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História Friends - Louis Tomlinson - 069. Viciada


Escrita por: sunzjm

Capítulo 69 - 069. Viciada


Fanfic / Fanfiction Friends - Louis Tomlinson - 069. Viciada

A minha opinião em relação aos viciados era muito clara: pessoas fracas. Eles se aprisionavam em algo que provavelmente seria a causa de sua morte. A sua falta de força em lidar com os contratempos do cotidiano, o seu comodismo, a sua preguiça; tudo aquilo me dava uma decepção enorme – às vezes até vergonha alheia. 

É claro que a pena também era uma das coisas que eu sentia ao lembrar deles em geral, principalmente daqueles que moravam nas ruas. Aquele sentimento de querer mudar alguma coisa era inevitável. Eu era incapaz de entendê-los. Para mim, todos estavam errados e os seus motivos não valiam de nada.

Durante os minutos em que permaneci sentada ao lado da Taylor, fiquei chorando. Procurei a calma, porque gritar com ela era tudo o que eu não queria (só o que eu tinha vontade). 

E era uma decepção tão grande, que eu sentia vontade de vomitar. Eu tinha a consciência das suas fraquezas e da necessidade que ela tinha de alguém quando os problemas a atacavam. Mas eu também conhecia a sua falta de coragem sobre determinadas coisas, da prudência que tinha quando queria, porque ela era inteligente o suficiente para saber o que aconteceria caso fizesse algo de errado.

Buscar se drogar para se sentir bem, porém, era uma coisa que eu não conseguia compreender de forma alguma, porque aquela era a minha opinião e cabia a ela também, mesmo ela sendo a minha melhor amiga. 

Logo, resolvi que eu não deveria agir como uma hipócrita, então levantei, limpei as lágrimas, respirei fundo, ergui a cabeça e falei:     

— Você precisa de um banho.

Rapidamente a ajudei a se levantar e andamos até o banheiro. Não me demorei ao ligar o chuveiro e apressá-la em tirar as suas roupas. Taylor quase ficou sem ar quando a água molhou os seus cabelos, então passei a mão no seu rosto e lhe dei algumas batidinhas.  

— Para com isso… — pediu ela, tentando sair debaixo da água fria. — Por que você está me batendo?    

— Consegue me ouvir? — perguntei, em alto tom, falando bem perto do rosto dela.     

— É claro — respondeu, confusa —, está tudo bem. 

Resmunguei algumas coisas durante o seu banho, enquanto jogava pedras em mim mesma por não ter percebido algo tão óbvio. O que adiantava eu saber que tinha algo de errado se eu sequer sabia o que era?

Após ajudá-la a se ensaboar e tudo o mais, peguei a sua toalha e a pus envolva de seu corpo. Só o que se passava na minha cabeça naquele momento era que precisávamos ter uma conversa séria. E eu não iria gritar, é claro, porque a minha garganta ainda não se encontrava em condições. Mas, se fosse preciso, eu poderia fazer aquilo sem problema nenhum.     

— Pelo jeito as coisas desandaram muito, não é, Taylor Hampton? — comecei, pegando a seringa esquecida no chão e os outros objetos que haviam ali. Joguei tudo em cima da cama e olhei para a garota de toalha, que me observava acompanhada de algo que eu deduzi ser o medo. — Porra, você mentiu! Esteve esse tempo todo escondendo drogas, enquanto Louis e eu achávamos que você estava doente, enquanto nós nos preocupávamos, enquanto procurávamos algum jeito de ajudá-la!... — joguei, deixando transparecer a minha perplexidade. Era impossível controlar as palavras depois de um acontecimento como aquele. — E não adianta fugir, garota, porque vamos ter essa conversa você querendo ou não, mesmo que eu precise amarrar você em uma cadeira.         

— Não era pra ter acontecido assim... — murmurou ela, com uma calma que só me trouxe mais raiva. — Não era pra você ter descoberto isso. Eu... estive evitando exatamente esse tipo de reação. 

E ela apontou para mim.

Fiquei indignada, é claro.     

— Puta que pariu! — Me arrependi de ter falado aquilo um segundo depois, porque a minha filha não merecia ouvir aquele tipo de coisa. — E você ainda diz que eu não deveria ter descoberto? E se eu não tivesse vindo aqui? E se eu não estivesse doente para não ir à escola? Continuaria omitindo na cara-de-pau, Taylor?     

— Você não entende — ela suspirou, abaixando a cabeça. — Não entenderiam se eu contasse. 

A teoria que eu pensei na noite passada logo surgiu na minha cabeça. Taylor realmente tinha escondido algo (algo muito sério), e Marly se encaixava naquilo muito bem. Claro que sim!           

