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História Friends - Louis Tomlinson - 055. Cold Turkey


Escrita por: sunzjm

Capítulo 55 - 055. Cold Turkey


Fanfic / Fanfiction Friends - Louis Tomlinson - 055. Cold Turkey

TAYLOR

Andar se tornou difícil. Havia cacos de vidro pela estrada da minha vida e, quanto mais eu tentava me esforçar para dar passos e seguir em frente, mais os meus pés machucavam; mais eu sangrava e mais eu sentia dor. 

Eu buscava apoio, mas como eu poderia senti-lo? Eu o esperava e ele estava por perto, mas o que eu tinha que fazer para recebê-lo? Já estava sendo chato buscar algo que pudesse me fazer melhorar. Se matar parecia uma boa ideia, porque talvez eu encontrasse o meu pai. Talvez eu fosse direto para um jardim de cerejeiras, onde ele estivesse me esperando de braços abertos. “Eu sabia que você viria, minha flor” ele diria, e então iluminaria o nosso novo mundo com o seu sorriso.

Porém, nem aquilo era o suficiente para dar a tal força de vontade, porque, mesmo que eu estivesse triste demais, eu tinha a minha família, Louis e Jane. Eles eram os responsáveis por parar o movimento dos meus braços; por parar o resto de forças que eu tinha apenas para pegar uma gilete e deslizá-la sobre uma veia. 

E foi como na noite passada: eu acabei acordando Louis com os meus soluços. Por mais que eu tentasse engolir o choro de uma vez e evitar fazê-lo se irritar pelo modo como eu estava agindo, mais se tornava difícil as contrações. 

Arranhei os meus braços novamente, porque aquilo era bem mais fácil e tirava um pouco do peso nas costas. Não me arrependi quando percebi os rastros de sangue debaixo das minhas unhas.

Na segunda, resolvi não faltar um outro dia de escola. Na verdade, eu tentei ser responsável, porém o banheiro feminino parecia um local mais confortável. 

Eu sequer tinha certeza se podia aguentar por mais tempo. Eu estava definitivamente desligada do que acontecia ao meu redor. A minha relação com Louis voltava a ser como era somente quando eu estava com aquele líquido marrom na corrente sanguínea. Com Jan, no entanto, era bem mais difícil, porque eu tinha certeza que ela estava irritada com a minha fraqueza. Por isso eu evitava estressá-la ao tentar me comunicar.

Tiago também se encontrava longe de mim e eu não me lembrava da última conversa que havíamos tido. Mamãe provavelmente se entediou com as nossas ligações e a minha falta de interesse. Eu não a culpava, é claro, mas sentia a necessidade de sua presença. Ela sempre soube o que me dar quando eu estava mal, tanto fisicamente quanto psicologicamente, e eu me sentia esperançosa quando imaginava ela junto de mim.

Só que ela não estava, não.

Marly era o novo vínculo de amizade que eu tinha e que nunca imaginaria ter. Ela me ajudou, mas não foi algo definitivo, e eu estava novamente me afogando, sem que alguém pudesse me socorrer. A sua ida à minha casa tarde passada me fez pensar de novo se me drogar era o certo.      

— Escuta — passei as mãos pelo cabelo, exausta —, eu sei que você quer apenas me ajudar, mas eu deveria mesmo reconsiderar isso...     

— O que eu disse a você? — perguntou Marly, fazendo rapidamente o torniquete no meu braço. — Eu disse que as pessoas acham que a conhecem, mas são totalmente inscientes. — Eu não tinha certeza, mas junto com a incerteza eu também não tinha condições de parar Marly. Louis se encontrava lá embaixo e a ideia de que ele pudesse subir e nos espionar me incomodava. — Não lembra do que sentiu ontem à tarde? — ela sorriu pra mim e eu logo lembrei do quão bem fiquei.      

— Sim....     

— E aquilo não foi bom? — ela continuou me interrogando, muito agitada. — Aposto que você e Louis se aproximaram depois disso. — Marly tinha tocado em um ponto importante e eu já me via assentindo com a cabeça, freneticamente. Louis ficou comigo e me lembrou do quão apaixonada eu era por ele. E aquilo foi bom. Muito bom. — Você não tem nada a perder com isso — Ela olhou pra porta e depois voltou o olhar pra mim, a fim de dar tapinhas no meu braço. — Só tem a ganhar. 

Então enfiou a agulha e, após alguns segundos, o que ela disse sobre ganhar se tornou realidade, e eu me vi mais atrelada a ela, grata pela sua bondade. 

