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História Friends - Louis Tomlinson - 090. Reencontro


Escrita por: sunzjm

Capítulo 90 - 090. Reencontro


Fanfic / Fanfiction Friends - Louis Tomlinson - 090. Reencontro

Depois de dias de desprezo perante noventa e nove por cento da sociedade, eis que surge um coração bondoso, no meio de tanta maldade.

Sally Angelin.

O que eu fui? Eu não passava de uma garota inexperiente em relação a tudo e que não sabia lidar com coisa nenhuma. Eu fui estúpida e, se alguém quisesse pisar em cima de mim, este alguém conseguiria. 

Mas foi antes.

Ninguém mais poderia me enganar, eu fui boba o bastante durante todo aquele tempo e já estava mais do que na hora de mostrar que eu era capaz de ultrapassar qualquer coisa, que eu poderia ser tão esperta quanto qualquer um, que eu não era alguém indefeso e que eu era mais do que eu mostrava. 

E tudo aquilo estava fixo na minha cabeça.

Só que a minha barreira continuava sendo as drogas. Sally, então, usou todo o seu tempo para dar atenção a mim, por isso eu tive que passar por todas aquelas dores de novo: o calor/frio, as ânsias, os vômitos, as alucinações, os espasmos...

Porém, mesmo sentindo tudo novamente, daquela vez foi diferente. Afinal, eu não olhei para Sally e lhe desejei a dor por me fazer sofrer. Muito pelo contrário: eu agradeci.

Tudo bem, eu não estava cem por cento bem e me culpava por ter escondido o meu único saquinho de drogas dentro de um vaso de flores. Aquilo era o demônio em pessoa e ainda existia a minha dependência psicológica. Mesmo mudando uma parte dos meus pensamentos, eu ainda sentia como se não fosse tão capaz assim, porque eu precisaria muito daquela dose no dia em que fosse falar com Louis Tomlinson.

Louis...

Ele foi uma das motivações durante todo aquele tempo. Eu sempre me pegava pensando no que dizer, mas percebia que nada era bom o bastante. Nada parecia ser uma boa explicação. Ele fez tudo por mim e eu simplesmente fui embora pra bem longe, com alguém que ele odiava.     

— Acha que ele vai me perdoar? — perguntei, com as pernas sobre o sofá enquanto as abraçava. Sally estava sentada em uma cadeira de balanço e costurava alguma coisa de cor vermelha, algo parecido com um gorro. — Eu o amo e o quero de volta — voltei a falar, depois peguei um comprimido de Valium sobre a mesa ao meu lado e o coloquei na boca, bebendo um gole de água logo em seguida. — Marly já deve ter enchido a cabeça dele de mentiras e eu tenho medo do que ele pensa de mim agora.

Aquele era o meu maior tormento, aliás. Marly era o meu pesadelo, ela quase acabou com a minha vida e roubou o que eu tinha de mais importante. Durante a minha crise de privação, Marly Cooper apareceu milhares de vezes nas minhas alucinações, me observando enquanto ria de mim.    

— Você deve sofrer as consequências, Taylor — disse Sally, com um ar triste. — Eu sei que não é isso o que você quer escutar, mas é o que você precisa ouvir. Você precisa aceitar o que pode vir a acontecer, minha querida.

Eu já não aguentava mais todo aquele lamento interno, por isso comecei a chorar, enraivecida e entristecida. Depois me levantei e passei a andar de um lado pro outro, ansiosa pelo meu futuro.      

— Eu já me arrependo de tudo! Eu nunca deveria ter me deixado levar pelo luto do meu pai. Eu fui fraca e já sei disso. Eu tive o poder de parar, mas eu não quis!.... Só que eu me arrependo e preciso que eles me perdoem por isso…     

— Taylor — Sally levantou e me fez parar —, acalme-se.     

— É só que eu não sei como vou conseguir resolver tudo isso — reclamei, muito frustrada. — É muito difícil.

