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História Friends - Louis Tomlinson - 077. Drogas ou...?


Escrita por: sunzjm

Capítulo 77 - 077. Drogas ou...?


Fanfic / Fanfiction Friends - Louis Tomlinson - 077. Drogas ou...?

LOUIS

— Não…, você não pode estar falando sério — disse ela, se afastando de mim. A sua reação não me surpreendeu, na verdade, porque eu já esperava por aquilo, e também sabia que poderia não ter um bom final.     

— Eu nunca falei tão sério na minha vida.     

— Você não pode me pedir isso! — exclamou Taylor, se aproximando de mim bruscamente. Achei até que iria me agredir. — Não pode!     

— Eu tenho medo de perder você e é por isso que você precisa entender o que eu estou pedindo — falei, muito sério. Eu estava desesperado à procura de compreensão. Desesperado mesmo. — E, mesmo que não voltássemos, eu não poderia deixar que você se matasse aos poucos. Eu com certeza faria qualquer coisa para fazê-la parar, de um jeito ou de outro, sem o seu consentimento ou não. Eu quis resolver o que seria de nós dois e não vi outra opção a não ser esta. Aproveitar a oportunidade de…     

— De me fazer escolher entre as drogas ou você? — ela me interrompeu, quase sem ar. E parecia mais chocada do que qualquer coisa.     

— Sim, e estou confiando no que você sente por mim — continuei, decidido, mas depois fiquei mal ao sentir que eu ainda estava receoso.     

— Isso o que você está fazendo é golpe baixo — ela disse, frustrada. — Eu não posso escolher. Não é uma coisa que se pode escolher.     

— É claro que é, eu tenho certeza de que, depois de tudo o que Jan, Jack e eu dissemos, você tem que estar pensando de uma outra forma sobre o que está fazendo consigo mesma — falei, preocupado. — Não pode continuar achando que está fazendo o certo, Taylor.     

— Eu não posso parar, você não entende?     

— E eu não posso deixar que você continue se drogando como se fosse a coisa mais normal do mundo, porra! — quase gritei, já me exaltando. — Seja sincera comigo, qual o motivo pra esse ferimento ter aparecido aí no seu rosto?

Ela se assustou e virou de costas.    

— Eu caí — respondeu, parando de chorar bruscamente. — Andei sem prestar atenção na rua e acabei tropeçando em uma pedra. Você sabe o quanto eu posso ser desastrada.     

— Para de mentir! — mandei, a puxando pelo braço para que me olhasse. — Eu disse pra ser sincera comigo, me diz agora o que realmente aconteceu.     

— Não…     

— Taylor…     

— Não!

Ela se soltou de mim e se afastou, agitada. Me aproximei da sua penteadeira, peguei na pequena chave que ficava escondida sob uma caixinha preta decorada e depois a abri, sem me importar em bisbilhotar. O certo seria que tivesse algum dinheiro ali, mas não havia nada.  

— Para de olhar as minhas coisas, Louis! — Senti as suas mãos puxarem o meu braço, mas me mantive rígido e não saí de perto da caixinha.     

— Aqui não tem um centavo sequer — eu observei, sério. — Você disse que não tinha tocado no seu dinheiro para as doses, então onde ele está?     

— Usei pra outra coisa.

Mas é claro que ela não me encarou de volta.     

— Você acha que eu sou idiota? — joguei, irritado com a ousadia que ela tinha de continuar mentindo. — Eu estou falando sério, Taylor Hampton, se mentir mais uma vez…     

— Tudo bem! — cedeu ela e então hesitou ao me contar o que havia feito. — Eu tinha usado a última dose hoje, então saí pela manhã pra comprar mais.     

— Isso já estava na cara — resmunguei, depois de bufar —, mas o que foi isso? — Apontei para a sua bochecha, me preparando psicologicamente para o que ouviria em seguida.

Ela olhou para as mãos e fungou.      

