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História Friends - Louis Tomlinson - 061. Mamãe


Escrita por: sunzjm

Capítulo 61 - 061. Mamãe


Fanfic / Fanfiction Friends - Louis Tomlinson - 061. Mamãe

TAYLOR

 A ida ao aeroporto foi a pior sensação daquele dia – depois dos pesadelos que tive pela madrugada –, e estar sendo observada por pessoas que estavam muito decepcionadas comigo era horrível.     

— Mamãe vai acabar com você — foi o que Tiago disse, depois que o Sr. Gun trouxe os meus livros e disse que sentiria a minha falta na escola. — E eu vou ter o prazer de ver isso. 

Antes que chegasse a hora de buscá-la, Louis já estava na minha casa, bem calado e sério enquanto mexia no seu celular. Tentei amolecer o seu coração dizendo que eu sentia muito e que não me meteria em encrencas como aquela novamente. Só que aquilo não deu muito certo. 

Estando drogada ou não, ter os olhos do Louis distantes de mim era pior do que qualquer coisa. Eu não me sentia completa e era como se eu não fosse capaz de ser feliz, mesmo com todas as doses do mundo só pra mim.     

— Olha, eu vou mudar o meu modo de ver as coisas — prometi, tentando chamar a atenção dele e tirando o celular das suas mãos.      

— É você quem sabe — disse ele, dando de ombros com certo desinteresse. — Agora pode me dar o celular?     

— E com quem você está falando? — eu perguntei, já irritada. — Não larga o celular desde que chegou aqui… — Me estressar estava fora de questão e eu fiquei nervosa com aquilo. Afinal de contas, o efeito da heroína já estava passando?    

— Não é ninguém — disse, pegando o celular.     

— Eu não quero que a situação fique assim entre nós dois — voltei ao assunto, meio desesperada. — É ruim demais.     

— Deveria ter pensado nisso antes de fazer o que fez — acusou ele, se levantando e saindo de perto de mim.     

— Ora, mas eu já estou arrependida!           

— Não está — Louis falou, entredentes. — Você não 'tá ligando pra nada disso, Taylor. Assume que não se importa!     

— Eu não queria ser expulsa — deixei claro, ignorando o que ele tinha dito. Ele estava certo, eu realmente não estava ligando para nada daquilo, mas dizer em voz alta seria totalmente errado. — Mas fui, e não posso fazer nada pra mudar isso, apenas esperar.  

— Então gaste o seu tempo esperando — jogou, se soltando de mim para depois me dar as costas. Novamente aquele vazio me deu um oi e eu senti vontade de beber alguma coisa. E alguma coisa que tivesse álcool.     

— Louis, por favor… — pedi, lhe puxando mais uma vez. Então o meu irmão resolveu aparecer na escada, muito arrumado e ansioso, pronto para irmos ao aeroporto buscar mamãe.     

— Pode me dar um pouco de tempo? — perguntou Louis, ainda irritado. — Eu estou precisando pensar…, de um tempo pra pensar.     

— Quer dizer que vai me ignorar?     

— Não — respondeu ele, depois de alguns segundos. — Mesmo que eu quisesse, seria impossível.    

Claire apareceu do banheiro de visitas e nos olhou, perguntando se estávamos prontos. Era válido lembrar que ela ficou bem chocada depois de saber que eu tinha sido expulsa – a Sra. Palmer ligou para ela assim que eu saí da escola. Claire tinha me abraçado como se estivesse se despedindo. Claro que achei aquilo um exagero e ela também lançava o mesmo olhar de decepção que todos faziam questão de lançar pra mim.  

Mas eu nem estava preocupada com aquilo. Mesmo estando feliz porque veria mamãe, fiquei aflita com a sua presença, porque não era uma boa hora para ela voltar. Durante a depressão, ela era uma das pessoas que mais apareciam na minha cabeça. Eu desejei a sua presença, a sua mão envolta do meu rosto, o seu abraço e o seu colo... Porém, foi algo que eu não tive. 

Ela era uma mulher experiente, que provavelmente tinha o remédio exato para as minhas dores, mas o problema era que ela não esteve por perto quando eu mais precisei.

E claro que não foi culpa dela. Ela viajou para manter as contas em ordem, para melhorar a nossa condição financeira, e eu tinha orgulho dela. Depois do divórcio, mamãe agiu dos dois lados. Se comprometeu em ser um pai e uma mãe, em ter duas personalidades e se dividir para ser uma Sra. Hampton e um Sr. Wells. Portanto, as saudades foram muitas. 

