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História Friends - Louis Tomlinson - 054. Desavença


Escrita por: sunzjm

Capítulo 54 - 054. Desavença


Fanfic / Fanfiction Friends - Louis Tomlinson - 054. Desavença

LOUIS

Eu sabia que aquilo não duraria por muito tempo. Mas, sendo esperançoso e amando muito Taylor Hampton, esperei que o tempo do seu suposto bem-estar durasse mais. Ignorei todos os pensamentos de que ela pudesse ter recaídas; ignorei a voz interna me dizendo que aquilo voltaria pior do que já estava.

E voltou.

Eram muitos os riscos que ela passava e a única forma que eu tinha de tentar mudar alguma coisa era avisando a mãe dela, que naquele momento poderia estar relaxando depois de uma semana carregada de trabalho. 

E, tudo bem, eu estava sendo bobo, estava esperando tudo acontecer como eu queria e estava acomodado sem querer. Mas eu tinha certeza que, se pudesse fazer qualquer coisa – qualquer coisa mesmo – para mudar tudo aquilo, eu faria.

O problema era que eu não via solução em lugar algum. Conversei com ela até sobre terapias, mas não adiantou em nada.      

— Ela está se odiando — eu disse pela manhã, depois que Jane recebeu a minha mensagem e veio caminhando até a casa dos Hampton —, e eu nem sei o porquê.     

— O que aconteceu exatamente? — perguntou ela, me observando de pé com uma garrafa de água na mão. — Vocês brigaram mais uma vez?

Sem querer puxei o meu próprio cabelo e levantei do sofá, sentindo a necessidade de me mexer enquanto lembrava do que tinha acontecido pela madrugada.

[Algumas horas atrás]     

— Você está bem mesmo? — eu tinha perguntado, deitando de lado e aproveitando que Taylor estava relaxada e me ouvindo. — Melhor do que antes?     

— Muito — respondeu ela, depois de me dar um selinho demorado e sorrir pra mim. — Nunca estive tão melhor. 

Não deixei de pensar no que Marly poderia ter feito para que Taylor ficasse tão bem daquela forma, afinal de contas, eu mesmo poderia ter usado o tipo de psicologia dela, se ela me falasse o que tinha feito de tão especial.

— Esse tempo todo em que Jane e eu estivemos aqui, você não teve progresso nenhum — falei, aproveitando toda a atenção que ela estava me dando —, e Marly apenas deu uma passada ontem para conversar e olha só como você está.     

— Não diga bobagens — pediu Taylor, com uma calma em um nível mil, algo que eu nunca tinha visto desde que nos conhecemos. — Vocês fizeram tudo o que puderam.      

— Só que não foi o suficiente.     

— Está tudo bem, meu amor. 

Então ela me beijou mais uma vez e voltou para a mesma posição de antes, como se fosse dormir a qualquer momento. 

Logo, depois de tudo muito normal, de toda a conversa, de toda a calma e do suposto progresso, anoiteceu e Taylor continuou a mesma, porém um pouco mais séria e alerta. 

Eu resolvi não forçar a barra, então fui dormir sem pensar muito naquilo. Foi fácil pegar no sono, afinal de contas, eu estava exausto e tinha sido fácil relaxar porque eu estava consciente de que a garota ao meu lado estava começando a dar os primeiros passos depois da morte de George Wells. 

E então, quase às quatro da manhã, os seus soluços estavam tão altos que eu achei que alguém poderia estar tendo uma crise de asma. Pulei da cama com o susto e me vi correndo até o banheiro. 

Foi uma péssima cena para se ver depois de acordar muito atordoado. Taylor estava sentada no chão frio do banheiro apenas de moletom e um sutiã (a blusa jogada bem à frente), próxima de uma pequena tesoura. Me aproximei dela, sem saber o que fazer ou ter ideia do que diabos estava acontecendo. Em seguida, me agachei para pegar em seu rosto.      

— Mas o que você fez? — perguntei, depois de perceber a sua barriga e os braços vermelhos. Ela parecia ter se arranhado com as unhas e a tesoura, o que era horrível.

Levantei dali e não pensei duas vezes antes de puxá-la para levá-la até a cama. Taylor estava tão aflita que eu simplesmente tive vontade de arrancar a minha alma e dar a ela, junto com o resto que eu ainda tinha de um coração. O que importava o que eu sentia enquanto ela estava daquele jeito?     

