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História Friends - Louis Tomlinson - 070. Perplexo


Escrita por: sunzjm

Capítulo 70 - 070. Perplexo


Fanfic / Fanfiction Friends - Louis Tomlinson - 070. Perplexo

LOUIS

Tentei não perder a cabeça, afinal de contas, o que Jane disse ainda me dava esperança de que as coisas poderiam ser consertadas. E me esforcei muito para não pensar no que o imbecil do Adrian tinha dito quando discutiu comigo.

Eu estava com medo pois, mesmo com as palavras da Jan me confortando de que Taylor me amava, a insegurança ainda me atormentava. Eu não queria perdê-la. Eu não queria ter que ignorar o que eu senti pela primeira vez na vida. Eu não queria ter que me afastar da primeira garota que eu tinha amado nos meus dezenove anos. Era complicado demais e me tirava tanto do sério que eu sequer conseguia pensar em outra coisa.

O pior era lembrar da expressão dela, com aquela lamentação e todo o drama inevitável. Era como se ela estivesse decidindo ali mesmo que iria cortar as próprias pernas. Ela não estar fazendo aquilo, não queria terminar o relacionamento. E aquilo era a minha única garantia de que tudo daria certo. Por isso, eu precisava continuar calmo e paciente, entregando tudo nas mãos da Jane. 

O problema era que várias perguntas giravam na minha cabeça e eu tinha suspeitas de que aquela história de querer o meu bem se ligava a outra coisa que ela não tinha me contado. 

E não me contou por quê? 

Talvez por medo da minha reação? Mas o quão ruim aquilo seria? Eu nunca surpreendia ninguém, portanto Taylor poderia esperar o pior. 

Pensei duas vezes se iria lá após terminar o turno na escola. Não era correto forçar a barra (uma ideia tentadora) e ela também poderia estar pensando melhor no que tinha feito a nós dois. Por fim, resolvi não ir. Não toquei no celular uma vez sequer. Eu não sentia vontade de falar com ninguém, eu não queria conversar com ninguém, apenas com Taylor. 

Além do mais, eu estava tentando seguir o conselho da Jan, procurando ficar calmo. Liguei para saber se o meu carro estaria pronto na outra semana, como o seguro informou. Era só pra ter certeza (e algo pra fazer), e fiquei contente por ter a confirmação. 

As contas com Carl, o advogado que teve o carro destruído pela minha desatenção, já tinham sido resolvidas. Mamãe pagou, mas acabei tendo a minha mesada cortada. Ela tinha razão em fazer aquilo, mas eu não deixei de ficar chateado. Eu detestava andar sem dinheiro e, no quarto, me vi pensando em arranjar um emprego.

Com a cabeça cheia de pensamentos indevidos, acabei esquecendo que Marly iria na minha casa para começar as aulas de violão. Sua presença na apresentação da escola seria em novembro, portanto ela queria aprender a tocar logo, pois estava ansiosa pra receber outras instruções com os integrantes da banda, como ela mesma disse. 

Tive uma vontade enorme de despachá-la e pedir para que voltasse um outro dia, mas ela pareceu tão animada que eu simplesmente acreditei que aquilo seria bom pra me distrair do episódio de ontem. Logo, quando esta apareceu, já trazia o seu violão novinho em folha. Era um clássico de cor preta, como o meu.

Avisei que faria um chá pra nós dois e fui até a cozinha. Maggie estava ali e comia alguma coisa gordurosa. Não deixei de perceber o seu olhar cauteloso e desconfiado.     

— O que foi? — eu quis saber, incomodado.          

— Essa garota agora vive aqui, é?     

— Não acha que está exagerando? — Me encostei no balcão, depois de ter posto os sachês em duas xícaras, e esperei a água esquentar.     

— Taylor sabe que essa garota vem aqui?      

— É claro que sabe, elas são amigas — eu disse, muito óbvio —, acha mesmo que eu traria alguém que ela não conhece até aqui? Ainda mais uma garota?           

— Estranho — repetiu Maggie, com rugas entre as sobrancelhas. — Taylor não é muito sociável. Qualquer um consegue perceber isto, demorou quase uma semana para que ela me dirigisse uma palavra, você lembra? Parecia ter um casulo envolta de si. Achei que não tivesse ido com a minha cara.     