— E quem entende? — perguntei, e então joguei uma verde: — Talvez Marly Cooper? 

Aquele olhar assustado apareceu em seu rosto novamente, como se eu tivesse tocado exatamente no lugar onde ela menos queria. A sua demora ao responder – ou a sua não resposta – foram tudo para que eu erguesse os braços e exclamasse um “eu sabia!”.     

— Será que você poderia ignorar o que viu aqui e fingir que nada aconteceu? — pediu ela, transparecendo um desespero. — Por favor...

Abri a boca, totalmente estupefata.    

— Ignorar? — revidei, quase sem ar. — Você por acaso ficou louca?!     

— Eu só quero que não se preocupem comigo — disse Taylor, passando a mão pelo rosto. — Não é o que parece, Jan. Eu estive mal antes, mas agora não mais.    

— Por isso terminou com Louis? — perguntei, ignorando as suas palavras. Logo uma tristeza se apoderou do seu rosto e eu me senti mal por ter que tratar do assunto daquela forma. No entanto, não fui capaz de parar as outras palavras, pois eu estava desesperada também. — Quer dizer que vai impedir a nossa amizade do mesmo jeito que fez com ele? Não vou poder mais vir aqui porque tudo o que você quer é o meu bem?     

— Sim! — Percebi os seus olhos marejarem e ela logo começou a chorar, silenciosamente. — Olha só a maneira como você está me tratando. Sequer… sequer sabe como eu me sinto ou o que eu realmente penso…, e já está falando comigo como se eu estivesse prestes a me jogar de uma ponte.     

— Mas é exatamente isso o que você está fazendo! — berrei, me aproximando mais dela. Eu queria explicar de uma forma mais clara, mas era muito difícil se concentrar em apenas uma coisa. — Me escuta — respirei fundo, ignorando o meu mal-estar —, você não pode fazer isso, entendeu? Puxa vida, Taylor…, nós sempre fomos tão unidos, sempre nos vimos e sempre conversamos; mais do que Louis e eu, você mesma sabe que isso é como uma regra. É algo que precisa ser seguido, uma coisa que tem que acontecer porque nós nos amamos e...     

— Precisei terminar com ele, Jane, e... eu não queria acabar com a nossa amizade também — Taylor apontou para nós duas —, mas estou vendo que vou precisar fazer isso. Você está grávida e não pode ter todas essas crises.

Resolvi voltar ao assunto Marly novamente, porque tive um breve pressentimento de que ela pusesse um ponto final ali de repente.     

— Foi ela, não foi? — joguei, após alguns segundos olhando para o seu rosto. — Foi ela quem trouxe as drogas pra você, que a fez pensar desta maneira totalmente errada, que a fez desobedecer a própria mãe e se meter em encrencas?     

— Não! — exclamou Taylor, e então diminuiu mais o espaço entre nós. — Ela não tem nada a ver com isso. Fui eu quem pensei nisso primeiro, que busquei as drogas para mim, assim como o resto de tudo o que você disse! Fui eu o tempo inteiro, e não tem mais ninguém envolvido nisso!...

Não acreditei nela.

Eu a conhecia bem demais para saber que ela não teria a curiosidade de provar algo desconhecido sem antes falar comigo ou Louis. Eu a conhecia o suficiente para saber que ela não chegaria a pensar naquilo tudo sozinha porque, se ela achava que sabia o que deveria fazer para “melhorar”, então como explicaria as vezes em que tentou se suicidar?

Um medo brotou em mim quando percebi o quanto Marly era persuasiva e manipuladora (e eu sequer era o tipo de garota que sentia medo). Ela tinha feito uma lavagem cerebral completa na Taylor, e ainda ganhou defesas como bônus. 

Logo fiquei ali pensando no que fazer, ou no que dizer. Taylor parecia muito decidida nas atitudes que tinha, mesmo que aquilo fosse lhe doer até a alma, portanto aquilo a tornava mais teimosa do que geralmente era. Consequentemente, tudo ficava bem mais complexo.     

— Podemos resolver isso de uma outra forma, minha amiga — falei, tentando não assustá-la com a minha ansiedade. — Com certeza devem haver outros jeitos… 

Para o meu alívio, ela pareceu levar aquilo em consideração. Ótimo!, eu tinha pensando, estávamos indo pelo caminho certo. Assim, peguei em seu braço e a puxei para que se sentasse na cama. Logo estávamos de frente uma para a outra.     

— Sempre pensávamos em várias opções antes de tomar alguma decisão, lembra? — continuei, limpando o seu rosto com o polegar. — Vamos agir com um pouco mais de calma. Louis não consegue entender por que motivo você fez aquilo, e nós três temos a consciência de que não era o que você queria.     