— Por favor... — disse ela, totalmente agitada e desesperada —, eu não mereço nada... nada disso, não! Eu não quero isso…     

— Respira… — pedi, depois de molhar a garganta extremamente seca com a água que estava sobre a mesa de cabeceira. — E bebe um pouco.  

Então ergui o copo para ela.     

— Não. — Taylor afastou o copo e eu quase o derrubei na cama. — Eu sou uma pessoa horrível, não mereço você, não mereço a Jan e nem a minha mãe…, eu não mereço ninguém. Por que estão aqui, afinal? Para de se preocupar comigo, droga!

Ao invés de me afastar ou qualquer coisa do tipo, ela simplesmente foi pro meu colo e me abraçou. A única coisa para a qual eu estava servindo era para aquilo e ela poderia fazer qualquer coisa comigo, caso quisesse.

Mas é claro que o meu estado mental desceu e foi parar no fundo do poço. Eu não sabia o que dizer, não sabia que atitude tomar e estava quase implorando para que o Deus que ela tanto acreditava fizesse alguma coisa pra melhorar tudo aquilo.     

— Me fala o que aconteceu.     

— Estou irritando você?     

— Vai irritar se continuar perguntando esse tipo de coisa — falei, muito sério. Então eu esperei para que ela continuasse falando. Só que ela não continuou. — Vamos lá, Taylor...  

Assim, a tirei do meu colo e ela se encostou na cabeceira da cama. Resolvi levantar e acender a luz do quarto. Na volta, fiz a mesma pergunta de antes.     

— Foi um pesadelo — respondeu ela, enquanto abraçava os joelhos —, mas não quero falar sobre ele.    

— Certo, não vamos falar. — Observei os arranhões em seu braço e tentei não imaginá-la fazendo aquilo com o próprio corpo. — Por que fez isso?     

— É só que... não suporto mais nada. — Taylor abaixou a cabeça e não consegui lembrar de uma noite tão pior quanto aquela.     

— Estava querendo se matar com aquela tesoura? — eu quis saber, depois de um tempo. — Foi o que tentou fazer depois de acordar?

Taylor não respondeu a minha pergunta, mas realmente não precisou. Eu já sabia a resposta. Logo, abri a gaveta da mesa de cabeceira e tirei de lá o último comprimido pra dormir que tinha sobrado.     

— Vamos, bebe isto.     

— Não quero.     

— Você vai ter que tomar isto ou eu vou precisar forçá-la — ameacei, muito aborrecido. Então ela olhou para o remédio e negou com a cabeça. — É apenas para que você durma, Taylor, não é nada de mais.

Demorou demais para que ela parasse de chorar e de murmurar coisas inaudíveis, até que finalmente pusesse o comprimido na boca e deitasse de lado na cama, coberta do pescoço aos pés com o lençol.

Não consegui dormir mais.

Amanheceu quando eu estava sentado no sofá da sala de estar, olhando para a TV desligada e muito deprimido. Era uma sensação horrível, por isso tive que mandar mensagens para Jane. Caso contrário, eu enlouqueceria.

[Horas atuais]     

— Ela realmente queria se matar? — perguntou Jan, devidamente preocupada. Em seguida, ouvimos passos na escada e Tiago se materializou ali. 

Ele tinha bebido na noite passada e, quando chegou – por volta das nove –, chorou como nunca no sofá da sala. Tive que escutar os motivos do seu choro, porque era quase impossível ignorá-lo. Ele chorou por causa da Isabela, por causa do George, pela saudade que estava da Tânia e até mesmo porque tinha topado sem querer na casa do seu amigo, quebrando assim um bibelô e recebendo uma bronca da mãe do garoto.     

— Você está bem? — perguntei, fitando a carranca que estava em seu rosto.     

— Eu quero morrer, é isso. 

Então Tiago seguiu para a cozinha, se arrastando e massageando as têmporas. Era até incrível que estivesse de pé.     

— Ah, que merda… — reclamou Jane, perplexa. — Será que ficarei surpresa caso você diga isso também? — ela perguntou pra mim.     

— Não me admira que todos tenham pensamentos suicidas. Se você não está, então merece um troféu — debochei e segui para a cozinha, sentindo a minha barriga roncar —, pela sua força e determinação.

