1. Spirit Fanfics >
  2. Friends - Louis Tomlinson >
  3. 039. Irritação

História Friends - Louis Tomlinson - 039. Irritação


Escrita por: sunzjm

Capítulo 39 - 039. Irritação


Fanfic / Fanfiction Friends - Louis Tomlinson - 039. Irritação

JANE

Fuçar a internet em busca do comentário de mulheres que já haviam passado pelo que eu iria passar com certeza não foi uma boa opção.

“... eu quase não suportei a dor e, no meu caso, levei um corte que ficou doendo pra caralho depois do parto. Eu não aguentava nem andar...”

“... NUNCA MAIS QUERO TER UM FILHO.”

Dava agonia só de ler. Eu não sabia muito bem o que dizer sobre aquilo e tudo o que eu via parecia mais uma tortura medieval. Mulheres deitadas com as pernas abertas, tendo sua dignidade totalmente extinta com os médicos observando as suas intimidades, prontos para tirar de lá um ser humano. As horríveis expressões de dor de todas elas, seus olhos arregalados e as suas bocas abertas, como se estivessem pondo pra fora um elefante obeso. 

Eu estava tendo que lidar com tudo aquilo sozinha, porque morria de vergonha de contar o que eu sentia para Taylor e Louis. Eu sempre fui sem frescuras aos olhos deles e tudo aquilo de gravidez realmente me fez mudar um pouco. Eu acordava aos gritos com os pesadelos que tinha e vovó precisava trazer água com açúcar para que eu me acalmasse. 

Eu vivia reclamando de dores nos seios e não suportava a aproximação de qualquer pessoa perto deles; o cansaço não me permitia sair por aí em busca de ar fresco, e eu mal me olhava no espelho, com medo de ver o estado pavoroso que o meu corpo e o meu rosto se encontravam. Eu estava gorda e aquilo transformava o meu cérebro em um projeto de Taylor Morgan Hampton, com a autoestima no fundo do poço.

Eu ainda não conseguia me imaginar tendo um filho. Era horrível pensar que eu passaria por aquilo, sem ao menos ter um namorado ou um pai decente para o bebê. Eu também ainda não conseguia me preocupar o bastante com o filho que eu teria e eu não estava me importando muito com ele. Eu não queria ir ao médico, eu não queria ter que mudar a minha alimentação e eu não queria que ninguém me olhasse. Eu estava horrorosa e tudo era culpa minha. Forças não existiam mais para descontar tudo em Jack Mayson. Eu só queria que ele morresse e nunca mais me visse.

As provas da escola estavam próximas e eu não conseguia me concentrar o suficiente nos conteúdos. Quartos coloridos, pequenos macacões estampados, chocalhos, fraldas, berços e uma variedade de coisas relacionadas a bebês me atormentavam assim que eu me sentava no sofá, tentando me focar na Segunda Guerra Mundial. 

Comer também estava difícil. Mesmo que eu sempre fosse equilibrada em relação às refeições, se controlar em ter vontade de comer doces estava quase impossível. Alimentos saudáveis? Aquilo me dava nojo só de pensar e, sempre que vovó inventava algo pra mim – a fim de que eu mantivesse uma boa saúde –, eu corria pro banheiro e vomitava tudo o que estivesse no meu estômago.

Eu não estava depressiva, apenas sentia ódio por tudo aquilo ter acontecido comigo, assim como o gosto do arrependimento. Eu não odiava o bebê que iria nascer, mas também não estava ansiosa em tê-lo.   

— Você precisa ir em um médico, Jan, para começar o seu pré-natal — avisou vovó, enquanto eu a ajudava com as louças. — Já está mais do que na hora, na verdade. 

Ela não tocava muito no assunto, só que parecia preocupada com o que seria de mim depois do parto. Tê-la ao meu lado era muito importante e eu fiquei bastante feliz quando ela não me deu uma bronca, depois de saber que eu estava grávida.   

— Mas vovó... 

— Jane Collin — ela me olhou, com um ar de aviso —, precisamos manter a sua saúde e a saúde do bebê. Eu sei muito bem que você não vai gostar de ter um bebezinho com problemas mentais ou físicos. 

