1. Spirit Fanfics >
  2. Friends - Louis Tomlinson >
  3. 092. Leve

História Friends - Louis Tomlinson - 092. Leve


Escrita por: sunzjm

Capítulo 92 - 092. Leve


Fanfic / Fanfiction Friends - Louis Tomlinson - 092. Leve

JANE

Por mais contraditória que fossem as minhas emoções, havia um lado que falava mais alto. Aquele lado onde eu simplesmente acreditava em todas as suas palavras ditas, mesmo depois de várias mentiras. 

Eu tinha tudo para não acreditar em Taylor Hampton depois de sua volta, mas aquele seu olhar não deixava a minha cabeça de maneira alguma. As suas lágrimas eram como se fossem auto-falantes gritando por ajuda e eu acreditei em tudo o que ela falou. 

Apenas algo me deixou insegura: a sua promessa ao parar com a heroína. Eu lembrava nitidamente do dia em que ela me disse várias coisas boas, que iria refazer tudo novamente, que precisaria de ar livre para começar a viver a sua vida sem as drogas e que sabia o que aconteceria caso injetasse aquilo em seu braço mais uma vez. Ela falou tudo aquilo e eu também acreditei. Realmente tinha achado que algo havia iluminado a sua cabeça e que tudo se resolveria.

Mas não, aquela foi a maneira que ela encontrou de fugir de casa, e agora ela estava falando quase as mesmas coisas...

Só que havia algo de diferente. Ela falou aquilo de um jeito mais vivido, de uma forma clara e sem enrolação. 

Eu tinha ficado completamente chocada, perplexa e sem reação ao vê-la sentada perto da minha porta. Eu rezei tanto pedindo pela sua volta e por doses de bom senso, que quase esqueci que a fé poderia mover montanhas.

Taylor Hampton voltou.

E estava arrependida?

Estava!

Depois de todo aquele papo cheio de declarações e revelações, eu sondei todo o terreno à procura de mentiras. Só que eu não encontrei nada, apenas uma garota triste pelo que perdeu ao tomar decisões precipitadas. E, se ela estava mentindo, então tinha aprendido muitas técnicas de atuação.

Só que não havia a necessidade de mentiras, ou havia? Por que razão ela voltaria para mentir que estava arrependida? Pra voltar para Louis? Para ter a sua família de volta? Porque sentia falta de casa?

Poderia até ser, mas o objetivo maior não era aquele… O que precisava ser levado em consideração era o porquê de ela estar ali chorando e pedindo por ajuda. Taylor, enfim, percebeu a encrenca em que havia se metido; ela finalmente percebeu que fez tudo errado, que Louis e eu não éramos os seus inimigos, que as drogas eram erradas e que Marly Cooper não passava de uma cobra, como eu sempre imaginei.

Por quanto tempo eu pedi para que aquilo acontecesse? Agora ela estava ali e pronta para ser o que deveria ser, para ser feliz de um jeito verdadeiro, sem ilusões ou vícios. 

Contudo, algo ainda tirava o meu sossego. Para mim, Taylor ainda era aquela Taylor que eu conheci, e eu não sabia exatamente o que ela tinha se tornado depois de descobrir o que Marly fez de mal. Eu não sabia se ela aguentaria passar novamente por várias barreiras a fim de ter a sua vida de volta, assim como Louis. Taylor continuaria firme mesmo se todos lhe dissessem que nada daria em nada?

Eu não sabia...

E também não sabia se ela sairia do vício. E se desse tudo errado, o que faríamos? E se ela não aguentasse a depressão e passasse a se drogar novamente? Ela fugiria de novo? E se fugisse? Eu a perdoaria mais uma vez? A mãe dela aguentaria aquela situação de novo? O que Louis faria?! 

Além do mais, ela ainda tinha uma dose de heroína consigo e eu não gostava nada da maneira como ela falava. Eu até tentei convencê-la do contrário no dia que se passou, após a noite em que ela apareceu de repente. Taylor teve mais uma crise de choro e começou a bater no próprio corpo, irritada e chateada consigo mesma.     

— O meu pai deve estar sentindo desgosto de mim — falou, sentada na cama. Ela já estava de banho tomado e com roupas minhas. Vovó sabia que ela estava ali, mas eu pedi para que nos desse espaço. — O que eu fui nesses meses? Fiquei achando que o mundo estava pisando em cima de mim, que Deus estava pouco se lixando para o que eu sentia, que a dor de uma pessoa sequer poderia ser comparada com a minha. Que merda eu fui, afinal? Que merda eu sou?!    