Só que era uma pena que aquilo não durasse pra sempre e, à noite depois de deitar para dormir, acabei tendo pesadelos onde papai morria na minha frente de novo. Com o susto, a dor de perdê-lo voltou com uma força tão grande, que eu simplesmente saí do quarto e fui até a cozinha, à procura do canivete que ficava guardado no fundo da gaveta de talheres. E era realmente uma pena que eu fosse tão desencorajada…

Os olhares deles em mim, na volta da escola pra casa, era um indício do quão pior eu estava. Os olhares de pena. Os horríveis olhares de pena do qual eu sempre me incomodei, desde pequena. Louis parecia desistir aos poucos e a minha cabeça não liberava espaço para a procura de uma solução, para a procura de algo que eu pudesse fazer para que nos aproximássemos de novo. 

Eu o amava e ele me amava.

Mas nós não conseguíamos a ajuda um do outro.

Marly voltou de novo e eu não senti absolutamente nada com aquilo, só tive a certeza do que aconteceria quando eu e ela ficássemos a sós. Louis avisou que sairia, mas que voltaria antes mesmo que eu percebesse. Isto é, estávamos sozinhas de novo.     

— Afinal de contas, Marly está aqui — foi o que ele disse, depois de me dar um beijo na testa. — Meu celular não está no silencioso — avisou, antes de sair e nos deixar solitárias. 

Marly então correu para as persianas da minha janela e ficou lá por quase três minutos. Depois daquilo, foi rápida ao tirar os objetos de dentro de sua bolsinha e colocá-los perto da cama, no chão.     

— Eu não quero mais isso, Marly.     

— Cala a boca.     

— Eu poderia parar caso não melhorasse — eu a lembrei, incomodada —, foi o que você disse. — Ela então começou a andar de um lado para o outro, um tanto ríspida, e consegui perceber a sua irritação. 

Marly murmurava coisas inaudíveis e, uma vez, ouvi algo como: “Ele disse que seria logo...”. Assim, rápido demais pros meus olhos, Marly pegou o seu celular no bolso da calça e digitou alguma coisa. Em seguida, pôs o mesmo no ouvido e esperou.

Eu não tinha coragem de perguntar para quem ela estava ligando. Estava claro que toda aquela irritação era por minha causa, portanto era importante que eu me mantivesse quieta a fim de não piorar as coisas, assim como eu fazia com Jane e Louis.     

— Não está dando certo — Marly falou para a pessoa do outro lado da linha, muito aborrecida. — Já é a segunda vez e eu não vejo nada. Ela continua do mesmo jeito.  — Me senti mais aliviada com aquelas palavras, afinal de contas, ela estava tão preocupada comigo que não tirava os olhos de mim. — Hoje? — perguntou, depois de tempo o bastante para a pessoa do outro lado da linha lhe explicar alguma coisa. — Tem certeza? 

Então Marly tirou os olhos de mim e foi até as persianas. A primeira coisa que veio na minha cabeça foi que aquele dia seria o dia em que as promessas dela seriam cumpridas. Rapidamente o sorriso de orgulho do papai se fixou na minha mente e uma chama de esperança encheu o meu peito. 

Seria hoje. Finalmente. As coisas voltariam a ser como eram antes. Louis não me deixaria, porque eu melhoraria para ele. Eu teria a minha Jan de volta, juntamente com o seu sorriso e a sua amizade. Eu deixaria todos orgulhosos de mim, tiraria a preocupação da mamãe e voltaria a ser a irmã do Tiago. Tudo voltaria ao normal, minhas notas iriam melhorar, os professores não me mandariam mais para a sala da Sra. Palmer e nem encheriam a Claire de avisos.     

— Tudo vai ficar bem — murmurei para mim mesma, enfatizando, e então levantei, pronta para receber mais uma dose. Marly percebeu o meu movimento súbito e logo se assustou.     

— O que está fazendo?      

— Eu...     

— Tenho uma novidade pra você — ela disse, me interrompendo, e depois se aproximou o bastante para segurar os meus ombros.     

— Vou melhorar?      

— Sim — ela respondeu, sorrindo —, e vou ficar com você. Passarei a noite aqui. Acha que poderia — Marly olhou para a porta, meio nervosa — pedir para que Louis não dormisse hoje com você?

E não, eu não tinha entendido aquele pedido.     

— Por quê?

Marly respirou fundo e acariciou o meu rosto.     

— Louis é uma das muitas pessoas que não entendem o significado daquilo, Taylor Hampton… Se ele visse você fazendo isso, com certeza tiraria a heroína de você, mesmo que dissesse o quanto se sente bem, entende? — Assenti lentamente com a cabeça e ela logo continuou: — É por isso que temos que manter segredo…, é por isso que ele não pode ficar aqui dentro essa noite.