— É, eu lembro — falei, sorrindo ao relembrar de uma Taylor tímida (da minha Taylor tímida). — Entendo você ao estranhar que as duas sejam amigas, mas o que eu posso fazer? Elas realmente são.     

— Ela não me parece muito bem — comentou Maggie, pensativa. — Está tão magrinha e diferente...

Tive que concordar. Qualquer um que olhasse para Taylor suspeitaria de alguma doença, e fiquei mal ao pensar naquilo. Também me irritei com ela por ser tão teimosa e não ir ao Dr. Jimm. Tânia provavelmente achava que Taylor se encontrava daquela forma por causa da falta de um adulto em casa para preparar as refeições durante a sua viagem ao Canadá. E fazia sentido, mas agora ela estava de volta e Taylor continuava do mesmo jeito.    

— Ela vai melhorar — desejei, indo até o fogão e tirando de lá a água que eu coloquei pra ferver. — Ei, você andou no porão e mexeu no meu violão?     

— Eu precisava limpar os seus instrumentos… — Logo reclamei e então pus a água nas xícaras. — Mas qual é o problema? — perguntou ela, na defensiva. — Você diminuiu as suas idas lá e alguém precisava limpar aquelas coisas.     

— O problema é que você sempre dá um jeito de desafiná-lo ao tocar nas cavilhas — expliquei, depois de bufar. — Sempre tenho que fazer tudo de novo. 

Minha paciência naquele dia não estava uma das melhores, portanto, só de pensar em afinar o meu violão, minha cabeça começava a latejar. E não era só o meu, porque provavelmente o da Marly também estaria na mesma situação.     

— Ah, desculpa… — Maggie pareceu envergonhada —, eu não pensava nisso enquanto limpava.

Voltei pra sala de estar após ter preparado as bebidas e entreguei uma xícara para Marly. Deixei a minha sobre a mesinha de centro e avisei que pegaria o meu violão.     

— Tudo bem com você? — ela perguntou, assim que voltei e sentei no outro sofá. Fiquei indeciso entre falar a verdade ou entrar em modo robótico. Acabei dando de ombros. — Falei com Taylor ontem de manhã — disse Marly, e então deu um suspirou —, ela estava tão nervosa...     

— Estava? — perguntei, interessado.     

— Ela me disse o que faria, Louis… — confessou, abatida —, e sinto muito. — Não deixei de ficar surpreso. Eu tinha uma impressão oculta de que ela sabia do acontecimento, é claro, mas mesmo assim fiquei desconfortável.     

— Não tem nada decidido ainda — eu disse, após beber um gole de chá e tentando mostrar confiança. — Pelo menos não pra mim. 

Daquela vez, Marly pareceu ser pega de surpresa. 

— Como assim?

Expliquei tudo, sobre o choro, sobre Taylor ter dito que queria apenas o meu bem, e também falei das minhas dúvidas.   

— É bom pra você se preocupar logo com isso?   

— Não, mas é impossível de controlar.     

— Pelo que vi, ela estava bem firme ao dizer que terminaria — disse Marly, colocando a sua xícara sobre a mesa. — Não seria perda de tempo continuar insistindo em algo que ela não quer?     

— Que ela não quer? — Fiquei perplexo e a fitei. — Você não ouviu o que eu disse antes? Taylor fez aquilo porque achava que iria me fazer bem.     

— Ela não queria terminar, mas terminou.     

— Só que eu não posso aceitar — repeti (e aquilo também se repetia várias vezes na minha cabeça). — Não dá, ela vai estar fazendo mal pra mim e pra si mesma, isso é um fato.     

— Acho que Taylor não está preparada para um relacionamento sério e talvez ela tenha percebido isso — Marly suspirou, entristecida. — Ela está resolvendo as coisas da maneira que acha certa.     

— Mas não faz sentido nenhum!     

— As coisas podem ter mudado pra ela — deduziu, em um tom confortante. — Antes vocês tiveram uma relação de amizade, depois uma de namoro, então, obviamente, ela gosta muito de você, e é por isso que se sentiu mal em ter que terminar tudo.     

— Então por que o fez?           

— Talvez ela esteja... — Marly demorou pra continuar, parecendo indecisa. — Talvez ela esteja escondendo alguma coisa que provavelmente pode tirá-lo muito do sério. 

Rapidamente a fitei, confuso e interessado.    

— Escondendo alguma coisa?      

— Eu não sei, Louis. — Marly deu de ombros, derrotada. — Mas com certeza ela não terminou à toa.   

