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História Friends - Louis Tomlinson - 058. Phill


Escrita por: sunzjm

Capítulo 58 - 058. Phill


Fanfic / Fanfiction Friends - Louis Tomlinson - 058. Phill

TAYLOR

Foi a noite mais agitada de toda a minha vida – tirando aquela que ocorreu na casa de Isabela Turner, onde eu bebi tanto que beijei um desconhecido. Eu não estava arrependida, mas estava chateada por Louis não se colocar no meu lugar. Ele conversaria com Marly sobre o fato de nós duas termos ido embora do “pub” no carro de pessoas que ele não conhecia. E eu sabia que levaria uma bronca daquelas por conta daquilo, afinal de contas, os garotos eram usuários de drogas.

No entanto, aquele foi o lugar onde eu me senti acolhida, sem precisar esconder de ninguém que eu me picava; sem precisar pensar em mentiras por causa do meu modo de agir. Eles me entendiam, e isto porque eles se picavam também. 

Também vi alguém que eu nunca imaginei encontrar em um lugar como aquele. Fiquei paralisada no momento em que o avistei, na verdade, mas depois relaxei após saber que ele não diria nada a ninguém.

O lugar onde Marly me levou era uma espécie de porão que ficava na casa do Brad, um dos garotos que eu tinha conhecido naquela noite. Sua casa era meio grande e antiga, e o cheiro de tabaco ainda era nítido no meu cérebro. Não me senti tão bem assim que entrei, na verdade, mas depois de conhecer melhor todo mundo, de beber e de me picar no banheiro sujo que havia lá, eu consegui me sentir bem o bastante para não me importar com o odor e com o fato de que Louis e Jane não sabiam onde eu estava.

Uma vez ou outra alguém sorria pra mim. Todos jovens, mas com um ar experiente, esfregando na cara da sociedade que eles também tinham muitas histórias para contar. Histórias reais com personagens reais. Estilos diferentes, rostos diferentes, jeitos diferentes, mas com algo em comum entre si; algo que os ligava um ao outro, que os tornavam iguais. Eu finalmente podia afirmar que fazia parte de um grupo, e um grupo de pessoas como eu.

No decorrer da curtição, tive a atenção de um e de outro, coisa que eu recebia apenas de Louis e Jane, nunca de um grande grupo. O pessoal não me olhava com um ar pena, ou como se aquela pergunta (“o que ela faz aqui?”) pairasse no topo de suas cabeças. Cada um relaxava em seu próprio corpo, apreciava o seu momento sozinho – ou acompanhado –, compartilhava a alegria com o próximo, sorrindo, se divertindo e aproveitando ao máximo. 

Marly e eu passamos pelo meio de toda aquela calmaria – um paradoxo, porque a música era muito agressiva – e fomos direto para um canto do porão mal iluminado, onde havia dois sofás velhos, algumas cadeiras e caixotes no centro, equipados com garrafas de cerveja, copos secos e cheios com bebida, saquinhos plásticos, seringas e outros objetos que eu sabia muito bem para que serviam.    

— Ora, ora — um dos caras que estavam ali falou, muito lenta e preguiçosamente —, cheguei a pensar que não viria mais.     

— Eu tive alguns problemas para resolver — disse Marly, sentando em uma cadeira e acendendo um cigarro.

Fiquei ali em pé, meio perdida e sentindo vários olhares em cima de mim. Mesmo sabendo que todos à minha volta usavam drogas, não deixei de me sentir envergonhada, afinal de contas, atenção não era o que eu geralmente recebia.

Não de tanta gente.

Aquele canto onde estávamos era abafado e, mesmo que houvesse um som agressivo no ar, não nos impedia de nos comunicar. Mas estava um silêncio entre eles e, quando eu percebi que, na verdade, eles se perguntavam quem iria se dirigir pra mim primeiro, ergui o olhar e os encarei.     

— Então você é a nossa nova garota? — perguntou um deles, sorrindo amarelo. Ele riu ainda mais quando eu abaixei a cabeça, muito nervosa. — Calma, estou me referindo ao grupo, linda. 

Me acalmei no mesmo instante e acabei sorrindo, um tanto tímida. Eu não sabia que existiam outras garotas no grupo e fiquei me perguntando por um bom tempo onde elas estariam naquele momento. Olhei para os lados e a única coisa que vi foi um bando de gente dançando e fumando. Deduzi que elas deveriam estar naquele meio.     