— Havia uma mulher perto do ponto de drogas, mas eu não a vi, então acabei esbarrando nela e derrubei o cigarro que ela tinha comprado minutos antes. Não foi culpa minha, eu juro. E eu sequer tive tempo de correr, depois...     

— Depois ela tentou quebrar a sua cara?     

— É — Taylor assentiu, envergonhada —, e então ela me ameaçou. Eu vou ter que tomar mais cuidado quando voltar outras vezes.     

— Voltar? — Eu ri daquilo, sem achar a menor graça. — Acha mesmo que eu vou deixar que você volte naquele lugar?     

— Eu preciso — falou ela, alarmada.     

— Você não entendeu o que eu disse antes? — perguntei, muito claro. — Eu não vou deixar que você continue fazendo isso. Olha só pro seu rosto. Como foi que você se livrou dela, afinal?     

— As amigas dela…     

— Viu só? E se elas não tivessem chegado lá, Taylor? — questionei, com uma dúvida falsa. — O que aconteceria com você?     

— Eu vou tomar cuidado da próxima vez que eu for — repetiu ela, mas a sua voz estava trêmula e indecisa.     

— Não vai ter próxima vez.     

— Você não pode me impedir de nada, já falei.   

— Também falou que me amava, mudou de ideia?  

— Para de duvidar dos meus sentimentos — pediu Taylor, enquanto me batia. — Eu amo você, mas não posso parar de me picar!     

— Taylor — respirei fundo e passei a mão pelo rosto, quase sem saber o que falar —, você só tem entre parar ou parar. As suas opções são essas.     

— E o que faria se eu dissesse que não o amo? 

— Eu faria a mesma coisa, é óbvio.     

— Mas e todo aquele papo de escolha?     

— Eu estava tentando ser democrático — respondi, sincero. — Acha mesmo que eu não pensei no fato de que você poderia me mandar ir embora? A questão é que a sua escolha não teria diferença alguma nas atitudes que eu poderia tomar. Você não tem apoio e isso facilita pra mim.     

— Mas…     

— É pro seu bem, não sou o seu inimigo.     

Taylor começou a chorar novamente e passou a andar de um lado para o outro, muito nervosa e amedrontada.     

— Olha, eu não sei o que você quer dizer — disse, pensando em alguma solução —, mas não vai adiantar, Louis, e eu já disse que você não pode me impedir de fazer o que eu quero.     

— Eu posso.     

— Louis... — Ela parou e me olhou, desesperada. — Ouça, por que não tenta me entender?   

— E por que você não tenta me ouvir? — perguntei de volta. — Tudo seria bem mais fácil se você seguisse o nosso conselho, se deixasse de ser tão teimosa e parasse de ser manipulada por aquelas pessoas.     

— Não há nada de errado no que estou fazendo, pelo amor de Deus...  — sussurrou ela, deixando os braços caírem ao lado do corpo. — Eu estou muito bem. Não é o que parece, mas é a verdade. Se eu não encontrasse essa solução, não sei o que teria feito. Você viu que eu não aguentava mais aquilo, viu o que eu tentei fazer, você... você viu o jeito como as coisas estavam.   

— Isso não é uma solução!     

— Mas eu me sinto bem de qualquer forma!   

— E vai ficar aprisionada pra sempre? Vai ter que usar algo pra sobreviver? Que merda de vida é essa? — joguei, quase sem controle. — Quando o efeito acabar você só vai se sentir tão pior quanto o dia em que perdeu o seu pai, sabia?, e novamente só estará “bem” quando se drogar novamente. É um ciclo que vai acabar na pior coisa que você imaginar.     

— Eu...

Ela parou a si mesma e pareceu sem palavras.

Me agarrei ao fio de esperança e continuei:     

— Eu não estaria desesperado se não visse que vai prejudicar você. — Deixei transparecer uma falsa calmaria, a fim de tê-la mais perto de mim. — Você vai entrar em algo que não vai poder sair depois caso não aceite ajuda agora.

