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História Friends - Louis Tomlinson - 012. Rutty Jordan


Escrita por: sunzjm

Capítulo 12 - 012. Rutty Jordan


Fanfic / Fanfiction Friends - Louis Tomlinson - 012. Rutty Jordan

Naquele momento, o meu quarto era um dos lugares mais sombrios que eu já havia estado. Estava tenso ficar por ali e eu me perguntei várias vezes se era melhor que eu saísse correndo de onde eu estava para a cama da minha mãe. 

A janela estava aberta e as persianas não a cobriam. Fiz aquilo apenas para que o quarto não parecesse pequeno demais e, caso acontecesse alguma coisa que tirasse o resto da minha sanidade mental, eu poderia sair pela janela e descer pela escada embutida na parede. 

Além do mais, eu não parava de pensar no que Louis poderia estar fazendo. Ele sequer me mandou alguma mensagem e, para mim, aquilo significava que ele ainda estava ocupado. Pensar que Louis estava entrando em alguma confusão com Peterson me deixava mais apavorada ainda, desconfiando até da silhueta dos meus móveis. 

Logo, não segurei a vontade de me enrolar no lençol e me jogar debaixo da cama, ainda lembrando das cenas de terror daquele maldito filme. O vento acompanhava aquele frio na barriga e as persianas balançavam enquanto riam da situação onde eu me encontrava. 

No meio daqueles pensamentos, contudo, percebi um barulho vindo da janela. Olhei para o chão e vi as falhas na luz da lua, fazendo o meu coração acelerar. Alguém entrou no meu quarto.

— Taylor? — uma voz familiar soou no cômodo e logo me veio a confusão. Não demorou muito para que eu visse o tênis do Louis. — Onde você está? — o seu tom foi diminuindo e imaginei que tivesse ido ao banheiro, a fim de me procurar. Acabei bufando, frustrada comigo mesma, e então resolvi sair dali, engatinhando. — Mas o que diabos você está fazendo aí no chão?     

— Não sei — respondi, me levantando —, não se passa pela sua cabeça o medo que me fez passar? Eu estava assustada, é claro.  

— E por que não apareceu na janela? — perguntou ele, como se tivesse caminhado durante uma hora inteira. — Foi difícil ter que escalar a sua casa. 

— Não apareci porque eu não ouvi nada. 

— Como não ouviu? — questionou Louis, incrédulo. — Eu estava jogando pedras na sua janela, queria mesmo que eu gritasse por você a essa hora da noite?  

— Eu estava ocupada com os meus devaneios — me defendi, dando de ombros. — E não me culpe, você geralmente usa a porta. 

Mesmo chateada com ele por ter me obrigado a assistir algo que eu não queria, não pude deixar de observá-lo sob aquela luz da lua. Louis parecia tão descontraído, os cabelos meio bagunçados e os olhos em mim, que quase perdi o foco de perguntar o que ele estava fazendo no meu quarto àquela hora. Algo deveria ter acontecido, mas eu estava distraída demais para pensar nas opções.  

— E o que veio fazer aqui?       

— Vim contar o que você queria saber — respondeu ele, ligando a luz do abajur e se sentando na minha cama. — Agora eu estou aqui para satisfazer os seus desejos.   

— Não poderia esperar até amanhã? — perguntei, fingindo desinteresse.  

— Eu sei que você está louca pra saber disso, Taylor — Louis sorriu, me conhecendo de uma forma que me irritava. — E precisei vir a essa hora porque eu não aguentaria esperar até amanhã. — Logo, o medo de ouvir o que ele tinha para dizer me preencheu, e então fiquei indecisa de como me comportar, sem saber se continuava de pé ou se sentava. — Você estava certa quando pensou no Henrik — ele começou, sem me olhar. — Eu estava participando de... de alguma coisa com ele.

Fiquei satisfeita comigo mesma, pois estava na cara que era com Henrik Peterson. Quem mais poderia ser? Ele era o único amigo do Louis que conseguia se envolver em mais de uma confusão apenas em uma semana. 

