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História Friends - Louis Tomlinson - 046. Incapacidade


Escrita por: sunzjm

Capítulo 46 - 046. Incapacidade


Fanfic / Fanfiction Friends - Louis Tomlinson - 046. Incapacidade

Os dias que se seguiram foram bastante monótonos. Quatro dias lentos demais, muito tristes, confusos e parados, que se passaram na casa dos Hampton e na escola. A London Greenwich se encontrava normal e os cochichos sobre a morte do pai de uma das alunas do terceiro ano (Taylor Hampton ou “a garota que namora Louis Tomlinson", como eu ouvia pelas nossas costas) já havia cessado, assim como a morte de Henrik Peterson, o vídeo de Rutty Jordan ou a prisão do Preston e os seus amigos. 

As notícias corriam rápido por ali e o que andou preocupando os alunos, fazendo com que todos grudassem as suas caras nos livros, foram os exames bimestrais, que começariam na segunda e terminariam na quarta-feira da próxima semana. Todos estavam extremamente encrencados – e “todos” a quem eu me referia eram Taylor, Jane e eu mesmo, para ser honesto.

Nós três e Karla Mitchell, que era da nossa turma, fomos chamados algumas vezes na sala dos professores. A maioria deles queria satisfações sobre o atraso que tivemos em suas matérias – algo bem relevante e difícil de ser resolvido.

Depois que a Sra. Johnson deu algumas broncas e ameaçou chamar os pais de Karla Mitchell, esta última saiu prometendo não dormir mais nas aulas de física, para em seguida deixar três corpos bastante tensos e uma professora nada contente.      

— Agora, os senhores... — disse, analisando cada um de nós ali. — Srta. Collin, você está quase indo pelo mesmo caminho da Srta. Mitchell. Já peguei a senhorita dando alguns cochilos na minha aula. — Ela olhou seriamente para Jane e tive uma ridicula vontade de rir da vermelhidão no rosto da garota ao meu lado.     

— Eu…, é que…      

— E — a Sra. Johnson interrompeu Jane e levantou um dedo, como se pedisse silêncio — não conseguiu entregar algumas das atividades passadas em sala de aula, não é mesmo?, assim como o Sr. Tomlinson e a Srta. Hampton.     

— É que geralmente fazemos as atividades juntos — tentei nos defender, enquanto buscava não desviar os olhos da professora — e esses dias foram muito corridos mesmo.     

— Mas não é isso o que eu quero frisar — respondeu a professora, ainda fitando Jane. — A senhorita está com algum problema de saúde? — perguntou, e então Jane teve um acesso de tosses, que logo deduzi serem falsas. — Lembro das suas longas idas ao banheiro e, principalmente, de suas expressões depois de voltar.     

— Eu... — A garota parou de falar e de repente a sala entrou em um silêncio constrangedor, no qual achei que Jane sairia correndo a qualquer momento.      

— Pode confiar, Srta. Collin, é algo grave?      

— É que... — Jane olhou para mim e eu lancei um olhar do tipo “faça o que quiser, diga o que quiser”. — Bom, é que eu não quero que isso corra por toda a escola...      

— Precisarei saber, porque isso está lhe prejudicando nos estudos. Caso seja grave, poderemos abrir uma exceção pra senhorita.     

— Olha — Jane pareceu irritada de repente —, o que eu tenho não é o culpado pelo fato de eu não estar me esforçando na sua aula.      

— Não é apenas na minha aula.     

— Foda-se.

Me sobressaltei com aquilo.      

— É melhor se controlar com as palavras, mocinha. — A Sra. Johnson respirou fundo e, pela primeira vez, deixou transparecer a sua exaustão.      

— Desculpa...     

— Ainda há tempo para estudar, portanto eu espero ver boas notas, está bem? Se não eu vou ligar para a Sra. Rose e exigir saber o que a senhorita anda escondendo dos professores — avisou, e depois pegou uma outra ficha que estava sobre a mesa. Novamente prendi a respiração e esperei para me desapontar comigo mesmo. — Sr. Tomlinson — a professora parou por alguns segundos antes de continuar —, esses dias o senhor anda nos decepcionando muito.

Mais uma vez a vergonha tomou conta de mim. Era o sexto professor a dizer aquilo e, sendo sempre um bom aluno e com ótimas notas, estava sendo uma péssima experiência. E o pior de tudo era que eu simplesmente não me incomodava o bastante.     

— É — concordei, sem conseguir encará-la.     

