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História Friends - Louis Tomlinson - 022. Possibilidade


Escrita por: sunzjm

Capítulo 22 - 022. Possibilidade


Fanfic / Fanfiction Friends - Louis Tomlinson - 022. Possibilidade

Depois de passar pelo jardim morto e de bater várias vezes na porta, percebi que não havia ninguém em casa. Pelo menos era o que eu achava, já que se instalava um silêncio enorme lá dentro. 

Resolvi abrir a porta e, para a minha surpresa, ela estava destrancada. Imaginei que papai pudesse ter saído e esquecido de trancar a casa, ou então que estivesse sob o efeito de remédios para dormir. Só que eu rapidamente tirei todas aquelas ideias da cabeça, me focando no cômodo escuro e sujo à minha frente.

A casa estava uma bagunça, com os móveis cheios de poeira e bibelôs no chão. Eram os mesmos móveis desde que fomos embora e a única diferença era a sujeira. Mamãe nunca deixava a casa naquele estado e muito menos com toda aquela escuridão. Havia apenas uma luz acesa ali, que era a do quarto onde papai dormia. 

Na verdade, tomei um susto quando o vi deitado lá no chão do quarto, perto do armário e de uma garrafa de vodca. Aquilo foi o meu limite e então os meus olhos logo se encheram de lágrimas. Era doloroso ver uma cena como aquela. Acabei me sentindo culpada, porque eu simplesmente havia o abandonado, assim como se ele já estivesse enterrado sob a terra.

Pensei três vezes antes de acordá-lo. Eu sabia o que aconteceria quando ele me visse ali e eu não estava preparada para me segurar e não chorar junto com ele.

— Papai?  

— Hum..., eu já 'tô dormindo — ele atropelou as palavras, enquanto me ignorava. — Eu preciso dormir.

— Sou eu — eu disse, em um tom mais elevado. — Taylor, a sua filha.  

— Que sonho mais esquisito... — Ele se virou para o outro lado e eu não consegui mais ver o seu rosto. Papai continuou murmurando coisas incompreensíveis e eu pousei a minha mão sobre o seu braço.  

— Estou aqui — sussurrei, quase desistindo —, vim vê-lo. 

— Hum... Taylor? — perguntou ele, assustado. Quando se virou, arregalou os olhos. Senti o cheiro do álcool de longe, mas não consegui focar naquilo, porque ele já estava me abraçando com força, enquanto chorava. — Filha... — soluçou, como se não conseguisse se controlar. — Você está aqui, eu senti tanto a sua falta.

Eu também já estava chorando, depois de ouvi-lo falar daquela forma. Tive vontade de me jogar de um abismo por ter sido tão insensível, deixando-o naquela casa sozinho, sem pelo menos ver o meu rosto. 

Eu era uma péssima filha. 

— Vamos — pedi, buscando levantá-lo. Papai estava mais magro, os seus olhos se mostravam muito inchados e dava pra perceber os fios de cabelo branco.

Quando consegui colocá-lo sentado na cama, tentei parar de chorar. Papai rapidamente me olhou, assim meio torto, depois começou a sorrir, ainda se desmanchando em lágrimas.  

— Você está mais linda, sabia? — ele disse, passando as costas das mãos nas bochechas. — E eu não 'tô bêbado — continuou, tentando se levantar.

Por um segundo eu me arrependi de tê-lo acordado, porque ele não dormiria enquanto eu estivesse por perto. Eu deveria ter voltado pra casa e visitado papai em um outro dia, depois de rezar muito para encontrá-lo sóbrio. Era a esperança que estava me consumindo novamente, mas eu já estava ali e não poderia fazer nada.

Papai seguiu pra sala de estar e abriu a janela, deixando o cômodo todo iluminado pela luz do sol. Depois daquilo, andou até a cozinha, todo cambaleante, enquanto murmurava para si mesmo várias coisas, como o fato de eu estar ali.  

— Eu não tive tempo de limpar a casa — comentou, quando resolvi me juntar a ele. Havia muitas louças sujas sobre a pia e, quando abri a geladeira, não vi quase nada. Até mesmo a maioria dos litros de água estavam secos. — Não tenho muito tempo, na verdade.  