Não deixei de transparecer aquilo quando a vi passando pelo portão de desembarque (com uma pequena dificuldade devido a Miopia-Suspeita), arrastando uma grande mala. Ela andou rapidamente até nós quatro e diminuímos ainda mais o caminho, caminhando até ela com os braços abertos. Logo, a envolvemos em um abraço em grupo.     

— Ah, meu amores — exclamou, chorando.     

— Ela ficou tão ansiosa —  comentou Arthur, também alegre em nos ver —, que quase pulou do avião. Foi uma sorte que eu estivesse por perto.     

— Com certeza, foi bom que o senhor conseguiu segurá-la — ouvi Louis falar, divertido. — É bom vê-lo de novo, professor.     

— Também estou feliz em ver todos vocês — ele disse, sorrindo —, e não vejo a hora de voltar ao trabalho.

Ao mesmo tempo, mamãe enchia Tiago e eu de beijos. Um enorme conforto então envolveu o meu coração e eu senti aquele bom e velho cheirinho de lar.  

— Olha só pra vocês — disse ela, com o rosto todo molhado enquanto analisava Tiago e eu —, estão magrinhos demais. — Depois ela me olhou novamente, um tanto aflita. —  Principalmente você, querida. Está doente? Por que não me avisou pelo telefone?     

— Ah, mamãe... — Eu sorri, dando de ombros. — A única dor que eu senti foi saudades de você. — Então eu a abracei. 

Depois do nosso curto momento, voltamos para casa, com mamãe falando pelos cotovelos. Ela e Claire eram as mais felizes do bando, por estarem perto uma da outra novamente. Mamãe fez diversas perguntas ao Louis, que fez questão de manter no rosto um sorriso, mostrando que tudo esteve sob controle aquele tempo inteiro – talvez aquele momento não tivesse sido tão curto assim, para ser sincera.     

— Também tenho uma notícia para vocês — informou, com um sorriso enorme. — Estou animada pra contar logo de uma vez.      

— Notícia? — perguntou Tiago, desconfiado.         

— Sim, docinho — ela bateu palmas, eufórica —, vocês vão adorar. — A curiosidade me deu um chute depois daquilo e eu rezei para que toda aquela alegria dela não sumisse, porque, uma hora ou outra, ela saberia sobre a minha expulsão. — Oh..., eu senti tanto a falta da minha casa — mamãe exclamou, assim que nós entramos. — Tudo está como eu gosto.     

— Viu só? — Arthur se sentou no sofá, exausto. — Eu disse que eles dariam conta. Você esteve preocupada à toa.

Na verdade, Claire tinha dado uma passada ali na quinta pela manhã, disposta a fazer a casa brilhar para recebermos mamãe.      

— Estou tão cansada — disse ela, prolongando o “tão” com uma falsa expressão de tristeza. — Acordamos cedo demais.     

— Podemos contar a notícia a vocês assim que a sua mãe descansar — sugeriu Arthur, levantando e indo para o lado da mamãe. — Vamos subir, querida? 

Ela assentiu e então nos deu as costas. Louis e Tiago logo desceram a escada, depois de terem deixado as malas da mamãe no quarto. As do Sr. Roberts ainda estavam na sala, mas nem ele e nem mamãe falaram sobre aquilo. Os dois pareciam mais íntimos do que nunca, na verdade, um ao lado do outro, enquanto subiam os degraus, e eu não iria me admirar caso mamãe inventasse de trazê-lo para morar conosco.     

— Ela disse alguma coisa sobre a tal notícia? — Tiago perguntou para Claire, que tinha sentado no sofá bebendo um copo de água.     

— Ainda não — respondeu ela, dando de ombros. — Ela vai descansar e acho que vai passar a noite inteira acordada... — Então Claire pareceu lembrar de alguma coisa assim que olhou pra mim. — Ora, eu quase me esqueci, Taylor, você vai contar ou eu conto?     

— Contar o quê? — perguntei, bem baixinho.      

— Você sabe do que eu estou falando, mocinha. — Claire levantou e foi até a cozinha, a fim de deixar o copo que segurava. — Mas depois, caso queira, eu mesma posso dizer a ela que a diretora da sua escola ligou para mim e...     

— Pode deixar que eu conto.     

— Tudo bem. — Claire pareceu mais aliviada. — Enfim, vou embora agora. Tenho que acompanhar mamãe no hospital; ela está fazendo fisioterapia, sabe? Diz pra Tânia que...     

— Ela pode ligar caso precise de alguma coisa.   

— Exatamente.     