— Alguma coisa? — perguntei, receosa.   

— Antes de mais nada — Louis levantou e pôs as mãos nos bolsos —, eu não quero que me culpe ou que me jogue pedras, 'tá bem? Eu precisei ajudá-lo porque estava devendo, desde que nos conhecemos e… 

— Para — mandei e ele logo obedeceu, como uma criança que havia acabado de aprontar uma confusão daquelas —, você poderia ir direto ao ponto? 

— Lembra de Rutty Jordan? — perguntou Louis, de repente. Rapidamente a minha cabeça se encheu de memórias sem que eu quisesse. Eu lembrava de Rutty Jordan, ela era algo que eu não queria por perto, com toda a sua arrogância e egocentrismo. Eu não gostava do seu jeito de ser e de agir e até fiquei feliz quando ela simplesmente saiu da London Greenwich. — Ela sempre andava por perto. 

— Lembro, ela era a namorada do Peterson.  

— Você tocou exatamente no ponto onde eu queria chegar, ela era a namorada dele… — enfatizou, como se eu pudesse imaginar o que ele estava pensando. — No tempo em que eles namoravam, Rutty o traiu um milhão de vezes. Todos sabiam disso…, e não venha me dizer que você não sabia. 

Me mexi desconfortável, porque eu não sabia que Rutty traía Peterson.  

— Ele ficou mal por causa disso e então terminou o relacionamento. Henrik esqueceu o que aconteceu por algum tempo e andou conversando comigo sobre tudo aquilo, mas então percebi que, na verdade, ele não tinha esquecido coisa nenhuma. 

— Ele parecia gostar muito dela — murmurei, pensando nos dois juntos. Mesmo que Peterson fosse do jeito que era, ser humano nenhum merecia ser traído. — Os dois pareciam se gostar, na verdade.  

— Sim, mas isso não o impediu de planejar o que ele está fazendo agora. 

— E o que ele está fazendo?      

— Fomos hoje na casa da Rutty, mas ele continuou por lá. Henrik planejou tudo... — Louis se interrompeu, meio desconfortável. — Ele vai filmar o que estão fazendo. Ele quer se vingar e destruir a reputação que ela tem. — Fiquei sem palavras, os olhos fixos nele enquanto a brisa continuava dançando entre nós dois. — Eu coloquei a câmera no quarto dela, apenas isso — Louis tentou se defender, rapidamente. — Na verdade, depois que tudo estiver filmado, vou ter que passar tudo para um pen drive.

Aquilo era algo que tirava o meu sossego. Era um problema e eu sabia da existência de Preston Jordan. Se ele soubesse o que os dois haviam feito com a irmã dele, ele os mataria.  

— Ah, não... — murmurei, escondendo o rosto. De alguma forma e sem querer, eu acabei tendo empatia por Rutty, e então eu me senti humilhada. — Como vocês puderam fazer isso? 

— Eu tentei fazê-lo pensar de uma maneira diferente, Taylor, mas ele não queria me ouvir. — Louis se aproximou, agitado. — Você sabe o que alguém sente quando está magoado demais a ponto de pensar em se vingar?  

— Mas mesmo assim! — falei, irritada.  

— Eu o aconselhei, mas ele não ligou.       

— Vocês não fizeram isso, não fizeram… 

— Eu não fiz nada. 

— Você foi cúmplice!... 

— Eu já disse... — Louis buscou manter a calma e respirou fundo, enquanto me olhava. — Eu já disse que estava devendo a ele. Eu sei que é errado — ele tocou o meu braço para chamar a minha atenção e vi que realmente era como se tivesse feito aquilo à força —, mas eu não tinha muitas opções. Da mesma forma como você está se colocando no lugar dela, eu também me coloquei no lugar dele.  

— Escuta aqui — segurei os braços do Louis, muito séria —, não se passou pela cabeça de vocês dois que Rutty tem um irmão?!  