— Se continuar pensando dessa forma, Taylor, será difícil ter progresso — tentei aconselhá-la, enquanto a observava de pé. — Você vai entrar em um ciclo vicioso e isso só vai afastar as pessoas de você. Você tem que aprender com os seus erros.     

— Erros…     

— Todo mundo erra — eu disse, mesmo que fosse clichê falar aquilo em voz alta. — Quem nunca tomou uma decisão errada na vida? O que você precisa fazer é focar no seu arrependimento, 'tá bem?     

— E o que adianta? — Ela ergueu os braços, exausta. — Eu me arrependi, mas perdi uma das pessoas que eu mais amava na vida, que esteve comigo esse tempo todo e que me amou também.     

— Você pode mudar isso…    

Ela levantou e ficou bem na minha frente, me lançando rajadas de melancolia.      

— Você não ouviu o que ele me disse. Você não viu o jeito como ele olhou pra mim, Jan. — Taylor negou com a cabeça e tentou limpar o rosto. — Ele agora me odeia.     

— Louis tem motivos para ficar chateado.     

— Eu sei! — exclamou ela, frustrada. — Mas eu sinto como se ele nunca mais fosse me perdoar. Eu o quero de volta, sim, e sei que isso não vai acontecer, mas eu ficaria bem mais em paz caso ele me perdoasse logo.     

— Você precisa dar tempo a ele…     

— Ele me odeia.

Era uma situação complexa. Eu não tirava a razão do Louis, porque passei todos aqueles dias ao lado dele, vendo o seu semblante mudar de triste para irritado, de chateado para revoltado e vice-versa. Eu sabia o que ele tinha passado durante a ausência dela, mas Taylor tinha se tornado um assunto proibido, por isso era difícil saber tudo o que ele ainda sentia.    

— Faz o seguinte — eu disse, depois de pensar bastante —, tenha paciência e não procure mais por ele. 

— O quê?     

— Louis precisa mesmo pensar, Taylor — enfatizei, lembrando de todas as coisas que ele disse em relação a ela durante a sua ausência. — Ele passou todo esse tempo desejando que você voltasse, apenas para gritar o quão irritado e triste ele estava com você. E, agora, que você apareceu de repente na casa dele, talvez isso tenha aumentado alguma coisa dentro daquele coração, porque, mesmo que você tenha falado a verdade e ido lá com boas intenções, Louis deve estar achando que você foi cara-de-pau ao aparecer lá daquele jeito depois de tudo o que fez ele passar.     

— Aumentado alguma coisa? — perguntou ela, nada feliz. — Alguma coisa de ruim, é isso o que você dizer?     

— Sim — respondi, franca. — Mas, veja só, ele falou a maior parte das coisas que queria falar, então isso deve ter ajudado.     

— Você deve estar brincando.     

— Estou com cara de quem 'tá brincando?

Não, eu era a pessoa mais séria dali.     

— Como pode ter ajudado o fato dele ter me falado tudo aquilo?!     

— Porque ele deve estar se sentindo um pouquinho mais leve — respondi, sem tanta convicção. — Bom..., talvez não. O que eu preciso fazer é conversar com ele, saber o que está se passando naquela cabeça. Só que, se eu voltar a implicar com a Marly de novo, ele também não vai acreditar em nada do que eu vou falar. Vai achar que estou sendo legal com você e vai se irritar.     

— Então como vamos fazer com que ele veja quem ela realmente é? — perguntou Taylor, amedrontada. — Quando eu fui lá, vi os dois de mãos dadas…. É óbvio que ele vai acreditar em qualquer coisa que a Marly falar sobre mim, principalmente se...

Taylor ficou congelada, olhando para o chão como se visse mais do que o meu tapete azul. Na verdade, achei que ela fosse desmaiar.     

— Se o quê? — perguntei, nervosa.     

Ela olhou para as mãos e foi encolhendo.     

— Se ele tiver se apaixonado por ela...    

— Mesmo que ele estivesse mal em relação ao que havia acontecido entre vocês dois, Marly insistiu em continuar lá, ao lado dele. No fim, eles acabaram se... — Parei de falar e Taylor me olhou, muito angustiada, por isso achei melhor não continuar. — Esquece isso... O que eu sei é que ele está tentando — dei ênfase, buscando ser clara — esquecer o que vocês tiveram. Ele não iria perder o tempo dele falando com você caso não sentisse mais nada, muito menos perder as estribeiras. Marly não é burra, ela sabe o que Louis quer, sabe que ele está muito irritado com você, por isso está passando tanto tempo com ele. Ela pensa que isso vai ajudá-lo a te esquecer.     