Eram coisas delicadas que precisavam de algo que não fazia parte de mim: a paciência. Eu sabia que a maioria das burrices que eu havia feito precisariam de tempo para que pudessem ser desculpadas. Talvez a minha mãe até me perdoasse. Na verdade, eu tinha quase certeza daquilo, apenas pelo fato de que ela era a minha mãe e tínhamos muitas coisas juntas pra que eu simplesmente fosse esquecida.

Ela poderia me perdoar.

Mas, como eu falei antes: era algo muito delicado, afinal, mamãe não era de pedra. Ela iria me perdoar, mas iria ficar magoada pelo resto da vida. Ninguém iria tirar aquele acontecimento da cabeça dela, nem que lhe arrancassem o cérebro, porque era muito mais do que uma lembrança ruim.

Quanto ao meu irmão, seguia o mesmo critério da mamãe. A diferença era que ele se fecharia comigo por uns dois meses, no mínimo. Eram dores duplas no caso dele, porque eu o magoei e, em bônus, magoei a pessoa que ele mais ama na vida: a nossa mãe.

Havia Jane Collin também, é claro. Algo dentro de mim me dizia que ela também me perdoaria, mas seria algo que eu precisaria conquistar aos poucos. Teria de passar um ano inteiro sem aprontar bobagens, tentando animá-la e sendo alguém que ela sempre rezou para que eu fosse: forte e independente.

Taylor Hampton, forte e independente.

Será que eu conseguiria ser assim?

E Louis...

Sempre quando eu pensava nele, via uma barreira nos meus pensamentos. Uma barreira ilusória e ao mesmo tempo real. Ele fazia parte da outra parte – da parte que nem o tempo poderia resolver. Mesmo que eu acreditasse que ele ainda me amava, eu não tinha certeza se ele poderia me perdoar.

O que eu faria?

Precisava voltar pra casa, mas como seria?

A casa dos Tomlinson era o primeiro lugar que vinha à minha cabeça quando eu pensava em Greenwich. Só que eu não teria algo de concreto e claro para dizer ao Louis. Na verdade, eu sentiria muita vergonha.

E, mais do que aquilo, tinha algo que me incomodava mais. E era mais uma pessoa – uma pessoa que não deveria estar lá, mas que estava.

Marly Cooper.

Ela era um dos meus alvos. Eu queria feri-la, como ela havia me ferido. Eu queria fazer com que ela se machucasse de alguma forma, mesmo que fosse apenas fisicamente. Eu queria que ela morresse.

Que morresse!     

— Eu não vou suportar vê-los juntos — falei, com os dentes cerrados e ainda chorando. — Não vou de jeito nenhum!     

— Você…     

— Ela vai estar lá, Sally — eu disse, olhando bem dentro dos seus olhos, triste e irritada. — Eu sei que vai. Eu não sei o que diabos foi isso que se criou dentro dela, realmente não faço ideia, mas não chega perto de ser amor!...     

— Eu concordo com você.     

— Detesto saber que Marly está no meu lugar com tudo o que eu tinha — continuei, um tanto confusa. — Mas, ao mesmo tempo, assim que eu lembro do que fiz..., penso que eu deveria sentir tudo isso e um pouco mais. Eu sequer mereço voltar lá pra pedir desculpas...   

— Como é? — Sally franziu o cenho, desconfiada e com um misto de preocupação. — Você está desistindo, Taylor?

Tirei os olhos dela e abracei o meu próprio corpo, sentindo como se uma faca atravessasse o meu peito, levando consigo aquilo que bombardeava sangue pra mim.     

— Eu acho que não devo fazer isso, eles estão melhor sem mim… — Então eu limpei o rosto, respirei fundo e tentei sair dali o mais rápido possível.     

— Ei, pra onde vai?     

— Procurar um pouco de ar.     

— Não! — Olhei pra ela e era como se eu visse todas as suas lembranças ruins passarem diante dos seus olhos. — Não posso deixar você sair, Taylor — disse Sally, agarrando o meu braço.     