— Eu a amo — falei, depois de alguns segundos.   

— Sei disso — sussurrou Marly, então se inclinou e pôs a mão no meu ombro —, só que você precisa aceitar as decisões dela. Dê o tempo que ela precisa, Louis — aconselhou, enquanto a sua mão apertava o meu ombro levemente. 

E era até reconfortante.     

— Talvez seja isso mesmo — eu disse por fim, então a fitei mais uma vez. — Vou esperar e ver o que vai acontecer.     

— Tenho certeza que você vai conseguir lidar com qualquer coisa. — Ela sorriu pra mim e foi um apoio tão grande, uma confiança tão enorme, que quase não consegui desgrudar os olhos dela. Fiquei envergonhado e rapidamente tentei pensar em um outro assunto qualquer. Vi o seu violão parado ali e lembrei do motivo pelo qual ela tinha ido me visitar.      

— Temos que começar, me passa o seu violão…

Apontei pro instrumento e, assim que ela o entregou pra mim, passei a afiná-lo, sem deixar transparecer o meu constrangimento.

Tivemos, no máximo, uma hora de aula. Ensinei à Marly os acordes básicos em um bloco que tinha ali perto e ela parecia bastante atenta e disposta a aprender tudo em um dia.

Acabei lembrando de algo que Jane falou (sobre a Marly estar interessada em mim), quando a peguei me encarando com uma concentração tão grande que me deixou desconfortável. Talvez ela estivesse mesmo interessada, mas não fiquei preocupado, porque eu já tinha deixado claro o que eu sentia. Ela era inteligente e eu tinha certeza de que sabia qual era o seu lugar ali.

Depois que a ensinei e dei algumas dicas, conversamos sobre a escola em que ela iria se apresentar. Marly acabou me avisando que a pequena Carly iria embora no final de semana e que a Sra. Williams a acompanharia. Fiquei meio desanimado, já que conversar com Carly outra vez era uma das coisas que eu queria.

No silêncio estranho que se seguiu, Marly sugeriu que eu tocasse alguma música – na verdade, ela implorou quando viu a minha hesitação. Acabei cedendo, dei de ombros e toquei Robot, imaginando que ela não a conhecesse. 

Assim que comecei a cantar, no entanto, ela cantou junto comigo. Sua voz era bonita voz, realmente se destacava, era suave e boa de se ouvir. Até Neil apareceu do nada ali e ficou a encarando, mesmo que estivesse apenas a fim de intimidá-la.     

— Ah!, eu odeio gatos — exclamou Marly, assim que o percebeu parado ali perto. — Odeio mesmo, Louis.

— Taylor os adora — eu disse, mecanicamente. Só depois é que fui perceber o que tinha dito. — Hã…, Neil é dela, na verdade.     

— Eu os detesto porque... porque tenho alergia. Enfim — Marly se levantou e pegou o seu violão rapidamente —, vou estudar os acordes em casa. Não esqueça que vamos fazer isso novamente na quarta, 'tá bem?     

— Claro — também levantei e a acompanhei —, não vou esquecer. — Ela acenou com um sorriso enorme e seguiu o seu caminho. Soltei um ar que não sabia que estava segurando e voltei pra sala de estar. 

Logo lembrei do meu celular e me senti tentado a ligá-lo. Eu sabia, contudo, que aquilo só aumentaria a minha ansiedade. Eu estava curioso, sim, para saber o que Jane tinha conversado com Taylor, mas resolvi esperar pelo outro dia. O conselho da Marly também era uma boa ideia, portanto Taylor teria o tempo que precisasse.

Fiquei sem o que fazer.

Eu não tinha concentração o suficiente para assistir séries ou o jornal local; o violão e os meus outros instrumentos não me chamaram tanta atenção, porque eu não me sentia tão criativo para cantar e tocar; Maggie também não parecia ser uma boa ideia pra passar o tempo – pois ela ainda me lançava olhares estranhos. Portanto, como nos velhos tempos, decidi tomar um banho e vestir alguma coisa pra sair. 

Me vi pegando um transporte público e indo direto para a casa do Daniel, um amigo que fez parte do mesmo grupo que eu quando saíamos para nos divertir em quase todos os finais de semana. Lembrei que realmente era divertido e natural. Todos os cinco tinham o seu espaço. Era o que eu precisava, mesmo estando em um estado deplorável.