Fiquei apavorada com as suas palavras e rapidamente mantive toda a atenção nela. Ter um bebê com problemas mentais ou físicos não me deixaria contente. Na verdade, aquilo mais parecia um castigo. De repente me senti como um monstro egoísta por não estar dando a devida atenção pro meu próprio filho. 

— E isso pode acontecer?  

— Eu não sei — respondeu ela, dando de ombros —, e é por isso que você precisa procurar um médico.

[…]

Eu tive outra visita de Jack Mayson no fim daquela tarde. Naquele dia ele havia dito que voltaria e realmente voltou. Não tive forças para expulsá-lo de casa, simplesmente tentei ignorá-lo ao máximo enquanto comia o meu cereal com leite.  

— Você 'tá bem? — perguntou, sentando ao meu lado. Percebi o seu desconforto de longe e não me importei em não lhe dar atenção. — Está sentindo alguma coisa?  

— Os meus peitos estão doendo — respondi sincera, como se conversasse com as paredes do meu quarto —, mas fora isso e o meu estado psicológico, está tudo muito ótimo.

— Sério?          

— E o que você veio fazer aqui?     

— Quando começará o pré-natal? — perguntou ele, ignorando a minha grosseria. — Eu não quero que nada de errado aconteça.     

— Ah, Jack, vamos lá — dei uma risada falsa —, assuma que você adoraria ver algo dando errado. Quem sabe um aborto espontâneo?    

— Eu não desejo nada disso — disse ele, sem deixar se provocar com as minhas palavras. — É horrível pensar em algo como isso.    

— Na verdade, é horrível saber que eu vou ter um filho seu — eu disse, bem próximo do seu rosto, depois levantei e joguei a tigela dentro da pia.     

— Nenhum de nós dois queria isso — ele revidou, também se levantando —, mas não podemos mudar o que já aconteceu. Você está grávida e eu devo aceitar.     

— Sabe — olhei para ele, impassível —, até que você está me surpreendendo com todo esse papo.   

— Só estou tentando agir como um adulto — falou, depois de suspirar. — Também estou surpreso comigo mesmo, mas já fiz besteira demais com os outros... e preciso mudar tudo isso.     

— Oh — eu sorri, sarcástica —, Deus vai se orgulhar de você. — Não acreditei em uma palavra sequer do que havia saído de sua boca, é claro. Ele realmente não deveria estar perdendo o tempo dele indo me ver. Seria mais fácil se Jack Mayson me esquecesse para sempre e fingisse que nada como aquilo havia acontecido.          

— Por que não acredita em mim?      

— Eu tenho ódio de você e não acredito em nada do que me disser, Jack — respondi, quase chorando. — Não quero nada seu. Eu não quero a sua ajuda, portanto não se preocupe em vir até aqui para me dizer todas essas mentiras! — gritei, empurrando o seu corpo para o mais longe possível.     

— Eu realmente não quero discutir com você — Jack fechou os olhos, como se buscasse manter o controle —, e eu também não estou me importando se acredita ou não em mim. Eu sei exatamente o que eu fiz com você naquela noite e já pedi desculpas — Jack elevou o tom e eu apenas cruzei os braços, ouvindo o seu falso discurso. — Você vai ter um filho meu e eu tenho o direito de saber tudo sobre ele. Eu não quero que faça alguma besteira e...     

— Eu não sou irresponsável como você — lhe interrompi, apontando o indicador. — Nada vai acontecer com ele e nós dois vamos ficar bem. Você não precisa vir aqui para saber se está tudo certo. Vai ficar tudo certo!    

— Ouça, Jane, não estou conseguindo dormir direito esses dias — Jack se aproximou de mim, falando muito baixo —, e eu não consigo perdoar a mim mesmo. Eu assumo que fui um babaca e não gosto de saber que você está me odiando, então…     

— Ah, eu sinto muito... — Pus delicadamente as mãos sobre o peito, fingindo estar me sentindo culpada por fazê-lo se sentir mal. — Desculpe mesmo por estar grávida, por ter me deixado levar pelo seu papo naquela maldita festa, por não ter tido consciência e por ter deixado você meter em mim sem dó nem piedade!