— Ele não está em casa esses dias.

Não pensei duas vezes antes de socar o braço dele. 

— Você é um idiota.

— Para com isso! — pediu Louis, se afastando. 

— Quando Preston souber — pensei alto, deixando transparecer a minha preocupação —, você vai estar encrencado, vai se meter numa confusão daquelas.  

— Não — Louis passou a mão pelo cabelo, como se pensasse em alguma coisa. — Mesmo que eu tenha achado errado, Henrik disse que não diria a ninguém sobre a minha participação. Eu confio nele, vai ficar tudo bem. 

— Olha — me aproximei e juntei as mãos próximas do rosto —, se ele entrar em uma encrenca com aquele cara e realmente não disser que você estava ajudando também, fica calado e não diz nada. 

Henrik o confortou e eu esperava que fosse verdade. Até me aliviei, aliás, eu não queria que algo de ruim acontecesse com Louis e ficava angustiada só de pensar. Conhecendo-o há anos, eu tinha receio de que ele se sentisse culpado e se entregasse de bandeja, caso Preston fizesse alguma coisa contra Henrik.  

— O que ele vai fazer com o vídeo?       

— Vai compartilhar na London Greenwich. Nem consegui acreditar quando ele disse… — confessou Louis, fazendo cara de desaprovação. — Não é uma boa ideia. 

— Ele será expulso. 

— Foi o que eu disse. 

— Isso é nojento — comentei, pensando no fato de que, quando aquilo acontecesse, eu estaria por perto ouvindo os comentários dos alunos.  

— É — concordou Louis e logo respirou fundo, como se tivesse se livrado de um grande peso nas costas. — É isso, agora você já sabe. — Antes que eu percebesse, o silêncio se prostrou e Louis já começava a tirar a camisa. Obviamente, acabei me assustando com a sua atitude brusca, mesmo que os meus olhos tivessem ido direto para as suas costas. 

— O que você está fazendo? — perguntei, me enfiando debaixo dos lençóis e sentindo o meu rosto corando.   

— Dormir de calça é meio desconfortável, você não acha?  

— Estávamos falando de uma possível surra — comentei, perplexa. No entanto, aquela perplexidade não permaneceu, porque de novo acabei me distraindo com o seu corpo. — Como consegue não pensar nisso?...  

— Porque estou cansado — ele respondeu, fechando a janela e descendo as persianas — e também quero estar relaxado, caso aconteça. — Em seguida, Louis veio na minha direção. Evitei olhar para a parte da frente da boxer e me encolhi, passando a observar o meu teto tedioso.   

— Então o que você está fazendo aqui? — murmurei, apenas para conversar e não ficarmos no silêncio. — Deveria ir para o quarto de hóspedes, certo?  

— Errado, porque eu quero estar aqui — ele murmurou de volta, como se fizesse aquilo todos os dias. — Aquela cama está fria demais, você já deve saber. 

Depois deitou ao meu lado, exausto.

[...]

Acabei acordando bem mais cedo porque Louis estava ali e era rígido com a questão de horário. Ele simplesmente ficou enchendo o meu saco até que eu finalmente estivesse de pé e pronta para ir à London Greenwich. 

Ele não estava arrumado, obviamente, porque tinha dormido na minha casa e precisava voltar para a casa dele para tomar um banho e vestir o uniforme. Eu quis dar um cochilo depois que ele saiu, mas mamãe não deixou e ficou falando sobre a viagem à Guelph. Ela já estava acostumada com o fato de Louis dormir ali sem ao menos avisar a ninguém, mas mesmo assim não deixava de dar aqueles seus olhares de desconfiança, algo que eu também já havia me acostumado. Claro que ela não sabia que às vezes ele burlava as regras e não ficava no quarto de hóspedes – seria informação demais.