Eram apenas cinco da tarde quando eu apareci lá e ele ficou tão surpreso que eu acabei rindo. Sendo o amigo que era, percebeu como eu estava e, rápido como um flash, pegou o celular para chamar os outros. Assim, quando anoiteceu, já estávamos de volta a um pub do qual frequentávamos no passado, e eu não pensei duas vezes antes de encher a cara.  

[…]

Eu sequer lembrava de como tinha chegado em casa, nem muito menos a hora. Tudo o que eu tinha como lembrança eram flashes rápidos, quase vazios. Havia bebida, barulho demais, risadas e correria.

Mas não liguei para o que eu tinha feito ou deixado de fazer. E isto porque a minha cabeça doía tanto que eu sequer era capaz de abrir os olhos. Havia também uma maldita sede e uma horrível vontade de botar tudo pra fora – desconfiei até que eu vomitaria se tomasse pelo menos um copo de água.     

— LOUIS, ACORDA!

A minha cabeça pulsou tanto depois daquele berro, que eu achei que ela iria mesmo explodir. Gemi de dor e pus o travesseiro sobre a cabeça. Eu não estava nem um pouco arrependido, aliás, porque não foi ruim sair e se divertir. Eu estive precisando daquilo, passar um tempo com pessoas que não sabiam direito o que eu pensava e o que tanto me preocupava; pessoas que simplesmente seguiam com a vida do jeito que ela estava, buscando rir com pequenas coisas, mesmo que aquilo fosse imprudente. 

Eu não fiz nada de errado, mas era uma pena (realmente uma pena...) que aquela sensação de leveza tivesse ido embora.      

— Você dormiu de sapatos, eu não acredito nisso — a voz da Maggie soou abafada e senti os meus pés mais leves. — Mas o que deu em você? Achei que estava com a Taylor e não enchendo a cara com um bando de desocupados. — Permaneci calado, desejando que ela achasse que eu estava morto e finalmente me deixasse em paz, sozinho com o meu mal-estar. — E ainda perdeu aula... — continuou, decepcionada. — Tentei acordá-lo, mas você tinha virado uma pedra.     

— Maggie, cala a boca, por favor — implorei, apertando o travesseiro. Rapidamente também senti a minha cabeça mais leve, como os meus pés, e logo o lado direito do meu corpo abaixou alguns centímetros.   

— Você vai levantar e tomar um banho de água fria — exigiu Maggie, mas eu logo senti a sua mão acariciando o meu cabelo —, ou então não vai conseguir sair da cama hoje.     

— Não estou bem pra levantar.     

— Jane ligou pra cá hoje cedo — avisou Maggie de repente, e aquilo foi o suficiente para me despertar. — Acho que ligou a tarde inteira, na verdade, mas ontem eu estive muito ocupada pra ouvir o telefone.     

— O que... ah, merda! — xinguei e pus uma mão na cabeça, me arrependendo de ter levantado bruscamente para me sentar. Eu tinha esquecido do quão ruim era estar de ressaca. — O que a Jan disse? 

Lembrei também que mais uma vez eu tinha lhe dado um bolo sendo um irresponsável, porque era eu quem dava carona a ela pra escola. E mais: me recordei que ela tinha falado com Taylor e, possivelmente, tinha notícias. 

Notícias que poderiam ser boas ou ruins.     

— Jesus, você está cheirando a bebida!     

— Será que você poderia parar de gritar e me dizer de uma vez o que a Jane falou? — pedi, muito impaciente. — E pode também pegar uma aspirina?     

— Ela só disse que, assim que você chegasse de onde quer que estivesse, era pra ligar de volta — informou Maggia, levantando. — Era uma urgência. 

Quase bati em mim mesmo por ter ignorado completamente o celular. No fundo, eu sabia que era uma má ideia. Fiquei irritado por seguir o conselho da Jane, ela mesma foi a culpada daquilo.

Maggie então voltou antes mesmo que eu percebesse que ela havia saído. Segurava dois copos: um de água e um outro com leite. E, do bolso da calça, tirou uma cartela de comprimidos.     

— Obrigado — resmunguei, irritado com a minha própria imbecilidade. Como se fosse pra concretizar a minha tolice, assim que senti o cheiro do leite – que eu mal conseguia explicar –, uma ânsia surgiu em mim e eu me vi pulando pro banheiro, a fim colocar os meus órgãos pra fora. E eu sequer fui rápido o suficiente pra chegar na privada, então cuspi tudo direto na pia.   