— Vem, senta aqui — um deles falou, com uma voz arrastada. — Estamos viajando um pouco, não se sinta deslocada e faça o mesmo.

Havia um espaço sobrando no meio do sofá, então fui direto pra ele, ignorando qualquer coisa que viesse na minha cabeça do que os garotos estivessem pensando. Na verdade, era o índice exagerado de aberração que havia em mim. 

Percebi que o efeito da heroína já estava passando para que aquelas bobagens viessem na minha cabeça, e logo pus a mão no bolso da calça, apenas para sentir o relevo do saquinho de drogas.     

— Eu sou Brad, mocinha, com um sobrenome nada interessante — o garoto que estava do meu lado esquerdo falou, e então os outros se colocaram a falar também: Guto, Dylan e John, nomes falados respectivamente.    

— O meu nome é Taylor. Taylor Hampton.

Marly não fazia nada, apenas fumava o seu cigarro olhando alguma coisa no celular. Não entendi o porquê de ela ter ficado tão quieta, na verdade, e o seu silêncio esteve presente desde que tínhamos chegado na casa.     

— Então, Taylor Hampton..., você não tem cara de quem se pica — o cara da minha esquerda, do qual eu não lembrava o nome, havia comentado. — É nova nisso, não é?     

— Sou.     

— Suspeitei — disse ele, bem baixinho. Antes que eu respondesse, Marly levantou de repente e então alguém entrou no meu campo de visão. Rapidamente senti a necessidade de me esconder.     

— Que bom vê-la de novo, Marly — disse a pessoa, com uma cara de surpresa. — Tudo bem? — Marly logo puxou o garoto e olhou pra mim.     

— Olha só quem está aqui, Taylor — disse ela, abrindo um sorriso. O desconforto só aumentou no momento em que senti os olhos dele em mim. — Não se preocupe, acho que não há problema nisso.

Adrian sorriu e cumprimentou os garotos. E é claro que eu fiquei me perguntando o que diabos ele estava fazendo ali, principalmente como havia conhecido Marly ou como sabia que estávamos naquele lugar.      

— Não quer beber alguma coisa, Taylor? — perguntou Adrian, percebendo a minha confusão.

Olhei para Marly e ela deu de ombros. Me levantei em um pulo e o segui pelo meio de toda aquela gente. 

Ao subirmos a escada de madeira, entramos em uma sala de estar onde um cara – drogado/bêbado – dormia em um dos sofás, e depois fomos para a bagunça que eu deduzi ser a cozinha.     

— Você sabia que eu estava aqui? — eu quis saber, enquanto o esperava colocar uma bebida para nós dois.

— Eu? — Adrian me olhou, rindo. — Foi uma coincidência, amor. Como eu poderia adivinhar que você estaria aqui? Gosto de vir nos finais de semanas — explicou ele, e então entregou para mim um copo com um líquido marrom. — Estou surpreso em ver que não veio acompanhada daquele cara, na verdade. Que milagre foi esse?     

— Hã… — bebi dois goles daquilo, meio distraída —, é só que ele não sabe que eu estou em um lugar como este, entende?     

— Que rebelde da sua parte não dizer onde está — ele riu mais uma vez e me lançou aquele olhar de quem estava querendo alguma coisa. No fim, eu não soube o que dizer. — Gostou de vir para “um lugar como este”? — Adrian fez aspas.     

— Ah, eu não vejo problema algum — fui sincera, dando de ombros. — Não sou acostumada, mas mesmo assim eu gostei.     

— Sei o que está fazendo, Taylor — comentou Adrian, meio sério. Logo fiquei confusa e desejei que ele não estivesse se referindo às drogas. Resolvi me fazer de desentendida, afinal de contas, eu não queria que mais ninguém soubesse que eu me picava – exceto Marly.     

— Fazendo o quê? Não é errado sair um pouco, certo? — me defendi, olhando para o copo sobre o balcão.     

— Não se preocupe com o que eu acho — Adrian se aproximou e pus toda a atenção nele, sem querer perder uma palavra. — Na minha opinião, eu não acho que isso seja um problema. Foi a forma que você conseguiu de melhorar, não foi?, e isso é o que importa.

Assim, ele acariciou o meu rosto.     

— Puxa vida... — E eu realmente não esperava ouvir aquilo. — E como você soube? — Tirei a sua mão do meu rosto delicadamente e procurei um outro lugar com os olhos, devido a vergonha.     