Mamãe acabou falando que o Sr. Rizzoli disse que ela iria viajar no sábado pela manhã. Fui pega de surpresa, é claro, porque sábado era depois de amanhã e eu ainda não tinha me preparado mentalmente para aquela despedida. Ela também foi antecipando todas as nossas novas responsabilidades e naquela manhã eu já sentia como se uma baleia tivesse encalhado nas minhas costas. Mas não reclamei e apenas disse que tudo ficaria bem. 

Na escola continuei meio sonolenta, mas evitei ser tentada pela mesa da minha sala. Jane já tinha sido informada do que Louis havia feito e do que ele ainda ia fazer, e ela também não parecia muito contente. Quase não conseguia parar de tocar no assunto, na verdade.  

— Fica calma, não vai acontecer nada comigo — Louis a confortou, muito calmo. Eu estava apenas ouvindo os dois, com o meu cotovelo apoiado na mesa e a cabeça grudada na mão. — Eu já disse que tudo vai dar certo.  

— Porque você prevê o futuro, né? 

— Na verdade, estou preocupado com Henrik — disse Louis, ignorando as palavras dela. — Ele não veio hoje e nem me mandou nenhuma mensagem.  

— Talvez esteja se sentindo culpado.  

— Culpado? — Louis riu e depois bufou. — Acho que não.

Quando eu finalmente estava cochilando, perdi o equilíbrio e a força, por isso quase bati a cabeça na mesa. Resmunguei e busquei deixar os olhos abertos, tentando focar a minha atenção no novo namorado da mamãe, que tinha acabado de entrar na sala. Quando o olhei, percebi que havia uma outra pessoa ao seu lado. Era uma mulher jovem e séria. 

— Turma, preciso dizer algo a vocês — avisou o Sr. Roberts, igualmente sério. — Vou dar um tempo na escola. Vocês ficarão pela responsabilidade da Srta. Johnson. — Então ele olhou na direção da moça e murmurou: — Pode se apresentar.

[…]   

— Será que aquele seu amigo bonitão veio hoje? — perguntou Jane, dando risada. Louis avisou que iria ligar para Henrik e então nos deixou sozinhas na sala de aula, quando o horário do intervalo começou. — Eu não o vi pelos corredores. 

— Provavelmente ele veio, sim — respondi, sorrindo. Em seguida, percebi que alguém havia colocado a cabeça entre a porta da sala e a parede.  Era o Sr. Roberts. Jane e eu ficamos confusas e ele então entrou, com uma expressão gentil no rosto. 

— Srta. Hampton, desculpe estar interrompendo a sua saída, mas preciso conversar com você — ele falou para mim e lançou um olhar para Jane, como se pedisse algo através da mente. — É importante.

Ela logo se ligou e sorriu, avisando que iria procurar pelo Louis. 

— Acredito que a senhorita já saiba sobre a viagem da sua mãe — começou ele, encostando-se na mesa dos professores. — Ela comentou, não foi? Eu sei que talvez eu esteja indo rápido demais com ela, mas Tânia é mesmo muito especial pra mim — ele colocou a mão direita sobre o coração, muito sério —, e pensei que essa viagem pudesse ajudar para que nos aproximássemos mais, como um casal.  

— Vai acompanhá-la na viagem, não vai? 

— Isso mesmo.   

— Eu não tenho nada contra o relacionamento de vocês dois. A única coisa que eu quero é que o senhor a faça feliz, que não faça as mesmas coisas que o meu pai fez… Tiago e eu não nos incomodamos que o senhor a acompanhe na viagem. Vai ser até melhor, na verdade, porque eu acredito que ela vai precisar de apoio por estar longe de casa.  

— Fico feliz por saber que nos apoia — ele sorriu e então se aproximou, todo atencioso. — Tânia me disse o que se passou com ela. Ela me falou sobre você e também sobre o seu irmão. Eu sei o que vocês três passaram e isso ainda a machuca muito. Estou disposto a fazê-los feliz, principalmente a sua mãe. 

