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História Friends - Louis Tomlinson - 068. Morta?


Escrita por: sunzjm

Capítulo 68 - 068. Morta?


Fanfic / Fanfiction Friends - Louis Tomlinson - 068. Morta?

JANE

Naquele dia, eu estava tão mal que não tive forças para sair da cama. Fiquei preocupada ao ponto de pensar em ir ao hospital, o meu bebê não saía da minha cabeça e eu estava com uma paranóia enorme de que ele poderia estar sentindo o mesmo. 

Jack ficou comigo o dia todo e vi que não se sentiu tão aliviado depois que ligou para o Dr. Wilkins – que lhe disse que eu só deveria me preocupar caso os sintomas piorassem. Jack transparecia um controle artificial e só segurava a onda porque não queria me desesperar. Ele perguntou se poderia dormir comigo naquele dia, mas achei melhor não, porque o que tínhamos (seja lá o que fosse) ainda estava no começo. E, mesmo que eu estivesse muito na dele, não queria mostrar que ele poderia fazer o que quisesse.

Vovó sugeriu apenas que eu continuasse deitada e que não me preocupasse com nada, porque era somente uma gripe leve e que ela passaria dali a cinco dias, no máximo uma semana.

Logo, fiz isso.      

— Espero que você não esteja sentindo o que eu estou sentindo… — sussurrei, fazendo cócegas na minha barriga. — Espero que esteja tudo bem aí dentro. 

Aqueles momentos em que a pessoa era atacada por uma gripe, ou por um resfriado, talvez uma intoxicação alimentar, ou qualquer coisa parecida, eram ótimos para uma reflexão. E isto porque se permitia pensar mais e analisar certos detalhes e coisas que geralmente as pessoas não davam bola. Portanto, acabei refletindo sobre a amizade – entre aspas – de Taylor Hampton e Marly Cooper. 

Eu continuava achando a mesma coisa: tinha certeza de que Marly estava envolvida com as encrencas que Taylor tinha aprontado e, principalmente, com a sua mudança de personalidade. Ninguém mudava do nada e sempre havia uma coisa por trás de tudo. O próprio Universo não foi criado do nada e a tal da causa e da consequência fazia muito sentido em qualquer situação.

Eu tinha uma leve impressão de que não poderia fazer nada, de que Marly tinha manipulado Taylor totalmente e feito uma lavagem cerebral intensa. Eu me sentia impotente e tinha medo de descobrir qualquer coisa. Aliás, eu não sabia se estava preparada para descobrir qualquer coisa.

Com certeza Marly queria algo. 

Primeiro ela teve um contato com Louis, depois seguiu com a história de que “não tinha amigo nenhum em Londres” – mas foi descoberta pelas coisas que Taylor tinha falado naquele dia após a sua saída pro tal pub –, e então seguiu (e estava seguindo) com a sua amizade com a minha melhor amiga, sendo altruísta, atenciosa e tudo o que alguém procurava.      

— Então — cheguei novamente à mesma conclusão, olhando para a minha barriga nua —, temos uma ladra de namorados, meu amor. Na verdade, ela ainda não roubou o Louis, e eu não acho provável que consiga. Mas e se ela...?

Os meus pensamentos foram interrompidos quando alguém entrou no quarto, me pegando totalmente de surpresa.           

— Parece até que você viu um fantasma — comentei, receosa. Era Louis, que tinha uma expressão nada boa. Senti medo de perguntar o que tinha acontecido, mas tentei não ficar paranóica como Taylor, portanto não perdi tempo ao querer saber. — O que houve?...     

— Ela... 

Louis não terminou a frase, o que me deixou mais tensa.     

— Sabe, eu estive pensando na minha teoria antes de você entrar — comecei, sem tirar os olhos dele. — Fiquei na dúvida em algumas coisas e eu espero não estar certa…     

— Taylor terminou comigo.

Logo me decepcionei.

Parecia uma ironia.

Fique calma, Jane, ele sequer tocou no nome da Marly, meu subconsciente tentou me confortar. Porém o meu alarme sensorial se agitou ainda mais, com frases medonhas e repetitivas...

Marly é o perigo.

Marly é o perigo.

Marly é o perigo.

Ela tinha a ver com aquilo e eu tinha uma certeza absoluta. Era tanta a certeza, que eu poderia ser capaz de entregar todas as minhas roupas, os meus sapatos e os meus cremes para apostá-los.     