Ela me olhou, ainda chorando, e pareceu pensar. Mas então, lentamente, foi negando com a cabeça. E eu murchei com o fracasso.     

— Eu não posso — sussurrou, triste.      

— Vou dar mais duas opções: ou você resolve parar por conta própria, ou então eu vou ter que trancá-la no quarto até que esteja livre disso. — Taylor me olhou como se me desafiasse, mas depois pareceu perceber que eu falava sério. E então a sua expressão mudou para a perplexidade. — Acha que eu não posso, Taylor? — perguntei, lentamente. Depois virei as costas pra ela e, bem rápido, cheguei até a porta.     

— Louis... — Taylor parou o seu choro bruscamente e andou alguns passos na minha direção, apressada demais em fazer alguma coisa. — Espera um pouco…     

— O que você escolhe? 

Eu esperava que ela tivesse bom senso.     

— Mamãe não deixaria que me trancassem…   

— E ela também não iria gostar nada se soubesse que a filha dela está viciada em drogas — lhe interrompi, tentando ser persuasivo.     

— Vocês não podem…     

— Acredite, eu posso convencer a sua mãe e qualquer pessoa no mundo de que isto é o melhor, sim — eu falei, pegando na chave que estava na fechadura. — Você sabe que eu posso.    

— Espera!...     

— Mudou de ideia? — perguntei, ansioso.     

— Tudo bem, Louis — disse Taylor, então desviou o olhar de mim para fitar as mãos, respirou fundo e enfim decidiu: — Eu vou parar de usar as drogas... 

Fiquei muito decepcionado, mas não falei nada. Esperei até que ela olhasse pra mim de novo. Quando aquilo aconteceu, eu disse:     

— Eu sei quando está mentindo.

Pus toda a confiança em mim mesmo – antes que eu mudasse de ideia – e abri a porta. Rapidamente saí do quarto e tranquei a porta sem pensar duas vezes. Eu não esperava que estaria mesmo fazendo aquilo, mas eu tinha me preparado para o caso de ter que fazer.     

— Louis, você não deve estar levando isso a sério! — a voz da Taylor soou abafada, e logo ela estava esmurrando a porta. — Abre isso agora!     

— Não, eu vim aqui decidido a fazer o que fosse preciso! — gritei de volta, mas estava mais calmo do que ela —, e você deveria aproveitar esse tempo pra pensar.   

— Eu não quero pensar, eu sei o que eu quero, porra!... — Resolvi não responder de volta, afinal de contas, aquela discussão provavelmente não iria parar, mas Taylor continuou batendo na porta. — Louis, cadê você?! Abre a porta ou eu vou gritar até que alguém chame a polícia!     

— O que está acontecendo? — uma voz familiar ecoou do meu lado direito, depois vi Jane. Ela já estava ali antes, mas tinha resolvido deixar que eu falasse com Taylor sozinho. A garota do outro lado da porta, no entanto, continuou gritando e eu escolhi sair dali o mais rápido possível. Ainda tive uma leve impressão de que poderia mudar de ideia e abrir a porta, porque eu agi bruscamente.     

— Eu fiz o que já deveria ter feito assim que descobri o que ela estava aprontando — falei, descendo a escada. Tiago estava parado na sala da estar, próximo do último degrau. E ele ficou me olhando, parecendo assustado com o barulho.     

— O que foi aquilo? — perguntou, desconfiado.   

— Acho que eu vou contar — cochichei para Jane, que descia a escada atrás de mim, igualmente assustada. — É melhor que ele saiba logo.     

— Mas…     

— Escuta, irmão — interrompi Jane, assim que pisei no chão da sala de estar —, algumas coisas estão acontecendo com a sua irmã. Na verdade, não é algo que acontece como se fosse natural — enrolei, olhando para os lados a fim de ver se estávamos sozinhos.      

— O que ela fez? — perguntou ele, apreensivo.   

