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História Friends - Louis Tomlinson - 078. Desenrolar


Escrita por: sunzjm

Capítulo 78 - 078. Desenrolar


Fanfic / Fanfiction Friends - Louis Tomlinson - 078. Desenrolar

JANE

O mundo pareceu prender a respiração. O ambiente ficou tão silencioso que eu suspeitei ouvir a batida do coração de todo mundo junto. Tânia aos poucos foi interpretando as palavras de Tiago. 

E logo ela já estava perplexa.     

— Que história é essa? — perguntou, pondo as mãos na cintura enquanto nos fitava. — Drogas? Como assim? 

Só que ninguém conseguiu falar nada. O Sr. Roberts estava tão incrédulo quanto qualquer um de nós. Talvez porque Taylor sempre foi tão quieta em suas aulas, ou porque ela deixava transparecer um foco falso – equilibrada ela nunca foi.          

— Acho que ela vai explodir — cochichou Jack atrás de mim, e eu rezei para que aquilo não acontecesse.      

— Minha Taylor está usando drogas? — jogou Tânia novamente, e naquele instante pareceu tão irritada que tínhamos medo de nos mexer. Só que antes que eu pensasse em algo para falar, eu a vi jogar a bolsa que segurava no sofá, para depois andar em direção à escada.     

— Ei, espera! — pediu o Sr. Roberts, a segurando pela mão. — Não é melhor você se acalmar para depois conversar com a Taylor?     

— Eu não vou me acalmar coisa nenhuma, agora me solte!  — Os dois trocaram um olhar que significava mais do que palavras e Tânia logo foi solta.   

— Hã..., a chave está comigo — informou Louis, chegando perto o bastante para entregar o objeto. E aquilo só serviu para que a Sra. Hampton ficasse mais confusa, é claro.     

— Depois conversamos, Tomlinson.

E então ela seguiu pelos degraus.     

— O senhor não pode deixar Taylor sozinha com ela! — eu disse para o Sr. Roberts, desesperada. — A Sra. Hampton está irritada demais e vai acabar dando na cara dela!     

— Eu… — Ele parecia ter um conflito interno entre se meter na conversa lá em cima ou continuar ali embaixo.          

— Eu não acho uma boa ideia interromper — comentou Tiago, com as mãos nos bolsos. — Taylor está precisando mesmo de umas palmadas, não está?     

— Cala a boca — mandou Louis, dando um empurrão do garoto —, isso não vai ser resolvido à base da força, você gostando ou não.     

— Tapas sempre resolveram.     

— Mas não nessa situação — Louis contradisse, igualmente estressado. — Bater nela não vai adiantar em nada.     

— A Sra. Hampton não parece se ligar muito nisso — falou Jack, o que me deixou ainda mais preocupada. — Ela não vai pensar em nada.     

— Tudo bem — Arthur suspirou e levantou as mangas da camisa. Fui junto e já era possível ouvir os ruídos lá em cima. Eu tinha quase certeza do que poderia estar acontecendo.     

— Você não pode entrar — aconselhou Louis, mas não me segurou.     

— Eu não vou entrar — respondi, depois sussurrei:  — Vou ouvir atrás da porta. — Então segui adiante. 

Percebi passos atrás de mim e logo vi os três garotos me acompanhando. Naiara pareceu ter respeito com a situação da família e ficou lá embaixo, assustada. Ao chegarmos no corredor, já podíamos ouvir melhor o que se passava lá dentro. Percebi então que a porta do quarto da Taylor estava entreaberta e fui até lá para fechá-la. Ninguém reclamou, apenas ficamos calados para ouvir o que acontecia.     

— Depois de todo o tempo que eu me dediquei para dar educação a vocês, é assim que você me agradece?! — era o que a Sra. Hampton falava (gritava, na verdade). — Usar essa coisa dentro da minha casa! O que deu em você pra fazer algo assim, Taylor?!       

— Tânia! — exclamou Arthur, e uma sequência de gemidos se instalou. — Não faz isso, a gente resolve de um outro jeito.     

— Acho que mamãe está batendo nela — comentou Tiago, ao meu lado esquerdo. Naquele mesmo momento, vi a mão do Louis pairar sobre a maçaneta.   

