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História Friends - Louis Tomlinson - 102. Ida


Escrita por: sunzjm

Capítulo 102 - 102. Ida


Fanfic / Fanfiction Friends - Louis Tomlinson - 102. Ida

Arrumei a minha mala sem saber que tinha um vestígio de sorriso no rosto, sempre dando uma olhada pela janela para me preparar para o frio lá fora. Era o começo de fevereiro e as escolas e as faculdades ainda estavam em suas férias. Greenwich estava tão cheia quanto antes, tanto devido aos turistas quanto pelos próprios habitantes. 

A Orence também estava bem movimentada, estavam esperando por mim, para a minha despedida. Eu me tornei filha de todos os mais velhos ali e os mais novos eram os meus irmãos. Nos tornamos uma família e eu amava todos, crente de que iriam sair dali a alguns dias, assim como eu. 

Judith já não estava mais lá, assim como Sam, Helena e uns e outros que eu conheci em setembro. Eles tinham terminado os seus meses na Orence e já estavam lá fora, enfrentando o que a vida tinha para eles.

Antes de ir embora, os dois conversaram comigo, é claro, em dias diferentes. Primeiro foi Helena, sentada no sofá da sala de estar junto comigo, enquanto assistíamos ao jornal local de Greenwich.     

— Estou pensando na Mily — ela disse, assim de repente. Olhei para ela e vi os seus olhos em um outro mundo. — Ela não deu a mínima quando soube que a Aly iria me internar aqui. Ela dizia que eu iria morrer em qualquer momento e que fugiria da Orence por causa das abstinências. Ela não acreditou em mim.     

— Mas ela estava errada — falei, e então coloquei uma mão sobre o seu ombro. — Olha só pra você, vai sair amanhã mesmo deste lugar, e está limpa. Ainda terá um caminho pela frente, mas eu tenho certeza que vai conseguir.

Helena olhou pra mim e sorriu, os olhos verdes brilhando.     

— Quero que você fique comigo — foi o que ela disse, ficando séria de novo. — Nós duas tivemos experiências iguais com as drogas e não queremos aquilo de novo. Você sabe como é lá fora, Taylor. Tudo é muito difícil e...

Eu sabia do que ela estava falando. Às vezes o medo também me perseguia. E se tudo fosse difícil demais a ponto de nos levar para a dependência de novo?     

— Não — neguei, pensando na possibilidade que eu tinha. Eu não poderia fazer aquilo de novo. Não poderia e não iria. — Aprendemos a superar um pouco da dor aqui. Eu sei que ela pode ser quase insuportável, mas sabemos que existem maneiras melhores de ultrapassar isso.     

— Eu sei, mas…     

— Helena — me aproximei mais dela, a fim de manter um tom mais sério —, não tem um “mas”. Você sabe o que deve fazer caso ela queira bater de frente com você, ou caso qualquer um queira bater de frente com você. Eu vou sair daqui a apenas duas semanas e eu não quero vê-la na pior, 'tá bem? Procura pelo Thomas, ele acreditou na sua recuperação desde sempre e, quando vê-la saudável, vai sorrir e abraçá-la. Peça para que ele não lhe deixe fazer nenhuma burrada. 

Thomas era o namorado dela e ajudou uma das mães da Helena a colocá-la na Orence. Ele era como o meu Louis.

Assim, Helena ficou me olhando e foi assentindo devagar.     

— Você tem razão, eu vou conseguir. — Ela olhou pra televisão e franziu o cenho. Logo, fiquei de me encontrar com Helena quando saísse da Orence, eu seria a sua fiscal e ela seria a minha fiscal.

Também não demorou para que Samuel conversasse comigo. Ele saiu da Orence cinco dias depois da Helena, estava contente, como se tivesse nascido de novo. Nos encontrávamos do lado de fora e olhávamos o céu nublado. Era noite e fazia um frio congelante.     

— Não basta você olhar pro céu e dizer que ele é azul — Samuel havia dito, misteriosamente. — É algo bem mais complexo. Ele não é só isso. Não é tão simples quanto parece.     

— Como assim? — Olhei pro céu e não vi nada do que ele poderia estar vendo. — Mas agora ele está escuro.     

— É, tem razão — respondeu Sam, dando de ombros. — O sol não está aqui para induzi-lo ao brilho.   

— Então ele é azul pela manhã.     

— Não.    

— Então eu sou cega.

Sam olhou pra mim e não demorou muito para rir.     

— Você não é cega — disse ele, divertido. — É só hilária e desinformada.     

— Todo mundo fala isso.

Dei de ombros, mas lembrei apenas de uma pessoa. Uma pessoa que me corrigia sempre e que me explicava qualquer coisa que eu ousasse perguntar.     

— Eu estava tentando filosofar ao seu lado, para parecer alguém inteligente — falou ele, rindo —, e você não entendeu a brincadeira. 

Eu ri e então bufei.     