Saí da cozinha rapidamente e ouvi um barulho vindo da porta principal. Percebi que alguém havia entrado, mas não tive muito tempo para processar as coisas na minha cabeça. Escutei Jack murmurando alguns palavrões e ele logo tentou falar comigo novamente, pegando o meu braço e me fazendo virar para ele.     

— Jane...    

— Me solta!

Puxei o meu braço grosseiramente e saí de perto dele.     

— Mas o que diabos está acontecendo? — Era Louis quem havia chegado e visto aquela cena romântica. — O que está fazendo aqui, seu desgraçado? 

Ele logo se aproximou do Jack e o empurrou.     

— Ei, espera um pouco — Jack tentou falar, mas simplesmente recebeu um soco no rosto. Me assustei com aquilo, mas não senti pena dele, apenas cruzei os braços e o observei pôr a mão sobre a boca. Vovó rapidamente desceu a escada e perguntou que barulho era aquele. — Me deixa pelo menos explicar. — Jack correu pra frente do sofá e levantou as mãos, tentando ser ouvido.     

— O que você quer aqui? — perguntou Louis, impaciente. — Não está contente o bastante com o que fez a ela? — Ele tentou se aproximar do Jack, mas os dois simplesmente pareceram duas crianças dando voltas pelo sofá.     

— Eu só vim pra conversar — foi o que Jack respondeu, todo apressado. — Eu queria saber se ela estava bem. Acredite, estou arrependido pelo que fiz. Eu realmente sinto muito, Louis, mas todos vocês estão sendo injustos.     

— Você é mesmo um cretino.     

— Louis, é melhor você parar com isso! — Vovó resolveu se meter na discussão e Louis apenas teve que obedecer, parando de andar atrás do Jack.     

— Eu já sei que a Jane vai ter um filho e quero apenas estar presente nisso tudo — Jack continuou, passando a mão sobre o queixo como se procurasse algum machucado. — Eu não vim com a intenção de fazer mal, eu só quero resolver as coisas...     

— Ela não precisa de você aqui, entendeu? — disse Louis, com aquele seu alto temperamento. — É melhor ir embora agora ou eu vou precisar expulsá-lo.     

— Mas...     

— Faça isso, por favor — vovó disse, se aproximando do Jack e tocando em seu ombro. — Todos vocês estão muito nervosos.     

— Tudo bem — o garoto respirou fundo e me encarou, muito sério —, vou indo, mas eu volto um outro dia, você gostando ou não.     

— É, vai logo — Louis tentou se aproximar dele, mas Jack apenas correu na direção da porta. Achei até que Louis não fosse perder o seu tempo, mas ele simplesmente saiu de casa e pareceu ir atrás do Jack. Não me preocupei com nada, na verdade, apenas olhei para vovó, que ainda estava agitada.     

— Valeu pelo apoio — retruquei, chateada.     

— Você deveria parar de ser tão infantil — jogou ela e eu logo fiquei perplexa. — Você será mãe e deverá agir da melhor forma para que o seu filho tenha uma boa vida, independente dos sentimentos que tenha pelo pai dele.

Assim, Louis voltou após alguns segundos e murmurou coisas inaudíveis. Apenas subi a pequena escada e fui seguida por ele, que falava algo para a minha avó.     

— Então era isso? — perguntou, assim que entramos no meu quarto.      

— Era — respondi, sentando na cama —, hoje é a segunda vez e agora estou sendo atormentada por ele. Não acredito em nada do que ele tem a dizer, só quero que ele se afaste de todos nós.     

— Se quiser, eu posso ir até a casa dele.     

— Não precisa — eu disse, encostando a cabeça na cabeceira enquanto fechava os olhos. — Aposto que ele logo vai desistir.     

— Ele não fez nada com você, ou fez? — perguntou Louis, sentando próximo de mim. — Pediu para que fizesse algo ou a ameaçou de alguma coisa?     

— Não — respondi, quase dormindo —, ele quer apenas o direito de saber como está a saúde do bebê. — Depois daquilo, busquei mudar de assunto e falei sobre o pré-natal.     

— Quando você vai?     

— Não sei — dei de ombros —, mas precisa ser rápido. Eu não quero que o meu bebê venha ao mundo com problemas mentais ou físicos. Estou grávida, mas a ideia de criar um bebê não me parece tão ruim.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...