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História Friends - Louis Tomlinson - 050. Mau Pressentimento


Escrita por: sunzjm

Capítulo 50 - 050. Mau Pressentimento


Fanfic / Fanfiction Friends - Louis Tomlinson - 050. Mau Pressentimento

A quinta e a manhã de sexta passaram como flashes de câmeras. Não cumpri a promessa que fiz a mim mesma de não extravasar nos chocolates e nos bombons. Os doces apenas passaram a ser uma das coisas que mais importavam na minha vida, e isto porque com eles eu conseguia não pirar de vez. E eu até recomendei o mesmo para Louis, mas nada parecia tirar o peso que ele tinha nas costas.

Na sexta à tarde, contudo, algo nos deixou tão apavorados, que nem mesmo o Sr. Chocolate foi capaz de me manter relaxada. Louis e eu estávamos no jardim da casa dos Hampton porque decidimos estudar por ali mesmo. O ar refrescante e a mistura de cores provocada pela primavera era tão irônica, que eu quase ri. Era diferente estar fora de casa; havia a leveza e algo como a paz, uma coisa totalmente diferente do que podia ser sentida quando se entrava na casa dos Hampton. Lá dentro, a atmosfera era triste e carregada de angústia.

Obviamente, Taylor se desculpou pela sua indisposição e resolveu não nos acompanhar. Não me surpreendi, é claro, e muito menos gastei o tempo que eu tinha sentindo raiva da sua falta de esforço.     

— Acho que passamos tempo demais aqui — comentei, depois de observar o crepúsculo vespertino já se instalando sobre as nossas cabeças. — 'Tá anoitecendo.     

— Não estudamos quase nada.      

— Não estudamos quase nada? — perguntei, incrédula. — Você deve 'tá de brincadeira. — Em um futuro próximo, percebi que o “chocolate” que fazia Louis não pirar de vez eram os estudos.     

— Temos que manter o equilíbrio — ele me lembrou, fechando os livros sobre a mesa. — Não quero que nos demos mal nos exames.     

— Conseguimos adiar várias coisas somente hoje — eu disse, franca. — Não lembro a última vez que estudei tanto na minha vida.   

— Pelo menos estamos nos esforçando.     

— Com certeza vamos nos dar melhor nos próximos meses — eu disse, sem muito entusiasmo, porque não deixei de perceber a descrença e o mau pressentimento assim que levantei da cadeira. 

Fiquei alguns segundos parada, fitando o chão como Taylor geralmente fazia, e então algo envolveu o meu coração. E era algo de ruim, o apertando com uma força enorme.     

— Jan? — a voz do Louis soou ao meu lado e eu logo senti a sua mão sobre o meu ombro esquerdo. Olhei para ele e a sua expressão mostrava preocupação. — Está se sentindo bem? Parece que vai vomitar.     

— Hã... — Pus o cabelo atrás da orelha e balancei a cabeça, a fim de tentar expulsar aquele mau pressentimento para longe. O que era aquilo, afinal? — Eu não sei...      

— Não está enjoada, ou está? — perguntou ele, ainda preocupado. — Quer um pouco de água? Ou qualquer outra coisa?     

— Estou bem — respondi, gentil. Peguei os livros e segui para dentro de casa. 

O mau pressentimento me seguiu também e era como se houvesse algo a mais ali dentro daquele lugar. Intuitivamente subi os degraus, depois de jogar os livros no sofá, e segui em direção ao quarto da Taylor. Logo, acabei não vendo algo que me agradasse. Arregalei os olhos e corri até o corpo caído no chão.     

— Taylor? 

Ela parecia mais morta do que viva e tive um medo enorme do pressentimento de alguns segundos atrás. Aquilo com certeza não era um bom sinal.     

— Taylor, fala comigo — pedi, sentindo as mãos tremerem sobre o seu rosto pálido. — Louis! — gritei e tentei ao máximo não cair no choro. Os hormônios haviam feito o meu estado emocional inflar, desde que eu descobri sobre a gravidez. — LOUIS, VEM AQUI! — voltei a gritar, sem tirar os olhos da garota à minha frente. E não demorou quase nada quando percebi alguém se ajoelhando ao meu lado.     

— O que aconteceu?!           

— Não sei! — respondi, enquanto tirava as mãos da Taylor, evitando piorar qualquer coisa que pudesse ser piorada. — Eu a encontrei assim quando entrei. 