— Ele não é totalmente azul e pronto, mas é uma pena que eu não seja tão bom em física — disse Samuel, sério de novo. — Ouvi isso em um documentário, mas não sei explicar bem. Tem a ver com partículas e prismas.     

— Ah, que legal — falei, pensando que depois eu poderia perguntar ao Louis sobre aquilo. Mas então eu lembrei que não falava mais com ele. — Hã..., depois eu vejo na internet, então podemos dialogar sobre isso algum dia, sob o céu azul.     

— O céu não é totalmente azul!     

— Porra, eu estava brincando!

Dei um tapa no seu ombro e começamos a rir.    

— Acha que consegue, Taylor? — perguntou ele depois de um tempo, voltando à seriedade enquanto observava o céu (que não era azul sob alguns aspectos). — Você acha que consegue seguir sob o céu azul, sem tocar em nada do que tocava antes?     

— Está falando das drogas?    

— É..., estou falando das drogas.     

— Sim.     

— Sim o quê?     

— Eu consigo seguir a minha vida — expliquei, sincera. — Mas eu vou precisar da ajuda de pessoas para seguirem junto comigo sob este mesmo céu azul. Sinto que ainda não estou tão preparada. Eu tenho medo...    

— Claro — ele concordou, atencioso —, teremos que aprender na prática. Mas nós vamos conseguir, Taylor. Quando eu vê-la novamente, quero ver os braços do Louis ao seu redor, de onde nunca deveriam ter saído, sob um céu iluminado pelo sol. Sob um céu azul.

Ele me pegou de surpresa, porque nunca falávamos do Louis. Samuel sabia exatamente o que aquele assunto me trazia, afinal de contas, Louis e eu não tínhamos mais nada (eu contei a verdade para todos), e eu não sabia se ele poderia me perdoar. 

Toda noite e todo dia, quando eu não estava fazendo nada, apenas pensando e pensando, ele me vinha à cabeça várias vezes. No meu quarto, para esvaziar aquela coisa que havia dentro de mim, eu me via sussurrando sozinha. No ar, escrevia tudo o que eu pensava, tanto em relação ao Louis, quanto ao que eu tinha passado na Orence.

No começo, eu me sentia uma idiota, mas depois percebi que era normal. Papai, mamãe, Louis, Jan, Elisa e os meus amigos da Orence…, todos faziam parte daqueles pensamentos voados. Era um diário ilusório, porque quase todo santo dia eu sussurrava palavras e as imaginava flutuando sobre a minha cabeça, acompanhadas de sorrisos, de lágrimas, de dor e de felicidade.

Palavras que saíam e saíam…     

— Eu o amo muito — eu disse pro Samuel, depois daquelas suas palavras —, e tudo o que eu quero é que ele me perdoe pelas coisas que eu fiz. Ele não mereceu nada daquilo. Louis não errou em nada do que tentou fazer pra mim, ele não imaginava que algo como aquilo poderia estar acontecendo.     

— Muita coisa pode ter mudado nele depois desses cinco meses — Sam disse, me olhando. — Pelo que você me contou, não acho que ele esqueceu de nada do que passaram. Vocês se conhecem há tempos demais, meu bem, fizeram várias coisas juntos e isso não é algo que pode acabar em um estalar de dedos. Talvez ele tenha até tentado — Samuel fez uma careta, mas depois sorriu —, só que não deve ter conseguido.

Aquilo não tinha me deixado bem, na verdade, como eu gostaria de ficar. Era como se Louis estivesse atrelado em mim. Ele queria me esquecer e não conseguia, e aquilo parecia frustrante. 

Fiquei me sentindo culpada até o momento de ir embora, só que acabei esquecendo devido a emoção.

Assim que fiz a minha mala, Maurice resolveu me ajudar a levando pro refeitório, onde todos estavam. Quando me viram, vieram me abraçar. Comecei a chorar, é claro. Eles tinham feito parte da minha vida, souberam das coisas que eu fiz e não me julgaram por aquilo – muito pelo contrário. Assim como fizeram com os outros, eles também fizeram comigo. Eu não era nem a mais e nem a menos. Todos eram iguais em sua natureza. 

Seus vícios talvez fossem diferente quimicamente, mas o sentimento era o mesmo. Eles sabiam como eu me sentia e eu sabia como eles se sentiam. Cada um ali abraçava o outro, independente se este era alcoólico, obeso, anoréxico ou um narcótico.

Eram uma outra família.

Recebi a ajuda de alguns braços para subir em uma cadeira porque, em toda despedida de um dos clientes (agora eu não os chamava mais de detentos), havia um discurso.  

Olhei para todos, mexendo nas mãos. Eu estava envergonhada e não sabia dizer da forma correta o que eu estava sentindo. De lá de cima, era como se eu tivesse subido em uma nuvem e estivesse vendo o progresso de todos eles.     

— Vocês não imaginam o quanto eu estou feliz, mas não necessariamente por deixar este lugar.     

— Ficou louca? — alguém disse, e todos riram, inclusive eu.     