— Sou muito perceptivo.     

— Ah...     

— Fica tranquila.     

— Então que bom que você me entende.     

— Vamos sentar um pouco — Adrian me puxou pro sofá rasgado – o que não estava sendo usado pelo bêbado/drogado – e trouxe consigo a garrafa de bebida. — Quero que saiba que eu vou estar aqui caso precise de ajuda, 'tá bem? 

Não entendi aquela conversa, afinal, por que eu precisaria de ajuda? Logo bebi todo aquele troço e ele queimou ao passar pela minha garganta novamente. Em seguida, ergui o copo para que Adrian colocasse mais bebida pra mim.     

— É muito chato ter que esconder tudo, sabe?     

— Eu entendo — ele assentiu, concordando —, e eu acho que deve tomar cuidado com aquele seu namorado. No caso, tome precaução.     

— Como assim? 

Bebi mais.    

— É só que eu tenho certeza de que ele não vai gostar nada, caso descubra o que você anda fazendo — respondeu Adrian, com um tom carinhoso e gentil.     

— Louis não vai descobrir — eu disse, confiante —, porque estou escondendo bem. Não estou tendo problemas com ele.     

— Não é por nada — continuou Adrian, dando de ombros —, mas o Tomlinson não tem cara de quem tolera esse tipo de coisa.     

— É, ele não tolera.

Pensei naquilo e acabei me sentindo mal, com o medo me acompanhando. Eu estava à beira de uma crise e precisava me picar. Tinha quase certeza de que o álcool não ajudaria.     

— Você não me parece bem... — observou Adrian, com um ar de preocupação. E assim que aquelas palavras saíram de sua boca, comecei a sentir algo rastejando sobre as minhas bochechas. — Fica aqui, vou chamar a Marly.

Eu estava chorando.

Era impossível se acostumar com a crise. Em alguns minutos a dor logo aumentaria e se estenderia pelo corpo inteiro; um desconforto enorme viria e só sobraria espaço na minha cabeça para pensar naquele líquido marrom. 

Eu tinha até medo de imaginar como ficaria caso passasse mais tempo com a privação. Quando aquela dor começava, a única coisa que me vinha à cabeça eram seringas cheias com a dose.

E cheias para me darem a salvação.

Eu não queria voltar ao que era antes.

Adrian não demorou para trazer Marly e eu fui levada por ela até o banheiro. Só que eu tremia tanto que não conseguia preparar a dose sozinha, por isso Marly me ajudou. 

Foi um alívio tão grande e brusco, que eu suspirei. Depois daquilo, a minha memória pareceu encolher e ficou difícil lembrar direito o que tinha acontecido no resto da noite. 

Eu tinha poucas lembranças. Voltei ao barulho com Adrian e Marly, fiquei bem quieta ao lado de Brad e John (ou seriam Guto e Dylan?) e eles não falaram muito sobre as suas vidas. Uma das coisas que fiquei sabendo foi que eram estudantes. Uns tinham uma família e uma casa, outros viviam sozinhos em imóveis, entre outras coisas.

Além de Brad, John, Guto e Dylan, outros caras e garotas se juntaram a nós. Porém, eu estava ocupada demais comigo mesma e com o meu próprio prazer para prestar atenção no que todos disseram depois. Em um momento, eu tinha ficado tão absorta em pensamentos que acabei perdendo Marly e Adrian de vista. Mas eu não consegui me preocupar com aquilo, afinal de contas, eu estava bem. Ficar ali, quieta e relaxada, era agradável.

Um dos garotos, porém, simplesmente tinha chamado o grupo para dar uma volta. E eu fui com os quatro garotos junto com Marly. O carro era do Dylan, não era novo e fazia um barulho que, caso eu estivesse sem dose alguma no corpo, me incomodaria a ponto de me fazer puxar os próprios cabelos.

Brad, Dylan, John e Guto eram legais, todos pareciam ser sossegados. Brigar só era permitido caso houvesse roubo entre o grupo e, se não fosse aquilo, qualquer discussão era uma perca de tempo. 

John foi o garoto que pediu o número do meu celular e eu precisei pedir a ajuda da Marly, porque eu não lembrava dos dígitos. Já Dylan, nos levou a um prédio completamente pichado; eram figuras estranhas que eu não conhecia, porém eram bonitas. 

