e equipamentos de som. Havia também uma prateleira cheia de álbuns, apostilas e livros de música. 

Quando me viu, Louis parou de tocar e me deu um pequeno sorriso. E era o sorriso que eu gostava, não aquele sorriso irônico que geralmente ele dava para as pessoas. Deduzi que ele não estava com tempo para chateações e então retribuí o sorriso, esperançosa enquanto segurava Neil sob o casaco. 

— 'Tá tudo bem? — eu quis saber, procurando qualquer vestígio de irritação que ele pudesse estar sentindo.        

— Eu não sei — Louis mexeu no cabelo, desviando o olhar de mim. — Fomos visitar Austin e o meu pai. Hoje completam cinco anos desde aquilo e mamãe pediu uma folga do trabalho.

Logo entendi o motivo da calmaria em excesso: era porque ele estava triste. O meu coração rapidamente se partiu em mil pedacinhos quando observei o seu olhar baixo, como se ele voltasse naquele dia horrível. Eu sabia bem o quão ruim era para Louis, porque Austin sempre foi um assunto muito delicado.    

Por isso, me aproximei dele com a intenção de dar todo o apoio do mundo e sentei em um outro puff ao seu lado. Quando fiz aquilo, Neil resolveu dar as caras, soltando um miado tímido.   

— Por favor, Taylor — Louis pôs o violão no chão e passou a mão pelo cabelo, como geralmente fazia em seus momentos de estresse —, me diz que você não 'tá com quem eu acho que está.   

Eu não poderia negar, porque aquele era o meu objetivo principal do dia. Portanto, tirei o pequeno Neil do meu casaco e o coloquei sobre as pernas, torcendo para que ele fosse adorável o suficiente para derreter o coração do Louis.  

— Essa é a urgência de vida ou morte? Você deve estar brincando — Louis levantou, com uma expressão séria demais para aquele meu dia. — Não pode estar falando sério... 

— Mamãe não vai me deixar ficar com ele — expliquei, constrangida por ser uma cara-de-pau. — Você sabe disso, ela odeia gatos por causa da asma do Tiago.  

— Ah, pois eu pensei que ela deixaria.  

— Existe a possibilidade de que você possa…  

— Eu sei o que você está pensando — ele me interrompeu, incomodado —, e não vai acontecer, Taylor.  

— Qual o problema de deixá-lo aqui, Louis? — perguntei, levantando e deixando Neil sobre o puff de sua mesma cor. — Falando assim, parece até que ele dá trabalho. 

— O problema é que eu não vou ter paciência pra cuidar de um animal que você encontrou na rua — respondeu Louis, me observando enquanto tinha as mãos dentro dos bolsos. — Eu já tenho problemas demais ocupando a minha cabeça, se quer saber. 

— Neil não é um problema — argumentei, ainda sem desistir de convencê-lo. — Olha só pra ele — apontei para o pequeno filhote, que era quase imperceptível no meio de todo aquele negro —, sequer é do tamanho do seu violão. 

— Eu avisei que você não teria um lugar para deixá-lo — Louis me lembrou, sem perder a sua calma. Novamente resolvi apelar, pondo no rosto a expressão mais triste que eu conseguia. Aquela parecia a única forma que eu tinha de fazê-lo abrir a mente. — Ah, não, de novo isso... — ele murmurou, desviando os olhos de mim. — Você gosta de pegar pesado, não gosta?

— Você vai destruir uma vida quando me fizer voltar aquela estrada enorme com o pequeno Neil nas mãos — dramatizei, e até estava disposta a dar um choro falso. — Vou ficar totalmente desolada e sem rumo. O mundo é muito cruel, você sabe perfeitamente que o mundo é cruel…  

— Por que precisa fazer uma coisa dessas? — ele me perguntou, perplexo. Deduzi que aquilo era o resultado do meu drama e então acreditei que Louis já estivesse pensando na possibilidade de aceitar o filhote. — Usar a compaixão dos outros contra nós mesmos é golpe baixo, Taylor.  

— Eu só quero que você entenda o que pode acontecer caso decida nos expulsar daqui. — Logo, peguei Neil e me aproximei do Louis, buscando transparecer todo o meu desespero. — Olha pra ele de novo. Você 'tá vendo o tamanho dele? Tudo o que ele precisa é de uma tigela de leite, de água e… e uma caixinha de areia. É só isso, não é nada de mais!... 

— Você não está merecendo isso — foi o que ele disse, depois de me observar durante alguns segundos —, por causa daquele cara da escola. — Louis analisou o pequeno filhote nas minhas mãos, como se pensasse em tudo o que precisaria fazer para cuidar dele. — Mas eu também não estou com a ficha limpa e acho que não será nada mais do que justo.