— Que porra de história é essa?! — berrei, irritada demais com a situação, e logo me arrependi, afinal de contas, a minha garganta estava dolorida. Instantaneamente, pus as mãos envolta do meu pescoço, tentando de alguma forma melhorar aquela sensação desconfortável.     

— Ela contou alguma coisa? — perguntou Louis, passando a mão pelo cabelo. E ele parecia tão mal, tão triste e tão deprimido, que aquela pergunta soou como um pedido de morte. — Digo…, sobre estar decidida a fazer algo ou qualquer outra coisa estranha.     

— A nossa última conversa só mostrou que ela nunca seria capaz de pensar em uma coisa dessas, Louis — eu disse, perplexa. 

Acabei lembrando de mais outras coisas: da forma como ela defendia Marly Cooper e dizia que ela era a sua amiga; que não poderia se afastar, e da forma como ela ficou quando eu ousei achar que ela tinha traído Louis com Adrian.

Adrian...

Pensei nele.

Ele parecia muito feliz na escola, como se o mundo fosse colorido. E, mesmo que fosse gentil comigo, ele sempre acabava me olhando de um jeito desafiador. E a sua briga com Louis? As coisas suspeitas que disse, a certeza de que teria Taylor para ele, como se aquilo não passasse de um jogo; a forma como ela tinha ficado quando toquei no nome dele...

Talvez Adrian estivesse metido naquela história? Mas tive dúvidas novamente, porque Marly e ele não se conheciam, e a única vez em que tinham se visto foi no dia em que Louis e Adrian se pegaram aos socos na frente dos Hampton. Logo, me senti aliviada por aquilo não fazer tanto sentido.

Seria demais para a minha cabeça.     

— Mas ela fez — Louis interrompeu os meus pensamentos novamente e então passou a andar de um lado pro outro, atordoado —, e não consigo entender o motivo.     

— Quero mais detalhes — pedi, bastante incomodada com o fato de estar quente e dolorida. No entanto, busquei ignorar o mal-estar e prestei a total atenção nele. — O que ela disse?     

— Disse que o término é pro meu bem — respondeu ele, voltando a coçar a parte de trás da cabeça —, e que é o certo a se fazer.     

— Como assim?     

— Eu não sei!

Que papo era aquele de querer o bem dele, aliás? Eu não imaginava que a falta de autoconfiança em si mesma levaria Taylor a terminar o que tinha com a pessoa que amava. Ela não tinha ideia do quanto Louis a adorava? Do que ele seria capaz de fazer por ela? Que papo era aquele de que era o certo?! Desde quando alguém faz o certo quando impede o outro de ficar próximo de quem ama?

Ignorei a minha roupa, a dor no corpo e na garganta, o fato de estar quente, e então me levantei. Um vapor quente foi jogado no meu corpo, mas apenas fiquei de frente pro Louis.     

— Então tudo acabou? — perguntei, confusa.     

— Eu não concordei em terminar — disse ele, angustiado. — Eu percebi que não era o que ela queria. Qualquer um poderia perceber, Jan. Ela agia como se estivesse certa, como se aquilo fosse mesmo me fazer bem. Só que, depois de tudo, como ela pode achar que vai ser o melhor se me afastar desse jeito?

Sobre ela não querer terminar com Louis eu acreditei, e fiquei mais aliviada, porque todas as suspeitas sobre Adrian foram extintas. Mas, naquele momento, achar que um término faria as coisas melhorarem era demais. Eles eram o oposto um do outro, mas ao mesmo tempo tinham tantas coisas em comum... 

Taylor era apaixonada por ele desde sempre e sequer percebeu aquilo antes. Ela era mais lerda do que qualquer outra coisa, então como poderia chegar sozinha àquela ideia sem pé nem cabeça?     

— Acalme-se — eu pedi, e então respirei fundo. — Talvez ela estivesse com a cabeça quente. Talvez tivesse tido um pesadelo…, ou então está tão solitária naquele quarto que deve estar sofrendo de uma psicose.     

— Pra mim, ela parecia bem sã... e decidida — disse Louis, cabisbaixo. Então sentou na minha cama, apoiou os cotovelos nos joelhos e abaixou a cabeça. — Ela chorou o tempo inteiro, mas não quis um tempo pra pensar, porque disse que já tinha pensado demais.     

— Achei que estivessem bem de novo — comentei, triste. — Ainda não consigo acreditar que ela fez isso.   