— Ele agiu como se já tivesse esquecido.     

— Acha mesmo que ele quer mostrar os sentimentos, Taylor? — fiz uma pergunta retórica.     

— Então o que eu vou fazer?     

— Eu já disse: dê um tempo a ele. Eu ainda não sei o que vai ser daquela garota — refleti, tentando imaginar uma solução. — Tudo pode acontecer e você tem que suportar qualquer coisa que vier. Se Louis terminar com ela, você terá mais chances de tentar se resolver com ele. Agora, se os dois continuarem juntos…, a única coisa que você poderá fazer é aceitar.     

— Como vou conseguir aceitar uma coisa dessas? — ela chorou, desolada. — Ele está junto de alguém que ajudou a destruir a minha vida.     

— Eu estou aqui, Taylor — falei, agarrando as mãos dela. — Vamos conseguir erguê-la de alguma maneira, eu juro.

Assim, eu a abracei e acabei chorando junto com ela. Era um abraço cheio de desculpas, de ressentimentos e de tristezas…, e eu só sabia que algo forte tinha se concretizado ali. Eu a ajudaria, afinal de contas, era para isso que serviam os amigos. Eu a amava e, mesmo que as coisas que ela fez não fossem sair tão cedo da minha cabeça, dei uma chance a ela.      

— Quando vai começar com o tratamento das drogas? — perguntei, depois de soltá-la. — Quando vai falar com a sua mãe?     

— Hoje mesmo.    

— Hoje o quê?     

— Faço os dois.

Só que, se eu soubesse que algo como aquilo iria acontecer naquele dia, eu teria pegado a dose que ela colocou na mão e sairia correndo dali para queimá-la. 

Mas eu não tinha uma bola de cristal, tudo o que eu tinha era uma intuição. No entanto, sempre que eu a usava, ninguém me ouvia ou me obedecia, portanto o que eu falei para Taylor não deu em nada, por isso aquilo aconteceu assim que ela se drogou.

O esperado era que ela tivesse injetado a dose, tomado mais um banho, vestido uma das minhas roupas e voltado para a sua casa, a fim de pedir desculpas à sua família.

Porém…     

— Tem certeza que vai usar isso de novo? — eu tinha perguntado, receosa enquanto a observava preparar aquela dose. — A heroína trouxe tantas coisas ruins pra você, Taylor…     

— Eu sei — disse ela, fungando —, e é por isso que eu vou parar com isso. Só que eu preciso me acalmar pra resolver as coisas com a minha mãe. É ela quem vai decidir o que vai fazer comigo.      

— Mas, se quer parar — falei, sentando ao seu lado na cama —, então deveria começar indo até lá estando sóbria.     

— Eu sei o que eu deveria fazer — ela pegou a seringa e pôs todo aquele líquido no cilindro —, mas eu preciso da última dose.

Antes que eu falasse qualquer outra coisa, ela já tinha injetado aquilo no braço. A primeira coisa que vi foi Taylor me olhando, com a testa franzida. Depois ela deitou na cama lentamente e foi aí que percebi algo de errado, porque ela fechou os olhos e então ficou lá.

Simplesmente ficou lá, parada.

Eu já sabia o que estava acontecendo, é claro, mas não quis acreditar, busquei pensar que era normal. Só que aí eu vi o seu rosto mudando de cor, como se ela não estivesse mais respirando, e então aquela cor azul meio cinza foi para os seus lábios.

Ela estava sufocada.     

— Taylor... — sussurrei, já sentindo o coração batendo mais rápido. Mexi o seu corpo e não obtive nenhuma reação. Tudo estava mole, o seu braço, as suas pernas, a sua cabeça... — Taylor, você está me assustando, olha pra mim!... 

Me desesperei e levantei, ainda tentando acordá-la de alguma maneira. Pare de mexê-la, isso é uma overdose!, exclamei para mim mesma, e então gritei pela minha avó.     

— O que está acontecendo?! — vovó surgiu na porta rapidamente, depois de eu gritá-la várias vezes.    

— Chame uma ambulância agora! — mandei, enquanto segurava o rosto da Taylor. — Vamos, antes que algo de pior aconteça.