— Mas não quero continuar omitindo.     

— Isso não vai importar em um futuro próximo, você vai ver. — Ela me deu um outro sorriso, convicta. — Eu sei que logo vai entender, vou estar aqui para que desabafe, 'tá bem? Você não vai precisar dizer nada a ele e nem àquela Jane.     

Talvez Marly tivesse razão. Talvez o fato de esconder aquilo deles não fosse importar depois, porque o mais importante era a minha melhora e não o que eu fazia para ficar daquele jeito. Louis realmente não entenderia e barraria as minhas atitudes, portanto fazia sentido que ele não soubesse de nada.     

— E por que vai dormir aqui?      

— Porque... você vai precisar da minha ajuda. 

Então ela me puxou para perto da cama, a fim de fazer aquele mesmo ritual da heroína. E foi rápido, como nas duas outras vezes. Uma vontade de vomitar logo apareceu, mas depois foi embora e eu me vi deitando no chão, relaxada, porque tudo se tornava mais bonito com aquilo. A dor se dissolvia até desaparecer por completo.

Tudo ficava em uma sintonia perfeita.     

— Ele logo vai voltar... Levanta e vai pra cama — mandou Marly, e eu logo me vi obedecendo, sem pestanejar. Eu estava tão grata por tudo aquilo, muito bem e feliz, e era tudo por causa dela.      

— Obrigada — eu disse, encostando as costas na cabeceira da cama.           

— Esquece isso — falou Marly, desinteressada —, mas eu quero conversar com você sobre aquele garoto, o tal Adrian. Ele é bem bonito, não é? — Ela sentou ao meu lado, fazendo tocar o seu braço esquerdo no meu braço direito. — Parece um bom garoto.     

— Sim, é verdade.     

— Ele e Louis não têm uma boa relação, pelo que vi ontem. — E acabei lembrando das palavras do Louis. Só que aquilo não pareceu grande coisa, afinal de contas, já estávamos bem um com o outro novamente.     

— Eles nunca tiveram.     

— Onde o conheceu?    

Lembrei do dia em que eu levei uma topada perto da casa dele, derrubando todas as sacolas de frutas que mamãe me mandou comprar, na véspera do começo das aulas.      

— Eu levei um tombo e ele veio me socorrer.      

— Quando foi isso?     

— Não lembro exatamente, mas foi esse ano... — respondi, dando de ombros. — Eu escondi a amizade que acabamos tendo do Louis e da Jan, mas foi impossível continuar omitindo depois que Adrian foi para a London Greenwich. Louis ficou muito irritado.      

— É, acredito que sim... — Marly concordou e eu me calei, aproveitando o arco-íris que estava dentro da minha cabeça. — Mas você gosta dele, não gosta?     

— Eu gosto muito dele, sim.     

— Ele não vai desistir de você tão rápido — comentou Marly, e então ouvimos um barulho no térreo.

— Um dia ele vai ter que entender que eu amo o meu namorado — falei, dando de ombros. Marly então levantou e correu para destrancar a porta do quarto. Em seguida, envolveu sua bolsinha com as mãos, como se a protegesse, e voltou para a cama novamente, me fazendo pular e rir com aquilo. 

Só que não era Louis na porta, e sim Jane.     

— Ah... — Ela pareceu desconcertada. Usava roupas de caminhada e tinha uma garrafa de água nas mãos. Sua barriga já estava perceptível e era como se tivesse acabado de comer três pratos cheios de comida. — Tudo bem, Taylor?     

— Estou ótima — respondi, dando um sorriso sincero. Não segurei a vontade de ir até ela e lhe dei um abraço. — Por que não se junta a nós? — perguntei, lhe puxando até a cama. 

Percebi uma tensão no ar, mas aquilo não afetou o bem-estar que eu sentia. Então algo soou lá fora e depois no térreo novamente.     

— Eu acho melhor não — respondeu Jane, me olhando como se eu tivesse duas cabeças. — Está tudo bem, não se preocupe.     

— Jane não gosta de mim, Taylor — Marly disse, já atrás de mim. Então olhei para ela e esta última parecia triste com aquilo.      

— Eu tenho os meus motivos — revidou Jane, e percebi pela vigésima vez o quão diferente éramos uma da outra. 

Alguém logo passou pela porta que Jane deixou aberta, porém daquela vez era Louis, que tinha uma mochila nas costas e dois livros grandes nas mãos. Seus olhos foram direto para mim e ele logo franziu o cenho, estranhando a situação. Senti um aperto no meu ombro e então lembrei do que eu deveria avisar a ele.     