O prédio era abandonado e não nos demoramos ao subir todas aquelas escadas. Tive problemas porque estava com tonturas pelo excesso de degraus, só que os garotos acabaram me ajudando. Adrian não foi conosco e eu não lembrava direito de suas palavras ao se despedir, apenas do seu beijo na minha bochecha.

Todos nós tínhamos ficado um tempo grande demais no terraço do prédio, a vista era incrível e dava para ver as casinhas de Londres, junto dos prédios de séculos atrás; as luzes eram lindas com o seu amarelo brilhante. 

Estar drogada e ver a beleza artificial misturada com a beleza natural era mágico. As estrelas nos observavam e piscavam para nós, nos fazendo companhia naquela noite esquisita. E eu não me recordava do que os meninos tinham conversado, mas eles gostavam de sorrir e de falar; às vezes, me perguntavam sobre a minha vida.

Na volta pra casa, recebi vários acenos e palavras carinhosas. Eu os veria depois, e eu sabia daquilo tanto quanto sabia que precisaria de novas táticas para amolecer o coração do Louis; de novas palavras e ideias para cada pergunta que ele faria. 

Contudo, ao entrar na sala de estar, ao sentir o meu próprio cheiro – de álcool e um perfume que não era o meu –, ao ter pequenas recordações do que eu fiz naquela noite, eu me senti culpada pelas omissões. Ele não sabia de nada e eu me senti na obrigação de pedir desculpas. Ele não merecia aquilo, só que era tudo o que eu poderia dar, não era?

[…]

Não era suposto Louis saber que Marly conhecia o grupo que foi me deixar em casa. Ele estava desconfiado à toa e pensava alto enquanto conduzia pela estrada.

Fui o caminho inteiro de boca fechada, com medo de falar algo que nos comprometesse ainda mais. Era difícil se encontrar naquela situação e eu começava a me preocupar com o fato de ser pega no flagra. E se ele soubesse que, na noite passada, Adrian tinha estado na casa do Brad também, que tinha bebido junto comigo e que me beijou?           

— Que cara é essa? — a voz do Louis barrou os meus pensamentos, de repente. Nós estávamos em um sinal fechado e aquele foi o tempo necessário que ele tinha usado para puxar o meu rosto e me analisar. — O que foi?...

Não era cedo e deduzi que passavam das onze da manhã. Eu me droguei no momento em que acordei – por causa da crise de abstinência –, me trancando no banheiro e fazendo o que eu tinha que fazer.     

— O que foi o quê? — eu perguntei, e o barulho de buzinas soaram atrás da gente. Louis logo me soltou e voltou a dirigir, impaciente.     

— Você estava reclamando — respondeu ele, sério. — Olha, estou muito bravo pelo que você fez — disse, do nada —, e eu realmente estou tentando me colocar no seu lugar..., mas eu simplesmente não consigo. É impossível ficar calmo, Taylor.     

— Eu já disse que estou bem — falei, com uma voz monótona. Sua preocupação me comovia, mas estava sendo desnecessária.     

— E se não estivesse? — jogou ele, e vi os nós dos seus dedos mudarem de cor. — E se algo de muito ruim tivesse acontecido?      

— Mas não aconteceu, Louis — tentei ser lógica, usando o presente e o agora, como ele geralmente fazia. — Você está me lembrando uma pessoa, sabia? Eu mesma. — Os nossos papéis pareciam ter sido trocados de repente, porque agora era ele quem estava com todas as paranóias.     

— Vou acabar enlouquecendo — Louis murmurou consigo mesmo, irritado. — Será que poderia me prometer que não vai mais fazer algo como o que fez ontem à noite? 

Eu não estaria sendo sincera caso prometesse, mas falar a verdade só traria mais preocupações inúteis pra ele. Eu estava no meio de todos aqueles garotos e garotas, vários drogados e desimpedidos, e Louis não poderia me barrar de vê-los. Seria chato demais ter que discutir com ele o tempo inteiro, então…     

— Eu prometo.

[...]

Ao chegarmos nos Peterson, Louis foi rápido ao descer do carro e tomar a minha frente, caminhando até a porta com uma confiança grande demais. Logo estava tocando a campainha sem paciência alguma e, após uns cinco segundos, uma mulher se materializou bem na nossa frente.    

— Olá — ela ficou surpresa. Não deixei de notar a perda de peso da Sra. Peterson. Ela estava mais magra e bolsas negras tomavam conta do seu rosto, bem abaixo dos seus olhos negros. Ela parecia não dormir há séculos. — Que bom vê-los aqui.           