Eu estava meio tonto, mas resolvi tomar um banho. Assim, depois de estar sem aquele cheiro de álcool, repousei na cama, enquanto Maggie usava as suas habilidades de mãe – já que a minha não estava por perto – pra fazer eu me sentir melhor.     

— O que mamãe falou?      

— Ela achava que você tinha dormido na casa dos Hampton, então não se preocupou — respondeu Maggie, dobrando roupas dentro do meu armário.     

— Ótimo.

Acabei dormindo pelo resto do dia, depois de tomar a aspirina e o leite que Maggie trouxe. Ao acordar (depois das doze), me senti melhor. A dor de cabeça já tinha ido embora, juntamente com as tonturas, e a única coisa que ainda me incomodava era o desconforto na barriga.

Assim que levantei e fui direto pra cozinha com o celular na mão, percebi que o que eu tinha era fome. Me enchi com o que tinha ao meu alcance e mandei uma mensagem para Jane, afinal de contas, àquela hora ela já tinha chegado da escola. Fiquei receoso ao receber a sua resposta dois minutos depois.

Onde esteve?! Quando mandei relaxar, não me referi ao fato de que ignorasse todos os meios de comunicação! Preciso conversar uma coisa muito séria sobre a Taylor, será que poderia vir até a minha casa?”

Não me demorei ao fazer o que eu tinha que fazer no banheiro e tomei um outro banho. Vesti um jeans, uma camisa, um casaco e o meu tênis, logo depois segui apressado para a casa da Jane, sem saber o que pensar. 

Na verdade, eu estava com medo de saber o que ela queria falar sobre a Taylor. Percebi o nervosismo nas palavras que ela digitou – dava pra ver que não era uma boa notícia –, e respirei fundo antes de entrar. 

Vi que as minhas mãos suavam. Eu estava tenso, mas falei pra mim mesmo que, fosse o que fosse o que Jane diria para mim, eu iria aceitar e tentar me controlar.

Eu a encontrei na cozinha com uma caixa de lenços de papel Jack também estava lá e os dois pareciam ter acabado de almoçar – por causa dos pratos sujos e dos copos secos.      

— Ah, Louis... — Jan suspirou, entristecida. Sua voz estava anasalada e eu não soube dizer se era por conta da gripe ou porque parecia ter acabado de chorar. — É realmente um desastre.     

— O quê? 

Fiquei mais apreensivo ainda. Então, naquele momento, um perfume doce surgiu no ar e a avó dela apareceu, toda arrumada e avisando que iria ao supermercado. Cumprimentei-a com o melhor que eu pude de um sorriso e depois ela saiu, nos deixando à sós.     

— Ela não sabe, acha que estou chorando por causa dos hormônios — sussurrou Jane, e eu continuei com um ponto de interrogação na testa, sem saber o que dizer. — Eu preferi não falar nada.     

— Não falar o quê?     

— Diga de uma vez, Jane — Jack se intrometeu, percebendo a minha impaciência. Jane chorou ainda mais e eu fiquei mais preocupado ainda. — Taylor está viciada em drogas, Louis..., é isso — ele falou de uma vez, então um silêncio surgiu e os dois me olharam, ansiosos. 

Fiquei atônito ao processar aquelas palavras, na verdade. Depois surgiu a perplexidade, porque o que ele tinha falado era mais do que a minha imaginação poderia ir. 

Jane então arquejou e se levantou para ficar à minha frente. Eu a fitei, lançando um olhar que exigia uma explicação, mas ela apenas negou com a cabeça e se esforçou pra parar de chorar.     

— Que papo é esse? — perguntei, desesperado.   

— Ontem pela manhã eu fui até lá. Eu disse pra você que conversaria com ela, que a faria enxergar o que estava fazendo — Jane falou rapidamente, muito nervosa  —, mas...     

— Mas o quê?!     

— Mas quando cheguei lá, encontrei a Taylor caída no chão e com aquilo no braço, Louis! Eu… — Me desesperei ainda mais ao ouvir aquilo, então fiz um barulho para que ela ficasse quieta e parasse de falar. Vamos com calma, eu não precisava de tantos detalhes. Pus as mãos na cabeça e fui para perto da pia, tentando organizar as ideias.