— A sua ficha estava ótima e, no começo do ano, o Sr. Roberts me disse que você era um dos melhores alunos da escola — continuou ela, séria. — Entretanto, esse mês o seu desempenho caiu demais. — Assenti com a cabeça, impossibilitado de trazer alguma defesa que pudesse fazê-la entender o que realmente estava acontecendo comigo. — Percebi a gravidade da situação desde o dia em que o senhor esqueceu as respostas que eu tinha certeza de que sabia de trás pra frente. O que aconteceu, Sr. Tomlinson?     

— Hã…, estou apenas cansado e com muitos compromissos — respondi, dando de ombros. Não era totalmente mentira, mas era irrelevante dizer a ela que o motivo do cansaço era porque eu passava quase todas as noites acordado com Taylor, quando ela tinha pesadelos, não conseguia dormir ou então quando estava longe demais. E eu tinha a total certeza de que a Sra. Johnson não entenderia o meu lado.     

— Posso apostar que o senhor tem a capacidade de separar os seus estudos da vida pessoal — disse ela, e eu assenti novamente, discordando em tudo.     

— Prometo estudar mais.     

— Ótimo — a professora deu um pequeno sorriso e se colocou a analisar a outra ficha sobre a mesa. — Agora, Srta. Hampton… — Ela balançou a cabeça negativamente enquanto olhava as anotações e desejei que não fosse sincera demais quanto ao desempenho que Taylor não teve naquela semana. — Dos três, a senhorita é a que está em uma situação muito pior. 

Olhei para Taylor e ela fitava o chão, como se visse algo que ninguém pudesse ver, somente ela. Eu apostava a minha vida como ela não tinha prestado a mínima atenção no que a professora havia acabado de falar pra ela, e precisei dar uma pequena sacudida em seu braço.      

— Srta. Hampton? — a professora voltou a falar e Taylor se assustou com as minhas mãos. Pareceu confusa, mas logo olhou para a mulher à nossa frente. — Como vem passando esses dias?     

— Hã... — Ela olhou para mim, como se pedisse ajuda, mas depois se calou, incapaz de dizer alguma coisa que fosse livrá-la daquelas palavras. — Não sei exatamente.     

— A diretoria da escola e os professores foram informados sobre o que aconteceu na sua família. Realmente sinto muito pelo seu pai — disse a professora, como se tivesse decorado um texto. — Mas precisamos mudar isso — ela apontou para a ficha da Taylor, preocupada —, porque a senhorita pode correr o risco de não alcançar os pontos necessários e então terá uma grande dificuldade para concluir o secundário. 

Aquilo com certeza era horrível. Naquele momento, tive até a certeza de que todos nós ficaríamos no mesmo barco, caso continuássemos como estávamos. Eu faria com que Taylor estudasse à força, se fosse preciso. Eu estudaria com Jane a noite inteira, na verdade, e teríamos que arrastar Taylor conosco.

Portanto, depois daquele dia, fiz de tudo para estudar todos os assuntos para as provas da outra semana, ao mesmo tempo em que ficava de olho na Taylor e no Tiago – ou na comida congelada no microondas. Não contei nada para mamãe e apenas evitei me preocupar. 

Eu sentia que Taylor não queria nada daquilo, mas ela também não cooperava. Tivemos brigas e sempre acabava em uma choradeira de sua parte. Precisei dobrar uma paciência que eu achava que não tinha. A ajuda da Jan se tornou demasiado importante, mesmo que na maioria das vezes ela estivesse mais focada no que sentia com o próprio corpo.

Tiago era o que estava mais normal e achei até que fosse pelas ligações que sua mãe fazia constantemente – a companhia da Isabela também lhe dava distrações. Infelizmente não consegui sentir menos peso quando percebi que não precisava fazê-lo estudar ou responder as atividades da sua escola – pois ele fazia aquilo por conta própria. 

Seu décimo sétimo aniversário ocorreu na quinta-feira e Claire fez questão de cozinhar um pequeno bolo de chocolate cheio de glacê (Jan quase o comeu inteiro). Consegui me sentir mais leve naquele dia, porque Tiago pareceu bem melhor e relaxado, e o clima entre todos nós também não ficou tenso.

Não foi preciso chamar os amigos dele, aliás, porque eles simplesmente brotaram enquanto nos deliciávamos com o bolo da Claire – ela ficou muito triste consigo mesma por não ter feito um bolo maior. Fiquei até desconcertado quando apareceu um número exageradamente grande de garotos e garotas na porta de casa, mas deixamos o primeiro andar todo para eles e eu segui para o quarto acompanhado de uma Taylor aérea. 