— Espera um segundo — pediu Jan, se colocando na frente do Tiago e me olhando —, você está fazendo tudo muito rápido, tem certeza de que vai falar agora? Não seria melhor que ela mesma contasse?     

— Acha mesmo que Taylor vai contar? — eu perguntei, descrente. — Eu vou falar agora. Quando a mãe dela chegar aqui e ouvir, acha que ela vai pensar o quê? Que desculpa eu vou arranjar? É melhor contar a verdade logo.     

— Mas...     

— Que verdade? — Tiago nos interrompeu, já meio irritado. — Do que diabos vocês estão falando?     

— Ela está usando drogas — eu falei, por fim.   

— O quê?!     

— Taylor é dependente química, entendeu? Passou a usar drogas ilícitas... — Jane me ajudou, e depois colocou a mão sobre o ombro dele, como se ele fosse cair depois de saber daquilo. — Também ficamos perplexos quando descobrimos, querido. É algo que realmente não dá pra acreditar, mas infelizmente…     

— E isso é desde quando?     

— Há uns dois meses — respondi, neutro. — Sim, ela escondeu esse tempo todo... Você vai ter que manter a cabeça no lugar — continuei, olhando para os lados de novo. Daquela vez eu procurava pela Naiara. — . É uma história longa e envolve muita ignorância da parte dela, manipulação de outras pessoas e tudo o mais... Eu não tive escolha a não ser trancá-la.     

— O que ela está usando? — perguntou Tiago, ainda muito assustado. Os seus olhos estavam vermelhos, mas não parecia que ele fosse chorar. — É pesado demais? Não é aquela coisa que corrói o corpo, ou é?     

— É heroína.

Então ele passou a xingar bastante, com as mãos na cabeça, totalmente desamparado. Para o meu alívio, Naiara se juntou a nós entrando pela porta principal. Estava com algumas sacolas de supermercado e sua testa franziu assim que ela ouviu os gritos da Taylor no andar de cima.     

— Naiara — eu disse, me aproximando dela —, temos que conversar. Você está ouvindo isso, todos esses gritos?     

— Estou... — respondeu, devagar demais. Óbvio que ela estava ouvindo, porque Taylor gritava para quem quisesse ouvir, e eu não me admiraria caso a polícia aparecesse ali.      

— Independente de qualquer coisa — falei, nervoso —, de que ela seja a filha da mulher que paga as suas contas, de que você tenha compaixão, tenha pena e tudo o mais, não quero que faça nada com a porta do quarto dela, entendeu?     

— Como assim?     

— Ela não pode sair de lá de jeito nenhum.     

— Mas por quê?     

— Apenas faça isso, por favor. Eu vou conversar com a Sra. Hampton assim que ela chegar — avisei, e então olhei para os dois que estavam atrás de mim —, e vocês vão ter que me ajudar.  

A tensão que se instalou ali colaborou para que eu ficasse mais nervoso – e para que eu pensasse mais no que havia feito com Taylor.     

— Você se precipitou — comentou Jane, após um silêncio longo entre nós três (porque Taylor continuava gritando, esmurrando a porta e pedindo para que eu a abrisse).     

— Talvez, mas você queria que eu fizesse o quê? Que eu continuasse deixando que ela saísse por aí pra comprar mais drogas? Ou que ela ficasse se drogando com aquele bando de viciados que agora ela diz fazer parte?     

— Mas... — Todos nós estávamos desconfortáveis com os gritos, mas Jane era a que mais deixava transparecer que poderia ir ao quarto para abrir a porta. Ela não parava quieta no sofá e lançava olhares para o topo da escada sempre quando achava que ninguém estava percebendo. — Vimos nas pesquisas que isso não vai adiantar em nada, que era ela quem deveria decidir que precisaria parar.     