[…]

Taylor acordou algumas horas depois. 

Na verdade, parecia ter sido bem antes, porque quando entrei no quarto ela já estava em seu devaneio depressivo, deixando para trás o bem-estar limitado do dia anterior. 

Logo, sem saber o que dizer e com receio de abraçá-la, apenas deixei a bandeja com o café da manhã na cama e mandei que ela tomasse pelo menos um copo de leite. Saí somente depois de ter pego todas as lâminas e tesouras do quarto e do banheiro. Depois escondi tudo em uma sacola debaixo da cama no quarto de hóspedes. 

— Não quer dar uma passada na sua casa? — perguntou Jane um tempo mais tarde, enquanto eu estudava. — Posso ficar no seu lugar. 

E então os seus olhos lacrimejaram.      

— Ah, não... — Fechei o livro e segui até ela, a fim de abraçá-la e tentando lhe dar alguma atenção. — Você também não, por favor, eu não aguento mais isso.     

— 'Tá sendo muito difícil, sabe?      

— Eu sei, eu sei.

Ficamos naquilo até ela se recompor e pedir desculpas mais uma vez, depois de passado mais ou menos cinco minutos.    

— Não vou sair daqui — avisei, ligando a TV e pondo em qualquer coisa sobre guerras. — Não depois de ver do que ela está sendo capaz.

Tiago estava em casa naquele dia de domingo e deduzi que fosse apenas por estar sem forças. Ele ficou trancado no quarto ouvindo rock e, mesmo que eu gostasse das músicas, aquilo estava muito alto e só me irritava.

Jane viu o meu estresse começar a se instalar e tagarelou sobre o seu dia na casa do Jack. Eu estava completamente perdido no assunto e o meu cérebro parecia não ser mais capaz de fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo. 

Explodi e caminhei em direção à escada, pronto para pegar o aparelho de som do Tiago e jogá-lo pela janela. Contudo, antes que eu subisse o primeiro degrau, a campainha tocou.      

— O que foi agora?! — exclamei, tentando soar mais alto do que a música. Segui até a porta e a atendi. Resmunguei, abrindo espaço para que ela entrasse. Era apenas a Marly.     

— Está tudo bem? — perguntou ela.     

— Não é nada pessoal — falei, fechando a porta e depois voltando para a escada.           

— Louis, esquece isso — Jane veio até mim e me puxou para que eu não subisse os degraus. — É melhor ele assim do que lá fora fazendo alguma coisa que não deve.     

— Eu preciso de silêncio — avisei, entredentes. Na verdade, a minha vontade era de pegar o meu carro e sair por aí a mais de cem quilômetros por hora. Talvez eu até melhorasse um pouco, quem sabe?     

— Tudo bem… — disse ela e continuou me puxando para o sofá. — Eu vou lá falar com ele. 

Resolvi ceder e respirei fundo, desejando que o aparelho de som do Tiago explodisse apenas com a força do pensamento. Jane então saiu dali rapidamente e eu sentei no sofá, muito exausto.    

— Estou mesmo querendo conversar com você — eu disse, apontando em direção ao outro sofá para que Marly sentasse. O fato de que Taylor havia tido uma melhora depois da conversa com ela ainda não tinha saído da minha cabeça.     

— Aconteceu alguma coisa com ela? — perguntou Marly, sentando totalmente ereta no sofá ao meu lado. — O que ela disse pra você?     

— Como assim o que ela me disse? — eu quis saber, mais alto do que o normal (pois o som ainda tocava no segundo andar). — Ela não me disse nada de mais.    

— Taylor estava muito triste ontem...     

— Mas ela melhorou depois que você apareceu.   

— Ah, é mesmo? — Marly deu um sorriso enorme e pareceu surpresa. — Pois isso é ótimo! Fico feliz.     

— Só que ela tentou suicídio hoje bem cedo.     

— O quê?      

— Sim, e não estou usando hipérbole alguma. Eu só queria saber o que você andou falando pra ela — eu disse, curioso. — Taylor ficou bem melhor, você entende? Jane e eu estamos aqui há mais de um mês e não tivemos nada do tipo.     

— Ah…, nós falamos sobre tudo — ela sorriu, dando de ombros. — Não teve nada de especial.