— Eu acredito e também vou confiar. — Sorri, sincera. Eu estava dando a ele o caminho para se aproximar de mamãe e ter a responsabilidade de protegê-la, de tapar todas as feridas que continuavam abertas.   

— Mas ainda estou receoso com o seu irmão, ainda não tive a oportunidade de interagir com ele — o Sr. Roberts fez uma careta e apenas precisei concordar com ele, porque Tiago não era nada fácil. — Ele me parece um garoto inflexível.  

— Talvez eu converse com ele. 

— Acho que não vou estar preparado para correr essa noite, Tânia me convidou para jantar na casa de vocês. — Ele me deu um sorriso e eu retribuí, ainda meio desconcertada. Antes que eu falasse mais alguma coisa, no entanto, alguém entrou na sala. 

— Desculpa, mas… 

— Tudo bem, Sr. Tomlinson — o Sr. Roberts o interrompeu e então se preparou para sair dali —, nós já terminamos. Nos vemos hoje à noite, Srta. Hampton. 

E depois ele saiu. 

— Que história era aquela de “nos vemos hoje à noite”? — perguntou Louis, e então entendi o porquê da sua desconfiança. Revirei os olhos e o puxei pelo braço, a fim de encontrarmos Jane. Acabei perguntando a ele se tinha conseguido ligar para Henrik, mas Louis apenas negou com a cabeça, me contando que o celular do outro estava na caixa postal.  

— O que o Sr. Roberts queria com você? — perguntou Jane, enquanto eu sentava de frente para ela. — Era algo relacionado com a Sra. Hampton e à viagem ao Canadá? 

— Sim, mamãe viajará neste sábado. 

— Você está bem quanto a isso? — Louis questionou, sentando ao meu lado enquanto mexia na comida, sem muito interesse.

— Não estou muito confortável, na verdade, mas acho que posso aguentar. São só três meses, certo?... 

— Olha só quem está ali — Jane murmurou depois de um tempo, muito divertida. Louis e eu olhamos para onde ela estava olhando e vimos Adrian Carrington sentado em uma mesa rodeado de pessoas. — É mais a cara dele estar com eles. 

— Que bom que ele finalmente entendeu isso — disse Louis, satisfeito com aquilo. — Ele tinha que encontrar um lugar pra ele e no nosso grupo não cabe mais ninguém.   

— Você sequer tem um “grupo” específico.  

— Eu tenho vocês duas.  

— E os outros?  

— Você deveria entender melhor a definição de amizade — reclamou, chateado com as minhas acusações.   

— Adrian é bonito e interessante — comentei, depois de alguns minutos enquanto Louis apostava que Adrian não viria até nós e Jane apostava que, na verdade, ele viria até nós —, estava claro que as pessoas iriam gostar dele. 

— Ele é um idiota.  

— Na verdade, ele é bastante corajoso — Jane nos corrigiu e depois deu uma risadinha, os olhos fixos para atrás de mim — e você está me devendo uma grana, Tomlinson.     

Louis reclamou e percebi que estavam falando do Adrian. Quando fui ver, o garoto já estava sentado ao lado da Jane, nos cumprimentando e acompanhado da Raquel, uma garota que adorava aparecer na escola inteira e em qualquer outro espaço que tivessem pessoas.  

— Vocês não gostariam de sair com a gente depois da escola? — Adrian olhou para mim e depois para Jane. Automaticamente pensei nas pessoas que iriam com ele, todas excluídas do meu ciclo social. No entanto, antes que eu dissesse que pensaria no caso, Louis se intrometeu:   

— Elas não podem.   

— O quê? — jogou Jane, confusa.  

— Esqueceu? — Louis a observou, nem um pouco intimidado e ligando o botão do “foda-se” para o que Jane estaria pensando. — Nós três vamos sair hoje à tarde.

Claro que aquilo era uma grande mentira.  

— Ouviu, querido? — Raquel suspirou, muito satisfeita, e depois sorriu para Adrian. — Eu disse pra você que elas não poderiam.  

