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História Friends - Louis Tomlinson - 041. Perseguição


Escrita por: sunzjm

Capítulo 41 - 041. Perseguição


Fanfic / Fanfiction Friends - Louis Tomlinson - 041. Perseguição

Aquele drama não continuou, porque depois daqueles minutos de estranheza com as palavras do papai – e era comum apenas quando ele estava bêbado –, avistei a vara de pesca se mexendo no barco.  

— Olha — apontei o dedo na direção dela, muito eufórica e afastando os pensamentos ruins —, parece que estamos com sorte hoje. 

— Vamos lá, puxe o molinete! — papai exclamou para Tiago e este último logo fez força. Começamos a rir feito loucos assim que o peixe foi se aproximando de nós, enganado por uma isca de mentira. — Vejam esta maravilha. 

Assim, tentei ser útil e peguei na rede que papai trouxe, a fim de apanhar logo aquele peixe brilhante e muito desesperado.  

— Podemos segurá-lo com a mão? — perguntou Tiago, todo entusiasmado. — Eu nunca segurei um peixe na minha vida.     

— Então faça isso — aconselhou papai, sorrindo lindamente —, mas tenha cuidado com as escamas, você pode se cortar. — Então Tiago, com a sua falta de experiência, pegou aquele peixe sem um pingo de cuidado, como se não tivesse ouvido o aviso do papai, e então teve o dedo cortado. Com aquilo, ele acabou deixando o bicho escorregar e fugir.      

— Puxa vida, veja o que você fez! — eu disse, irritada. — Agora não vou poder tirar uma foto... — Olhei na direção do lago e me senti totalmente frustrada.     

— Você está mais preocupada em tirar a foto de um peixe do que com o meu dedo arrancado, Taylor Hampton? — Tiago fez drama, me mostrando o dedo ensanguentado. — Você é muito cruel, sabia?     

— Sem brigas — papai nos repreendeu e percebemos a vara do Tiago se mexendo também. A mesma euforia voltou na hora e, em segundos, já tínhamos outro peixe dentro da rede. Papai tirou o anzol sem que o bicho se machucasse mais, o pegou com um extremo cuidado, apertando a parte debaixo de sua boca, e nos mostrou o peixe de rosto achatado.

A vontade que eu tinha era de gritar para o mundo que eu também era feliz, que eu tinha um pai que me amava, juntamente com um irmão chato que me mordia. A separação já não era um bicho preto com sete cabeças, na verdade parecia até ter servido como algo para nos deixar mais fortes.      

— Façam uma pose — eu pedi, tirando o meu celular do bolso da calça. Rapidamente papai se manteve ereto, segurando o peixe com um sorriso que quase rasgava o seu rosto; Tiago fez um gesto com as mãos e uma careta pra câmera, então me coloquei a dar um clique, capturando a imagem dos três. 

[…]     

— O dia estava bom pra pesca — o tal Robin comentou, depois que todos saímos de nossos barcos. — Estava ótimo, na verdade.     

— Sim — papai concordou, arrumando as nossas coisas enquanto comíamos os sanduíches que eu havia preparado. — Nunca pesquei tanto peixe na minha vida — ele riu e Robin assentiu.

Depois da pesca, resolvemos demorar um pouco mais e observar o lago. A água não era tão transparente, mas não deixava de nos proporcionar uma paisagem bonita. Alguns peixes pulavam para a superfície e depois mergulhavam de volta em seu habitat. A natureza em si era incrível e sequer precisava da ajuda de alguém para aquilo.     

— Eu realmente amo este lugar — comentou papai, distraído. O seu colega já havia ido embora e nós três estávamos sentados próximos da margem: meu pai entre Tiago e eu. — Me traz calma e paz de espírito.     

— E eu gostei de pescar — disse Tiago, ainda comendo. — De alguma forma, isso vicia. É melhor do que jogar videogame.     

— Sim, mas temos regras aqui — avisou papai, apontando para uma placa enorme a alguns quilômetros de nós (que eu não consegui enxergar devido à Miopia-Suspeita). — Podemos até levar peixes, mas não podem passar de dez, e também não podemos pescar mais de vinte.     

— Quero vir mais vezes.     

— E continuaremos vindo, filho. — Papai olhou para ele e afagou o seu braço. Quando anoiteceu, permanecemos ali, quase esquecendo que tínhamos que voltar pra casa a fim de nos aprontarmos para jantar no The Gate Clock. — E então, vamos embora? — papai cortou o silêncio e todos concordamos, de mau grado.