Me encostei nas costas do sofá e deixei a frustração tomar conta de mim. Como ela tinha conseguido aquilo e eu não?! 

A música lá em cima acabou sumindo e agradeci à Jane mentalmente.      

— Como ela está agora? — perguntou Marly, se levantando. — Posso vê-la? — Até imaginei que ela fosse fazer aquela pergunta, por isso logo me levantei.    

— É claro, mas eu vou com você.

Taylor estava chorando quando Marly apareceu e eu me perguntei o porquê do seu encolhimento após trocarem olhares. Nos minutos em que fiquei ali com elas, não vi nada de errado nas atitudes e nas palavras da Marly. Ela estava agindo normalmente, sua simpatia era extrema e Taylor interagia com ela como interagia com qualquer um. Por isso, resolvi sair dali.     

— Vou deixar vocês duas sozinhas — falei, envergonhado. Marly estava sentada ao lado da Taylor e segurava as suas mãos. 

Após chegar na escada, acabei vendo Jane em pé e de braços cruzados, me esperando descer e olhando na minha direção.     

— O que ela veio fazer aqui, afinal? — perguntou, olhando pro topo da escada como se fosse capaz de ver além das paredes. — O que ela quer?     

— Conversar com a Taylor.     

— Desde quando as duas são amigas?     

— Não sei exatamente…     

— Eu não gosto dela.     

— Por quê? — perguntei, dando de ombros logo depois. — Ela não fez nada. — Eu tinha que defendê-la, afinal de contas, Marly estava lá em cima conversando com a pessoa que eu amava, tentando ser útil, algo que eu não consegui ser em todas aquelas semanas. Ela sabia que Taylor era importante pra mim e sabia que eu estava mal por não conseguir ajudar em absolutamente nada.      

— Tenho um pressentimento ruim sobre ela, Louis.   

— Pressentimento... — revirei os olhos, impaciente. — Nós não vivemos de pressentimentos, Jane Collin, e sim de fatos. E o fato agora é que ela não está fazendo nada, apenas tentando dar algum apoio pra Taylor, como eu e você estamos fazendo esses dias. Se está duvidando, então dê uma passada lá em cima.      

— Não vem tentar mudar o que eu penso sobre aquela garota — Jane finalmente me olhou e estava mais preocupada do que irritada. — Eu sei quando estou certa.

— Eu só acho que você deveria conhecê-la antes de tirar conclusões precipitadas. — Tentar ser racional com alguém como Jane Collin era o mesmo que se esforçar pra correr com a ausência de pernas.     

— Está escrito na testa dela que ela não é de confiança!... — Resolvi ignorar aquilo, depois levantei as mãos, em forma de rendição, porque discutir era a última coisa que eu queria. — Você não deveria tê-la deixado sozinha com a Taylor…          

— E o que de pior pode acontecer? — eu perguntei, me jogando no sofá. — Ela já veio aqui outras vezes e tudo o que eu vi foi alguém tentando ajudar o outro.     

— Ah... meu Deus. — Jane deu um tapa na própria testa, devidamente frustrada. — Você não acha isso muito suspeito? 

E ela estava perplexa.     

— Você está paranóica como a Taylor.     

— Louis, pelo amor...     

— De Deus? Você deve estar brincando comigo.

Ela bufou – achei que me daria um tapa –, abriu a boca pra falar alguma coisa, mas pareceu pensar melhor. Em seguida, a fechou novamente e se sentou no outro sofá.    

— Já falamos sobre ela, Jan — falei, usando um tom de voz mais calmo a fim de buscar a paz. — Marly é da Irlanda e ela não tem amigos aqui. Depois da morte do Henrik, não me admira que ela sinta a necessidade da companhia de pessoas que o conhecia. Pelo menos um pouco, na verdade. Então qual o problema disso?

Ficamos ali por alguns minutos. 

A casa estava calma, inclusive o quarto do Tiago, que antes estava barulhento demais para os meus ouvidos. Demorou quase quinze minutos, até que ouvimos o som de passos na escada. 

Jane e eu olhamos ao mesmo tempo e demos de cara com duas garotas de mãos dadas. A minha primeira atitude foi levantar e ir até Taylor, achando que ela poderia estar passando mal. Mas, depois, percebi que aquilo não fazia sentido nenhum.     