— Não — sussurrei, autoritária —, a gente não pode entrar lá, Louis. Elas precisam ter uma conversa séria. — Segurei o braço dele a fim de que o mantivesse controlado.     

— Você não podia ter feito isso, agiu como uma egoísta! — a Sra. Hampton voltou a falar, e percebi que estava chorando. — Não podia ter feito isso comigo!     

— Você não sabe o que está dizendo! — a voz da Taylor soou, rouca e desesperada. Ela também estava chorando. — Eu não podia mais aguentar aquilo! Ele morreu e eu sequer passei um tempo com ele. Eu não estava conseguindo viver a minha vida lembrando de tudo aquilo, das coisas que ele falou pra mim. Você não entende que não foi fácil pra mim ter que passar por aquilo, mãe?! VOCÊ SEQUER ESTEVE AQUI! — Um silêncio veio e apenas os soluços das duas eram ouvidos. Logo mais murmúrios vieram e eu não fui capaz de entender o que Taylor falava.     

— O que ela está dizendo? — perguntei, curiosa.     

— Shhh — disse Louis, colando a orelha na porta.     

— Eu estou tão decepcionada com você — disse a Sra. Hampton, triste. Ela não gritava mais, mas o seu tom estava claro para quem quisesse ouvir atrás da porta. — As coisas que passamos não deram em nada? O que tivemos antes de conseguirmos esta casa não levou você a pensar melhor? O que eu passei naqueles dias com medo de não dar o melhor a vocês não veio à sua cabeça quando você andou por aí se drogando? 

Taylor murmurou algo e eu me aproximei mais.   

— O que eu tenho que entender, Taylor? — perguntou sua mãe, fungando. — Minha filha foi expulsa de uma das melhores escolas de Greenwich e agora está viciada em drogas. O que quer que eu entenda disso?   

— Vem, vamos sair daqui — mandou Louis, me puxando pelo braço escada à baixo. Ao chegarmos na sala novamente – já vazia –, sentei no sofá e tentei me recompor. Tiago e Jack haviam nos seguido e também sentaram, chocados e cabisbaixos.     

— Ela está tão decepcionada — comentei, sentindo que poderia chorar a qualquer momento. — Taylor deve estar muito mal com isso.     

— Eu também acho — concordou Louis, sentando ao meu lado —, mas talvez seja bom pra clarear a mente dela. É até melhor que a Sra. Hampton agora tenha consciência de tudo isso, talvez ela coloque um pouco de ordem aqui, porque eu não consigo mais manter qualquer tipo de controle.     

— Ah, por favor… — pedi, mais descrente do que eu realmente queria estar —, você e eu sabemos que isso só vai piorar.

[…]

Minutos se passaram e passos ecoaram na escada. Eram do Sr. Roberts e Tânia. Ela estava péssima e chorava como nunca. O seu cabelo se encontrava desgrenhado, assim como as suas roupas, nos dando a visão de uma mulher em seu descontrole mental. Só que ninguém poderia culpá-la. Descobrir que a filha usava drogas foi um choque.     

— Eu não consigo acreditar que ela fez isso — murmurou, aos prantos. Então se sentou no sofá, pôs os cotovelos sobre os joelhos, escondeu o rosto e passou a chorar. A cena foi tão triste que eu não consegui me segurar e chorei junto com ela. — Por que ela fez isso?  

— Tente se acalmar e vamos conversar melhor sobre — sugeriu o Sr. Roberts, sentado ao seu lado enquanto a abraçava. — Tiago, será que poderia trazer um copo de água para a sua mãe? — Tiago foi rápido ao obedecer e, depois de alguns segundos, já estava de volta com um copo cheio de água. — Beba um pouco... — pediu o homem, pegando o copo da mão dele. Só que Tânia apenas negou com a cabeça, com os seus ombros subindo e descendo rapidamente devido ao choro.     

— O mundo está tão perigoso hoje em dia — ela disse, com a voz anasalada. — O que vai ser da minha filha agora? O que as pessoas vão achar dela? Vão sentir pena ao descobrirem tudo isso, elas vão desprezá-la! Eu não quero isso pra ela. Eu não quero ninguém falando mal dela. Ela é a minha filha e eu não quero que o futuro dela seja assim. O que eu vou fazer?     