Louis então envolveu o rosto da Taylor com as duas mãos e aproximou o ouvido do seu nariz. Ele a chamou, mas não a sacudiu.     

— Louis! — Eu não sabia o que dizer e estava nervosa demais com aquilo. Taylor acordada já parecia péssima demais e, naquele momento, em um estado tão vulnerável, parecia mil vezes pior. — Me diz o que 'tá acontecendo!     

— Fica calma — ele tentou me confortar, mas a preocupação em sua voz o denunciou —, ela apenas desmaiou, talvez porque não está comendo direito.     

— E agora? — perguntei, quase como um sussurro.     

— Vamos levá-la ao hospital — ele pensou alto e, então, com um movimento rápido e delicado, a pegou no colo e seguiu para fora do cômodo.     

— E o que eu faço? — perguntei, o seguindo como uma sombra. Toda a culpa que eu estava pondo na Taylor durante os dias que haviam se passado estava totalmente dissolvida, e a única coisa que eu desejava naquele instante era que a minha melhor amiga acordasse, mesmo que ficasse distante e desamparada.  

— Você vem comigo — respondeu Louis, impassível. Saímos de casa rapidamente e eu entrei na BMW, sem saber exatamente o que fazer. Junto de mim, Louis colocou Taylor deitada no banco traseiro e eu tentei ao máximo passar um pouco de conforto a ela, acariciando o seu rosto sobre o meu colo. 

Meu amigo então conduziu apressadamente pelas ruas do nosso bairro e, após umas três quadras, senti algo se mexendo sobre as minhas pernas. Me senti tão aliviada, que acabei soltando um grito agudo.    

— O que foi? — perguntou Louis, assustado.      

— Ela está acordando — avisei, a ajudando a se levantar com bastante calma a fim de não provocar mais um desmaio. — Taylor, você está bem?     

— Sente náusea ou tontura? — Louis quis saber, tentando fitá-la e ao mesmo tempo não nos matar pela estrada. — Ou qualquer outra coisa?    

— Acho que estou bem — respondeu ela, olhando em volta. — Para onde estamos indo mesmo?      

— Ao hospital.    

— Hospital? — perguntou Taylor, confusa. — Mas eu estou bem... — Ela não agiu com raiva ou com alguma atitude que a Taylor de antes poderia ter, como revirar os olhos, abrir a janela do carro ou cruzar as pernas, despreocupadamente. Apenas continuou sentada e sem expressão alguma.     

— Eu só quero checar.

[…]

O plano de saúde da família da Taylor permitiu que arranjássemos logo o seu médico, mas não foi tão rápido – a educação e a experiência que Louis tinha em induzir as pessoas a fazerem o que ele queria foi o ponto chave ali, já que havíamos esquecido documentos importantes. 

Louis quase perdeu a paciência com a moça da recepção, dizendo entredentes coisas como: “Mas você já nos conhece!”. Logo, tivemos permissão para entrar no consultório do Dr. Jimm. Ele era um homem alto e lembrava um alemão; as marcas de experiência e da velhice já começavam a dar as caras em seu rosto.     

— Ela está perfeitamente bem — ele havia nos dito, depois de fazer uma série de exames físicos na Taylor. — A saúde dela está em um ótimo nível.     

— Tem certeza? — perguntou Louis, com um leve tom de sarcasmo. Ele estava ao meu lado de braços cruzados e todos nós nos encontrávamos observando a garota sentada na maca, totalmente desinteressada em tudo e em todos.     

— Certeza absoluta, Louis. — Ele nos deu um sorriso simpático e foi até a sua mesa, a fim de guardar os seus objetos médicos. — O desmaio foi por causa de um longo tempo em jejum, como você mesmo deduziu, e ela está abaixo do peso. Você precisa se alimentar, mocinha — o médico olhou para Taylor com um tom de repreensão.

Louis pareceu frustrado.     

— Não há mesmo nada de errado?     

— Há sim — respondeu o Dr. Jimm, franco —, só que está aqui — ele apontou o dedo indicador na direção da sua têmpora direita.

[...]

O Dr. Jimm acabou receitando Rivotril e, antes de irmos, Louis teve uma conversa com ele longe de Taylor e eu. Depois daquilo, a volta pra casa foi muito desconfortável, tanto pelo silêncio quanto pela expressão vazia do Louis.     