— Tudo certo? — ele perguntou, mas não era para mim, pois se aproximou e tocou na Jan, que ainda encarava Marly como se fosse matá-la.     

— Por enquanto, sim — respondeu a garota, e depois relaxou os ombros, envolvendo a sua barriga com os braços.     

— Louis, hoje Marly dormirá aqui — eu contei, naturalmente. A casa era minha, é claro, mas eu não me sentia no direito total de tomar decisões sem que ele soubesse. Assim, um silêncio reinou por quase um minuto. — O que eu falei de mais? — perguntei, sem deixar de rir.     

— Hã… — Louis passou a mão pelo cabelo e mandou um olhar para Jane, como se pedisse a sua permissão —, é isso mesmo o que você quer? — perguntou ele para mim.     

— Sim, ela vai dormir aqui... junto comigo.     

— Como é? — Louis se aproximou mais, como se quisesse ouvir melhor. — Desculpa, mas eu não entendi.

— E por que diabos ela quer dormir no mesmo quarto que você? — foi Jane quem fez aquela pergunta, muito incrédula. — Por que ela não pode ficar no quarto de hóspedes?     

— Tenho certeza que você e ela já dormiram juntas, qual é o problema se eu fizer isso também? — perguntou Marly, com uma voz inocente.     

— Mas é diferente! — Jane gesticulou e parecia bem mais irritada. — Somos amigas há mais tempo do que você imagina.     

— Nós também somos amigas, não é, Taylor?     

— Somos — respondi, culpada. 

Eu sempre fui contra a amizade de outras pessoas com Jane e, no começo, também fui contra ela e Louis serem amigos. Mas eu estava fazendo exatamente o que não era permitido no nosso ciclo de amizade, o que poderia ser frustrante para qualquer um.     

— Mas... — Jane estava perplexa e olhava pra mim, como se não acreditasse no que eu tinha acabado de falar.     

— Tudo bem, Jan — disse Louis, depois de um tempo calado demais, para depois me olhar. — Se é isso o que você quer...     

— Vai ficar tudo bem — disse Marly, alegre. — Também quero ter uma noite de amigas. — Aquilo pareceu ter sido o limite para Jane, porque ela simplesmente saiu dali, quase rachando o chão sob os seus pés.     

— Mas você avisou à Sra. Peterson e tudo o mais, não avisou? — perguntou Louis, olhando para Marly. Ele estava bem sério e ainda parecia não acreditar naquilo. 

— Ainda vou ligar pra ela — respondeu Marly, e então me deu um beijo na bochecha, para depois sair do quarto e deixar Louis e eu à sós. 

Ele ficou me encarando por um tempo longo demais e, mesmo que fosse bom ter aqueles olhos azuis sobre mim, estava sendo desconfortável. Eu escondia algo dele e sentia como se ele fosse um scanner, vasculhando os meus pensamentos e convertendo o que encontrava em imagens nítidas.     

— Então você está melhor de novo..., não é?         

— Sim... — Me aproximei dele e o abracei, a fim de amolecer qualquer coisa que ele estivesse sentindo. — Eu vou melhorar pra você.     

— Não faça isso por mim, por favor, faça por você mesma. — Senti algo descendo pela minha parte íntima e quase tive certeza do que era. — Mas... eu não entendo como ela faz isso.    

— Eu... tenho que ir ao banheiro.

O meu período tinha começado e eu quase não lembrava mais que aquilo ainda acontecia comigo. Acabei rindo da minha própria idiotice.

[…]

Depois do jantar, eu ainda me sentia bem. Claire nos visitou, então caprichou na refeição, e ela também se surpreendeu ao ver que eu tinha uma nova amiga. Quase não tirou os olhos da Marly, na verdade. Tiago também se surpreendeu, mas não se importou muito.  

Horas mais tarde, Claire já tinha ido embora. Tiago subiu para dormir – sem dizer boa noite a ninguém – e Louis, Marly e eu acabamos sozinhos na sala de estar.  

— Se precisar de alguma coisa, sabe onde eu vou estar — ele avisou, enquanto se aproximava mais de mim e me dava alguns beijos no rosto. 

Marly estava deitada no outro sofá e parecia entretida na série que passava, portanto não me importei em puxar Louis para mais perto de mim.     

— Você já vai subir?           

— Eu 'tô quase caindo — respondeu ele, sorrindo. A sala estava iluminada apenas com a luz da tevê, mas eu conseguia ver o quão lindo e perfeito ele era pra mim.  — Preciso descansar.     

— Tudo bem. 

Dei um beijo em sua boca e acabou que eu não queria que ele fosse para mais longe de mim. Eu sentia falta dele, de todas as maneiras.     