— Tem razão, mas eu aprendi muitas coisas aqui, com todos vocês, com a Donna, com a Samille e até mesmo com o Dr. Crosty, por isso me dói saber que não vou vê-los tão cedo. Vocês agora fazem parte da minha vida e vão estar guardados dentro do meu coração. — Senti que eu iria chorar, então ri sozinha e busquei respirar fundo. — Sinto muito que eu tenha achado que todos vocês eram loucos e que não tinham jeito.    

— Ora, mas que ousadia — um outro alguém falou, mas estava brincando. — Eu também achei que você fosse louca. Na verdade, uma anoréxica.     

— Que bom que todos nós estávamos errados — eu disse, feliz. — Daqui um dia todos vocês vão sair daqui e vão se ver livres desse lugar. Vamos marcar um dia pra encher a cara e fumar um baseado.

Foi uma despedida cheia de piadas, a fim de deixar longe a tristeza. E eu gostei, era algo que eu estava finalmente cumprindo.

Antes de sair da Orence, no entanto, havia algo que precisava ser atendido. Eu precisava ir até o consultório da Samille, porque era a minha última sessão com ela (uma sessão individual)     

— Você parece ótima — ela sorriu pra mim, depois de olhar uns papéis sobre a mesa. — E ganhou peso, olha só isso.

Fiquei contente com o elogio.     

— Ainda bem — falei, sem conseguir tirar o sorriso do rosto. — Achei que a balança estava mentindo.     

— Vou ter que tratar de alguns pontos, Taylor — ela começou, me olhando. — Você está bem agora?     

— Estou, quais são os pontos?    

— Bom, obviamente você não poderá tocar em nenhum tipo de droga ou álcool. Se precisar de remédios, seja qualquer um, fale com o médico da sua família, ele foi instruído por mim. Não exagere em relação a qualquer coisa, nada em excesso faz bem e você pode querer diminuir alguma coisa dentro de você com isso. Já lhe expliquei da dependência sobre uma dependência.    

— Sim, eu lembro.     

— Também é importante que não se relacione com homens durante algum tempo, daquele jeito que você sabe muito bem... 

No começo eu não tinha compreendido aquilo e, com o meu silêncio, Samille parou de falar e ficou me olhando.

— Eu não entendi — eu disse, confusa. — Você falou algo relacionado a homens? É que eu não ouvi muito bem.

Ela falava do Louis?          

— Ah — Samille pareceu entender —, eu disse que é melhor que não se relacione com homens por enquanto, porque isso também pode trazer uma dependência sobre uma dependência.    

— Quanto tempo?     

— Mais ou menos seis meses.     

— O quê? Mas isso é tempo demais! — reclamei, pensando no Louis e no que ele me fazia sentir.     

— Não, são apenas seis meses — disse ela, numa boa. — Você tinha uma certa irresponsabilidade com o que sentia e não conseguia resolver os seus problemas sem a ajuda dos outros. Ajuda é sempre bom, Taylor, mas nem sempre ela vai estar disponível, portanto tente fazer isso sozinha. Eu andei pesquisando sobre o seu namorado.     

— Ex-namorado…     

— Ora, vamos lá — ela sacudiu a mão, como se não tivesse tempo para aquilo. — Eu estava à procura de alguém de má influência, mas ele é totalmente o contrário. Louis é um ótimo rapaz, é alguém que sabe o que quer e parece ser bem inteligente, mesmo tão jovem. Não me admira que você tenha uma certa dependência caso se relacione com ele assim que sair daqui, porque ele é muito... você sabe. Ele é irresistível.   

— Hã…     

— Eu sei que concorda comigo, então é extremamente importante que você siga o que eu estou lhe dizendo, por favor — pediu ela, severa.

Foi um longo tempo e eu estava prestes a sair dali. Pelo que ela tinha feito comigo, tudo o que eu precisava fazer para recompensá-la era ser obediente.   

— Tudo bem.     

— Você também tem que continuar frequentando as reuniões com os narcóticos, não esqueça disso. — Assenti e ela suspirou. — Muito obrigada por me dar a chance de ajudá-la — Samille me encarou, como geralmente a minha mãe me olhava. — Você é muito inteligente, bonita, responsável, educada, amigável... e tem outras várias qualidades. Se ame pelo que você é, pelo que você foi e pelo que se tornou; continue se perdoando, se ajudando e reconhecendo o seu valor, assim como as pessoas que amam você. O seu futuro é algo brilhante e eu tenho certeza que você é capaz de qualquer coisa.

Eu quase chorei com aquilo.     

— Você me ajudou bastante — falei, muito agradecida. Olhando pra ela, eu me perguntava como ela era tão forte e sábia, como sabia o que eu sentia e como soube me induzir ao melhor. Ela era incrível.     

— Você também se ajudou, Taylor — ela sorriu e acariciou a minha mão. — Eu já falei com a sua mãe e já está tudo certo para que você deixe a Orence. Vamos lá, mocinha, é a sua hora.




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