Sorri, extremamente contente. E fiquei tão aliviada com a resposta dele, que acabei deixando Neil no chão para encher a bochecha do Louis de beijos. 

— Obrigada!  

— Espero que continue assim amanhã — desejou Louis, me fitando. Rapidamente entendi o que queria dizer e então tirei o sorriso do rosto, lembrando que o dia seguinte seria a noite em que ele estaria com Peterson.  

— Pois eu duvido muito.     

Louis se afastou e voltou a sentar no puff.  

— Bom, já que você está aqui e também alegre demais, gostaria de ouvir a música que eu escrevi? — perguntou, mudando de assunto. Assenti e rapidamente me sentei, muito ansiosa. 

Louis era ótimo ao compor músicas e ele sempre me surpreendia. A maioria das canções eram tristes ou reflexivas, mas todas me tocavam de alguma forma. Na maioria das vezes eu acabava chorando, devido a tristeza com as suas intensas emoções. E eu sequer precisava comentar sobre a sua voz, que era tão suave e agradável de ouvir que eu simplesmente esquecia do mundo à minha volta. Era maravilhoso e, mesmo me entristecendo, eu gostava de ouvi-lo cantar, porque eu conseguia entendê-lo de todas as maneiras. Louis simplesmente me convidava a entrar em seu mundo e eu sempre aceitava, sem pensar duas vezes.

Portanto, fiquei o observando cantar enquanto acariciava o pequeno Neil. Quando a música terminou, os meus olhos estavam molhados, como era de se esperar.  

— Desculpe por fazê-la chorar — murmurou Louis, pousando uma mão na minha perna —, não era mesmo a minha intenção. 

— Não pense nisso — pedi, sem saber se sorria ou se chorava. — Eu já disse que a sua voz é simplesmente linda? 

Ele sorriu, o rosto vermelho.  

— Austin também gostava quando eu tentava acalmá-lo — comentou, depois de um tempo. E então pegou Neil do meu colo, que estava bem quietinho, como se também estivesse triste por causa da canção do Louis. — Era uma das coisas que ele mais gostava, na verdade.  

— E... ainda dói muito? — perguntei bem baixinho, enquanto limpava o rosto. Eu não queria ser indelicada, mas acabei entrando mais no assunto. Louis simplesmente mudou da água pro vinho depois da morte do pequeno Austin, e era um dos motivos pelos quais eu não me via sem ele, buscando amá-lo da forma como ele era. — Você às vezes chora quando lembra dele? 

— Não é tão frequente como foi antes — Louis confessou, continuando com os carinhos no Neil. — Mas... — ele parou, como se aquela dor que o machucou tanto no passado estivesse bem ali entre nós dois —, tem vezes que eu olho pro mundo e esqueço do que aconteceu. Eu esqueço que aquilo foi real, que Austin não está mais perto de mim, sorrindo e me perguntando sobre as nuvens.

Encolhi, infeliz por não saber dizer as coisas certas. Ele estava triste e eu também, mas não encontrei um jeito de mudar aquilo. Eu sequer conseguia acreditar que o ajudei no seu momento de perda depois da morte do Austin porque, no fim, era apenas eu quem parecia pedir por ajuda.  

— Eu queria poder fazer alguma coisa, para que essa dor diminuísse até finalmente sumir — sussurrei, envergonhada. — Eu queria poder ajudá-lo, mas…   

— Não se sinta culpada, Taylor — pediu Louis, apertando a minha perna de novo. — Conversamos várias vezes sobre esse assunto e, pelo amor que você sente por esse gato, não diga que é inútil ou que é insuficiente pra mim.

Sorri com aquilo, achando graça da sua escolha de palavras. Era ele quem estava sofrendo mais ali, mas era eu quem estava sendo confortada.  

— Então tenta não pensar muito nisso, 'tá?

Louis sorriu, como se a minha presença ali já bastasse. 

— É claro, meu amor.

[…]

Depois que deixei o pequeno Neil nos Tomlinson, não segurei a vontade de passar na casa da Jane. Quando cheguei lá, a Sra. Rose assistia tevê na sala de estar. Ela me deu um sorriso enorme quando me viu, fazendo questão de perguntar sobre mamãe e Tiago. 

Quando ficou satisfeita com as respostas, avisou que Jane estava no quarto. Segui até o segundo andar e a encontrei com cadernos e livros sobre a cama. Ela continuava com aquele seu ar meio caído, mas estava melhor do que antes. 