— Não vamos deixar que nada aconteça com ela — disse o Sr. Roberts, tentando confortá-la. — Talvez você saiba o que fazer quando a sua cabeça esfriar. 

Tânia chorou um pouco mais durante alguns minutos e apenas esperamos que se acalmasse no decorrer do tempo. Limpei os meus olhos das lágrimas e fitei Louis. Ele estava tão mal que os seus olhos estavam vermelhos.     

— Quando vai falar o que pretende fazer? — perguntei, discretamente.     

— Assim que ela se acalmar — respondeu ele, quase que sem mover os lábios. Assenti e suspirei. Jack segurava a minha mão e eu me concentrei naquilo, tentando pensar positivo. 

Após aquele longo tempo de choro por parte de Tânia e do mal-estar por parte do restante nós, as mãos dela saíram do seu rosto e, trêmulas, seguraram o copo de água que antes estava com o Sr. Roberts. Ela então bebeu alguns goles e fitou um ponto fixo no chão, respirando fundo e finalmente tentando se acalmar. Esperamos pacientemente e, depois da suposta calmaria, o seu ar de mulher controlada voltou na área. Suas costas ficaram eretas e o seu rosto sério.     

— Eu não conversei com a Taylor direito, porque não consegui — começou ela, nos olhando —, não vou voltar lá e olhar pro rosto dela, portanto eu quero algumas respostas. Pode começar, Louis — mandou, rígida.     

— Nós não sabíamos de nada — disse ele, entristecido e enraivecido. — Eu descobri isso há menos de uma semana.     

— E por que diabos não me contou?     

— Não entendíamos muito sobre a situação — defendi Louis, apressada —, e então achamos que daríamos conta de tudo sozinhos.     

— Ficamos atordoados — continuou Louis, sem desviar os olhos dela —, e só depois de pesquisar é que vimos que era bem pior do que achávamos que era. Taylor está fazendo isso há uns dois meses.     

— Dois meses?! — exclamou a Sra. Hampton, perplexa. — Quer dizer que foi antes de eu... — Ela parou de falar e quase puxou os próprios cabelos. Em seguida, olhou para o homem ao seu lado. — Eu sabia que tinha algo de errado, Arthur, eu sabia! Estou tão arrependida por aceitar a viagem...     

— Você não tem culpa de nada — Louis disse, impaciente. — Taylor estava com as coisas sob controle depois da viagem, Jane e eu vimos isso. Mas tudo desandou depois que o pai dela morreu.    

— Meu Deus, que desgraça... — sussurrou Tânia, dando tapas na própria testa. — Por que ela não dizia o que estava sentindo?     

— Taylor entrou em depressão, ela não soube lidar com a morte dele. Jane e eu tentamos de tudo, até passamos um tempo aqui pra fazer companhia a ela, mas…     

— Mas ela estava triste demais — terminei por ele, muito infeliz —, Taylor tentou se suicidar e se machucou algumas vezes.     

— O quê? — Tânia ficou sem ar, enquanto me observava. — Mas aonde você esteve? — Ela olhou para Tiago, sentado ao lado do Jack. — Por que não ficou do lado dela?!     

— Eu também estive mal, 'tá bem? — jogou Tiago, irritado. — Eu estava pouco me lixando para o que ela sentia.     

— Ei!....     

— Tânia, tente entender o lado dele — pediu o Sr. Roberts, enquanto acariciava o braço dela. — Foi a primeira perda que eles tiveram, os dois não sabiam como lidar…    

— Enfim — prosseguiu Louis, mais neutro do que antes —, ela tinha dado um sinal de melhora depois que... 

Olhei pra ele, esperando que falasse que a suposta melhora da Taylor havia se instalado depois que Marly Cooper havia entrado em sua vida. 

Mas ele não falou nada.     

— Está esperando o quê? — joguei, meio irritada. Louis sempre tinha aquela hesitação ao falar que Marly poderia ter tido algo a ver com as drogas e com a rebeldia da Taylor. E tudo era por causa do seu maldito ato de julgar apenas com provas. — Fala de uma vez!     

— Para com isso — mandou ele, alterado. — Você não tem certeza de nada.     