Ela concordou, triste      

— Não, não era.     

— Então me fala exatamente por que o fez… — pedi, bem baixinho —, foi por causa das drogas?     

— Também — confessou, me olhando nos olhos como eu queria. — Não estou sendo o melhor para ele, só tenho causando preocupações, dor de cabeça... e raiva.   

— Ah, Taylor... — suspirei, tendo aquele sentimento de pena e revolta. Marly Cooper realmente tinha pegado pesado, e eu estava disposta a dar na sua cara assim que a visse. — Todo casal tem esses momentos, e isso serve para que no final vocês percebam que, mesmo se matando, o amor é o sentimento que pesa mais, entende?     

— Não é exatamente assim, Jan — disse ela, com o olhar meio caído. — Ele foi perfeito comigo, me deu chances que eu não merecia, tentou me ajudar e me deu carinho. Mas tudo o que fiz foi não dar valor, como você mesma disse naquele dia. Eu só trouxe desgosto para ele. Agora tudo o que eu quero é que ele seja feliz... e, quando lembro do quão irritado ele ficou com as coisas que eu fiz, percebo que não é comigo que ele vai conseguir isso. Tenho certeza de que existem garotas melhores do que eu por aí, bem mais inteligentes e bonitas. Eu... 

Ela parou de falar para voltar a chorar mais uma vez e eu fiquei lá, com o coração do tamanho de uma ervilha.     

— Você está vendo tudo pelo lado errado — afirmei, frustrada. — Louis não desistiu de você, mesmo que você não estivesse sendo uma das melhores pessoas com ele, Taylor. Por que... 

Não fui capaz de entender. Pensei que entrando dentro da cabeça dela eu não continuaria tão confusa quanto antes, mas não.     

— Porque eu não quero que em um futuro próximo ele acabe tudo comigo por estar cansado demais — explicou, e então fitou as mãos. — Resolvi adiantar as coisas e... — ela parou e eu apenas esperei — ... e eu tinha uma leve impressão de que ele descobriria sobre as drogas mais cedo ou mais tarde. Tive medo de não ser compreendida.     

— Então me faça compreender...

Assim, ela me olhou e ficou confusa.     

— O quê?     

— Eu quero que me dê um motivo para eu entender o porquê de você estar injetando essa coisa dentro do seu corpo — expliquei, paciente. Minhas convicções não me deixariam entender nada do que ela dissesse, é claro (e eu continuaria achando que era errado), mas eu precisava saber exatamente o que ela pensava.     

— Você viu como eu fiquei mal quando o papai morreu — falou Taylor, devidamente triste. — Eu me sentia como se alguém tivesse arrancado um pedaço de mim. Fiquei perdida no tempo, tentando entender o porquê de Deus tê-lo levado daquela forma. Eu me sentia culpada por tê-lo abandonado por causa de uma simples preguiça de levantar do sofá e ir visitá-lo após mamãe ter pedido o divórcio. Me senti culpada por não ter expandido o nosso tempo. Era uma sensação horrível, Jan…, e eu pensei que nunca mais conseguiria viver normalmente sentindo aquele peso nas costas e a falta dele, então... 

Ela parou de me olhar e fitou o braço, que, pro meu horror, tinha uma camada dura de pele, acompanhada de furos causados pela seringa – que eu deduzi serem recentes.     

— Continua, por favor — pedi, como um sussurro.   

— Então eu encontrei uma solução, já que eu mal conseguia provocar a minha própria morte — e a sua voz soou amarga. — Eu me droguei e... foi como se uma porta tivesse se aberto para mim; como se Deus finalmente tivesse me olhado e dito que eu não merecia mais sofrer tanto daquele jeito.

Eu estava surpresa com o que ela me dizia, afinal de contas, imaginar Taylor pensando em uma solução como se drogar era impossível. Era o mesmo que ver um bebê órfão lembrando de onde tinha saído. E o pior era que, a única vez em que tínhamos falado sobre o assunto “drogas” em toda a nossa amizade, foi em um trabalho de escola, no qual nem um de nós prestou a devida atenção.

Logo, era novo demais pra mim.     

— Se você ou Louis usassem — prosseguiu ela, esperançosa —, saberiam do que estou falando. Você não quer experimentar?

Depois daquilo dito, percebi o quão insciente Taylor era, ao ponto de me recomendar uma dose de heroína. A situação era pior do que eu imaginava, e então me vi levantando da cama, pegando o celular no bolso do moletom e ligando para quem precisava saber daquilo mais rápido do que qualquer outra pessoa.

Louis. 



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