— Como a senhora está? — perguntou Louis, após sermos convidados a entrar na casa. — Se sente melhor depois daquilo?...    

— Ah — a Sra. Peterson suspirou e correu para arrumar algumas almofadas no sofá, buscando se distrair —, estou vivendo do jeito como Deus quer.     

— Entendo — disse Louis, por pura educação.      

— Querem tomar um pouco de chá? — Ela se esforçou para nos dar um outro sorriso, mas parecia que iria chorar a qualquer momento.     

— Não precisa, obrigado — Louis foi rápido ao dizer e gesticulou em forma de desculpas. — Eu apenas a trouxe — ele deu uma olhada em mim —, mas quero conversar com a Marly também.         

— É claro. — A Sra. Peterson coçou a cabeça e varreu os olhos pela casa, como se procurasse por algo. — Eu vou avisar que estão aqui.

Assim, ela subiu a escada, quase correndo. Pus os olhos em Louis e ele me analisou, enquanto colocava as mãos dentro dos bolsos da calça. Para mim, parecia indeciso. Estava claro que ele se segurava para não fazer algo qualquer que se passava pela sua cabeça, mas consegui continuar calma e respirar lentamente. 

Fui pega de surpresa quando ele simplesmente tirou os olhos de mim – junto com as mãos dos bolsos –, bagunçou o cabelo e depois se aproximou, muito hesitante, para depois segurar o meu rosto e o colocá-lo a alguns centímetros do seu.     

— Estou tão... — sussurrou ele, próximo dos meus lábios — mais tão irritado com você, Taylor. Só que...    

— Desculpa — foi a única coisa que eu consegui pensar, antes de fechar os olhos e aproximar os meus lábios dos dele. 

Contudo, para a frustração do meu corpo, consegui apenas roçar os meus lábios nos seus lábios, porque naquele exato momento passos soaram ali perto. Nos afastamos um pouco um do outro e observamos a Sra. Peterson descer a escada, com as bochechas vermelhas.     

— Ah, eu não queria mesmo interromper — disse ela, e não deixei de lembrar do dia em que aquela mesma mulher tinha desejado felicidades para Louis e eu, achando que éramos namorados —, mas a Marly está pedindo para subirem.     

— Qual quarto? — perguntou Louis, pegando a minha mão.     

— Bom... — A mulher à nossa frente ficou mais desconfortável ainda e demorou um tempo mais do que o necessário para responder. — Ela está no quarto... no quarto dele.    

Louis também pareceu desconfortável, mas logo pediu licença e me puxou em direção à escada. Eu nunca tinha entrado no quarto de Marly Cooper e não me surpreendi ao vê-lo. E eu só soube o quanto estava diferente quando Louis exclamou:     

— Puxa vida..., você mudou quase tudo.

Marly nos esperava sentada na cama, mas foi rápida ao se levantar para nos receber, mesmo que o seu olhar tivesse parado primeiramente na fonte de contato entre Louis e eu, que eram as nossas mãos.     

— Oi, eu não sabia que você também viria.     

— De onde você conhece os caras que levaram a Taylor pra casa? — perguntou Louis, sendo bem direto e mal-educado. — Você deixou bem claro que não conhecia ninguém aqui em Londres.     

— Na verdade — Marly pareceu procurar respostas rapidamente —, eu disse que não tinha amigo nenhum — ela o corrigiu, com um ar inocente.      

— Você os conhece desde quando?   

Marly riu, dando de ombros.     

— É uma longa história.     

— Eu tenho o tempo que precisar — insistiu Louis, apertando a minha mão impacientemente. — Certamente que não terei problemas.     

— Eu os conheço o suficiente para saber que não são uma ameaça — explicou ela, com uma aparência séria. — Não tinha nada de errado ontem à noite. Estávamos apenas nos divertindo, não é mesmo, Taylor?

— E o que você queria que eu pensasse? — Louis falou, meio irritado. — Ela chegou muito bêbada ontem à noite.     

— Tudo bem, você tem razão. — Marly ergueu as mãos, em forma de rendição. — Mas, fica calmo, enquanto Taylor estiver comigo, você não vai precisar se preocupar...     

— E quanto aos caras que deixaram vocês duas em casa? — ele perguntou, sem confiar nas palavras da Marly. — Ainda quero uma explicação, se não se importa. Você não me disse como os conheceu.     

