1. Spirit Fanfics >
  2. Friends - Louis Tomlinson >
  3. 088. Imprevisto

História Friends - Louis Tomlinson - 088. Imprevisto


Escrita por: sunzjm

Capítulo 88 - 088. Imprevisto


Fanfic / Fanfiction Friends - Louis Tomlinson - 088. Imprevisto

LOUIS

É muito fácil dizer que alguém vai ultrapassar algo, que tudo o que se precisa é somente de tempo, que tudo na vida não passa de uma fase e que, quando menos se espera, você estará sorrindo de novo.

Sorrindo?

Era tudo muito chato e a vontade de fazer nada simplesmente era uma parte de mim. O tempo não resolvia os meus problemas e foi a época em que eu mais me odiei, porque estava sendo um imbecil. 

Era isso, eu estava sendo um imbecil. Eu poderia ter me esforçado para melhorar de algum jeito. Eu poderia ter erguido a cabeça e ajudado Marly no que ela esteve tentando criar comigo.

Eu poderia.

Mas eu não consegui.

Algo estava fixo na minha cabeça de que nada seria como antes, que a minha vida se resumiria apenas em acordar, estudar, voltar para casa e, depois, esperar que o tempo passasse para repetir a mesma coisa no outro dia.

E que vida seria aquela, afinal?

Eu me afastei de todos e tentava aquilo até mesmo com Marly, o problema era que ela vivia dizendo que sempre estaria comigo. Ela era persistente…, e eu não poderia forçá-la a nada. Eu sabia que duraria pouco, que ela ficaria de saco cheio e desistiria daquilo comigo. Eu só esperava que acontecesse logo.

Marly não tinha culpa de nada, é claro, só estava tentando me ajudar porque dizia estar apaixonada por mim. Mas... nada do que qualquer um fizesse poderia me ajudar.

Taylor.

Ela simplesmente acabou comigo.     

— Droga! — berrou Marly, irritada.      

— O que foi? — resolvi perguntar, confuso.     

— Não é nada.

Ela estava comigo naquela quarta-feira à noite. Geralmente ela não aparecia na minha casa antes das dez, mas depois daquele dia passou a aparecer. Às vezes ela dormia comigo e, quando eu não estava em casa, não me admirava ao vê-la no sofá, me esperando chegar.     

— Certeza? — Levantei e caminhei até ela, que estava de costas pra mim lavando as mãos. — Você cortou o dedo enquanto lavava as louças?     

— Foi sem querer — ela se defendeu, pegando em um lenço de papel e pondo no machucado. — Eu só estava distraída....     

— Isso não é nada comum.

Com certeza não, distrações não faziam parte do cotidiano da Marly. Ela sempre fazia tudo com tanto cuidado que era como se planejasse à noite o que faria no dia seguinte. 

Ela sequer me respondeu, apenas desviou os olhos e tentou estancar aquele sangue. Parecia agitada.  

— Algum problema? — voltei a falar, aflito.     

Marly me olhou e demorou alguns segundos sem falar coisa nenhuma, como se se perguntasse se deveria falar alguma coisa ou não.      

— Não, não tem problema nenhum.

De alguma forma, vi que estava mentindo, então continuei ali, esperando que ela falasse o que estava acontecendo.     

— O problema é comigo, certo? — falei, sem sentir tanto incômodo assim. Eu não estava nem um pouco admirado que ela fosse perceber que não valia a pena insistir naquilo comigo.     

— Eu não disse isso, Louis — Marly se apressou em dizer, sem tirar os olhos de mim. — É só que... eu não quero ser desagradável, mas você anda fazendo algo que está me deixando muito triste. Você não tem culpa, só que... é muito ruim pra mim. Estou sendo boba e…     

— O que estou fazendo? 

Marly me olhou por alguns segundos.     

— Você sempre chama o nome dela... — respondeu, e depois cruzou os braços, deixando transparecer uma leve irritação. — Acredito até que aconteça todas as noites.     

— Eu não lembro de nada disso.     

— Porque você faz enquanto está dormindo.

Apenas continuei a fitando, totalmente decepcionado com o que tinha acabado de ouvir. Eu não imaginava que fosse aquilo, pensava até que ela iria dizer algo relacionado à minha falta de querer em relação a tudo.      