— Talvez ela não me ame tanto quanto diz, estou começando a supor que era somente da boca pra fora — murmurou ele, fitando o chão meio empoeirado. — Não quero acreditar nas coisas que Adrian disse na London Greenwich, mas parece que ele previu exatamente isso. Olha só o que aconteceu, agora só me falta ver os dois juntos!      

— Louis, por favor — sentei ao seu lado rapidamente, porque foi impossível não se preocupar ao ouvi-lo falar de premonições —, não tire conclusões precipitadas. Adrian falou tudo aquilo para provocá-lo, ele não sabe de porcaria nenhuma.     

— Por qual outro motivo ela terminaria comigo?     

— Vamos considerar a ideia de que ela quer mesmo o melhor pra você, certo? — tentei confortá-lo, sem muito sucesso. Mas antes mesmo que eu terminasse de sugerir, ele já negava com a cabeça. — Não podemos dizer o que não temos certeza e não tinha motivos para que ela mentisse.     

— Não faz sentido.     

— Talvez faça sentido pra ela.     

— Mas... o que faria tão mal pra mim se continuássemos juntos? — perguntou ele, confuso. — Por que ela acha que eu seria feliz sem estar ao lado dela?

Taylor não estava sendo a melhor namorada do mundo e eu tive de alertá-la sobre o fato de correr o risco de perder Louis. Era como se ela esperasse que ele ignorasse o quão desligada ela estava sendo. 

E ela o amava, sim. Caso percebesse que estava fazendo mal a ele, iria querer mudar o que fosse preciso... Então talvez, na cabeça dela, ela estivesse se sentindo inútil, com aquela sensação de desmerecimento.     

— Já sei! — exclamei, me arrependendo logo depois de sentir a dor na garganta. — Acho que já sei qual é o problema. — Louis apenas me olhou, com aquele ponto de interrogação estampado na testa. — Sabemos que ela tem um sério problema de autoestima, inseguranças, paranóias e tudo o mais. Ela deve estar achando que você merece algo melhor do que ela. 

O único problema era que eu não sabia como ela tinha chegado àquilo. Ela estava desligada da maioria das coisas, então era difícil acreditar que estivesse pensando em besteiras após ficar sozinha com os próprios pensamentos.     

— Que merda — resmungou ele, levantando —, por que diabos ela não aprende de uma vez? Taylor deveria saber que isso não faz a porra de sentido nenhum pra mim, que eu não concordo em nada do que ela acha.     

— Você a conhece bem — eu disse, também levantando — e é claro que ela ama você. Eu sei que ama e não compreendo o porquê de você estar em dúvidas sobre isso. Ela não é muito boa em esconder o que sente, não é mesmo?     

— Então — ele pensou um pouco, parecendo mais acordado e confiante —, se ela acha que está fazendo o certo e que vai fazer o melhor pra mim, como vou fazê-la perceber do contrário?     

— Que tal se eu conversar com ela? — sugeri, voltando a deitar na cama e jogando os lenços de papel que estavam ali no chão.     

— Eu...

Olhei pra ele e então aquela depressão pareceu atingi-lo novamente.     

— O que foi, Louis?     

— Tenho medo de me iludir.     

— Olha, só relaxa — eu pedi, depois de um suspiro. — Não se preocupa com nada. Vou falar com ela amanhã e vou fazer o possível para que enxergue novamente. Não vou pra escola — avisei, jogando o lençol sobre o meu corpo todo, deixando visível apenas a minha cabeça e os braços. — Faz o possível pra se distrair, as provas deste mês estão chegando, por que não tira o dia pra estudar e fazer o que você gosta de fazer? É uma boa ideia, certo?, já que você realmente não parece estar se sen...    

— Por que vai faltar aula? — Louis me interrompeu e então pareceu perceber pela primeira vez os lenços de papel, juntamente com um prato sujo na mesa de cabeceira – que, no passado, era uma sopa de legumes que eu não consegui sentir o gosto –, um copo com água pela metade e um termômetro que vovó usou pela tarde. — Você está bem?     

Antes que eu dissesse alguma coisa, Louis já tinha se aproximado o suficiente para pôr a mão na minha cabeça, a fim de ver a minha temperatura.      

— Estou me sentindo quente, com frio e a minha garganta está péssima.     

— Já viu a temperatura hoje?     