Mais tarde, depois de todos terem seguido para as suas respectivas casas e deixado um Tiago ilegalmente bêbado, descobri que ele já havia tido uma outra festa de aniversário na Marie Curie, criada com a ajuda de todos os que haviam saído dali, sem que ele soubesse.

Minha preocupação voltou à tona nos outros dias, é claro, porque não me senti confortável o suficiente sabendo que Taylor poderia ter pesadelos à noite – pois Jane e eu havíamos decidido alternar os dias. Eu ficaria nos Hampton na segunda, na terça e na quarta, enquanto Jane dormiria por lá na quinta e na sexta. No final de semana decidimos deixar Taylor se acostumando aos poucos, ficando sem a nossa ajuda ou sem a nossa presença, o que, obviamente, não teve resultado algum, porque Taylor pareceu continuar na mesma (talvez até pior); e ela sequer atendia aos nossos telefonemas.

No domingo à tarde não consegui terminar os estudos para as provas do dia seguinte, porque simplesmente peguei um casaco e segui para a casa dela. Quando cheguei lá, a encontrei na cozinha. Achei um progresso muito grande depois que percebi que ela cortava verduras em uma tábua. Na verdade, fiquei muito orgulhoso, porque era muita coisa ver Taylor saindo do quarto para fazer comida por conta própria.     

— Olá — lhe cumprimentei, dando o melhor de um sorriso. É claro que acabei me assustando com o susto dela pela minha súbita entrada na cozinha. — Está se sentindo melhor?  

Aos poucos, a ideia de que Taylor estava tendo um progresso foi diminuindo e se tornando um fio difícil de se tecer. Ela continuava do mesmo jeito: séria, sem cor e triste. O fato de que estava agindo automaticamente foi o máximo que consegui pensar, quando fiz perguntas a mim mesmo.     

— Sim, estou — respondeu ela, com uma fracassada tentativa de me dar um sorriso – achei que fosse chorar, na verdade. Um rápido pensamento me veio na cabeça quando olhei para a faca que ela segurava distraidamente, e não consegui evitar o medo.     

— Não quer sair um pouco? — perguntei, e ela logo olhou pra mim. Antes que eu pedisse para que tivesse cuidado, aconteceu o que eu achava que iria acontecer. Taylor gemeu e soltou a faca bruscamente, fitando o dedo cortado. — Não é muito consciente usar uma faca do jeito que você estava usando — reclamei, lhe puxando e levando a sua mão para debaixo da torneira. — Deveria ter prestado atenção.     

— Desculpa — murmurou ela, cabisbaixa. Seu corpo mole demais era o contrário do que eu lembrava dela. Era como se estivesse sem forças pra nada, além de respirar.       

— Você precisa sair pra tomar um pouco de ar fresco, Taylor — eu disse, observando o pequeno corte. — A primavera chegou, vamos aproveitá-la.     

— Eu não quero sair... — falou, em um tom extremamente formal. — Obrigada, mas preciso terminar o meu trabalho.      

— Não se preocupa com isso — pedi, incomodado, enquanto pressionava o seu dedo com lenços de papel. — Podemos ligar para algum restaurante depois.      

— Por quê? — perguntou ela, se irritando e se afastando de mim grosseiramente. — Acha que eu não sou capaz de fazer essa droga sozinha?     

— O quê? — franzi o cenho, me assustando com a sua súbita mudança de humor. — Não é isso, Taylor.     

— Eu consigo fazer isso sozinha!     

— Você quase ficou sem um dedo agora pouco… — Eu não queria irritá-la, é claro, mas ela parecia mesmo não estar em condições de usar uma faca. — Só tenho medo de que algo aconteça.     

— Inferno!... — exclamou ela e bateu com um dos pés no chão. Seus olhos marejaram e então ela ficou emburrada. — Então faz você, Louis..., já que eu não tenho condições para cortar verduras.

E saiu, chorando.     

— Taylor, volta aqui. — Subi a escada depois de respirar fundo e fui direto para o seu quarto, onde ela havia deitado de costas para a porta. — Eu só estou preocupado com você — falei, sentando na cama enquanto acariciava o seu braço.     

— Você não precisa gastar o seu tempo se preocupando comigo — resmungou ela, olhando pro abajur.           

— Isso é impossível — sussurrei e, quando ia continuar falando, a fim de que ela esquecesse aquilo, ouvi o som da campainha. 

Hesitei em descer, não querendo me afastar da Taylor, mas tive que ir, pensando que talvez fosse algo de importante. Saí do quarto, desci a escada rapidamente e tomei um susto quando abri a porta. 

Era Marly Cooper.



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