— Eu sei! — exclamei, irritado. Logo, não me aguentei e passei a andar de um lado pro outro. — Você sabia que hoje ela saiu cedo pra comprar drogas lá na casa do caralho, mas depois acabou arrumando confusão? E agora ela está lá com o rosto machucado. O pior poderia ter acontecido, Jan. Tirando o fato de que agora ela está ameaçada de pisar lá, sabia? E se Taylor voltar e aquela mulher fizer alguma besteira? — Eu estava quase explodindo por causa daqueles socos na porta e a gritaria. Não me surpreenderia caso eu fosse até lá e deixasse que ela saísse, como Jane poderia estar pensando naquele momento. — Eu não posso deixar isso acontecer.     

— Eu entendo você — disse ela, entristecida —, mas eu estou com medo do que tudo isso pode causar. Olha a maneira como ela está falando…

Durante os gritos, Taylor dizia que não queria mais ver nenhum de nós, que estávamos conspirando contra ela. Era preocupante vê-la falando daquela forma, mas eu acreditava que ela logo entenderia as minhas atitudes.  

— Ela está nos odiando — continuou Jane, devidamente apreensiva. — Não prevejo algo bom, sinceramente.     

— Você não está ajudando — falei, entredentes.  

— Estou tentando ver por todos os ângulos.    

— Nós vamos deixá-la trancada, Jane.      

— Mas e a crise de privação? — perguntou, desesperada. — Nós não temos experiência no assunto, Louis. Nunca vimos na realidade, apenas nos filmes. Não sei se só o que estudamos vai dar algum resultado. E se ela não aguentar e tentar se matar?     

— Ela vai ter que passar por isso — eu disse, procurando não imaginar as coisas que eu tinha visto na internet. — Quanto ao suicídio: vou até lá uma outra hora e pego tudo o que possa ser de risco.     

— Isso é loucura — soltou Jane, frustrada.     

— Quer que eu destranque a porta e deixe que ela suma pelo tempo que quiser para arrumar mais confusão? — perguntei, irônico. — Eu posso deixá-la sair para correr o risco de ter uma overdose. Talvez, como bônus, posso deixar que ela continue indo até lá comprar toda a droga que precisar, afinal de contas, o dinheiro dela é infinito.     

— Tudo bem, eu já entendi.     

— O que você tem que pensar é que o que estamos fazendo é para o bem dela — eu disse, mais aliviado com a sua compreensão —, mesmo que ela não entenda isso e nos deteste pelo resto da vida.     

— Mas eu não quero que ela nos deteste.     

— Jane — dei um suspiro, sentei ao lado dela e toquei o seu braço —, fique calma, por favor. Isso vai durar uma semana no máximo. Vamos deixar que a crise passe, não vai durar pelo resto da vida dela, não é? Depois disso a gente vai até lá e conversa com ela.     

— Não deu certo antes — lembrou Jane, quase chorando.     

— Faremos o possível — persisti, decidido.     

— Vocês estão esquecendo da minha mãe — ouvi alguém comentando, ao longe. Era Tiago, que ficou aquele tempo inteiro calado, parecendo estar em um outro mundo. — Ela não vai aceitar isso, não.     

— Sua mãe vai ter bom senso.

Mas eu fiquei receoso.

Naiara estava ali perto, ainda assustada. Não achei que fosse um problema deixar que ela ouvisse a conversa. Ela precisava ver que a coisa toda era séria. Assim, no momento em que decidi fazer um chá para Jane – porque ela tinha comido todo os doces –, Jack chegou. E a sua reação foi a mesma da Naiara.     

— Que gritaria é essa? — perguntou ele, confuso. Fui para a cozinha e pus uma água para esquentar. Quando voltei, Jane já explicava o que estava acontecendo. Mas, assim que ela parou de falar, um silêncio se instalou. Taylor finalmente havia se calado, o que levou todos a se olharem com um ponto de interrogação na testa.     

— Por que ela parou de gritar? — perguntou Naiara, tensa.     

— Deve ter desmaiado? — deduziu Tiago, olhando para a escada.     

— Taylor comeu hoje? — eu perguntei para Naiara e ela assentiu rapidamente. — Então não tem porquê ela apagar.     