— Eu não vou fazer nada de mais...     

— Contei a você tudo sobre o meu filho — lembrou ela, me apertando ainda mais. — Eu não quero que aconteça o mesmo com você. Não faz isso comigo, por favor. 'Tá chovendo agora, vamos ficar juntas...

E aquilo me deixou pior do que eu já estava, afinal, eu estive prestes a fazer o que eu prometi a mim mesma que não faria mais.

Só que ela me lembrou do Isaac.

Ele também foi um usuário de drogas e agiu da mesma forma como eu agi, pelo que Sally contou. Houveram tentativas e vários fracassos pelo lado dela, assim como fizeram Louis e Jane. E houveram muitas brigas e decepções também. Fugas, fugas e mais fugas. Porém, em um daqueles contratempos, Isaac simplesmente não voltou mais, e aquela era a diferença entre ele e eu.     

— Me desculpa...     

— Eles podem estar sentindo tudo, Taylor — disse Sally, muito séria —, mas alegria e alívio estão longe de estar dentro deles. Não os deixe assim, é só o que eu peço.     

— Não vou — prometi, daquela vez buscando estar firme no que eu falava. — Vou voltar e ser outra pessoa.

Ser outra pessoa e bem melhor. Eu realmente busquei grudar aquele pensamento na minha cabeça. Pelos próximos quatros dias, eu já não chorava mais. Na verdade, tentei me decidir se iria para a minha casa ou se ia primeiro até a casa do Louis, para falar o que eu precisava falar.

A última opção era a que mais me deixava nervosa. Ir lá e falar parecia muito simples…, mas não. Eu o veria, depois de mais ou menos dois meses. Eu veria aqueles olhos azuis de novo, cheios de rancor, e as coisas não seriam mais como antes.

Eu também pensei na possibilidade de não ser ouvida, mas busquei acreditar no amor que Louis ainda poderia sentir por mim. Afinal, ele ainda me amava? Depois das coisas que eu fiz, ainda existia um sentimento bom dentro dele? Senão, o que eu iria fazer? Ele era uma das motivações maiores e esteve certo desde o começo. Tudo o que eu sabia era que precisava dele de volta.

Porém, mesmo sabendo que eu não poderia exigir nada dele pelas coisas que eu havia feito, me senti tão mal naquele dia em questão que quase passei mal de tanta angústia.

Foi naquela quarta-feira meio escura. Estava chovendo, aliás, como se fosse uma decoração para o que eu estava sentindo. Sally me deixou na casa dos Tomlinson em seu carro e, antes que tudo acontecesse, eu já estava mal demais por causa da despedida.     

— Eu agradeço tanto, Sally — eu disse, olhando pra ela e segurando as suas mãos. — Vou visitá-la assim que puder, 'tá bem?     

— Não agradeça... — Ela sorriu tão lindamente, que foi como se fosse capaz de fazer parar de chover. — Eu que agradeço. De alguma forma, você me fez ver várias coisas importantes na vida, sabia?     

— É mesmo?     

— Tudo só depende de você — falou, em um tom misterioso. — Ele está a alguns metros e a sua família também, minha flor. Você voltou e está arrependida das coisas que fez, Taylor, consegue ver o quanto isso é bom? Você voltou!...

Sorri, deixando transparecer a minha emoção.    

— Eu não estou dizendo que será fácil — continuou Sally, depois de um suspiro. — Na verdade, será bem mais difícil do que já foi um dia. A diferença é que você tem a consciência de tudo hoje e isso será importante para o seu futuro.     

— Vou sentir a sua falta — eu disse, sentindo um frio constante na barriga. — Você me ajudou tanto... e eu não quero perdê-la. 

Ela sorriu pra mim, pegou a sua bolsa no banco de trás e de lá tirou aquele gorro vermelho que esteve trabalhando nos dias em que eu estive em sua casa.     