— Sim, estou com febre — expliquei, fungando. Era como se o meu cérebro tivesse acordado e me lembrado de que eu estava doente e então foi tudo para eu me sentir bem pior, como se fosse morrer.     

— E o bebê?     

— O que tem?     

— Você falou com o seu médico e tudo o mais? — perguntou Louis, preocupado. — Isso não vai complicar nada na gravidez, ou vai?     

— Sim, eu...     

— Vai complicar?!     

— O quê? — E fiquei meio atordoada com aquilo. — Não, Louis, não vai complicar nada! O sim foi pra responder a sua primeira pergunta. Fique calmo, você está precisando descansar, é isso.     

— Você também, deve repousar, beber muit...     

— O Dr. Wilkins já me informou sobre tudo, mas obrigada. Você sabe que eu te amo e que não precisa se preocupar — eu disse, sorrindo. — Você parece bem pior do que eu, acredite.     

— Obrigado.     

— Vamos, vai descansar!

Assim, Louis assentiu, me deu um beijo na testa, um tchau e saiu do quarto. E eu não demorei para adormecer naquela longa noite. 

[…]

O dia seguinte foi menos pior, porque consegui levantar da cama sem sentir que o meu corpo iria quebrar assim que eu desse o meu primeiro passo matinal. 

Tomei um banho relaxante, lavei os cabelos e limpei o meu quarto. Aquele dia estava quente, o que me permitiu pôr apenas um shorts curto de algodão e uma regata que eu tinha comprado recentemente. Me alimentei melhor do que no dia anterior e observei a minha avó conversando com Marian, a minha mãe – alguém que eu preferia distância. Nem ela nem Leandra, a irmã dela, sabiam que eu estava grávida, aliás. 

E eu pretendia continuar com aquele segredo, caso contrário corria o risco de vê-las paradas na porta da minha casa, talvez com um sermão de bônus ou então com uma preocupação que eu sabia que não existia.

Meu pai eu sequer conhecia, portanto não me preocupava o que ele pudesse dizer ou achar. Pra mim, a única coisa que ele me era útil era na questão das finanças. Eu não sabia direito da história mas, pelo que vovó contou, Marian quase o colocou na cadeia por causa da Pensão de Alimentos. E eu só aceitava o dinheiro dele para ajudar nas contas de casa.     

— Oh, ela está aqui, sim — vovó assentiu, mesmo que eu negasse com a boca para que ela dissesse o contrário. — Está tomando o café da manhã. 

Ela simplesmente tinha esquecido do que Marian fez comigo. Vovó a perdoou e ainda tinha a ousadia de me pedir que fizesse o mesmo “porque era ruim guardar aquele tipo de emoção”.     

— Se eu posso passar pra ela? — vovó continuou e eu logo me alarmei. Voltei a negar, mas não tive sucesso. — É claro... Filha — ela pôs o celular contra o peito —, ela quer conversar com você.     

— Mas eu não quero conversar com ela! — exclamei, sem me importar em ser discreta. — Pode dizer isso.     

— Não há nada de mais nisso.     

Então vovó colocou o celular na direção do meu ouvido e eu fui obrigada a falar alguma coisa, apenas por obediência.     

— Oi — eu disse, indiferente.     

— Olá, Jan — a voz da Marian soou do outro lado da linha, fina e alegre, como se fizesse aquilo sempre.    

— Hum.

Eu já tinha falado com ela outras vezes, sim, mas era um papo muito pequeno – que quase não existia porque era como se ela falasse sozinha –, e, geralmente, pra me ver livre das perguntas que me mandava, eu sempre inventava alguma bobagem.     

— Tudo bem, querida?     

— Sim — resmunguei, voltando a mastigar a minha maçã.     

— Está com a voz estranha, pegou gripe?    

— Peguei, estou altamente infectada.     

— Não há remédios por aí?      

— É claro que tem — falei, muito óbvia —, mas eu não quero remédio nenhum. — Na verdade, eu tomaria sem problema algum, mas eu tinha um bebê dentro da minha barriga, portanto era uma solução descartada.     

— Então tudo bem — cedeu ela, como se desse de ombros. Deduzi que estivesse sem assunto – talvez tensa –, então logo comecei a pensar em uma desculpa pra passar o celular de volta para a minha avó. — Olha, andei conversando com a mamãe. Eu estava pensando em visitar vocês nas minhas férias, estou sentindo falta de vocês duas.     