— Se mudarem de ideia, então podem falar comigo — disse o garoto, gentil. — Eu estarei em algum lugar por aí.

Jane e eu assentimos com a cabeça e então ele se levantou, seguindo o seu caminho com uma Raquel quase pulando em seu pescoço. 

— Qual é o seu problema? — Jan se irritou com Louis e eu suspirei, sem forças. Eu sabia que viria uma discussão por parte dela. Eu nem estava irritada por saber que não sairia com Adrian, na verdade, porque não era o meu tipo de ambiente. Contudo, eu não poderia dizer o mesmo da Jane, que era o contrário de mim e adorava qualquer tipo de passeio.   

— Eu só não gosto dele. 

— As convidadas foram Taylor e eu, Louis — jogou ela, agressiva. Geralmente quem brigava éramos nós dois, portanto fiquei sem reação naquele momento. Jane era a luz que nos iluminava e era ela quem nos trazia a paz.   

— Você mal conhece aquele cara — Louis argumentou, passando a se irritar também. — Ele ainda não tem um mês sequer de ano letivo.  

— Mas eu posso conhecê-lo agora — insistiu Jane, sem se intimidar. — Ele parece muito gentil e disposto a ter uma amizade com a gente.  

— Eu sei o que ele quer, Jane Collin — revidou Louis, afastando a bandeja com o lanche —, mas eu não vou deixar isso acontecer, entendeu? 

— E por que ele não pode ter um interesse a mais por mim ou pela Taylor? — ela perguntou, sem entender as palavras do Louis. — Todos nós aqui somos desimpedidos e eu também não vejo problema nenhum em ter um novo amigo ou namorado.

Percebi que a conversa estava entrando em um caminho estreito e com pedras. Os dois, de qualquer jeito, estavam discutindo sobre o fato de Adrian querer alguma coisa comigo, como se eu não estivesse ali.       

— Eu sinto muito, mas não vai acontecer. 

— Podem parar, por favor? — pedi, fitando os dois. — Se quiser, você pode ir com eles, Jane — eu decidi, quando olhei para a minha melhor amiga —, mas eu não quero. 

— Jane não vai a lugar nenhum — Louis voltou com o seu tom autoritário. — Que merda!, aquele garoto só está se fingindo de bonzinho, não consegue ver isso? 

— Não pode me impedir — disse Jane. 

— É o que você pensa. 

— Por que não tentam se entender depois da escola? — eu sugeri, buscando ter a mesma luz que Jane tinha de resolver os nossos problemas. — Temos todo o tempo do mundo. 

— Escuta, Louis — Jane fechou os olhos e respirou bem fundo —, eu não quero mesmo discutir com você.  

— Não é o que parece.

— Fica tranquilo! — ela pediu, passando a usar uma outra tática enquanto agia com um pouco mais de sensibilidade e descontração. — Não há problema nenhum nisso e eu vou sair com eles. 

Por um momento senti receio de que Jane estivesse sentindo falta de como era antes de me conhecer, há alguns anos. Quando passamos a nos falar na escola primária, ela não era popular como Raquel ou qualquer outra, mas falava e conhecia várias pessoas. E não foi diferente com Louis e eu. 

Eu não sabia o que havia acontecido, mas Jane gostou de mim e percebeu que eu não era como ela, que eu não ficava confortável perto de muitas pessoas. E então, como se fosse uma grande prova de amor, ela simplesmente se afastou dos outros e passou a ficar mais tempo comigo. Continuamos daquela forma durante toda a nossa amizade. Ela falava com os outros, mas não dedicava o seu tempo com eles.  

— Vocês precisam parar de ser tão possessivos — continuou, quando percebeu o clima pesado que havia ficado. — Somos amigos há um bom tempo, Louis, e eu só aceitei sair com eles porque quero descontrair.