— É óbvio que eu tenho certeza — retruquei, ofendida. Olhei para a Sra. Hampton, muito decidida. — Eu penso que a Marly deu as drogas para a Taylor. Ela é uma “amiga” — fiz aspas, irônica — que o Louis trouxe pra dentro desta casa.     

— Jane não tem certeza de nada — repetiu Louis, depois de revirar os olhos. — Taylor defende a Marly com todas as forças. — Então foi a minha vez de revirar os olhos.     

— Olha, eu acho que nós devemos nos preocupar mais é com o fato de que Taylor está viciada em drogas — Arthur interrompeu a nossa discussão, muito sério. — Ela agora usa aquilo e isso não vai mudar caso vocês descubram alguma coisa ou não. 

Tive vontade de falar e ser contrária à opinião do Sr. Roberts, mas apenas cruzei os braços e me calei. Assim que Tânia começou a falar, porém, ouvimos outros passos na escada. Primeiramente, antes de olhar, não me preocupei porque achava que poderia ser Naiara. Mas depois, quando vi o olhar do Sr. Roberts – algo como a aflição –, fiquei imóvel

Antes que eu olhasse com os meus próprios olhos, vi Louis se levantando. Fiquei de pé no mesmo instante e lhe vi barrando o caminho da Taylor. A tensão me preencheu e tive medo do que aconteceria ali, porque com certeza algo de bom não viria, afinal de contas, Taylor descia as escadas rapidamente.

E era como se fosse fugir.       

— Sai da minha frente, Louis — mandou, sem parar de descer os degraus. — Eu não quero ter que discutir com você mais uma vez, estou de saco cheio de tudo isso.     

— Não vou deixar você sair — disse ele, imóvel e desafiante. Taylor estava drogada, mas aquilo não a impediu de transparecer o seu desespero. Tânia sequer olhava para ela, tamanho era o seu desgosto.     

— Eu já disse mil vezes que você não pode me obrigar a nada, porque eu tenho o direito de andar pra onde eu quiser! — berrou ela, depois tentou passar por ele. Mas Louis simplesmente resolveu não ouvir. Recebeu alguns socos no peito, mas agiu como uma parede de cimento, e logo se colocou a puxá-la, a fim de levá-la de volta para o quarto. — Não! — gritou Taylor, voltando a chorar. — Mãe, não deixe que ele me tranque lá dentro de novo! — Ela dificultava as coisas ao deixar as pernas moles para que Louis não a puxasse. — Me solta, eu estou na minha casa!     

— Se você não subir com as próprias pernas, Taylor — ameaçou Louis, muito irritado —, eu vou levá-la à força, estou avisando!     

— Louis, para de fazer isso! — pediu ela, desamparada. Porém, como não ligou para o conselho do Louis, ele precisou pegá-la pela cintura, de modo que a fez parar com o colo em seu ombro. 

Taylor gritou pela mãe e deu socos nas costas do Louis. A Sra. Hampton, no entanto, não dava a menor bola pra ela. Logo, não consegui ficar parada e então segui os dois pela escada, pedindo para que Jack não viesse atrás de mim. Ao chegarmos no quarto, Louis colocou Taylor de volta no chão. Ela não se demorou a começar com suas fracassadas tentativas de golpeá-lo.   

— Você não deveria ter contado a ela — acusou Taylor, furiosa —, e agora a minha própria mãe me odeia, Louis!      

— Só que tudo isso é culpa sua, Taylor! — jogou Louis, se defendendo dos tapas e dos socos. — Foi você quem não teve bom senso, porra!     

— Eu escolhi o melhor pra mim e você não tinha que interferir em nada!     

— Tem razão, talvez não — concordou ele, agarrando os braços dela —, mas a sua mãe está do meu lado agora e ela sim pode fazer o que quiser, se acha que é o melhor pra você!     

— Louis, a chave não está aqui — eu avisei rapidamente, após olhar a fechadura. A Sra. Hampton ainda não sabia que Louis havia decidido trancar a filha dela no quarto pelo tempo que fosse necessário, por isso, ao sair, ela tinha deixado a porta destrancada, o que possibilitou aquela saída da Taylor.     

— Onde está a chave? — perguntou Louis para ela, a sacudindo como se aquilo fosse fazê-la cuspir a resposta. — Não fez nenhuma besteira, não é?     