O restaurante não ficava muito longe de casa, então resolvemos ir à pé, depois de nos arrumarmos. As estradas não estavam nada silenciosas, os carros eram barulhentos e dava pra sentir de longe o estresse dos motoristas; alguns estabelecimentos estavam fechados, mas esboçavam as suas vitrines repletas de tentações. O The Gate estava cheio, mas havíamos conseguido um bom lugar. Eu até lembrava daquele restaurante porque já havia ido até lá quando era mais nova, em família. Ele havia mudado apenas alguns aspectos na tintura, porém continuava com um ar calmo e elegante.  

Logo, não demoramos a fazer o nosso pedido.    

— Como está a Tânia? — papai havia perguntado de repente, enquanto nos distraíamos com a comida. — 'Tá tudo certo com ela?      

— Sim..., ela está ótima — falei, surpresa com a pergunta. Eu não queria mencionar o fato de que mamãe estava em uma viagem à trabalho, é claro, então apenas acrescentei: — Sabe como é, trabalhando e tudo o mais. 

Ele suspirou, antes de dar de ombros.      

— Vocês vão me ver todos os finais de semana, não vão?           

— É claro — olhei para Tiago e depois de volta para o nosso pai, com um sorriso sincero. — Prometemos isso, não é, Tiago?     

— Com certeza — Tiago sorriu, feliz.

[…]

Como na ida, resolvemos voltar à pé − a ironia do destino era que papai mesmo havia sugerido aquilo. Estávamos alegres, sorrindo e descontraídos. Eu me sentia uma criança, contente por todos. As ruas continuavam cheias e eu realmente não tinha medo de nada. Como eu poderia adivinhar? Papai estava comigo e Tiago também; nos sentimos satisfeitos e combinamos vários compromissos no próximo final de semana. Talvez fôssemos ao cinema, assistir a alguma comédia. Ou então à London Eye, quem sabe? Mais uma volta no lago era tentador e eu aceitaria ir até mesmo à casa da minha avó, a mãe dele, que eu nem era muito apegada, apenas para vê-lo feliz.

Talvez fôssemos...

Enquanto andávamos de braços dados, acabei me distraindo com um panfleto cheio de florzinhas grudado em um vidro do outro lado da rua. A Miopia-Suspeita não permitiu que eu enxergasse as letras, mas eu tinha certeza que era algo relacionado à viagens em família, e isto por causa do... era mesmo um avião?, que parecia ter sido desenhado por uma criança de sete anos.     

— Volto já — avisei, quando chegamos em um cruzamento movimentado. — Eu vou ver uma coisa.     

— Taylor, não — papai mandou, mas eu já havia atravessado aquela rua cheia de carros, disposta a saber do que se tratava o panfleto. — Taylor!

Viagem a quatro!

Passeio, comida e diversão. O que pode tornar o momento em família melhor? Está cansado de tentar sair da rotina? Venha conhecer o nosso atendimento. Garantimos a segurança no voo, sua rese…

Antes que eu terminasse de ler toda aquela bobagem, sirenes ecoaram pelos lados e então uma gritaria começou. Percebi que estava havendo uma perseguição com a polícia, por isso tentei correr para o outro lado. Só que havia carros demais por ali; motoristas assustados, que não sabiam o que fazer.

E foi aí que aconteceu.

O som do freio foi tudo para que eu paralisasse e visse perfeitamente toda a cena. Alguns corpos foram jogados para longe depois da batida do carro perseguido, e em seguida tudo ficou em silêncio – ouvia-se apenas alguns murmúrios. 

A polícia veio ao longe e logo aquela rua estava coberta de viaturas e policiais. Parecia mais um devaneio, na verdade, e só o que eu tinha na cabeça eram Tiago e papai. Olhei pra frente, porém enxerguei apenas rostos embaçados, alguns caídos na avenida, outros criando um círculo sobre os que estavam deitados no chão.

Finalmente os meus pés pareceram obedecer ao meu cérebro e eu corri para onde papai estava antes. Só que ele não estava lá, é claro – pelo menos eu achava que não. No lugar do papai estava o carro que tinha acabado de capotar; os pneus estavam de frente para mim e eu não vi papai em lugar algum, muito menos Tiago. 

A polícia estava por toda a parte e mandava que todos se afastassem para garantir a ordem. Eu tentava me manter concentrada, mas o frio na barriga aparecia sem o meu consentimento, me deixando ainda mais nervosa.

Tudo estava me deixando nervosa, na verdade.     