Louis resolveu ficar calado e emburrado, mas não prosseguiu com a discussão. Assim, o sinal tocou e Jane e eu fomos trocar as nossas roupas no vestiário feminino, para a aula de Educação Física. Quando chegamos ao ginásio, o Sr. Thomas – alto como um poste e todo musculoso – já nos esperava com uma bola de vôlei nas mãos. Louis também já estava por ali e falava com os nossos colegas. 

Jane e eu nos aproximamos e então esperamos o Sr. Thomas começar com as regras que já sabíamos de trás pra frente. Os meninos foram em direção às arquibancadas com as suas brincadeiras e empurrões e eu esperei as líderes do time decidirem quem começava. O time da Jane ganhou e logo começamos o jogo, após o som do apito do Sr. Thomas. 

Quando estávamos quase acabando, pela minha desobediência em não aceitar o protetor que Louis quis entregar, acabei me machucando mais uma vez – exatamente no mesmo joelho que eu machuquei no banheiro de casa. Eu simplesmente não entendia o amor que o chão tinha pelos meus joelhos, mas não pensei muito naquilo enquanto sentia a dor se espalhando pela minha perna. Algumas meninas vieram até mim e perguntaram se eu estava bem, sem me tocar. 

— Deveria ter aceitado o protetor — Jane me repreendeu, se agachando ao meu lado. — Eu sabia que isso acabaria acontecendo. 

— Quebrou alguma coisa? — o Sr. Thomas veio perguntando, enquanto se aproximava. Depois se agachou também e analisou o meu joelho, todo atencioso. — O que você está sentindo? 

— Dor — respondi, sincera. 

— Certo, foi só uma lesão — ele informou, e então percebi Louis se aproximando junto dos seus amigos. — Hoje você não joga mais — o Sr. Thomas decidiu enquanto me ajudava a levantar. — Tomlinson, leve-a para se sentar e pegue um saco de gelo pro joelho. 

Louis agarrou a minha cintura e me levou para a arquibancada.

— Não quero mais jogar — Jane avisou e depois me seguiu. — Eu definitivamente odeio vôlei... — murmurou ela, discretamente.

— Preciso de dois meninos aqui para completar os times! — gritou o Sr. Thomas, olhando para o seu relógio de pulso. — Vocês jogam no outro tempo, não tem problema.

— Não entendo esse ímã que você tem no corpo — Louis comentou depois de me deixar sentada, em seguida saiu para pegar um saco de gelo no freezer próximo dos bebedouros.  

— Está tudo bem, Taylor? — Jane perguntou, olhando para a minha perna após Louis voltar e colocar o gelo ali. 

— Estou — respondi, ouvindo o apito soar mais uma vez informando que o tempo das meninas havia terminado. — Agora é a sua vez, Louis.  

— Rapazes, já estão com os times separados? — o Sr. Thomas perguntou, esperando os outros ansiosamente. — Então vamos! 

— Vai jogar ou não, Louis? — Daniel Hayle, um nerd bem bonito da nossa turma, perguntou de longe, cheio de impaciência. — Vamos, você será do meu time.

Louis assentiu e seguiu para o jogo, ainda lançando olhares para o meu joelho, a fim de ver se tudo estava sob controle. Toda a sua preocupação às vezes me comovia.

— Estou exausta — disse Jane, depois de beber a água da sua garrafa, quase sem fôlego. — Parece que corri durante meia hora.  

— Você quase não se mexeu — falei, pegando a garrafa dela. — Como pode estar tão cansada? 

— Eu não sei — ela respondeu, desinteressada —, só sei que foi o bastante para me deixar sem fôlego. — E observamos o jogo na quadra, cheio de palavrões e gritos, tanto da parte do Louis quanto da parte dos outros alunos. — Você acha que ele vai demorar muito para voltar ao normal comigo?        

— Acho que você deveria esperar mais um tempo — aconselhei, observando Louis defendendo o seu time — para finalmente considerar Adrian como um amigo. Louis não vai aceitá-lo tão cedo, se é que isso vai acontecer algum dia.




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