— Ah, pode crer que eu estou sentindo tudo, Madian — eu disse, irritada —, menos a sua falta. 

A presença dela era tudo o que eu não desejava – realmente um pesadelo virando realidade. Em primeiro lugar porque eu não queria que ela se aproximasse de mim e tentasse se reconciliar; em segundo, porque eu pensava no bem-estar da minha filha e eu não queria que ela tivesse a companhia de uma pessoa tão desagradável e sem coração.     

— Jan, estou arrependida desde o momento em que deixei você — falou ela de repente, e então percebi que estava chorando. — Você não pode me culpar disso pelo resto da sua vida...     

— Ah, é? — debochei, um tanto alterada —, então não voltou pra me buscar por quê? Resolveu escolher aquele ogro nojento do que a mim.     

— Eu estava apaixonada por ele — disse ela, com a voz embargada. — Eu estava cega e não pensava em mais nada. Você não entenderia...     

— Eu nunca faria isso com a minha filha — eu disse do nada, sem me preocupar com o sentido subentendido das palavras. — Você não sabe o que é amor? Como pôde ser capaz de abandonar alguém que não teve culpa de nada? Um bebê… 

Eu faria de tudo pela minha filha. 

De tudo mesmo, apenas para que ela fosse feliz, para que tivesse tudo de melhor. Eu era mesmo incapaz de compreender o que a minha mãe teve na cabeça quando me deixou para ser cuidada pela minha avó. 

É claro que eu não odiava aquilo, porque vovó era uma das pessoas que eu mais amava no mundo, mas eu não teria coragem de abandonar um filho meu pelos cuidados de outra pessoa. Era algo muito simples de entender, mas parecia não fazer tanto sentido para Marian.     

— Já disse que me arrependo! — berrou ela, chorando ainda mais. Não senti um pingo de arrependimento por estar cutucando a sua ferida. Na verdade, eu me sentia bem. — Eu queria tê-la visto crescendo, dizendo a primeira palavra, tendo o seu primeiro namorado, mas...     

— É mesmo uma pena que tenha perdido tudo isso — falei, desinteressada. — Mas não vou perder um momento sequer, juro que não.     

— O que quer dizer com isso? — perguntou ela, confusa. Então aquela vontade de gritar que eu estava grávida veio, mas mordi a minha língua a ponto de sangrar.     

— Nada, só esquece. Eu vou sair — avisei, já me levantando e jogando o resto da maçã no lixo —, preciso ir à casa de uma amiga. 

Antes de ouvi-la falar alguma coisa, desliguei o celular e quase o joguei na parede. Eu estive prestes a explodir, quase falando sobre a minha filha, e era por isso que era bom que Marian se mantivesse longe de mim. Um estresse sempre me visitava quando eu ouvia falar no nome dela, parecia até que a minha raiva com ela tinha aumentado ainda mais, e eu tinha certeza de que era porque eu seria mãe.

Como ela pôde abandonar um bebê?!...     

— Ah, Jane… — ouvi a voz da minha avó, entristecida. Ela estava na porta da cozinha e de braços cruzados. Parecia decepcionada.     

— Não me olha assim! — pedi, mais irritada ainda. — Sabe que eu a detesto, mas mesmo assim continua me jogando pra cima dela, como se não houvesse nada de errado. Eu só quero esquecer que ela existe, entendeu?    

— Ela está querendo o seu perdão!          

— Eu não gosto dela — falei, com os dentes cerrados. — Você teria coragem de abandoná-la quando ela era somente um bebê?     

— É claro que não, mas...     

— Mas nada — eu a interrompi, andando até a pia para lavar as mãos. — Eu não posso perdoá-la por isso.   

— Marian era uma cabeça-dura, Jane, e não tinha consciência das coisas — defendeu vovó, depois de um suspiro. — Creio que eu tenho um pouco de culpa nisso. Eu não conversava com ela, não lhe dava conselhos, carinho...     

— Não se culpe, vovó, pelo amor de Deus — pedi, sem conseguir entender o porquê de ela defendê-la tanto. — Marian é quem é a culpada de tudo.

Vovó apenas me olhou, triste.     

— Acho que você só vai entender isso com o tempo — disse ela, e então suspirou mais uma vez, como se a casa estivesse pesando nos seus ombros. — É o que eu espero, na verdade.