— Eu vou estar sempre com você, Taylor — ela me deu um beijo na bochecha e pôs aquele gorro na minha cabeça —, e você não precisa se preocupar em me procurar.     

— Vou procurar, sim.     

— Mas você não vai me encontrar.     

— Como assim? — perguntei, amedrontada. — Você não me disse que iria viajar…     

— É melhor você ir — mandou ela, olhando para a casa do Louis a alguns metros da gente. — Ele está lá dentro e necessita de você, de alguma forma.     

— Mas…     

— Eu procuro por você depois, 'tá bem?

Então o meu coração se acalmou.     

— Promete?     

— É claro — ela se ajeitou no carro e percebi que eu já deveria seguir com a minha vida —, mas você também precisa me prometer que vai ficar bem, independente de qualquer coisa.    

— Eu prometo — falei, sincera. Fiquei olhando pra ela e ela ficou olhando pra frente, como se estivesse concentrada em alguma coisa. — Amo você… — eu disse, sentindo o coração apertar. 

Então, para que nada continuasse sendo tão dolorido, dei um beijo em sua bochecha e saí daquele carro, entrando no meio de toda aquela chuva.

O problema foi que algo me parou assim que olhei pra casa dele. Eu simplesmente não consegui andar e congelei ali sobre a calçada. Nem por causa da chuva, na verdade era o medo.     

— Vamos — gritou Sally —, você consegue.

Depois ouvi o motor do carro e então ela foi embora. Fiquei ali, olhando para as luzes brilhantes da casa dele, me chamando. Eu finalmente estava lá e ele estava lá dentro, sendo como eu sempre amei. Eu finalmente estava lá... 

Logo, comecei a sentir frio e percebi que eu já estava ensopada. Sally tinha me dado um guarda-chuva, mas eu nem o senti mais nas minhas mãos. Provavelmente havia caído no chão sem que eu percebesse, só que eu não pensei em nada daquilo.

Vi uma sombra passando pela janela da casa dele, no térreo, e o frio na minha barriga apenas se intensificou. Eu precisava sair dali.

Vou embora?    

— Não — respondi pra mim mesma.

Experimentei respirar fundo e aquilo pareceu dar certo por alguns minutos, porque as minhas pernas logo tiveram movimento. E então eu já me via atravessando aquele jardim, depois de olhar pro carro dele mais uma vez estacionado na frente da casa.

E quantas vezes eu me perguntei se apertava ou não a campainha? A minha mão ia de encontro àquele botão branco e depois voltava, como se houvesse uma corrente elétrica ali. O problema foi que eu não precisei tocar a campainha, era como se ela já soubesse que eu estava ali à procura dele.     

— Maggie — sussurrei, muito feliz por vê-la. Ela tinha um guarda-chuva na mão, porque com certeza iria sair naquele tempo chuvoso. 

Não precisei dizer mais nada, afinal, o que eu havia buscado descia a escada. E onde estava mesmo o oxigênio? Eu mal conseguia respirar direito, principalmente depois que vi algo de errado ali.

Era ela.

Marly Cooper.

E estava de mãos dadas com ele, sorrindo sem perceber que eu estava ali, olhando para aquele contato físico. Louis então me viu e eu não consegui encontrar o olhar que eu tanto amava. Se antes eu estava em dúvida se ele ainda me amava ou não, tive a resposta naquele dia, quando ele me fitou.  

Fiquei sem saber se entrava ou não. Todo o frio me batia pelas costas e eu já tremia, ainda mais estando nervosa. Assim, senti alguém me puxando pela mão e logo me vi dentro daquela casa.      

Quando tentei falar alguma coisa, Louis tirou os olhos de mim e virou as costas, como se fosse subir de novo para o quarto.       

— Não, espera! — exclamei, então ele parou e ficou ali, sem me olhar e ainda segurando a mão daquela garota. Se eu estava mal? Ora, como eu não estaria? —  Preciso falar com você — comecei, quase atropelando as palavras. Eu sequer olhava para Marly, de tão atordoada que estava. — Por favor, me deixa falar com você…     

— Como pode falar isso depois de tudo o que você fez? — Fiquei mais atordoada ainda, porque quem falou aquilo foi Marly, sem se importar em ser uma cara-de-pau.