— Ei, onde está o meu pai... e o meu irmão? — eu perguntei para quem quisesse escutar, mas ninguém deu bola pra mim. Então eu vi Tiago, deitado ali com arranhões e sangue na cabeça. Havia uma policial o observando e analisando o seu braço, enquanto ele olhava para todos os lados, como se fosse perder as estribeiras a qualquer momento. — Tiago! — gritei e corri até ele, me soltando de qualquer braço que viesse tentar me segurar.     

— Taylor — murmurou ele, com uma expressão de dor —, acho que quebrei o braço.     

— Você vai ficar bem — disse a policial, com uma voz muito reconfortante. — A ambulância está quase chegando e você logo vai melhorar, certo? 

Olhei para o carro caído novamente, todo destruído, acompanhado de tijolos quebrados e vidros estraçalhados pelo chão, e então percebi que havia mais alguém ali, além do condutor. Quase não deu pra ver devido ao tumulto, mas eu tinha certeza de quem era por conta do seu cabelo castanho. Os meus olhos foram se abrindo aos poucos, eu estava quase tendo um infarto e a tremedeira não me deixava ficar de pé direito. Tive alguns segundos de pânico e era impossível controlar os pensamentos.          

— Mas onde está a ambulância?! — um dos homens havia perguntado, enquanto analisava os que estavam debaixo do carro. — Já ligaram pra eles?     

— Eles estão vindo — o outro policial respondeu, e então uma sirene começou a crescer nos meus ouvidos, tirando a concentração do meu modo de respirar. 

Rapidamente, homens e mulheres saíram de uma ambulância que apareceu ali; eles seguravam uma maca e logo todos estavam envoltos dos corpos. Percebi então que eu estava imóvel e que papai ainda estava no mesmo estado, precisando de ajuda.           

— Papai... — Tentei me aproximar mais, mas o policial não permitiu. — Porra, ele é o meu pai! — Comecei a ficar apavorada e observei o homem que me criou com a cabeça entre o capô do carro, todo cheio de sangue. Ora, por que ele não abria os olhos? Por que ele não chamava por mim? 

Foi uma luta enorme para que tirassem papai e o condutor do carro. Um guincho surgiu do nada e começou a tirar o automóvel dali; outras ambulâncias vieram e levaram os feridos que haviam sido pegos com o deslizamento brusco. E o meu irmão foi junto, mas não consegui acompanhá-lo, e simplesmente porque não deixava de olhar para o meu pai deitado no chão, sendo analisado por rostos desconhecidos.

Eu não queria pensar em mais nada, a única coisa que eu tentava fixar na minha cabeça era que papai seria levado para o hospital e que ficaria bem em questão de minutos, porque ele era forte como um touro.

[…]

O tempo passava naquele grande hospital, mas eu estava me sentindo como aquele carro perseguido: havia capotado no tempo. Eu só vagava por ali, andando de um lado para o outro como uma rocha em um céu sem gravidade.

Andava, e de um lado eu via uma senhora, que me olhava com um ar de compaixão; do outro, eu via a porta do hospital, que se abria e se fechava no decorrer de quem passava por ela. Chovia lá fora, mas sem trovões ou raios. Poderiam se passar horas e mais horas, mas eu continuaria esperançosa. Eu poderia passar a droga de um ano inteiro sabendo que ele estava no hospital, mas continuaria acreditando que havia um anjo ao seu lado com as suas asas enormes e brilhantes, olhando pro meu pai com um ar calmo, lhe induzindo a pensar em coisas boas.

Fique calma, ele vai ficar bem, eu dizia para mim mesma, arrancando a pele das unhas e me sentindo meio tonta. Não me permitia chorar porque, caso aquilo acontecesse, significaria o fim pra mim. E o fim não andaria ao meu lado, eu não permitiria aquilo.

Minha boca se mantinha seca, eu sentia uma bola enorme na garganta, os meus olhos ainda continuavam meio assustados e uma fraqueza mental tomava conta de mim aos poucos. Seu rosto ensanguentado e o seu ar rígido não mostravam o homem que esteve comigo naquela manhã; não mostrava o homem sorridente e calmo. 

O modo como agiram com ele na maca, como se ele estivesse prestes a morrer, me deu angústia. Dava medo, muito medo. Mas eu não me permiti chorar por causa daquilo, afinal de contas, tudo ficaria bem.

Eu fui na ambulância com ele, mas não deixaram eu me aproximar, por isso fiquei apenas sentada naquela van, observando as tentativas dos enfermeiros para acordar papai de seu sono pesado. E eu não chorei. Papai não gostaria de me ver chorando, talvez diria: “Engula esse choro, minha flor, você sabia que eu ficaria bem, então por que estava chorando?