— Estou preocupado — disse Louis, parando o beijo. — Nas duas noites passadas você tentou... — ele não continuou, mas eu já sabia do que estava falando.  

— Marly está aqui — lembrei, tentando ignorar as lembranças de mim mesma no banheiro. — Caso eu... caso eu não fique bem, ela vai fazer alguma coisa. 

Louis suspirou e olhou para Marly.     

— É, você tem razão — concordou ele, e depois me beijou novamente, sem se preocupar em demorar. — Eu amo você.     

— Te amo mais... 

Ele sorriu, me deu um último beijo e então se levantou. Em seguida, deu boa noite para Marly e subiu a escada, se arrastando por causa da exaustão. Não demorou cinco minutos quando alguém sentou ao lado direito do meu corpo.     

— Como está se sentindo? — perguntou Marly, cochichando. Ela usava roupas minhas, aliás, e eu não deixei de perceber que elas ficavam bem melhores nela. — Alguma dor?     

— Não…, estou bem.

Eu estava sendo sincera. Contudo, Marly não saiu de perto de mim depois daquilo e, minutos mais tarde, disse:      

— Melhor subirmos, está tarde.

[…]

Aquela noite foi a mais horrível de todas, na verdade. Eu não tive pesadelos, porque os pesadelos pareciam sonhos inalcançáveis. E eu também não fui atrás de canivetes para me machucar. 

Não foi nada daquilo. 

Eu simplesmente acordei do nada pela madrugada, tremendo e com frio. Primeiro eu achei que fosse febre, e então chamei pela Marly, que dormia ao meu lado agarrada ao travesseiro que Louis geralmente usava.

Tentei engolir uma saliva que não existia na minha boca, pois ela estava tão seca, que parecia que eu não tomava água há semanas. Aquilo não poderia ser febre. Ou poderia? A minha cabeça estava totalmente confusa. 

Comecei a chorar, desesperada. Então o calor tomou conta de mim, subitamente, como se alguém estivesse pondo fogo no meu corpo. Tudo era o contrário então. O mundo parecia horrível, cheio de trevas, mortes e dor; as cores agora eram fortes demais para os meus olhos e era torturante fechá-los.

Logo, a minha boca se encheu de saliva. Tentei engolir, mas era o mesmo que estar pondo comida estragada para descer. O demônio acordou na minha barriga e a cólica se juntou àquilo tudo, me fazendo querer morrer de qualquer forma.     

— Marly! — Bati na cama algumas vezes e a garota ao meu lado finalmente pareceu acordar de seu sono pesado. — Me ajuda!...     

— O que foi? — perguntou ela, assustada.     

— Estou... eu não sei o que diabos está acontecendo comigo — respondi, ainda tremendo e sentindo o sangue descer da minha parte íntima.

Eu tinha esquecido do quão ruim era o primeiro dia do período, mas me segurei para não chorar alto naquele quarto. Marly então arregalou os olhos e correu para ligar a luz do cômodo. Depois veio até mim novamente e segurou o meu rosto entre as mãos.     

— Faz isso parar, é horrível!     

— Achei que não aconteceria nunca — murmurou ela, e então a vi descer da cama. — Espera um segundo... 

Quando voltou, segurava a sua bolsinha. Fiquei impaciente enquanto a observava fazer todo o ritual que já não era mais uma novidade pra mim. A tremedeira continuou, o calor fumegante não cessou e o frio se misturou a ele, junto com a boca seca e depois cheia de saliva, acompanhada da maldita cólica.E

E aquilo só parou quando o líquido marrom entrou nas minhas veias novamente, me trazendo a paz e afastando todas as dores para longe de mim.       


Notas Finais


A Taylor estava em Cold Turkey.

*“Turkey” é uma palavra inglesa que significa peru. Quando o peru fica nervoso ele bate as asas. Por isso usa-se o termo "peru congelado" para designar as manifestações de crise de privação nos viciados quando o efeito da dose acaba. Ou seja, nossa Taylor havia chegado no limite e agora era uma viciada. (Fonte: livro Eu, Christiane F.)

O que vocês acharam do capítulo? As coisas agora vão mudar de rumo depois dessa mudança brusca aí, principalmente porque a Marly tá dando uma de espertinha.

NIVER DA BANDA AMANHÃ, HEIN?? AHHHHH, SERIA PEDIR DEMAIS UMA INTERAÇÃO ENTRE ELES??? 😭😭😭 SIM, SERIA 💔

Enfim KKAKAKAKKAKAKAKA já me recompus. A gente se vê depois, bjoooos, brigada pelos comentários e os favoritos 🌸❤😍


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