— O que aconteceu? — eu perguntei, olhando para ela. — Está precisando de alguma coisa? — Aproveitei e dei uma olhada na Marly, que tinha os olhos grudados na Taylor.     

— Estou... ótima — murmurou Taylor, meio mole.    

— Ela quer dar uma volta — Marly entrou na conversa e abraçou Taylor pela cintura. — Quer sair um pouco daquele quarto e respirar o ar fresco.     

— Como é? — perguntou Jan, quase ao meu lado. Eu não estava acreditando naquilo, na verdade. Estava muito claro que Taylor tinha se acalmado novamente e com certeza o responsável não havia sido eu.           

— Você não acha que é o melhor pra ela? — Marly perguntou, com um ar de preocupação. — Olhe só, ela está muito pálida.

Ela tinha razão. 

Taylor estava como se fosse vomitar.     

— Eu vou com vocês — falei, confiante.     

— Não precisa, Louis.     

— Eu insisto…

Fiquei olhando alternadamente para as duas garotas, sem mudar de decisão, porque eu não deixaria que Taylor saísse sem mim. E foi então que a campainha tocou pela segunda vez naquele dia, junto com o som dos passos de Tiago pela escada.

Na porta, quando Jan foi atender, nos deparamos com a intromissão de Adrian Carrington. Não pensei duas vezes antes de andar até ele e perguntar o que diabos ele queria daquela vez – foi imensamente instantâneo. Na London Greenwich ele não tinha coragem o suficiente para chegar perto, mas tinha a ousadia de ir até a casa da Taylor. Por que ele simplesmente não desistia de vez?     

— Taylor — falou ele, acenando pra ela e ignorando a minha pergunta —, preciso falar com você. 

Antes que eu fosse até ele e a minha mão fosse de encontro ao seu queixo, Jane me impediu ficando na minha frente.     

— Por favor, Louis — pediu ela, impaciente —, vamos evitar confusões. — Olhei para Taylor e ela sorria – não era um sorriso enorme, mas era um sorriso. É, ela estava sorrindo pra ele, sorrindo para Adrian Carrington na frente de todo mundo. Na minha frente. 

Tiago parecia ter mudado de ideia em sair de casa, portanto ficou ali parado, observando toda a situação e dando alguns olhares confusos para a garota que ele ainda não conhecia, que era Marly Cooper. 

Então eu vi Taylor se aproximando do Adrian, muito amigável e com uma moleza não exagerada mas perceptiva. Ela lhe deu um abraço e fez questão de pôr os braços envolta de seu pescoço. 

Fiquei perplexo com aquilo e cheguei à beira de perder o controle, quase empurrando Jane para o lado. Contudo, não fui capaz de aguentar quando ele simplesmente beijou Taylor na bochecha, fazendo questão de me olhar depois daquilo. Puxei o corpo da Jane para o lado e me vi indo até os dois.     

— Dá o fora daqui — mandei, empurrando o garoto pra frente e puxando o braço da Taylor, a fim de separar os dois à base da força —, agora!...     

— Eu não quero discutir com você — disse Adrian, já sério e dando alguns passos pra trás, enquanto andávamos para fora de casa com os outros nos seguindo e muito atentos. — Não vim aqui pra isso, acredite.     

— Louis, por favor, para com isso — ouvi Taylor pedindo e foi então que a raiva aumentou em um nível que simplesmente me fez explodir de novo naquela droga de tarde.     

— Cala a boca! Toda a droga desses dias eu estive aqui para dar apoio a você e tudo o que eu ganhei foi você chorando e se distanciando de mim. Agora, esse infeliz aparece aqui de repente e você tem todos os sorrisos e abraços pra ele? O que você acha que eu sou, aliás?     

— Você está chamando a atenção das pessoas… — Jane tentou falar discretamente, mas ela também estava gritando. — Acalme-se! 

Estávamos na frente da casa da Taylor, sendo o show de algumas pessoas que passavam pela calçada, curiosas.     

— Estou pouco me fodendo pra todos eles! — exclamei, sem me importar com nada. — Vai logo embora, seu desgraçado — mandei, enquanto andava até Adrian Carrington.     

— E você vai me obrigar? — ele provocou, sem tirar os olhos de mim. — Não acho que seja isso o que ela quer. 