— São apenas estudantes — respondeu ela, dando de ombros mais uma vez —, eles não oferecem perigo nenhum para nós duas. São tão inofensivos quanto eu. 

— Você não me respondeu, Marly...     

— Escuta — ela suspirou e abaixou a cabeça, um tanto incomodada —, é um assunto pessoal, entende? Mas eu prometo que um outro dia eu conto.     

— Ah. — Ele pareceu ficar desconfortável e apertou a minha mão novamente. — Bom…, e tem certeza que eles não oferecem perigo algum?      

— Absoluta.

Louis respirou fundo e me olhou. Ele ainda parecia não acreditar totalmente nas coisas que Marly tinha informado e eu sabia que tinha a ver com o grupo que me levou até em casa. Mas eu não me incomodei com a sua desconfiança, porque aquilo passaria depois de uns dias. 

— Tomem cuidado — pediu ele, voltando o olhar para Marly. — A preocupação que eu tenho com ela não é à toa. Tenho certeza de que você consegue se cuidar sozinha, mas Taylor não é acostumada com isso…, muito menos a beber tanto. A mãe dela não está aqui e eu me sinto responsável por tudo. — E ele falava como se eu não estivesse ali. Me senti como uma criança, na verdade, mas novamente ignorei. — Liga pra mim caso precisem de qualquer coisa.     

— Fica calmo — pediu Marly, com um sorriso gentil. — E, já que isso ajuda a diminuir a sua preocupação, eu vou ligar sim, pode esperar.     

— Obrigado. — Ele suspirou e acenou com a cabeça, ainda desconfiado. — Já você — Louis me fitou e acariciou o meu rosto com uma das mãos —, pode comer alguma coisa? Ou será que eu vou ter que me certificar disso por conta própria? 

O olhar dele de preocupação não era o que eu queria exatamente, mas aquilo ainda fazia com que eu me sentisse acolhida, por isso não consegui segurar o sorriso.      

— Eu vou — lhe confortei, incapaz de não envolvê-lo nos meus braços e lhe dar um beijo. — Amo você, não esquece disso.     

— Também amo você, Taylor — sussurrou Louis, deixando um beijo ao lado da minha orelha ao me abraçar. Quase me esqueci de que Marly estava ali, provavelmente observando toda a cena, já que ela adorava encarar as pessoas. — Eu vou indo — avisou Louis, se afastando aos poucos. — Até mais... 

Ele acenou e então saiu, fechando a porta atrás de si. Não percebi – até olhar para Marly – que eu estive sorrindo aquele tempo inteiro. Já ela, tinha mudado totalmente a sua expressão. Os seus braços agora se encontravam cruzados e até o seu modo de respirar tinha se diferenciado.

Ela não parecia nada contente.     

— Você é uma imbecil, sabia? — falou a garota, depois de alguns minutos enquanto caminhava até mim e me dava um beliscão no braço direito. E teria sido muito ruim se eu não estivesse drogada. — Uma imbecil, Taylor Hampton!      

— Desculpa — eu disse, não tão incomodada —, eu não consegui encontrar uma mentira enquanto ele falava todas aquelas coisas.     

— Você percebe o risco que estamos correndo agora? — perguntou Marly e, pela primeira vez na vida, eu vi que estava amedrontada. — Droga!... 

Estranhei aquilo, afinal de contas, a única pessoa que seria apedrejada na história inteira seria eu mesma.

— Nada saiu do controle — tentei confortá-la, sem a devida preocupação —, Louis saiu daqui exigindo apenas um telefonema, Marly.     

— Você não está dando conta de tudo, droga — acusou, ignorando as minhas palavras. Marly estava completamente agitada. — Se ele descobre que os garotos são usuários de drogas, nós duas estamos encrencadas.     

— Acalme-se — pedi, indo até a janela do quarto a fim de me encostar nela. — Você não vai ter problemas com isso, acredite.     

— É incrível o quão lerda você consegue ser. — Senti o desgosto nas suas palavras, mas apenas dei de ombros. — Louis acha que eu quero apenas o seu bem, que estou cuidando de você, não entende?    

— E não é exatamente isso? 

Eu olhei para ela e Marly pareceu ter se lembrado de alguma coisa. Logo, retribuiu o olhar, suavizou a expressão e me mandou um olhar óbvio.     