Não aguentei e então andei na direção dela, a fim de machucar aquele rosto singelo que me dava náuseas. Só que Louis pareceu perceber o que eu queria e entrou na minha frente.     

— O que pensa que 'tá fazendo? — jogou, e as suas palavras eram como gelo seco sendo jogadas direto no meu rosto.      

— Louis, foi tudo culpa dela! — rebati, enquanto apontava o dedo na direção da Marly. — Você tem que ouvir o que eu tenho pra falar.     

— O quê? — Marly fingiu ficar ofendida. — Você ainda tem a coragem de dizer isso? Por que está fazendo isso comigo? — Fiquei perplexa quando percebi que ela estava chorando.     

— Mas... — Ela tinha me pegado de surpresa. Não se passou pela minha cabeça que Marly iria se fazer de vítima. — Como…     

— Vai embora daqui agora — Louis mandou, sem me olhar e apontando pra porta. Fiquei sem reação mais uma vez, era doloroso demais estar sendo tratada daquela maneira por alguém que eu amava. — Eu quero que você vá embora daqui, Taylor — repetiu ele, muito irritado. — Você não ouviu? Vai embora!     

— Eu não posso ir embora antes de falar com você! — revidei, buscando ao máximo não perder o controle e começar a chorar como uma idiota.    

— Mas eu não quero ouvir o que você tem a dizer pra mim, não entende?! — gritou de volta, se afastando e indo até a porta principal, a fim de segurá-la e me indicar o caminho da saída. — Vamos, sai daqui.    

— Eu já disse que eu não vou embora antes de falar com você — repeti, desesperada. — Me escuta, foi ela quem me deu as drogas. — Apontei o dedo para Marly mais uma vez, que estava atrás de mim chorando.  

— Para de mentir — gritou a garota, com a voz embargada. — Eu tentei aconselhar você nisso tudo e você não me ouviu!     

— O quê? — arfei, as mãos tremendo de tanto que eu queria bater em Marly Cooper. — Não mente, foi você quem me disse que eu iria melhorar depois de me drogar. Você trouxe aquilo pra mim e acabou com a minha vida!...     

— Parem com isso! — Maggie entrou na conversa, se colocando entre nós duas e evitando uma briga à base de socos. Não aguentei aquele monte de mentiras sendo jogadas injustamente contra mim e comecei a chorar devido ao excesso de raiva. — Não vamos conseguir resolver nada assim.    

— Resolver? — praguejou Louis, perplexo. — Já está tudo resolvido, eu não tenho nada pra falar com ela e quero que ela vá embora agora.     

— Você não pode fazer isso comigo, Louis — eu disse, me aproximando dele rapidamente, quase o tocando. — Por tudo o que passamos, você não pode...

Então ele tirou os olhos de mim na mesma rapidez que cheguei perto dele e, depois, me pegando de surpresa, saiu de casa. Não esperei por um segundo sequer e segui atrás dele, no meio de toda aquela chuva.     

— Volta aqui! — pedi, apressada.     

— Eu não quero mais saber de você! — exclamou ele, ao parar bruscamente pra me olhar. Ele estava indo na direção da garagem, provavelmente para ir a qualquer lugar que estivesse longe de mim. — Por que voltou, Taylor? Estava tudo melhor sem você.     

— Não diz isso...

Então ele chegou bem próximo e falou:     

— Eu odeio você.

Eu sequer estava sentindo os pingos da chuva caindo sobre a minha cabeça. O garoto à minha frente me olhou com um ódio tão grande, que por um momento eu me esqueci de como se falava. O que eu estava fazendo ali mesmo?     

— Louis…     

— Eu não ligo pro que você está sentindo, não ligo se está sofrendo — continuou, sem tirar os olhos de mim. — Não ligo se está arrependida e muito menos se voltou.     