Aquela quinta-feira definitivamente foi o dia que eu mais rezei na minha vida. Eu pedi tanto para que Deus não levasse Taylor, que comecei a chorar apenas por pensar na possibilidade de ela morrer.     

— Meu Deus — fiquei lá olhando pra ela, parecendo um defunto prestes a ser enterrado —, eu sabia que isso não era uma boa ideia, Taylor…   

[…]

Já no hospital de Greenwich, após a vinda da ambulância até a minha casa, fiquei na sala de espera, nervosa com qualquer resultado que o médico nos apresentasse. Vovó ficou em casa e Jack já estava ali comigo, porque eu avisei o que tinha acontecido durante aquelas horas.

”Fique calma, você está grávida” era o que todos me aconselhavam. Eu sabia que estava grávida, droga, mas manter o controle em uma situação daquelas não era o mesmo que jogar xadrez. Taylor sofreu uma overdose de heroína e a Morte em pessoa estava lá do lado dela, o que diabos eu poderia fazer, se não me desesperar? 

E a mãe dela? Eu sequer a informei sobre o acontecimento, pois ainda me perguntava se ligava ou não para dar a notícia. Minha intenção era continuar ali esperando, ver o médico se aproximando e dizer que estava tudo bem.

Mas eu não poderia arriscar, é claro, porque o médico também poderia se aproximar e dizer algo como “eu sinto muito”, e então o motivo da minha ligação mudaria, porque eu telefonaria para informar que a sua filha estava morta. E... como eu poderia dar uma notícia daquelas? 

O meu controle mental não era tanto assim.    

— Ai — ouvi Jack arquejando, sentado ao meu lado —, você está quase arrancando a minha pele... — Logo olhei para ele e lá estava o braço dele: vermelho por causa do meu aperto inevitável.      

— Desculpa — murmurei, tentando soltar o seu braço e respirando fundo —, eu não tinha percebido.     

— Desculpe eu por ter nervos — falou ele, e parecia ser sincero. — Se essas suas unhas não doessem tanto, você poderia arrancar a minha pele quantas vezes quisesse.

Eu sabia que ele estava tentando apenas manter o clima mais leve (porque ele sempre fazia aquilo), mas daquela vez a situação era muito grave.     

— Eu... — levantei de repente e peguei o celular de dentro da minha bolsa. — Eu tenho que ligar para a Sra. Hampton, ela tem que saber o que está acontecendo.     

— Sim — disse ele, já de pé — , mas você não quer que eu faça isso? Sei que não sou muito íntimo dela, mas você não está nada bem, então isso pode piorar tudo.     

— Não, eu que tenho que dizer.

Jack sabia que não poderia me fazer mudar de ideia, então apenas assentiu e se aproximou mais de mim a fim de me abraçar de lado. Cliquei no número da Sra. Hampton e esperei, como estava fazendo há uns quinze minutos.     

— Olá — eu disse, quando ela me atendeu.     

— Olá, querida — respondeu ela, com aquele tom gentil. — Tudo bem?

Travei. 

Olhei pro Jack e ele me mandou um olhar de motivação. Gaguejei algumas vezes até que Tânia me interrompeu, já meio nervosa:     

— O que foi?     

— Algo aconteceu, e-eu…     

— Respire, Jan — aconselhou Jack, acariciando a minha nuca e a minha barriga ao mesmo tempo.     

— O quê? — perguntou ela, devagar.     

— Taylor voltou…     

— Taylor voltou? — Senti a pressa e a impaciência da Sra. Hampton ao longe, e foi tudo para que eu ficasse mais nervosa. — Como assim? Quando ela voltou? Onde ela está?!     

— Ela voltou ontem à noite e foi até a minha casa — respondi, entristecida. — Só que hoje ela resolveu fazer aquilo de novo... e então deu tudo errado. Estamos no hospital de Greenwich faz mais de quinze minutos e...

Eu não consegui continuar. Ouvi murmúrios do outro lado da linha, mas não consegui distinguir o que eram. Não demorou muito e a Sra. Hampton já avisava que passaria no hospital. Tirei o celular da orelha e fiquei olhando aquele objeto, como se ele fosse explodir a qualquer momento.     

— E ele? — Jack me tirou do devaneio. — Não vai chamá-lo até aqui?