— É lógico que sim… — Ela suspirou e parou para pensar. — Mas, se ele souber que eu sou amiga de um grupo de viciados, vai achar que eu quero o seu mal, entendeu? Ele vai entender tudo errado… — explicou ela, um pouco mais calma. — Especialmente aquela Jane.   

— Ele não vai saber de nada — tentei confortá-la mais uma vez, depois de um suspiro. — Vou evitar qualquer diálogo com ele sobre isso. 

[…]

Depois de toda aquela conversa, de eu ter trocado uma ideia com a pequena Carly (que brotara ali misteriosamente) e da Marly ter feito um sanduíche com suco de morango pra mim, saímos pelas ruas de Greenwich, à caminho de um ponto de ônibus. 

Eu não sabia para onde iríamos. Durante a viagem, fiquei calada enquanto observava as avenidas, os carros e as pessoas. Quando chegamos a um outro bairro, não me senti ameaçada ou qualquer coisa do tipo, apenas ouvi o que Marly contava para mim.    

— Phill é a fonte de toda aquela maravilha — informou ela, enquanto andávamos uma ao lado da outra. — É com ele que eu as consigo.

Eu estava me esforçando para prestar atenção no que ela dizia. As ruas ali eram um pouco desertas e não havia muitas casas. Na verdade, os prédios antigos era que lideravam. Em toda viela que passávamos havia um mendigo ou outro, todos envoltos de mantas sujas, de pratos descartáveis e de coisas improvisadas; alguns dormiam e outros fumavam.     

— Ele é um velho amigo meu — a garota ao meu lado continuou falando, calmamente. — Não é fácil encontrar traficantes em Londres, por causa da fiscalização. Todos os caras que são pegos com drogas e que são clientes do Phill, nunca o deduram.     

— E por que não? — eu perguntei, sem tanta curiosidade.     

— Eu não sei — respondeu ela, com um ar misterioso. — Phill é um cara bem legal e justo, entende?

— Acho que sim.      

— A polícia nunca conseguiu colocá-lo na cadeia — continuou ela, com um ar de orgulho. — Não conseguem provas para incriminá-lo.     

— Ele deve ser um cara esperto.     

— Ele é sim, muito esperto.

Entramos em ruas estreitas – pelo menos duas – e Marly me dizia pontos de referência dos quais seriam impossíveis de serem esquecidos. Eu sequer sabia por que ela estava gastando saliva fazendo tudo aquilo, mas apenas continuei ouvindo o nome dos lugares.     

— É aqui — avisou ela, quando nos aproximamos de uma escada de cimento com apenas três degraus. Marly, então, não se demorou e entrou sem bater. 

O lugar que pisamos era um hall e mais uma escada nos esperava – aquela era maior e de madeira. Havia uma mulher sentada em um dos degraus, que parecia bem brava ao falar pelo telefone, e as suas pernas estavam quase despidas por completo porque ela usava somente um projeto de saia; tinha os seios cobertos por um top e os lábios prendendo um cigarro.

Marly e eu subimos a escada e fomos direto para um corredor, onde havia apenas uma porta. O lugar tinha um cheiro desagradável, mas depois que Marly bateu na porta, não demoramos muito ali. Um cara barbudo e com um charuto nos atendeu e, quando percebeu quem era, abriu um sorriso enorme.     

— Minha querida e perigosa Marly Cooper — ele a saudou, com uma voz abafada —, tão linda quanto antes. É muito bom vê-la.     

— Que pena que eu não posso dizer o mesmo, não é? — resmungou a garota, muito cruel. — Phill está aí? Preciso vê-lo.     

— Simpática como sempre… — murmurou o homem, com um olhar malicioso. — Ele 'tá sim, princesa. 

Assim, abriu espaço para que passássemos e lançou um olhar pra mim, dos pés à cabeça. Eu o ignorei e abracei o meu corpo, já me sentindo desconfortável. 

O lugar estava uma bagunça. Era uma espécie de casa, mas bem pequena e de apenas dois cômodos – deduzi que a porta à esquerda fosse um banheiro. Havia jogos por ali, um fogão cheio de panelas, uma geladeira e um colchão no chão próximo da parede; também existia uma TV de tela plana que estava pregada próxima do sofá, onde três caras estavam encostados separando um pó sobre a mesa de centro, juntamente com uma balança. 