— Para com isso!          

— Você merece coisa pior do que apenas o que eu estou dizendo a você — falou ele, e então aquela chuva começou a diminuir aos poucos, como se o ajudasse naquilo tudo. — Por que voltou, afinal?!    

Respirei fundo e tentei erguer a cabeça.      

— Eu descobri que…    

— O quê? Que estava errada? — debochou Louis, erguendo os braços. — Ah, já sei…, descobriu que é uma viciada em drogas?

Apenas fiquei olhando pra ele. Seria impossível ter uma conversa, ele estava irritado demais. Eu já estava sem forças para qualquer coisa, só que o meu objetivo aquele tempo todo foi ter aquela conversa. Resolver tudo. 

Mas…     

— Me desculpa — foi o que eu disse, sentindo vergonha ao lembrar das coisas que eu havia feito. — Eu realmente sinto muito…     

— Eu não preciso disso, vai embora.     

— Espera — me coloquei na frente dele, lhe impedindo de caminhar até o carro. — Tudo bem, você não precisa acreditar em nada do que eu vou dizer, mas apenas escuta o que eu tenho pra falar.     

— Eu não devo nada a você.     

— Você me deve, sim! — exclamei, apontando o indicador. — Me deve, Louis, aquilo não foi a única coisa que eu fiz e você está agindo como se nós nunca tivéssemos tido nada desde todo esse tempo. Como se tivesse esquecido de tudo. Como se...

Como se não me amasse mais.     

— Eu não acredito que você está falando isso. Está mesmo pedindo para que eu tenha consideração por você?     

— Estou!  

Ele riu, sem a menor vontade.      

— Ah, é mesmo? E consideração pela sua mãe, você teve? Pelo Tiago, pela Claire, pela Jan... ou por mim? Você teve alguma consideração por mim, Taylor Hampton?      

— Eu…     

— Você só pensou em si mesma, esqueceu que tinha uma família, que haviam pessoas que amavam você e que queriam apenas ajudar. O que você fez? Apenas saiu correndo atrás daquele... — Ele parou a si mesmo e ficou me olhando, como se a raiva de antes fosse substituída por algo pior: o rancor. — Eu não devo nada a você, Taylor — repetiu, bem devagar. — Por que se importa se eu esqueci ou não o que tivemos? Nada daquilo era importante pra você.     

— Era importante, sim!    

— Não era!          

— Era sim…    

— Então por que você me deixou?!

Vamos lá, para de chorar, Taylor.     

— Me entenda, por favor…    

— Entender o quê? — perguntou ele, sem se preocupar com o meu descontrole. — Lembra a última coisa que você disse pra mim antes de ir embora? Fala pra mim!     

— Não!     

— Deixou claro o quanto me odiava, me comparou com aquele cara, disse que tinha se arrependido de estar comigo e que teria sido melhor estar com ele — jogou, e percebi que os olhos dele estavam lacrimejados, só que ele não deixou nenhuma lágrima cair. — Agiu como se eu não fosse nada, como se eu nunca tivesse feito nada por você, como se eu estivesse tentando lhe matar ao tentar fazê-la parar com aquele vício maldito que entrou na sua vida. Você disse que me odiava, Taylor, não lembra disso? E agora voltou porque disse que precisa conversar?! Já conversamos e eu não quero mais saber de você.     

— Eu estava muito irritada e não sabia no que tinha me metido — tentei me defender, rapidamente. — Eu não odeio você, nunca odiei. Você me irritou por não me dar a dose e eu... Eu falei tudo aquilo da boca pra fora, Louis, eu…     

— Eu não acredito mais em você — ele me interrompeu, frio.     

O que eu faria para que ele me ouvisse? Estava sendo mais difícil do que eu imaginava. Além do mais, mesmo que ele me ouvisse, quem iria garantir que ele fosse acreditar em mim? Ele mesmo disse aquilo. 