— Eu a engoli — provocou Taylor, perto do rosto dele. — E agora, como vai tirá-la de mim? Vai me matar e depois cortar a minha barriga?     

Então, para o meu susto, Louis levou Taylor à força até a cama e subiu em cima dela, passando a apalpar o seu corpo, enquanto ela se mexia.      

— Onde você a escondeu?!     

— Me deixa em paz! — mandou Taylor, tentando empurrá-lo.     

— Se não me disser onde está a chave, vai ser pior — ameaçou ele, pondo a mão em lugares que me fez corar.     

— Eu a joguei pela privada! — Mas Louis continuou procurando em suas roupas, irritado. — Estou falando sério, eu a joguei pela privada. Sinto muito, mas agora já era. — Assim, ela parou de se mexer, o que deu a entender que falava sério.          

— Não vai adiantar, Taylor — Louis reclamou, então saiu da cama e veio na minha direção. — Foi uma tentativa que provavelmente eu faria se estivesse no seu lugar, só que é uma pena que não deu certo. — Assim, ele me empurrou de leve e fechou a porta. — Segura a maçaneta e fica empurrando pro lado oposto ao que ela empurrar, entendeu? — mandou e eu logo assenti. — Não é pra soltar!

Nâo fui rápida o suficiente, porque Taylor logo puxou a porta com força. Fiz mais força ainda e a fechei de volta, buscando fazer o que Louis havia mandado. Deu certo, Taylor persistiu por um tempo, mas depois desistiu, passando a falar palavrões. Louis não demorou a voltar e, quando estava ao meu lado, tinha uma chave nas mãos.  

— Que chave é essa? — eu quis saber, confusa.  

— Do quarto do Tiago, a chave dos dois quartos têm o mesmo formato — ele respondeu, e logo a porta estava trancada novamente. Aliviei a expressão quando lembrei daquilo e depois fomos para a sala de estar. Estava um silêncio super tenso, mas que logo foi quebrado por Louis: — Acho que você já percebeu o que eu quero fazer — e então ele se sentou no sofá, cansado com o esforço que havia feito.     

— Mas é perigoso — disse a Sra. Hampton, apreensiva.     

— Taylor está sob o efeito da heroína — explicou ele, buscando confortá-la — e não acho que vá fazer alguma besteira agora.     

— Então vamos mesmo deixá-la trancada? — ela ficou perplexa, enquanto o fitava. — Mas isso é loucura, eu não posso deixar acontecer! — Tânia levantou e passou a andar de um lado para o outro. Louis quis falar alguma coisa, mas resolveu ficar calado.           

— Taylor arrumou confusão perto do lugar onde comprou as drogas, Sra. Hampton, e a pessoa a ameaçou  — falei, tentando ajudá-lo. — Se ela sair por aí, temos certeza de que vai voltar lá e... qualquer coisa pode acontecer.     

— Meu Deus...     

— Ela também pode ter uma overdose.

Então todos ficamos calados e apreensivos. Os gritos lá em cima já haviam cessado, mas não dava pra relaxar de maneira alguma. A Sra. Hampton parecia pensar muito, e estava prestes a roer as próprias unhas.   

— Eu não sei, eu... — sussurrou, pensando alto.  

— Olha — Louis a interrompeu, mas estava sem expressão alguma no rosto —, você é a mãe dela e eu tenho certeza de que sabe o certo a fazer. Caso não aceite a minha ideia…     

— Eu não disse isso — ela falou, muito séria. Só que, mesmo decidida a fazer o que tinha que fazer, continuava indecisa. — É que não vai ser fácil. Eu nunca lidei com isso na minha vida e não sei como vai ser quando aquele efeito passar…     

— Podemos pedir a ajuda de alguém — sugeriu Tiago, de repente. — Talvez o Dr. Jimm? — Tânia logo olhou pra ele, como se levasse aquilo em consideração.   

— Pode ser uma boa ideia, ele pode receitar alguns remédios que podem ajudar com o tratamento — concordou Louis, assentindo. 

Antes que eu falasse algo a mais para complementar as palavras do Louis, a Sra. Hampton já tinha pego o telefone fixo que estava ali e discou uma sequência de dígitos. Após a espera na linha, Tânia quase teve um colapso nervoso. Senti um frio na barriga muito desconfortável e apertei a mão do Jack. Aquela era uma situação tão ruim e nova, que eu mal conseguia pensar direito.      