— Oi, meu bebê! — falei, me aproximando para lhe dar um beijo na bochecha. — Eu passei por uma loja de doces, quis comprar alguma coisa, mas aí eu lembrei que você é paranóica com o próprio peso. 

— Ei, não é verdade! — ela riu, e assim me senti melhor quando vi o seu sorriso. — Mentira, você tem toda razão, eu iria me odiar por comer doces...  

— E, aí? Como está? — Depois de ouvir a pergunta, Jane tirou o sorriso do rosto e deu de ombros, enquanto voltava a escrever no caderno. Como era recente toda a história da festa, imaginei que Jack Mayson fosse o motivo principal para aqueles olhos caídos. Jane era um ser humano e, mesmo que ela fosse a pessoa mais forte que eu conhecia, havia situações que pediam mais do que ela tinha para aguentar. — Eu fui hoje cedo na casa do Louis — mudei de assunto, quando percebi que ela não queria conversar sobre aquilo. — Precisei da ajuda dele.   

— Ah, é? — Jane não parecia nem um pouco surpresa. — Pensei que estivesse irritada com ele depois daquilo, sabe?  

— E eu estava — dei de ombros mais uma vez —, mas agora não estou tanto assim. Louis me ajudou com Neil, e foi o bastante para abaixar a minha bola.     

Jane virou a cabeça pra mim e acabei lembrando que eu não havia mencionado sobre Neil nas mensagens instantâneas. Ela, como a minha mãe, não gostava de gatos. Só que a sua desculpa para aquilo era que alguns deles tinham pacto com o Diabo.    

— Quem é Neil? 

— É um gato — respondi, sem pestanejar. — Um filhote de gato, para ser mais específica. Hoje, enquanto Louis e eu íamos para a escola, encontrei o filhote na rua. Ele estava abandonado e então eu resolvi cuidar dele. 

— O quê? — Jane parou de escrever e colocou toda a atenção em mim, como se eu não tivesse uma cabeça. — Você ficou louca? 

— Não — levantei, me divertindo com as suas expressões. — Ele é apenas um gatinho indefeso, Jan.  

— E se, por acaso, ele foi deixado lá por alguém que queria fazer mal para alguma pessoa? — perguntou ela, passando a se amedrontar mais uma vez. — Você sabe o que aconteceu com uma pessoa que tocou em algo que não devia?    

— O que aconteceu? 

— Um homem encontrou uma galinha em uma encruzilhada. Ele viu aquilo e resolveu cuidar do animal. Só que alguém havia colocado aquela galinha ali para oferecê-la ao Diabo e então não deveria ser da conta de ninguém. O homem que pegou a galinha acabou sofrendo as consequências. No fim, ele ficou nas mesmas condições que ela.  

— Em uma encruzilhada?  

— Não, ele se contorceu até que tivesse a forma dela. — Fiquei meio chocada e fiz uma careta. — É horrível, eu sei, e é por isso que fico preocupada com o que você tenha encontrado — Jane bufou com a minha “imprudência”.        

— Olha, fica tranquila — pedi, passando a rir. — Que tipo de pessoa poderia tê-lo deixado lá? Uma bruxa? 

Jane era tão supersticiosa, que às vezes passava dos limites. A conversa entre ela e Louis acabava sendo até interessante de se assistir comendo pipocas porque, de um lado, havia alguém crente demais e, do outro, havia alguém cético demais. Muitas das vezes eu ficava do lado da Jane, porque geralmente as nossas convicções se entrelaçavam.  

— Não brinque com isso — pediu ela, ofendida. — Se eu fosse você, não arriscava e me livrava logo desse animal. 

— Não sou eu quem estou com ele — expliquei, buscando a seriedade. — Quem está cuidando dele é o Louis. Diz pra ele que Neil está enfeitiçado e então o convença a jogá-lo fora — sugeri, sabendo que aquilo seria impossível de acontecer. Louis era ateu e não acreditava em nada daquilo. 

— Você sabe muito bem que ele não acreditaria em mim! — lembrou ela, voltando a escrever novamente. — Nós vamos acabar discutindo.  

— Então apenas esqueça isso — pedi, deitando ao seu lado. — Não é tão importante agora. O que devemos nos preocupar é com o encontro entre ele e Henrik.  

—  Você tinha razão, Louis estava aprontando alguma coisa, né? Será que podemos mudar isso? Você conversou com ele sobre o assunto?  

— Na verdade, ele não me contou muito sobre o que faria — respondi, fazendo uma careta. — E ele não vai me contar enquanto não fizer o que decidiu. Disse que não queria que fizéssemos com que ele mudasse de ideia. Louis acha que tudo vai ficar bem, mas eu não sei se posso acreditar nisso. 