Depois daquele estresse, saí para a claridade do dia com a minha garrafa de água na mão. É claro que eu não imaginava que iria ver uma das piores cenas de toda a minha vida. Eu poderia esperar qualquer coisa, como a batida de um carro na vitrine de uma loja. Eu poderia esperar um furacão levando consigo as paredes das casas, arrastando as árvores e os carros. Porém, eu nunca estaria preparada para algo como aquilo.

E quem estaria?

Nem se eu já estivesse com aquela ideia na cabeça ou a consciência de que aquilo poderia acontecer, eu ficaria em um estado de paralisia sempre que visse a mesma cena. 

Primeiramente, quando cheguei nos Hampton e vi Taylor, achei que não se passava de uma mera ilusão, de que o estresse da discussão com Marian foi tão forte que o meu cérebro tinha sido enganado. Mas, depois de olhar por tempo suficiente, depois de encaixar algumas peças rapidamente, vi que não era ilusão coisa alguma.     

— Taylor... 

Tentei continuar, mas estava bloqueada. Eu estava congelada, definitivamente, e o meu coração batia tão rápido que eu achei que poderia infartar. A garrafa de água já tinha caído da minha mão e eu sequer percebi. Os segundos corriam como balas e eu permanecia ali, completamente chocada. 

Achei que eu tinha perdido o controle das minhas pernas, então comecei a achar que eu estivesse tendo aqueles pesadelos nos quais você tentava andar, tentava se mexer de qualquer forma, mas não conseguia porque era como se o seu corpo fosse como chumbo.

Mas tinha um pequeno detalhe, porém, que eu odiava ter que afirmar: a certeza plena de que aquilo não era um pesadelo, de que ela estava mesmo deitada naquele chão com uma seringa enfiada no braço.

Por isso, de repente, um pensamento súbito e bem ruim invadiu a minha cabeça, pois ela poderia estar morta! Então os meus movimentos voltaram como se eu tivesse acabado de levar uma descarga elétrica.     

— Taylor! 

Corri até ela, me agachei e segurei o seu rosto. Eu realmente fiquei perturbada, afinal, ela estava branca como um papel, um inchaço jazia sob os seus olhos e ainda tinha a tal da seringa. No entanto, consegui me aliviar quando a vi abrir os olhos, devido ao meu contato físico envolta de seu rosto. Taylor piscou bem lento e tranquilamente para mim, parecia que tinha acabado de fazer uma viagem no Universo.     

— Merda... — balbuciou ela, impassível —, espero que você seja apenas uma alucinação.    

— O que você fez, Taylor? 

Notei que estava chorando quando as minhas lágrimas caíram sobre o seu rosto. Lhe soltei delicadamente e corri pro banheiro à procura de papel higiênico. Fui rápida ao voltar, tirei a seringa seca do seu braço e pus o papel sobre o furo que a agulha tinha feito, por onde saía um pequeno fluxo de sangue.

Eu chorava e tremia tanto, que mal conseguia enxergar e organizar os pensamentos. Logo lhe pus sentada e esta fez uma careta, como se estivesse com agonia. 

Fiquei atenta aos sinais que ela dava, porque eu não sabia o que ela realmente estava sentindo. Pra mim, parecia péssima, como se estivesse prestes a vomitar, mas eu não pude ter uma certeza, afinal de contas, havia um saco plástico no chão. E eu sabia o que poderia ser.

Eu sabia o que era, na verdade.

E tudo fazia sentido.

Tudo!...     

— Você está mesmo aqui, Jan — disse ela, apertando o meu braço sem muita força. — Eu estava tão mal com aquilo…, que esqueci de trancar a porta. Não era pra você ter visto isso. Não era mesmo... 

E eu não soube o que dizer. Eu ainda não conseguia acreditar direito que era verdade, que aquela garota naquela situação era a minha melhor amiga.     

— Por que fez isso? — sussurrei, angustiada. — Por que, Taylor?... — Então, sentei ao seu lado e deixei que a tristeza tomasse conta de mim.  


Notas Finais


Se eu gostei de escrever esse capítulo? Não, assim como outros mais a frente. Foi muito triste, principalmente quando vc se coloca no lugar da pessoa.

Eu espero que tenha tocado vcs como me tocou 🤷‍♀️, e vamo ver o que acontece daqui pra frente.

Depois de descobrir, vcs acham que a Jane vai dar conta de todo esse segredo? Ou que ela vai falar pra quem ama a Taylor a fim de ajudar ela?

Falem, pff 💙


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