Louis acabou perguntando se Claire queria uma carona e ela logo aceitou. Fiquei olhando pra ele, chateada por ver que ele não ficaria comigo naquele dia, e depois não consegui falar mais nada. Eu precisava ser uma boa garota, certo? Ele pediu um tempo para pensar e tudo o que eu tinha que fazer era obedecer.     

— Tchau, meninos. — Claire acenou e saiu, acompanhada do Louis, que sequer me deu um beijo ou olhou para mim, a fim de se despedir. A tristeza então encheu o meu peito e eu fiquei ali parada, muito pasma e decepcionada.     

— Vejam só — a voz do Tiago soou pelo cômodo, muito divertida —, parece que alguém aprendeu a não ser mais tolo.

Suspirei derrotada e pensei em sair, a fim de me encontrar com Marly. Porém, simplesmente subi a escada e me tranquei no quarto para me drogar e dormir.

[…]

Depois de um sonho bem confuso, onde uma cobra enorme tentava me comer, fui acordada subitamente com gritos e um bater na minha porta. Tive um mau pressentimento e logo senti um frio na barriga. Era mamãe quem gritava e ela não parecia nada contente. Com um pulo então, fui até a porta e a abri. 

Antes que eu percebesse, contudo, senti o meu rosto arder. Fiquei meio tonta com o tapa, na verdade, e desejei que aqueles anéis que ela tinha na mão não tivessem cortado o meu rosto.     

— Eu já sei o que aconteceu, Taylor Hampton — berrou ela, com os olhos muito vermelhos e inchados. — Você foi expulsa, não foi?!

Fiquei congelada.

Eu não sabia dizer quanto tempo tinha se passado depois que me droguei para dormir, mas deduzi que já fosse noite por causa do pijama da mamãe. Ela provavelmente acordou em uma hora daquelas, foi comer alguma coisa e acabou encontrando Tiago, que não perdeu tempo em me dedurar.     

— Tenha calma, Tânia — ouvi a voz do Arthur e olhei para trás. Ele estava na porta, preocupado, enquanto provavelmente tinha um conflito interno entre sair dali calado ou vir até mamãe para tirá-la de perto de mim.     

— Ouça — ela fechou os olhos e levantou o indicador pra ele —, é melhor você não me impedir de nada. E eu 'tô falando sério.    

— Mãe...     

— Eu chego de uma viagem a trabalho, faço o possível para melhorar tudo, eu me esforço para manter tudo em ordem apenas pedindo a merda da sua ajuda e sou a última a saber sobre uma informação dessas?! — Ela estava bem vermelha e quase achei que fosse pegar fogo. — Fala alguma coisa, Taylor! — exclamou, batendo um dos pés do chão.     

— Eu sinto muito — murmurei, deslocando um único centímetro a fim de me manter longe de sua fúria. 

— Deve sentir mesmo — cuspiu ela, desgostosa. — Não sabe a decepção que estou sentindo de você. Como teve essa ousadia? Como teve a coragem? O que se passou pela sua cabeça, afinal?     

— Eu não sei — sussurrei, com a cabeça baixa.    

— Estou com tanta vergonha... — Mamãe pôs as mãos na cabeça, como se tivesse acabado de ouvir que alguém tinha sido morto. — Minha filha foi expulsa de uma das melhores escolas de Londres. Com que cara eu vou andar pelas ruas? Essa hora os vizinhos já devem estar sabendo, meu Deus...     

— Sinto muito — repeti, depois de respirar fundo.   

— Você está de castigo pelo resto da sua vida — falou ela, indo até a mesa de cabeceira e pegando o meu celular. Em seguida, tirou de dentro de uma das gavetas o meu computador.     

— O que está fazendo?

Demorei algum tempo para processar aquilo.     

— Vai ficar sem isto aqui e eu não quero mais vê-la saindo para lugar algum, me ouviu? — avisou mamãe, sem se importar em gritar. — E isso inclui Louis, Jane ou qualquer outra pessoa!

Assim, ela me deu as costas e fechou a porta. 

[…]

Naquele castigo, sentar na cama e olhar para o nada enquanto eu sentia a abstinência retornar se tornava preocupante, mesmo que eu já fosse acostumada a estar boa parte do tempo em casa. Era como se a solução que eu encontrei para ficar bem estivesse sumindo aos poucos; como se o mundo estivesse sendo sugado por um buraco negro.

Aquilo era o efeito da heroína passando. A quantidade da dose que eu geralmente usava — e que já ajudava muito – parecia não estar mais dando conta do meu estresse e da minha ansiedade.