— Mas o cérebro dela acha que algo de essencial está faltando no corpo, não é? — disse Jack, e então Jane arregalou os olhos.     

— Taylor ainda não está em crise.     

— Como tem tanta certeza?              

— Porque eu estive com ela antes de trancá-la — respondi, pensativo —, e já sei como começam os primeiros sintomas. Ela não estava sentindo nada de ruim ou desconfortante.     

— Espera — pediu Jane, e então levantou rapidamente, como se lembrasse de algo —, você disse que ela havia comprado drogas hoje pela manhã.

Na mesma hora eu entendi.

Como eu esqueci daquilo?!     

— Droga — reclamei e segui para a escada, me xingando mentalmente. Assim que cheguei na frente da porta, busquei ouvir alguma coisa do outro lado. Mas não havia nada, por isso tirei a chave do bolso e destranquei a porta. É claro que vi o que eu já imaginava. 

Logo entrei – tendo todo o cuidado de trancar a porta mais uma vez – e fui direto até o guarda-roupas da Taylor. Busquei pelo resto das drogas, afinal, ela não poderia ter comprado apenas uma. Encontrei três saquinhos dentro da sua gaveta de roupas íntimas e deduzi que não houvessem mais. Na verdade, eu desejei que não houvesse mais. Guardei tudo dentro do bolso e fui até Taylor, que estava deitada de lado na cama, fungando algumas vezes.     

— Taylor?

Mexi em seu braço, à procura de alguma reação.    

— Me deixa em paz — sussurrou ela, sem sentimento algum na palavras. Tentei ignorar aquilo, mas acabei me sentindo mal. Estava na cara que ela não entendia os motivos para eu ter feito tudo daquela maneira, o que complicava o progresso em tudo. 

Respirei fundo e fiz o que ela queria. Fui até a seringa jogada no chão e a peguei, junto com o isqueiro e a colher que ela tinha. Saí dali com tudo em mãos e tranquei a porta mais uma vez, buscando lembrar a mim mesmo que era apenas para o bem dela. Ao voltar para a sala, todos se encontravam tensos. Se assustaram quando viram o que eu tinha nas mãos.     

— Ela se drogou? — Jane quis saber, aflita.     

— Fui um imbecil ao esquecer das drogas...     

— Não se culpe.     

— Bom — olhei para o meu relógio de pulso e já eram quatro e quarenta —, talvez ela volte a gritar daqui a quatro ou seis horas, que é o máximo.     

— Você tem certeza de que vai mantê-la trancada durante uma crise de abstinência? — perguntou Jack, muito incrédulo. — Vai ser terrível pra ela, Louis, e eu não estou exagerando.     

— Eu sei, e eu tenho certeza, sim — retruquei, sentando no outro sofá vazio. Os três sentavam um ao lado do outro e me olhavam com descrença.     

— É que eu acho que ela não vai conseguir — explicou ele e então levantou as mãos, simbolizando que não queria discutir. — E eu sei que ela já tentou se suicidar uma vez. 

Respirei fundo, irritado por saber que ele tinha razão.     

— Ela não vai se matar, vou voltar lá depois.    

— A desintoxicação vai ser pesada — Jack continuou falando, muito pensativo — e eu não sei se vai ser uma boa ideia deixá-la trancada.     

— É a única coisa que podemos fazer — falou Jan, cabisbaixa. Naiara não estava mais ali, portanto acabei me lembrando da água que havia posto para ferver. Antes de eu me levantar, porém, a mulher apareceu com uma xícara fumegante nas mãos.     

— É para Jan — avisei, apontando pra garota.   

— Talvez possa haver algum remédio que diminua a dor da abstinência? — sugeriu Tiago, reflexivo. — Deve existir qualquer coisa, e as próprias clínicas de reabilitação podem utilizar quando se trata de viciados a longo ou curto prazo. 