Adrian mandou um olhar para Taylor e eu logo me vi o empurrando. Ele rapidamente revidou e então percebi que estava sobre mim, tentando golpear o meu rosto. Agradeci pela raiva estar sendo o sentimento mais forte no meu corpo e consegui mudar as posições, tendo uma ótima mira ao acertar o seu maxilar duas vezes. 

Eu não tinha certeza, mas os gritos pareciam vir atrás de mim. Logo, não demorou para que alguém me puxasse pela cintura e impedisse uma outra morte por espancamento.      

— Eu disse que não iria desistir! — disse Adrian, se levantando rapidamente e depois cuspindo uma quantidade de sangue no chão. — E eu não vou, você me ouviu?!     

— Vai perder a porra do seu tempo! — exclamei, tentando tirar Tiago da minha frente. Só que Jane veio de onde estava, mandando olhares de morte para mim e caminhando até Adrian Carrington.     

— Desculpa por isso — foi o que ela disse, envergonhada —, mas será que poderia ir embora? Hoje não é um bom dia. 

Mas Adrian não tirava os olhos de mim.     

— Vamos resolver isso depois, Tomlinson — avisou ele, muito claro —, e sem a interferência de ninguém.     

— Ficarei bastante agradecido por acabar logo com você. — Resolvi parar de tentar passar pelo Tiago e dei as costas pra ele, percebendo os olhares dos vizinhos sobre mim. 

Eu realmente não me importei com aquilo, porque estava irritado demais com o mundo em geral. Taylor chorava baixinho perto da porta, abraçada ao próprio corpo, e Marly parecia assustada ao seu lado, como se pela primeira vez não soubesse o que fazer.     

— Eu... desculpa, mas tenho que ir agora — foi o que ela disse, desconcertada. Logo assenti com a cabeça e ela saiu, muito apressada.     

— Louis...     

— Não!... — interrompi Taylor, enquanto entrávamos dentro de casa. — Eu não quero saber de porcaria nenhuma, faz o que você quiser.     

— Foi uma coincidência — murmurou ela, atrás de mim. Assim, ouvi a porta ser fechada e apenas Jane, Taylor e eu nos encontrávamos ali.     

— Eu quero saber se foi ele quem ficou acordado durante horas, preocupado com você e com o fato de que você poderia fazer bobagem contra a própria vida. Se era ele quem estava vendo você chorar todos os dias por causa do George. Se foi ele quem ignorou a própria família e os amigos pra dar toda a atenção do mundo a você — joguei, ignorando as suas palavras e principalmente a sua expressão. — Ele sequer merece um olhar seu, Taylor. Adrian não merece nada de você, entendeu? Sou eu quem mereço e não estou recebendo nada disso.     

— Eu... — Taylor passou a mão sobre o rosto e se aproximou, cabisbaixa —, eu não estou obrigando você a fazer... nada.      

— Já pensou se eu só fizesse o que você quisesse? Eu sei que é isso o que você precisa — revidei, perto demais do seu rosto. — Duvido que ele conheça você tão bem quanto eu, se seria capaz de fazer qualquer coisa por você.

Ela apenas ficou quieta.

Na verdade, o mundo pareceu ficar quieto. Estava tudo em silêncio. Gritar e dizer aquilo era uma das coisas que eu estava precisando.     

— Você disse que não iríamos mais discutir por causa dele — murmurou, bem baixinho. — Você disse isso pra mim.    

— O problema é que eu não sou de ferro — reclamei, dando as costas pra ela, a fim de subir a escada e ir direto pro quarto de hóspedes.     

— Louis... — Senti a sua mão envolta do meu pulso e então eu parei, sem conseguir ignorar aquilo. — Você sabe do que eu preciso, então... fica comigo.

Respirei fundo, ainda irritado e chateado, e segundos depois me vi assentindo com a cabeça. Assim, nós dois fomos para o quarto de hóspedes, onde estava o meu violão.

Era inevitável. Dentre a raiva, a frustração, o ciúme e a injustiça, apenas um pedido seu diluía tudo aquilo em um poço de pedras, tornando-os pequenos demais. 

Só que o fato de que Adrian Carrington ganhava mais do que eu não se tornou totalmente esquecido. Ficava pregado aos meus neurônios, pronto para se tornar ativo a qualquer momento. Se ele não iria desistir, era um sinal de que eu o veria com ela novamente, uma hora ou outra. 



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