Assim, tentei ir por um outro caminho:      

— Aquela garota que está lá dentro não é nada do que você pensa. Ela é uma mentirosa!...     

— Cala a boca — mandou ele, impaciente. — Marly não tem absolutamente nada a ver com o que aconteceu, você é a culpada de tudo.     

— Louis..., foi ela quem me deu as drogas — repeti pela terceira vez, só que um pouco mais devagar. — Eu não estou mentindo!     

— Foi você quem procurou isso sozinha — ele disse, quase sem me escutar. — E, se não fosse por ela, tenho certeza que algo de pior poderia ter acontecido nas vezes em que você saiu de casa.    

— Claro que ela precisaria vir comigo — revidei, frustrada. — Ela me levou até a casa do Brad e me apresentou os amigos dele.     

— Aquilo foi uma coincidência…     

— Como pode acreditar que foi coincidência?   

— Porque eu acredito no que ela fala — respondeu ele, sem pestanejar. — Eu já conversei com a Marly sobre aqueles caras e eu sei que ela já os conhecia.     

— Então!...     

— Você não vê o que está fazendo? — perguntou, depois de bufar. — Eu perguntei várias vezes sobre o que você e Marly tinham, e você sempre a defendeu. Agora vem com essa história de que ela é a culpada, eu não acredito mais no que você fala, não entende isso?      

— Mas ela armou tudo aquilo! — Aquilo pareceu tirar a paciência dele e então ele tentou me deixar ali de novo. Só que eu persisti e entrei na frente dele mais uma vez, limpando o rosto bruscamente e buscando me acalmar. — O dia em que você me viu com o Adrian na casa do Brad, lembra disso? Eu estava drogada, então ela aproveitou que Adrian estava lá e chamou por você.     

— Para de insistir nessa história!     

— Ela quis nos separar e conseguiu.     

— Foi você quem fez isso.     

— Não! Quando fugi, fui pedir a ajuda dela. Eu queria passar um tempo escondida na casa dos Williams, só que a Marly não me deixou ficar lá e então ligou pro Dylan para que eles me levassem para a casa do Adrian. Ela planejou toda aquela fuga por mim.

Louis não estava olhando diretamente para os meus olhos, parecia indeciso com alguma coisa. Senti até um pouco de esperança por falar a verdade nua e crua pra ele. Só que, depois de alguns segundos, no silêncio daquela noite, ele falou:     

— Me esquece e não volta mais aqui. 

Depois, como se percebesse que eu havia ficado tão mal que não iria conseguir me mexer, saiu dali e entrou na sua casa de novo, para depois fechar a porta e me deixar sozinha. 

Tentei chamá-lo, mas a minha voz não passou de um sussurro inútil. Senti que Marly Cooper agora era a dona do seu coração e que Louis me odiava.

Eu não passava de uma lembrança ruim pra ele. Chorei tanto naquela noite, que a minha cabeça pulsava de dores. Parada, olhando para a casa que fez parte da minha vida, eu me via afundando no chão, lentamente.

Fui me afastando aos poucos, devagar e sem tirar os olhos da casa dos Tomlinson. Bem no momento em que vi uma silhueta abrindo a porta da casa novamente, saí correndo dali. Eu não estava enxergando tão bem de longe, mas tinha certeza que a pessoa na porta era Maggie. Prometi a mim mesma que voltaria depois, pelo menos para tentar falar com ela e com a Sra. Tomlinson.

Naquela noite, achei que corria sem senso de direção, mas depois percebi que uma pessoa parecia me puxar. Eu estava indo diretamente para a casa da Jan, outra pessoa que me motivou aquele tempo todo. Eu lembrava que sequer havia batido na porta, apenas entrei, subindo a escada e indo de encontro à porta do quarto dela. Quando a abri, vi Jane próxima à janela, com uma expressão de assombro. Quando me viu, ficou tão branca que achei que iria desmaiar.

— Me deixa ficar, por favor...



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