— Você não está se alimentando? — perguntei, preocupada. — Aqui não tem quase nada… 

— Eu como em outro lugar — respondeu ele, pondo sobre a mesa a garrafa da água que acabara de beber. — É melhor…  

— E você está trabalhando?   

— Estou, filha — papai se sentou à mesa, quase como se fosse dormir. — Juro que só bebi hoje, eu não estava dormindo aqui esses dias. Estava na casa do Jim — soluçou, enjoado. Jimmy Wells era o irmão dele, alguém que eu não simpatizava. E isto porque Jimmy era sempre o primeiro a oferecer bebida pro papai, quando o via. — Querida, você vai ficar aqui comigo?  

— Prometo que sempre virei nos finais de semana — declarei, entristecida com a sua expressão de decepção. — Dessa vez estou falando sério, e também vou trazer o Tiago. — Mesmo que o meu irmão ainda guardasse rancor do papai, eu sabia que ele ainda o amava. 

— Quero vê-lo.  

— Eu sei que quer… 

— Vocês não podem dormir aqui no próximo final de semana? — ele quis saber, ainda esperançoso. — Deixarei tudo pronto pra vocês, eu juro.

Apenas continuei o fitando, me perguntando se era uma boa ideia. Papai gostou de me ver e sentia saudades dos nossos tempos, assim como eu. Eu queria que a nossa relação melhorasse e que ele também melhorasse. Portanto, não achei que fosse um problema.  

— Claro — eu disse por fim, com um sorriso gentil. Contudo, quando olhei as horas no relógio de parede, percebi que não era tão cedo. Eu demorei demais na ida, mesmo usando a bicicleta, e então me preocupei com o fato de não ter levado o celular que eu havia ganhado do Louis. Provavelmente ele tinha telefonado. — Papai, você precisa dormir — avisei, tentando puxá-lo da cadeira. 

— Mas eu quero conversar com você, filha — ele protestou, desesperado. — Por que não continua aqui mais um pouquinho? Eu estava com saudades. Podemos assistir alguma coisa, eu comprei vários DVD's, você viu na estante?  

— É que já está tarde…, e eu vim sozinha — expliquei, o acompanhando até o quarto, que estava uma zona quando observei melhor. Haviam roupas demais no cesto; cinzas de cigarro se espalhavam pelo chão, juntamente com garrafas vazias; os perfumes estavam todos caídos na penteadeira da mamãe e também havia um prato sujo próximo da cama. Era definitivamente uma bagunça duplicada. — Preciso saber que vai ficar bem.

Eu não sabia se poderia acreditar nele sobre o fato de ter bebido apenas naquele dia, porque, se ele não estivesse bebendo, com certeza não poderia ter estado ali. Afinal, quem conseguiria viver em uma bagunça como aquela? 

Subitamente dei um pequeno pulo, depois de ouvir alguém batendo na porta. E eu tinha quase certeza de quem era. 

— Vou ver quem está bat…  

— Não, não, não… — pedi, lhe empurrando de leve sobre a cama. — Pode deixar que eu vejo quem é, 'tá bem? Por favor, tente descansar.

Papai apenas murmurou algumas coisas, mas depois me obedeceu. Logo, caminhei para a sala de estar e abri a porta principal, dando de cara com um Louis irritado.  

— Mas o que diabos você está fazendo aqui? — ele perguntou, meio alterado. — Por que não me contou que viria?  

— Fica quieto!... — Pus o indicador sobre a boca, depois o puxei para fora de casa, após fechar a porta. — Não precisa gritar assim.  

— E por que você quer um celular, se não o usa? — continuou ele, antes mesmo que eu tentasse me defender. Busquei focar no que ele estava falando, mas tive vontade de abraçá-lo. Não consegui segurar um pequeno sorriso, ignorando suas palavras ali naquele momento. Louis estava adorável, com o cabelo meio bagunçado como se tivesse acabado de acordar. Ele usava um suéter branco e o seu jeans habitual. Estava lindo, é claro. — Liguei umas cem vezes e fui obrigado a falar com o Tiago. E por que você está rindo, Taylor? Isso não tem graça. 