— Desculpa, eu avisei que eu não estava preparado…     

— Olha, não se preocupa com isso — pediu ela, envolvendo o meu rosto. — Quando eu quis isso com você, sabia no que estava me metendo.     

— Não sei o que posso fazer — confessei, desolado. — Não fique me tolerando apenas porque tem pena de mim. Talvez eu precise de um tempo sem ninguém por perto e…     

— Não — ela me interrompeu, tirando as mãos do meu rosto e parecendo irritada comigo pela primeira vez na vida. — Eu não vou deixar você passar por tudo isso sozinho.     

— Está resultando em nada — eu disse, tentando manter a calma. — Você precisa de alguém melhor... e essa pessoa não sou eu.     

— Para com isso! — mandou Marly, séria. — Não adianta, eu não vou mudar de ideia. Eu sei que você vai ultrapassar isso, Louis, acredita em mim.     

— Olha, se eu pudesse, eu trocaria o meu cérebro — falei, muito sincero. — Realmente trocaria.     

— Eu sei que sim — ela me deu um pequeno sorriso, então voltou a fazer o que estava fazendo antes. Me sentei para tentar ler de novo e, depois de alguns minutos, a minha mãe apareceu junto da Maggie.     

— Marly, querida — disse mamãe, caminhando até ela e envolvendo a sua cintura com um braço —, você não precisa fazer isso.     

— É, não precisa mesmo — retrucou Maggie, acariciando as minhas costas e fazendo uma massagem do nada, algo que não reclamei.     

— Eu gosto — disse Marly —, me ajuda a pensar.   

— Uma garota tão nova como você precisa pensar tanto? — mamãe brincou, rindo daquilo. — Vamos, Maggie, ajude ela com isso.    

Marly retrucou mais alguma coisa, porém ninguém além de mim percebeu o seu incômodo ao ter que compartilhar a cozinha com Marly. Só que aquilo não demorou muito, porque todos nós já estávamos jantando. Marly falava alegremente com todos, mas eu evitava ao máximo entrar na conversa. 

Ela dormiria na minha casa naquela noite e eu já esperava, mas desejava muito que ela não comentasse de novo sobre aquele assunto de eu falar enquanto dormia, porque foi algo que realmente me incomodou.   

— Eu tenho uma sugestão pra você — comentou ela, ao voltar do banheiro usando uma camisa minha —, e acho que você pode gostar. — Por um minuto fiquei curioso, porque ela parecia guardar algo que fosse me ajudar de verdade. — Vou visitar a minha mãe e a Carly neste final de semana — informou, bem perto de mim. — Que tal se você for comigo? Parece uma boa ideia.

Logo hesitei.     

— Ir para a Irlanda? — perguntei, tentando ganhar um tempo para pensar.     

— É — ela sorriu, segurando a minha mão. — Você vai gostar, pode ajudá-lo a sair da rotina. Minha mãe vai adorar conhecê-lo, disso eu tenho certeza.     

Sair de Londres não era o que eu queria, na verdade.      

— Eu não sei, Marly.     

— Eu não vou insistir — ela ergueu as mãos, em defesa —, mas eu sei que será bom pra você.    

— Vou pensar nisso, eu prometo — falei, sem tanta convicção assim. Marly pareceu satisfeita e depois me beijou. Eu nem acreditava que ela tivesse razão, porque fugir não me faria esquecer de nada. Me deslocar para um outro lugar não resolveria o meu problema. Conhecer novos rostos e uma outra cultura só seria uma máscara, e ela cairia assim que eu fechasse os olhos pra dormir.

Nada ajudaria.

E Marly não entendia aquilo.

Por que eu estava com ela, afinal?

Dizer “não” era simplesmente difícil, principalmente para alguém que dedicava uma boa parte de seu tempo para me ajudar. 

Eu sentia como se Taylor Hampton tivesse me dado uma rasteira, ou como se tivesse mesmo cortado as minhas pernas. Eu estava parado no tempo e não sentia nenhum tipo de motivação para mudar aquilo. Como eu desejava nunca tê-la conhecido; como eu desejava nunca ter me aproximado dela naquele dia em que eu deduzi ser um dia comum... Eu me arrependia de tê-la escolhido para entrar na minha vida assim, e uma vida que ela levou consigo quando abandonou todo mundo.

Eu poderia simplesmente dizer que estava tudo muito bem, mas a quem eu queria enganar? Eu mesmo? Eu já tinha me enganado por tempo demais e não deixaria aquilo acontecer de novo. Eu queria era gritar e gritar... gritar para ela que eu a odiava e que ela não era mais nada pra mim.