Aquela aparência, a sua perda de peso, o mal-estar, as saídas, o grupo que conheceu naquele lugar…, e as crises que teve na minha frente?! O fato de que queria o meu bem, de que seria o melhor pra mim… Como eu não fui capaz de ligar uma coisa a outra?      

— Jack tinha pensado nisso antes, mas não me falou nada! — acusou Jane, desolada. — Ele viu como ela estava e foi a primeira coisa que veio na cabeça dele. Ele conhece pessoas que fazem o que ela faz, mas resolveu ficar calado!     

— Eu já pedi desculpas — disse Jack, também abalado. — Tenho certeza que, se eu falasse o que eu pensava, se eu insinuasse qualquer coisa do tipo!, você riria de mim ou então me bateria com um sapato.

Eu estava em conflito e não conseguia imaginar Taylor – a Taylor que eu conhecia – fazendo aquele tipo de coisa. A verdade era que eu não queria acreditar, porque era difícil crer naquilo sem ver o que Jane disse que viu. 

O pior, no entanto, era que estava tudo muito claro, como as atitudes que Taylor teve. A vez em que se trancou no quarto quando passou mal e, depois, como apareceu bem melhor do que antes, inventando algo indiscutível como mentira.

Eu fui completamente cego, sabia que alguma coisa estava errada porque aquilo sim estava na cara, mas como alguém que a conhece tão bem poderia imaginar que ela fosse capaz de fazer algo como aquilo?

— Você tem certeza do que viu? — eu perguntei, quase sem voz. Eu explodiria caso não tivesse a certeza absoluta. — Tem certeza mesmo?

— Tenho, Louis, é que claro que eu tenho — sussurrou Jane, decepcionada. — Conversei com Taylor o dia todo depois que a encontrei naquele estado, depois que a fiz entrar debaixo do chuveiro. Achei até que estivesse anestesiada, incapaz de sentir alguma coisa. Ela me disse que aquilo não deveria ter acontecido, sobre eu ter chegado lá e a visto com a seringa. Ela esqueceu de trancar a porta e... meu Deus, Taylor estava tão drogada que, quando me viu, pensava que estava alucinando...     

— Para! — mandei, e então respirei fundo.      

— Você não acredita em mim?      

— Sinceramente, é o que eu quero — confessei, entredentes. — Quero achar que você está louca; que, por causa da gravidez, está vendo demais. Mas... tudo me parece tão óbvio que eu estou me sentindo um imbecil agora. Faz tanto sentido…, e eu fui um estúpido.     

— Olha, nós não temos culpa disso — ela tentou me confortar. — Era uma questão de percepção e de experiência. Nunca tivemos contato com esse outro mundo, então não temos culpa de nada, entendeu? Nós não temos culpa de nada!     

— Por isso ela terminou comigo…

E a minha cabeça estava à mil, como se vários neurônios estivessem se conectando ao mesmo tempo. Era um choque grande demais.     

— Tenho certeza que sim — respondeu Jan, sem perceber que eu falava sozinho. — Ela morreu de medo quando eu falei que não poderia deixar de contar pra você e implorou para que eu não fizesse isso. Ela realmente estava desesperada, mesmo que de um jeito meio calmo e estranho.     

— Tenho que ir até lá — falei, já saindo do cômodo. Eu queria que Taylor falasse aquilo pra mim. Eu queria ver se ela tinha a coragem e a ousadia, como a que teve ao se injetar. Eu queria vê-la novamente e entendê-la, queria saber por que diabos ela tinha feito aquilo consigo mesma e com todos nós.    

— Vou com você, Jack vai nos deixar — disse Jane, e não recusei apenas porque precisava chegar logo até lá. 

A viagem demorava menos de dez minutos e, quando vi, já estávamos nos Hampton. Antes mesmo que eu subisse a escada, vi Marly descendo a mesma. Quando nos viu, ela arregalou os olhos. Acabei lembrando que ela conhecia o tal grupo que veio deixar Taylor em casa, e eu tinha certeza – porque não pensei naquilo antes – que aquele grupo poderia ser um bando de viciados, ao qual Taylor poderia ter ido se encontrar quando saiu aquelas vezes. 

Me senti traído ao pensar naquilo, só que, antes que eu pudesse falar alguma coisa, Marly olhou para todos nós e começou a chorar.  



Notas Finais


Será que vão descobrir finalmente que a Marly tem a ver com toda a coisa?!!! Digam o que acham, é importante 🎈🍓🍎


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