E eu sequer tinha algum argumento para impedi-lo. Ele estava decidido, não adiantaria muito se conversássemos mais uma vez, apenas teríamos que esperar.       

— Mas — Jane ficou em silêncio por algum tempo, pensando no assunto — e se alguma coisa acontecer com ele?  

— É o que eu penso todas as vezes.  

— O que vamos fazer? 

— Eu não sei...

[...]

Quando a noite chegou, decidi ir embora, deixando em casa uma Jane cheia de pensamentos. Ela estava mais calma, mas consegui perceber uma leve preocupação em seu rosto. Para que tudo ficasse em ordem, rapidamente verifiquei se estava tudo sob controle e depois segui caminhando para a minha casa.

Depois de andar por algum tempo, cheguei no meu destino e encontrei mamãe ao telefone, a expressão banhada em aflição. Também percebi papéis sobre a mesa de centro, que mais pareciam com contas de água, de energia e de internet. 

— Certo, até mais — ela se despediu de quem estava na linha e colocou o telefone no apoio. — Olá, querida — mamãe me deu um pequeno sorriso e eu logo sentei ao seu lado. 

— Tudo bem? — perguntei, duvidosa. — Por que está preocupada?

— Eu tenho uma notícia a vocês — respondeu ela, ao juntar todos os papéis da mesa e colocá-los dentro de uma pasta branca. Mamãe então pediu para que eu chamasse Tiago e Claire e rapidamente me apressei a obedecê-la, receosa demais com o que nos diria. Estava claro que seria uma má notícia e, devido ao meu cansaço, eu não sabia se estava preparada para ouvir. — Conversei com o meu chefe e acabei aceitando uma vaga que ele me ofereceu. Vou precisar fazer uma viagem para o Canadá.

— Como é? — perguntei, atônita. Eu simplesmente fiquei incapacitada de combater a minha surpresa. Pensei até não ter ouvido bem. — Mas como assim?  

— Tânia, como… 

— Escutem — mamãe tentou nos acalmar, interrompendo Claire —, eu perdi o controle das contas e do meu cartão de crédito. O salário não foi o suficiente e Paul resolveu não ajudar com a Pensão de Alimentos. Tudo está bastante complicado e o convite do meu chefe simplesmente foi uma bênção. Eu precisei aceitar a vaga, porque vou ganhar melhor com isso.

— Você vai demorar muito pra voltar? — Tiago perguntou, a voz recuperando o seu tom natural. — Quanto tempo o seu chefe pediu?  

— Ele disse que a duração será de três meses — respondeu mamãe, nos analisando — e que, se eu resolver renovar o contrato, posso ficar por mais tempo. Mas não se preocupem, porque eu não vou renovar. O acréscimo no salário será o suficiente, principalmente porque vou fazer banco de horas.

Eu não sabia o que pensar daquilo, na verdade. Passar muito tempo longe da minha mãe não era algo que já havia acontecido. Tiago e eu nunca passávamos mais do que dois ou três dias sem ela, e éramos muito próximos uns dos outros, os três. Imaginar viver por três meses sem a companhia dela era ruim de se pensar, mesmo com Claire por perto.  

— E você vai viajar nessa semana mesmo? — perguntou Claire, atenta. — Teremos que nos organizar, então.  

— Na verdade, eu ainda preciso me resolver com o Rizzoli — mamãe respondeu, pensativa. — Olha, eu sei que é ruim para todos nós, mas eu tenho que fazer isso. Vou precisar mesmo da sua ajuda — ela disse para Claire, pondo rugas entre as sobrancelhas. — Você não precisa ficar aqui todos os dias, porque os dois já conseguem se virar sozinhos. Eu só quero que continue fazendo o que está fazendo, mas com um tempinho a mais.     

Claire suspirou, compreensiva.

— Você sabe que eu vou fazer o que precisa ser feito. Somos amigas e eu estarei aqui quando precisar. 

— Significa, então, que a Claire vai ficar no comando? — Tiago se intrometeu, tentando não parecer ansioso. — Assim, cuidando de tudo mesmo? 

— É — mamãe respondeu, séria — e, quando ela não estiver em casa, é a sua irmã quem ficará. 

— Mas e quando as duas não estiverem? 

— Então é você quem vai ficar no comando, Tiago — disse mamãe, os ombros caídos —, e eu espero mesmo que se comporte. 

Aquilo nem importava tanto, estar no comando era o de menos para mim. O que mais me preocupava era a ausência dela. Eu não sabia como seria durante aqueles três meses, mas tinha a certeza de que as coisas não seriam tão boas quanto pareciam. 



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