Louis…

Ele era uma das pessoas que também se passavam pela minha cabeça. O problema era que tudo era muito delicado, portanto eu não sabia bem se era uma boa ideia dizer o que tinha acontecido. Louis estava irritado com a Taylor e eu não sabia direito o que se passava na cabeça dele. Eles dois tinham conversado e eu não fazia ideia de onde aquilo tinha o levado.

Eu diria ou não?     

— Melhor não — respondi, ainda indecisa.     

— Melhor não? — sua testa franziu e Jack ficou sério. — Como assim? Se alguma coisa acontecer, ele vai ficar irritado por você não ter dito nada.     

— Nada vai acontecer! — exclamei, e então comecei a chorar muito. — Ela vai ficar bem, Jack.     

— Jan, por favor... — Jack pareceu não saber o que fazer. — Louis tem o direito de saber, mesmo que ele esteja chateado com ela.

Sim, ele tinha razão, aquilo era importante e Louis deveria saber. Quem ligava se ele estava irritado? Taylor estava na cama de um hospital quase morrendo.

Logo, assenti pro Jack e fiz a ligação.     

— Louis, onde você está?     

— Por quê? — perguntou ele, impassível.     

— É sobre a Taylor.     

— Está mesmo me ligando pra falar dela? — jogou, grosseiro. — Olha, não quero saber do que aconteceu ontem. O que foi? Ela apareceu aí chorando? Pois é mesmo uma pena que esteja tão triste…     

— Me deixa terminar! — pedi, angustiada. — Depois falamos sobre isso. O que eu quero dizer é que estamos no hospital. Ela teve uma overdose.

Silêncio.     

— Overdose? — Por incrível que pareça a sua voz soou baixa, e deduzi que ele ainda estava processando o que eu tinha falado. E então foi o momento em que ele se alterou: — Ela se drogou mais uma vez e teve uma overdose?!    

— Eu preciso explicar isso pessoalmente — falei, tentando me acalmar e apertando o braço do Jack novamente.     

— Mas eu... — Louis parou por um instante e depois começou a murmurar reclamações. — Eu não posso ir até aí.     

— Louis, eu sei que está irritado, mas ela pode morrer, sabia? — falei, chateada com ele. — Taylor pode morrer e você está aí todo rancoroso.    

— Não diga besteiras... — pediu, como se eu finalmente tivesse tocado em um ponto importante. — Estou fora de Londres.    

Fiquei confusa, mas logo entendi o que ele disse. Seria óbvio que Marly o levasse para fora dali, ela estava correndo o risco de ser desmascarada.      

— Mas como assim?     

— Eu disse a você que iria viajar…     

— Você me disse que iria viajar, sim, e não que sairia correndo da sua casa com aquela garota, Louis! — lhe interrompi, um tanto rude. — Sem contar que isso só aconteceria no final de semana.     

— Achei melhor adiar — disse ele, meio devagar. — Mas... o médico já falou alguma, ele… — Fiquei esperando ele terminar. Só que Louis não terminou porque o outro lado ficou silencioso. Olhei para o celular e a tela estava desligada.     

— Droga!      

— O que foi? — perguntou Jack, preocupado. — O que ele disse?     

— O celular descarregou — falei, devidamente impaciente —, não consegui ouvi o resto da frase. Onde está o seu celular?     

— Em casa.     

— Que inferno!, por que você não o trouxe? — reclamei, irritada com os contratempos daquele dia. — Quem anda sem celular em um momento como esse?    

— Desculpa, meu amor, você ligou dizendo que era uma emergência — Jack se defendeu, sem se deixar levar pelo meu estresse —, e isso me atordoou.

Deixei aquilo de lado e tentei respirar fundo, passando a sentir uma certa dor nas pernas. Depois de mais ou menos dez minutos, a Sra. Hampton chegou acompanhada do Sr. Roberts, que segurava a mão dela. 

— Jane — falou a Sra. Hampton, quase sem fôlego —, onde ela está? Cadê a minha filha?! O que o médico disse?     

— Acalme-se — pedi, quase chorando ao ver o seu desespero. Só que então ela não esperou eu falar mais nada, olhou para a nossa esquerda e seguiu pelo corredor, quase correndo.           

— Tânia, onde você vai? — o Sr. Roberts perguntou, andando atrás dela. Mas ele não foi tão rápido e logo os dois sumiram das nossas vistas. Então comecei a surtar e a tremer, devido ao nervosismo.    