Aquilo me aliviaria?

Não...

Eu queria esquecê-la, mas lá estava eu, pensando nela, mesmo com todo aquele desgosto, e decepção…, e desolação. Por que ela fez aquilo comigo? Por que ela fez...? 

Até Jane parecia ter superado tudo. Mas só parecia, porque no fim eu a conhecia bem. Ela estava sofrendo, sim, mas estava lá buscando melhorar, com Jack e Elisa. Na sexta depois da escola, ela resolveu ir até a minha casa com Jack.     

— Vieram caminhando até aqui? — eu quis saber, deitado no outro sofá. Era diferente vê-la grávida, usando apenas uma leggin e um top, com a barriga já um tanto redonda, mas aos poucos eu me acostumava. Eu suspeitava até que estranharia quando ela voltasse a ter o seu corpo de volta, após Elisa nascer.     

— Sim — ela deu de ombros, e então bebeu um gole de água da sua garrafa. — Só não acostumei com as noites. Ela mexe muito, sabe?... — Jane riu, acariciando a barriga.     

— Mas está tudo bem com vocês duas, certo? 

Jane olhou para Jack, que estava prestando atenção na TV, e depois pra mim de novo, com um ar de preocupação.     

— Estou tendo uns sonhos estranhos.     

— Está tudo bem com você e a Elisa, não está? — repeti, já apreensivo.     

— Sim, Louis — Jane suspirou, com um ar que geralmente a minha mãe tinha, aquela coisa meio que “eu sei o que você pensa, acredite”.     

— Esses sonhos são por causa da gravidez — falou Jack, olhando pra ela —, eu tenho certeza disso.   

— Mas não deixam de ser importantes.     

— Importantes? — revidei, sem ao menos saber do que diabos eles estavam falando. — Seja o que for, são apenas sonhos.     

— São pesadelos com você e a... — Olhei para ela, muito sério, e ela logo parou, hesitante em pronunciar o nome daquela pessoa. — Você sabe.

Foi aí que Marly chegou.     

— Ah — ela pareceu surpresa com a presença da Jane e do Jack —, boa tarde, que bom que estão aqui.     

Os dois responderam em uníssono, mas sem tanto entusiasmo. Marly também não parecia muito bem e, naquele dia, era como se tivesse chorado. Geralmente ela aparecia bem alegre e eufórica, por isso foi estranho vê-la daquele jeito. Ela sorriu pra mim quando me sentei e me deu um beijo rápido, para depois sentar ao meu lado.  

— Aconteceu alguma coisa? — perguntei, ainda observando-a. Marly pareceu surpresa novamente e me olhou. — É algo com a viagem?     

— Que viagem? — Jane perguntou, confusa. — Você vai embora?     

— Vou visitar a minha mãe — respondeu Marly, muito simpática —, e o Louis vai comigo.     

— Na verdade, eu ainda não decidi — expliquei, sem tirar os olhos da Marly. — Estou pensando se vou ou não, por causa da escola aqui e... e tudo o mais.     

— Será no sábado — contou Marly, pondo a mão sobre a minha perna.     

— Por que você não me falou sobre isso, afinal? — perguntou Jane para mim, parecendo ofendida.     

— Eu não lembrei — respondi, já sem a paciência de antes. Jane era alguém que me lembrava o que eu não queria lembrar. Ela fez parte de quase tudo o que se passou entre Taylor e eu, por isso era difícil olhar pra ela e não recordar de algumas coisas onde Taylor esteve junto 

Jane era muito importante pra mim, mas não estava sendo fácil conviver com ela e não lembrar de determinadas coisas. Era aquilo o que me frustrava e me fazia perder a paciência rapidamente. Provavelmente ela sentia a mesma coisa em relação a mim, mas sabia lidar melhor. 

Eu duvidava, no entanto, que Jan fosse manter todo o controle naquele dia em específico, porque foi quando Taylor resolveu ir até a minha casa. Eu pensava até que estava preparado, mas a verdade era que não estava. E, sob o meu teto durante aquela chuva à noite, eu desejei mil vezes ter que morrer do que vê-la – ou que pelo menos Jan não tivesse ido embora horas antes. No fim, eu tive que lidar com tudo sozinho.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...