Pensei naquilo e percebi que fazia sentido. Lembrei do Dr. Jimm e imaginei que eu poderia dar uma passada no hospital para lhe pedir socorro.     

— Eu vou até o hospital falar com o médico de vocês — eu disse, depois de um suspiro —, ou então a Sra. Hampton mesmo pode fazer isso.     

— Mandrix seria uma boa — disse Jack de repente, como se tivesse se recordado de algo. — Era o que os amigos dos meus amigos tomavam — explicou ele, me olhando. — Quando saiam e não podiam se drogar fora, eles levavam Mandrix. É um tranquilizante e aliviava a ansiedade.     

— Com certeza ele deve causar dependência — eu contradisse, murchando. Tudo o que causava dependência era o que eu menos queria.     

— É só tomar com moderação.     

— Ah, Jack — Jane revirou os olhos, impaciente —, com as dores que ela vai sentir, acha mesmo que Taylor vai ter moderação?     

— Eu acho melhor não arriscar — falei, cabisbaixo. Talvez remédios fossem mesmo ajudar, mas uma visita ao Dr. Jimm seria necessária. Eu não daria remédios fortes para Taylor sem uma receita.

[…]

As horas se passaram e, quando eu percebi, já andava de um lado para o outro novamente, incapaz de me manter parado. Tânia chegaria a qualquer momento. 

A sua compreensão sobre o que eu havia feito era importante, por isso me apeguei ao fato de ela ser uma mulher elegante e inteligente, que em momento algum deixaria que a filha corresse um risco de vida.     

— Você está me deixando nervosa! — reclamou Jane, e então levantou, pronta para começar a andar de um lado pro outro como eu. Porém, vozes soaram do lado de fora da casa e a porta principal logo foi aberta, dando espaço para a anfitriã e o noivo dela.

Tânia Hampton viu que todos estávamos ali e logo franziu o cenho, devidamente confusa. Mas então a sua confusão foi substituída pela desconfiança.     

— Que caras são essas? — perguntou, entrando no cômodo toda hesitante. O Sr. Roberts também estava confuso, portanto não demorou muito para que ele me lançasse um olhar de quem perguntava o que estava acontecendo.     

Eu não sabia por onde começar. Eu poderia ser direto dizendo algo como “a sua filha está usando drogas”, mas eu não queria ser insensível. E eu também poderia enrolar muito, mas aquilo só faria Tânia perder a paciência.      

— Eu acho melhor se sentar — pediu Jane, nervosa.     

— Me sentar? — perguntou a Sra. Hampton, e então pareceu ficar impaciente e mais desconfiada ainda. — Ora, eu não vou sentar coisa nenhuma.     

— Taylor aprontou mais alguma coisa? — o Sr. Roberts quis saber, pondo o braço sobre os ombros da mulher ao seu lado. Fitei as pessoas que estavam perto de mim – até mesmo Naiara, que fingia que não prestava atenção na conversa –, e então respirei fundo.     

— Ela aprontou, sim — falei, nervoso.     

— O que ela fez?     

— Ela está... — Travei ao fitar a aflição no rosto da Sra. Hampton e logo desviei os olhos. — Ah, não dá… 

Era chato ter que dar aquela notícia. Entre Tiago e Taylor, a Sra. Hampton sempre teve mais confiança na Taylor, porque era ela quem se preocupava mais com as notas da escola, com o seu futuro e com os problemas do dia-a-dia em casa. Era ela a destituída de atenção, já que nunca dava problema e dor de cabeça para Tânia. Aquilo foi mudando, é claro, desde a depressão, o que causou muita surpresa para todos nós, inclusive para a sua mãe. Dependência química parecia ser somente um bônus.

Eu estava travado para falar qualquer coisa, na verdade, e aquilo apenas encheu o ar de mais tensão. Logo, não fiquei surpreso quando Tiago explodiu e simplesmente falou por conta própria.     

— Ela está viciada em drogas, mãe — foi o que disse, devidamente incomodado. — É isso: Taylor é uma viciada. 



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