— O que vocês conversaram? — eu quis saber, assim que Taylor subiu e nos deixou à sós na sala de estar. — Alguma novidade que possa nos ajudar?     

— Eu pedi conselhos — respondeu ele, impassível. Já estava escuro lá fora e Tiago ainda não havia voltado pra casa, então eu segui Louis até a cozinha, a fim de preparar o nosso jantar e saber o que ele tinha conversado com o médico da família Hampton.     

— E então?    

— Ele disse pra eu não me preocupar e ter paciência — respondeu, andando de um lado pro outro enquanto fazia o contrário do que o Dr. Jimm havia pedido.     

— É difícil não se preocupar — comentei, lembrando da Taylor que estava conosco naquelas semanas —, principalmente depois desse desmaio.     

— Amanhã mesmo eu vou providenciar esse remédio — ele voltou a falar, como se conversasse sozinho. — Mas ele disse que ela vai precisar se esforçar para tomar todos os vinte comprimidos.     

— Se esforçar? — perguntei, parando de mexer nas panelas e o olhando, confusa e preocupada. — Como assim se esforçar?     

— Ele teve pacientes que simplesmente pararam com o tratamento — explicou Louis, inquieto —, pelo que disse, foi devido aos efeitos colaterais.      

— Sério?     

— Eu preciso saber de uma coisa...A

Assim, antes que eu respondesse, Louis já seguia em direção à escada. Fui atrás dele, ignorando por completo o jantar, e logo já estávamos dentro do quarto. 

Taylor estava em sua posição habitual – pelo menos desde a morte trágica do seu pai: com as costas apoiadas na cabeceira da cama, os joelhos à altura dos seios e, sobre o colo, jazia o seu novo objeto de lembranças – o caderninho de contos de Allan Poe. E ela não tirou os olhos dele quando entramos. Na verdade, parecia absorta em pensamentos – jurei ter visto uma nuvem escura sobre o seu corpo.

Louis então a chamou e depois se sentou na cama, de frente para ela.     

— Preciso conversar com você — começou ele, muito gentil, como se estivesse com medo de quebrá-la em pedacinhos. — Na verdade, eu gostaria de fazer uma pergunta.      

— Qual?     

— Quero saber se… se você está tendo pensamentos suicidas. — Me assustei com aquilo porque não foi algo que eu pensei antes. Naquela situação, a possibilidade de que ela estivesse tendo os tais pensamentos era tão grande quanto a de que esquecesse a morte do seu pai. Mas aquilo não era do seu feitio. Taylor nunca pensaria em algo como aquilo.

Pelo menos não a Taylor de antigamente.

Logo aguardei, sem esperanças na resposta. Taylor então ficou olhando o antigo caderninho do George Wells e depois pôs os olhos no Louis, como se estivesse à procura das palavras certas. Em seguida, para o meu desânimo, ela abaixou a cabeça e disse:      

— Não, está tudo certo.

Senti uma enorme tristeza com aquilo, afinal de contas, eu conhecia Taylor Hampton muito bem e estava claro como a luz do sol o quão mentirosas eram as suas palavras.

Louis respirou fundo, o quarto mudou de forma aos meus olhos e logo estava mais para um lugar desprovido de bons sentimentos, como em um pesadelo. A primavera lá fora pareceu se afastar rapidamente…, e eu não consegui segurar as lágrimas.

Eu sentia falta dela mais do que qualquer coisa que já tivesse saído da minha vida antes e, às vezes, eu me via relembrando os momentos que havíamos tido na nossa amizade. As suas risadas constantes pareciam ir embora para longe durante cada minuto que se passava; o seu drama com situações bobas se afastavam da minha memória aos poucos; os segredos que compartilhamos uma com a outra se mantinham guardados à sete chaves, mas a caixinha estava empoeirada demais e eu tinha uma leve impressão de que não se abriria tão cedo, para novos pensamentos eufóricos ou importantes.

Eu sentia a sua falta, sentia a perda dilacerando o meu peito, porque de verdadeiros eu só tinha Louis e ela. Eu sentia a sua ausência e, às vezes, era como se não nos conhecêssemos. Eu sentia tanto a sua falta... Onde estava a minha melhor amiga?



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