Eu teria que falar com Marly de qualquer jeito, pois era ela quem trazia as doses para mim, sem receber nada em troca. Na minha gaveta de roupas íntimas havia apenas uma picada e eu não poderia usá-la naquele momento, porque ela serviria para a noite.  

Senti um desespero e logo levantei da cama, buscando me manter em movimento. Não aguentei ficar naquilo por mais de cinco minutos, por isso resolvi sair do quarto a fim de ir até o quarto da mamãe.

Ainda era cedo e todos estavam trabalhando ou estudando àquela hora. Um branco acabou surgindo na minha cabeça assim que tirei o telefone do gancho e o pus na orelha. O número do celular da Marly tinha se perdido no entulho do meu cérebro e parecia ter afundado no mar de desespero que eu estava sentindo.    

Continuei confusa por um certo tempo, até que lembrei de fazer a tal respiração que eu tinha aprendido há um tempo. Aquilo ajudou a diminuir o ritmo do meu coração e da rapidez com que o meu cérebro trabalhava. Portanto, após lembrar o número inteiro do celular, sentei na cama novamente e os disquei no teclado. Esperei e Marly atendeu apenas no terceiro toque.     

— Oi, onde você está? — perguntei rapidamente, quase roendo as unhas.     

— Quem é? — perguntou Marly, e então ouvi uma outra voz na linha, um tanto abafada e que parecia rir de alguma coisa.     

— Sou eu, a Taylor — respondi, depois de dar uma olhada para o telefone, como se eu fosse capaz de ver quem era a outra pessoa que estava ali perto com Marly. Logo, após dizer quem eu era, um silêncio se instalou e a outra voz que aguçou a minha percepção se calou. — Ei, é o Adrian que está aí? — eu quis saber, confusa. 

Aquilo até que era bastante normal e não seria nada de mais caso os dois estivessem se falando, afinal, eles agora eram conhecidos. Mas não deixava de ser esquisito, é claro, em especial depois que Marly insistiu dizendo que não era ele.     

— Adrian? — perguntou ela, rindo.     

— Sim, eu ouvi a voz dele — expliquei, impaciente, enquanto sentia o meu cérebro aumentar o ritmo de trabalho novamente. — Achei que fosse...     

— Você está tendo alucinações — ela disse, depois de um suspiro. — Minha tia é a única que está aqui comigo.      

— Ah. — É claro que fiquei com uma pulga atrás da orelha, mas foi apenas durante alguns minutos, porque a única coisa que importava era que ela trouxesse as doses pra mim. — Será que você poderia vir aqui em casa? Preciso que traga mais daquilo — sussurrei, com receio de que alguém escutasse, mesmo que não houvesse absolutamente ninguém ali.     

— Achei que havia quantidade suficiente até o fim do mês.     

— Eu também quero conversar sobre quantidades — avisei, atordoada —, só que pessoalmente, não pelo telefone. — E ela demorou quase um minuto para responder novamente.     

— Tudo bem, estou indo.

Sua chegada aqui não foi rápida como eu desejei e, antes daquilo, caminhei de um lado pro outro na sala de estar, atenta ao som de passos.     

— Você demorou — exclamei, abrindo o caminho para que ela passasse. — Trouxe as doses? — Marly ficou analisando o meu rosto por tanto tempo, que achei que ela não tinha escutado a minha pergunta.     

— Sim, eu trouxe — respondeu por fim, lentamente. Então tirou da sua bolsinha uma sacola branca e a entregou para mim. — E então? Vai me dizer o que tem de errado?     

— Eu não sei dizer o que está acontecendo comigo  — desabafei após um espirro, e logo fiquei aliviada quando senti o relevo das drogas nas minhas mãos. — Geralmente uma picada durava por mais tempo, agora não passa das quatro horas.     

— Você poderia pegar alguma coisa pra eu beber? — perguntou Marly, indo até o sofá e ligando a TV. — Eu quero água. 

Sem pensar, fiz o que ela pediu.     

— Isso acontece com você?          

— Isso o quê? — Marly franziu o cenho.     

— Sobre o tempo do efeito estar diminuindo — lembrei, procurando ter paciência. E eu já sentia aquele maldito calor queimando o meu corpo.     

— Ah — ela bebeu um pouco do líquido que estava no copo e respirou fundo, muito calma —, não acontece, não.     

— É sério? — Fiquei surpresa e acabei sentindo mais admiração por ela. — Mas... como não? Como você consegue?      

— Deve haver alguma coisa de errado com você.