— Você não pode pensar que acabou — disse Jack, me abraçando. — Ninguém nos falou nada ainda, os médicos estão lá dentro e vão trazê-la de volta.     

— Como você sabe?     

— Precisamos pensar positivo — falou ele, gentil. — Vamos lá, faça isso. Talvez você ache que agora não vai ajudar em nada, mas ajuda sim, tanto pra você e pra mim quanto para Taylor.

Busquei fazer aquilo. Só que não demorou muito e a Sra. Hampton já estava de volta, chorando muito e acompanhada do médico e do seu noivo.     

— Fiquem aqui — o médico falou, quando se aproximou de todos nós. — Você está se sentindo bem? — Ele olhou pra mim, atencioso (na verdade, olhou para a minha barriga).     

— E-eu não sei — gaguejei, apertando a mão do Jack.     

— Na verdade ela precisa de um calmante — Jack falou por mim, em um tom alto e claro. — Não está conseguindo controlar as emoções.     

— Vou providenciar uma medicação adequada — avisou o médico, simpático. — E a senhora precisa ficar aqui, 'tá bem? Vou deixar tudo sob controle, eu prometo.    

Então o Dr. Gentil saiu dali, quase correndo pelo corredor.     

— Sra. Hampton — segurei as mãos dela, buscando me desculpar —, foi tudo muito rápido. Eu pedi para que ela não fizesse aquilo, mas…     

— Eu sei no que ela está metida, Jane — murmurou a Sra. Hampton, limpando o rosto com lenços de papel. — Ninguém poderia tê-la feito mudar de ideia.   

O ruim daquilo tudo era que todo mundo esperava o pior. Todo mundo ali achava que as coisas estavam perdidas e que, daquela vez, Taylor não teria tanta sorte assim. 

Até Jack também pensou daquela forma e deu para perceber pelo ar de preocupação que havia se pregado em sua testa. Era como se algo de decisivo estivesse prestes a acontecer. Todo o movimento na sala nos alarmava.     

— Não posso perdê-la — era a frase que a Sra. Hampton ficava repetindo, totalmente angustiada. — Não posso...

Ninguém mais sabia o que dizer a ela, qualquer palavra não serviria de nada. Fiquei pensando em Louis também, afinal, ele poderia estar ali conosco para falar a coisa certa à Sra. Hampton, para fazê-la sentir confiança em relação ao trabalho dos médicos, pessoas que ele tanto admirava. Não, ele não estava lá. Ele estava com Marly Cooper.

E o que ela tinha falado? Eu não fazia ideia. Talvez tivesse aumentado mais ainda a mentira e enchido a cabeça do Louis com minhocas. Ou então tivesse chorado tanto que Louis simplesmente resolveu deixar de lado o assunto para que ela se sentisse melhor. O fato é que eu já não duvidava de mais nada em relação a ela.     

— Ele está vindo — alguém ao fundo falou e logo eu me levantei, assim como a Sra. Hampton.     

— E então? — perguntou ela, quase pulando em cima do médico de tanta ansiedade. — Como está a minha filha?    

— Taylor precisa descansar bastante — foi o que ele disse, com um sorriso discreto. A Sra. Hampton se aliviou tanto, que quase caiu no chão. Nem a julguei, porque eu senti a mesma leveza. — Eu vou deixar que dois de vocês entrem para vê-la, só que você precisa se acalmar. 

O médico apontou o dedo pra mim enquanto segurava uma seringa e me sentei rapidamente, ansiosa para ver Taylor. Respondi algumas perguntas dele e o deixei me espetar com aquela coisa. Senti um formigamento quando aquele remédio entrou em mim, mas logo passou. O Dr. Gentil então pôs um algodão ali e disse que já estava tudo certo. Não demorou muito e a Sra. Hampton agarrou a minha mão, a fim de seguirmos pelo corredor acompanhadas do médico.

Aos poucos, enquanto íamos nos aproximando do quarto onde Taylor estava, o meu coração ficava mais leve, principalmente depois que a vi, deitada na maca apenas dormindo. Fui me aproximando mais dela, assim como a Sra. Hampton, e logo estávamos bem próximas, cada uma do lado da cama.     

— O santo é forte — o médico fez uma piada, tentando quebrar o clima. — Taylor correu um risco enorme de não estar mais aqui, mas nós conseguimos.

Então uma enfermeira entrou, pondo ali uma bandeja com água e uma seringa. Sorri com aquela confissão e me senti bem melhor naquele dia. 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...