Um balcão se encontrava do lado esquerdo daquele cômodo e, atrás dele, estava um homem. E um homem que não parecia muito velho, aliás – talvez uns vinte e oito anos? –, e com a pele bem negra. Este tinha alguns colares de ouro no pescoço e usava uma boina vermelha.     

— Olá, meu doce — disse ele, tirando os olhos do que anotava. Depois pareceu curioso ao me ver ali. — Quem é a nossa visita?     

— Oi, querido…, estou apenas passeando um pouco — disse Marly, desfilando até ele. — E essa é Taylor Hampton, a amiga que eu falei uma vez pra você, lembra? 

Phill logo assentiu e me olhou como se fosse capaz de ler os meus pensamentos.     

— E aí, docinho? — disse ele, finalmente me dando um sorriso. — 'Tá viajando, hein? — Rapidamente olhei para Marly, pedindo ajuda para decifrar as palavras daquele homem, e ela então deu uma risada.     

— Ele comentou sobre você estar drogada — explicou ela, divertida.     

— E como ele sabe? — eu perguntei, tentando ser discreta ao ver que ele tinha voltado a olhar pro caderno grosso à sua frente.     

— Porque você entrega isso muito fácil.

Tive uma pequena vontade de me bater e de me esconder em um buraco, frustrada comigo mesma por não ser como ela. Porém, aquele pensamento não me atormentou e logo foi esquecido enquanto o tempo passava. 

Phill e Marly conversaram como se se conhecessem há anos e eu também participei da conversa. O cara realmente parecia ser uma boa pessoa e era um tanto engraçado. Às vezes usava um ar autoritário com os outros homens que estavam ali, mas deduzi que fosse apenas porque trabalhavam pra ele. 

Também não senti vergonha quando Phill perguntou por quanto tempo eu usava drogas, afinal de contas, ele as vendia para as pessoas. Vi que ele era cheio de contatos e compromissos, porque geralmente a nossa conversa era interrompida com os telefonemas que ele recebia. Gostei mais ainda dele quando este me deu três saquinhos com heroína.     

— Valeu — agradeci, após guardá-las no bolso. Ele piscou para mim e deu uma olhada na Marly. 

Conversei com os outros caras que estavam ali também, só que nenhum deles parecia ser confiável aos meus olhos. Marly, contudo, parecia ser tão íntima deles quanto era do Phill. Na volta, percebi o quanto eu tinha demorado. Passava das quatro quando eu olhei as horas no celular e senti que a crise logo chegaria.     

— Então você poderá vir aqui quando quiser. Mas com dinheiro, é claro. Hoje ele deu de graça porque é um cara legal — Marly ia falando, enquanto íamos pro ponto de ônibus. — Ele não tolera os caloteiros de maneira alguma.    

— Entendi — eu disse, apressando os passos.

Ao chegar na casa da Marly, precisei ligar para Louis. A vinda de ônibus foi péssima por causa das coceiras, dos espirros e do calor/frio. Marly estava vermelha de tanta vergonha pelo que tinha passado.      

— Você deveria ter trazido as suas coisas — reclamou ela, enquanto esperávamos Louis na sala de estar. — Agora vai ter que inventar algo de inteligente, e eu já percebi que é péssima nisso. O que vai fazer? — Quando ouvi o som do carro do Louis, quase passei correndo pela porta, seguida da Marly. — Taylor não está se sentindo bem — avisou ela, me ajudando a entrar na BMW. — Ela precisa repousar.

Não vi a expressão do Louis e muito menos entendi as coisas que ele disse, e isto por conta da agonia que eu senti com a dor em todos os meus dentes. Rezei para que chegássemos logo e para que ele não me perguntasse nada. Percebi que eu estava chorando e procurei rapidamente expulsar aquilo de dentro de mim.   

— Procure se acalmar — ouvi Louis dizer, dirigindo às pressas. — Escuta, eu acho que vou levá-la ao hospital...     

— Não! — berrei, totalmente alerta, e então apertei o braço direito dele. Quase provoquei a nossa morte, aliás. — Por favor, Louis — continuei, chorando ainda mais —, eu não quero ir para aquele lugar. Apenas me leva pra casa, eu só peço isso a você… — Não consegui ver o seu rosto direito por causa das lágrimas, mas deduzi que fui capaz de fazê-lo aceitar o meu pedido.    

— Tudo bem — ele cedeu, indeciso e preocupado.


Notas Finais


Não esqueça de me dizer a sua opinião, isso é muito importante pro progresso da fanfic 😇❤


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