— Acalme-se — pedi, e então envolvi o seu rosto com as mãos, a fim de beijá-lo bem devagar —, está tudo bem.

— Não faz isso — Louis afastou o rosto e ficou emburrado. — Deveria mesmo ter me avisado que viria aqui.  

— Você nem gosta do meu pai — eu o lembrei, cruzando os braços. — O que adiantaria contar? Ficaria irritado do mesmo jeito, né?

— É, mas eu poderia ter trazido você. Não quero que ande por aí sozinha — Louis olhou para os lados, como se procurasse algum suspeito.    

— Para com isso — pedi, buscando um tom calmo. — Nada aconteceu e eu já disse que estou bem. 

— Mesmo assim.    

— Eu já pedi desculpas... 

— Ei — Louis pegou no meu rosto e beijou o canto da minha boca —, eu só estava preocupado. Garotas indefesas não devem sair por aí sozinhas... — ele disse, com um tom gentil.

Assim, perdi um pouco da concentração com aquela sua preocupação, mas logo suspirei com a intenção de manter os meus pensamentos controlados.  

— Certo — sussurrei, fechando os olhos instantaneamente, quando senti a sua respiração na minha bochecha. — Eu entendo.   

Enquanto nos distraíamos, jurei ouvir a voz do papai, e então interrompi o beijo que estávamos tendo, passando a olhar para a minha casa.  

— O que foi isso? — perguntou Louis, confuso.  

— Acho que foi o meu pai — respondi, preocupada. Puxei Louis para dentro da casa e seguimos pro quarto. — Espera... — sussurrei, antes mesmo que entrássemos. 

— O que foi? — ele sussurrou de volta, me agarrando por trás e passando a beijar o meu pescoço. — Quer mais beijos?  

— Se o meu pai ver isso, Louis — eu me afastei dos seus apertos, lhe repreendendo —, nem sei o que ele pode fazer com você.   

— Eu não ligo pra ele.   

— Fica aqui, 'tá? — pedi, com a intenção de seguir pro quarto do papai e saindo dos braços do Louis. — Não deixe que ele o veja.  

— Por que quer me esconder dele?   

— Será que eu estava sonhando? — ouvi a voz do papai novamente, confusa. Ele parecia falar consigo mesmo, como se realmente estivesse pensando no fato de ter sonhado comigo. — Taylor estava aqui, ela estava aqui…   

— Se ele ver você, vai querer conversar, e então não vai dormir tão cedo — expliquei, muito discreta. — Não deixe que ele o veja… — repeti e logo caminhei até o quarto.

Papai já estava sentado na cama, atordoado. 

— Oh, Taylor — ele sorriu, segurando o meu braço —, você está mesmo aqui.  

— Estou, mas vou precisar ir agora.  

— Você vai voltar, não vai?   

— É claro que eu vou, acredite — garanti, muito clara. Depois de avisar que viria no sábado, papai pareceu mais aliviado e logo deitou na cama, murmurando coisas sobre precisar limpar toda a casa. 

Passei um bom tempo o observando, esperando que o seu sono viesse, e depois pensei em Louis. Rapidamente me levantei e fui para a sala de estar, a encontrando vazia. Logo fiquei desconfiada, pensando onde ele poderia estar, e segui para a cozinha, também a encontrando vazia.

Só encontrei Louis quando fui até o meu quarto, que, antigamente, era usado por mim e Tiago. Éramos crianças e dormíamos juntos, um em cada cama. Eu tinha muitas lembranças, principalmente das noites em que passei amuada com ele, com medo de que papai fizesse alguma coisa. O quarto estava do mesmo jeito, até mesmo com um vestido florido que jazia sobre a cama, muito solitário. Aquele era o único cômodo menos empoeirado de toda a casa. 

— Olha só, os seus brinquedos ainda estão aqui — Louis me tirou dos devaneios, distraído. Ele estava parado de frente a uma estante cheia de ursinhos de pelúcias, de bonecas com enchimento e de alguns jogos. Louis segurava uma das bonecas que eu mais gostava e a balançava no ar para que eu a visse melhor. — Eles são adoráveis.