Aquela mesma senhora ainda olhava para mim nas vezes em que eu dava a volta e a via. Comecei a me sentir desconfortável com aquilo e tive uma vontade enorme de ir embora, acompanhada do papai. No entanto, acabei sentindo mãos em meus ombros quando pensei em mandar a tal senhora de olhos amarelos cantar piolhos.    

— Louis? — eu disse, confusa. Antes que ele respondesse qualquer coisa, eu me joguei em seus braços, evitando perder o controle mental. Claire estava com ele e parecia mais assustada que eu.      

— Liguei pedindo uma carona — respondeu Claire, olhando na direção dos corredores —, um policial me avisou o que tinha acontecido. Tiago deu o número a ele. 

Não consegui dizer nada de relevante. O jeito como eles me olhavam fazia com que eu me sentisse pior, tensa e envergonhada. Eu sabia o que eles estavam pensando.     

— Não me olhem assim. — Me soltei de Louis e fitei o chão, enquanto o garoto fazia uma massagem no meu ombro esquerdo. — Tudo vai ficar bem, eu sei que vai.

Voltei a andar de um lado pro outro e Louis não parou os meus passos, apenas sentou no sofá que havia ali e me observou, apreensivo. Continuei tirando a pele das unhas, já sem paciência para esperar. Provavelmente já havia se passado quase uma hora inteira e estava difícil manter a calma. Eu ia piorando cada vez mais e me sentia presa, quase angustiada.

Para a minha felicidade, ouvi chamarem o seu nome.     

— Sou a filha dele — avisei, andando até o médico e sentindo a esperança vindo novamente. Eu estava quase sorrindo, mas então percebi que a sua expressão não era a melhor de todas. Fiquei séria na hora, observando o rosto jovem daquele homem. Tudo pareceu ficar em silêncio, as pessoas pareciam ter evaporado daquela sala e eu sequer consegui olhar para Louis, a fim de ter um pouco de força.      

— Sinto muito — disse o médico jovem, e então coçou a parte de trás da cabeça, desconfortável. Senti mãos em meus braços e então o meu coração passou a acelerar mais e mais.     

— Como assim sente muito? — perguntei, irritada com o ar de dor que ele tinha. — Ele está bem, não está? Todos nós precisamos voltar pra casa porque já está tarde. Meu pai precisa voltar pra casa comigo…     

— Desculpe, o paciente teve uma parada cardíaca — continuou o médico, olhando para a prancheta em suas mãos. — Três costelas foram quebradas e uma delas perfurou o pulmão. Tentamos de tudo, mas...

Apertei a minha própria mão, senti dor e não consegui acreditar em uma palavra sequer que saiu da boca daquele médico. Papai estava bem, sim.     

— Taylor — uma voz doce soou ao meu lado e eu olhei na direção dela —, é melhor se sentar um pouco — disse Claire, tentando me puxar.     

— Mas já está tarde, temos que voltar pra casa — repeti, desesperada. Então o choro veio acompanhado de uma fúria enorme. — Nós temos que voltar pra casa, Claire!     

— Vamos resolver todos os papéis depois — disse Louis para o médico, que logo assentiu e saiu em seguida. — Taylor, acalme-se…     

— Louis! — Bati um dos pés no chão e apontei o indicador pra ele, que me olhou da mesma forma como o médico havia me olhado. Tive vontade de gritar com todos que estavam ali. — Não vamos resolver porcaria de papel nenhum, entendeu? Que inferno!...

Arranhei o meu próprio braço e senti o olhar de todos em mim.     

— Vou ligar para a Tânia — avisou Claire, mas a ignorei. De repente, me vi andando em direção ao corredor que o médico jovem havia ido. Louis veio atrás de mim e acabou me impedindo. Comecei a chorar, porque eu precisava ver o meu pai olhando pra mim.      

— Me deixa! — falei, mas a minha voz já estava meio fraca, assim como o meu corpo, por isso deixei que Louis me levasse de volta para o sofá. E tudo parou de novo, com uma repetição irritante. Aquele hospital, os gritos abafados, os enfermeiros apressados, Louis nervoso, Claire me olhando com um ar de pena…, então era mesmo real?

A tontura logo veio, o meu coração palpitou rapidamente, assim como uma metralhadora, e tudo começou a ficar escuro aos poucos. Então eu apaguei, como se alguém tivesse tirado a tomada que fazia o meu cérebro funcionar. O fim seguiu ao meu lado e a rocha que eu era antes se desintegrou, em questão de segundos.



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