Rapidamente fiquei entristecida. É claro que o problema é você, sua idiota, o meu subconsciente acusou, e estava rindo de mim.      

— Vou perguntar aos meninos — pensei alto, olhando para as doses na minha mão.     

— Vai perder o seu tempo — ela falou rapidamente. — Conheço todos eles, são mais acostumados com a heroína do que você pode imaginar. 

— Então o que eu vou fazer? — perguntei, angustiada. — Assim as doses vão acabar mais rápido.  

— Não tem problema nisso.

Marly bebeu o resto da água e me entregou o copo.     

— Tem certeza?     

— Eu já falhei em alguma coisa com você?      

— Não…     

— Então fica calma, não precisa se preocupar.

Respirei fundo e sorri para ela.      

— Obrigada.     

— Louis ainda está bravo com você? — Marly foi para a cozinha e eu a segui, já desejando que fosse embora logo para que eu pudesse me picar.     

— Sim — respondi, cabisbaixa —, ele não é o mesmo desde a sexta.     

— Não se passa pela sua cabeça que ele pode ter cansado de você? — perguntou ela, enquanto comia as uvas que estavam sobre a mesa da cozinha.     

— Cansado de mim? — perguntei, despreocupada devido ao pequeno nível do problema. — Não acho que esse seja o caso. A irritação dele é porque me expulsaram por beber na escola.     

— Você está bem confiante com ele.     

— Ele me ama e não acho que está cansado de mim — falei, passando a comer as uvas junto com ela. — Louis logo vai voltar ao normal.     

— Claro, eu tenho certeza que sim. 

Ela sorriu e eu sorri junto.

O resto da semana foi parado como naquela quinta-feira. Só que eu fiquei bem, porque já tinha as doses que precisava. Mamãe ficou indiferente comigo, é claro, e, sempre que podia, dizia o quão irresponsável eu era. Até deixou de lado a tão esperada notícia que daria, deixando todos tensos. 

Arthur Roberts também tinha voltado a dar aulas na London Greenwich. Às vezes jantava em casa – e dormia. Ele parecia mais próximo de nós do que nunca e agia como o pai que todo mundo queria. Tiago ainda não tinha dado um sinal verde para que ele avançasse com a amizade, mas parecia estar se dando melhor com a ideia de que mamãe agora tinha um companheiro. 

Ele estava sendo o centro das atenções em casa, na verdade, porque mamãe o mimava e falava o quão orgulhosa estava dele. Era uma série de beijos e sorrisos que, às vezes, me dava enjoos. Eu evitava ao máximo estar perto deles, para não ver cenas como aquelas. A heroína ajudava bastante também, então eu simplesmente era boa em dar de ombros e ignorar tudo.

Contudo, devido ao que aconteceu na escola, mamãe acrescentou algo a mais no meu castigo: eu continuaria limpando toda a casa enquanto ela trabalhava. Não reclamei e nem me opus. Apenas assenti com a cabeça enquanto cobria os braços com as mãos, muito discretamente (porque a Sra. Hampton observava demais para acabar percebendo as marcas das injeções).     

— Vou à casa da Sra. Wells — disse a minha mãe, sem me olhar. Sra. Wells era a minha avó, a mãe do papai. — Não sei quando volto. 

Fiquei sozinha novamente com os móveis naquela tarde de sábado. Tiago não estava em casa, e Claire, que esteve ali hoje cedo, também foi embora. Assim, ao entardecer, pus um vestido meio curto, meia-calça e o meu tênis habitual. Deixei o meu cabelo solto e fiz uma maquiagem simples. Em seguida, peguei a sacolinha preta que eu usava para esconder os meus utensílios e depois saí de casa.

Era cedo, mas eu estava evitando ser impedida pela mamãe. Sair enquanto eu deveria ficar em casa aturando o castigo e a obedecendo tiraria uma boa parte da autoridade que ela tinha comigo. E aquilo não era nada bom.

Só que eu não queria ficar em casa enquanto Marly se divertia, então simplesmente aceitei quando ela perguntou algo como: “Por que não vem comigo? Sua mãe não vai precisar saber.” Eu tentaria voltar o mais rápido possível, mas sabia que estava fora de questão estar em casa antes que mamãe. Fiquei impressionada quando me vi dar de ombros com o pensamento. 

Eu estava encorajada a tudo. Louis não falava comigo e sequer olhava nos meus olhos, portanto ele não poderia discutir pela minha omissão. Jan estava do lado dele e era quase como se fôssemos desconhecidas. Assim como Louis, ela também não teria o direito de jogar pedras em mim. 




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