— Ele vem aqui durante o horário do almoço — avisou a Sra. Hampton, depois de conversar com o Dr. Jimm. — Ei, querida, será que poderia fazer um chá pra mim, por favor? — Naiara, que passava ali com uma bacia de roupas limpas, assentiu rapidamente.     

— Por que não se senta um pouco? — Arthur levantou e conduziu Tânia até o sofá. — Você vai precisar de muito controle esses dias.     

E ela logo começou a chorar de novo.     

— Mãe, por favor... — Tiago levantou e sentou ao seu lado, a fim de abraçá-la e pousar o rosto em seu ombro. Senti o desconforto do Jack ao meu lado, afinal, ele não tinha nenhum relacionamento com a família da Taylor, mas eu não pude pedir para que fosse embora porque eu precisava dele.     

— Nós vamos conseguir resolver isso — disse o Sr. Roberts, confiante. Eu queria acreditar naquilo, mesmo que a situação não me mostrasse uma solução. Acreditar e ter confiança era o que nos daria força.     

— Eu... — Louis levantou de repente e pareceu indeciso com alguma coisa. — Eu acho que vou indo agora.     

— Por quê? — eu quis saber, estranhando.     

— Porque sim. Se você precisarem de ajuda, estarei disponível. — Ele olhou a Sra. Hampton e ela assentiu, ainda chorando. Então Louis saiu de casa e fiquei desconcertada. Mandei um olhar para Jack, pedindo para que continuasse parado onde estava, e corri para fora da casa dos Hampton, a fim de ir atrás do Louis.     

— Ei! — gritei, o vendo se afastar pela calçada com as mãos enfiadas nos bolsos da calça. Louis olhou para trás e, para o meu alívio, resolveu parar. Ele estava a alguns metros, mas mesmo assim consegui ver a pergunta estampada em seu rosto. — Será que poderia chegar um pouco mais perto?      

E ele realmente parecia sem paciência. Mas depois bufou e se aproximou mais, ficando a alguns passos de mim.      

— Precisa de alguma coisa?     

— Não, eu só quero saber se está bem.

Louis demorou a responder, olhou para a casa ao lado e fitou a janela do quarto da Taylor, durante alguns meros segundos.     

— O que você acha? — retrucou, voltando a me fitar.     

— Eu sei que está sendo muito ruim — eu disse, nervosa —, mas você não pode abandonar o barco agora, quando todos precisamos da ajuda um do outro.     

— Que barco?     

— É só uma figura de linguagem, Louis. Não deve cair fora logo agora que a Sra. Hampton já sabe de tudo, que está atordoada e precisando do nosso apoio, entendeu?     

— Não estou caindo fora.     

— Mas não é o que parece.     

— Só estou cansado — falou ele, irritado. — Preciso de silêncio, eu preciso me acalmar..., se não vou acabar explodindo no mar de sensações ruins que está lá dentro. Eu não quero ouvir quando ela começar a gritar assim que sentir dor, não sei se vou ser capaz de continuar com toda essa loucura de deixá-la trancada em plena crise de abstinência.     

— Mas foi ideia sua…     

— Eu sei! — exclamou ele, desamparado. Então percebeu o que fez e respirou fundo, olhando em volta. Havia vizinhos ali, sim, e eles conversavam entre si. Mas eu sabia que tinham um ouvido nas suas conversas e um outro ouvido na conversa entre Louis e eu. — Desculpe...  

— Você tem que pensar que está fazendo a coisa certa — eu disse, tentando ser discreta para não ser ouvida por pessoas como os vizinhos dos Hampton. — Eu estou do seu lado, sei que todo o processo será difícil e doloroso, tanto pra ela quanto pra todos nós, mas o que de pior pode acontecer?

Aos poucos ele pareceu pensar

Então ficou mais calmo e depois assentiu.    

— Tudo bem, eu vou me esforçar. — Senti orgulho dele e o abracei, tentando passar alguma força. O seu descontrole era tudo o que ninguém queria, algo muito fora de questão, em especial naquela situação, onde a namorada dele estava insuportável.



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