Me aproximei e senti a tristeza, passando a apertar a boneca que estava em suas mãos. Realmente era uma saudade enorme e eu me perguntei se aquilo um dia mudaria. 

— Eu gostava tanto…

— Você, Taylor, ainda é um bebê — Louis sorriu, acariciando o meu rosto —, então deve gostar, não é? — E me beijou, fazendo questão de me deixar vermelha.

— Eu não sou um bebê — neguei, chateada, e foi o bastante para que ele risse mais e mordesse o meu lábio —, sou quase uma adulta. Bebês não se beijam como nos beijamos. 

— Porque você é um bebê especial.       

— Tudo bem, tudo bem — repeti, pondo a minha boneca no lugar enquanto ganhava alguns beijos no pescoço. Se Louis não queria se aproveitar da minha “inocência”, teria que parar de fazer aquilo. Evitei um suspiro, procurando falar alguma coisa para chamar a sua atenção. — O que eu vou fazer com eles?   

— O que seu irmão fez com os brinquedos dele?  

— Ele... — parei de falar, envergonhada pela decisão do meu irmão. — Hã... ele os jogou fora, sabe?  

— É mesmo? — Louis se assustou e franziu o cenho. — Bom, você pode doá-los para alguma instituição de caridade, ou então dar para alguma criança que conhece.  

— Tem razão — eu disse, depois de pensar na sua sugestão. — Vou pensar mais sobre isso quando tiver tempo. Agora é melhor irmos embora.

— George já dormiu?    

— Acredito que sim.

Seguimos até o quarto do papai e o encontramos roncando, como se nada fosse capaz de acordá-lo, nem mesmo um terremoto. 

— Acha que ele vai lembrar que eu vim aqui? — cochichei, segurando a mão do Louis. — Ele estava muito bêbado quando eu o encontrei.  

— Provavelmente vai achar que teve um sonho com você — respondeu Louis, sincero. — Escreva um bilhete, avisando que passou por aqui.

Procurei com os olhos um bloco de notas e acabei encontrando um caderno grosso, depois de procurar nas gavetas da mesa de cabeceira. Escrevi em letras grandes, avisando também que voltaria no sábado daquela semana para passar uma noite, juntamente com Tiago. No fim, desenhei um pequeno rosto com um sorriso.  

— Passar a noite? — reclamou Louis, enquanto cochichava. — Se vier, eu vou vir também. Quero ver como ele vai estar. 

— 'Tá, você pode vir — concordei rapidamente, apenas para evitar discussões. — Vem, vamos embora. — Rapidamente fechei a janela e a porta, desliguei as luzes do quarto do papai e depois seguimos para a BMW. Acabei lembrando de um pequeno detalhe.  

— Esqueceu alguma coisa?  

— A bicicleta. 

— Você veio de bicicleta? — perguntou Louis, como se fosse difícil de acreditar. — Viu só? É por isso que eu digo que seria melhor que eu tivesse trazido você. 

— Eu não queria vir à pé. 

— Você tinha opções.   

— E por isso eu vim de bicicleta.  

— Não vou deixar que você volte pedalando, Taylor — disse Louis, muito óbvio. — Vamos no meu carro. Deixa a bicicleta aqui, quem vai querer aquela coisa? 

— Assim você me ofende — fiz cara feia, mas logo concordei que não seria problema deixar que a bicicleta ficasse com papai. Ela estava velha e não chamaria a atenção de ninguém. — Tudo bem, eu vou deixá-la aqui.

E então entramos na BMW.  

— Há alguma farmácia aqui perto? — perguntou Louis, depois que deu a partida. — Preciso resolver uma coisa.   

— O que houve? 

— Andei pensando em algumas coisas e... — ele pigarreou, como se não quisesse falar daquilo —, e eu espero estar errado.  

— Do que está falando?

Louis tirou os olhos da estrada e me fitou rapidamente. Estava nítida a sua preocupação. Logo, não demorou para que suspirasse e compartilhasse os seus pensamentos:

— Acho que Jan está grávida.


Notas Finais


Mais uma vez, obrigada aos favoritos, comentários e leituras. Amo muito vocês <333 vcs são demaaais :3


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