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História Friends - Louis Tomlinson - 062. Esquisito


Escrita por: sunzjm

Capítulo 62 - 062. Esquisito


Fanfic / Fanfiction Friends - Louis Tomlinson - 062. Esquisito

JANE

Quatro meses de gravidez. 

Eu tinha conversado com vovó e tentei convencê-la a ficar do meu lado quando falamos sobre os meus estudos, porque as pessoas começavam a olhar torto para mim na escola.     

— Querida, qual é o problema de aparecer assim? — ela perguntou, preocupada. — Eu queria tanto que você terminasse o secundário e fizesse uma faculdade…      

— Eu também quero, vovó — falei, acariciando a minha barriga —, mas nem uma de nós sabia que isso acabaria acontecendo.     

— Quer mesmo parar logo agora? 

Eu era a única garota grávida na escola inteira e seria desconcertante aparecer com a barriga maior, já que ela já estava meio saliente. As pessoas me julgariam e eu estaria mais preocupada em discutir com elas do que em estudar. Eu definitivamente não levaria desaforos pra casa.     

— Uma hora ou outra eu precisaria parar, não é? — falei, após respirar fundo. — Eu não vou deixar o meu bebê com outra pessoa para terminar os estudos, porque ele precisaria de mim.     

— O pai do bebê está aí pra isso. Depois que tiver o bebê, pode deixá-lo com o Jack, querida. Ela vai nascer em novembro, bem no final das aulas, então você só ficaria alguns dias longe dela.     

— Está completamente fora de questão — eu falei, decidida. — Não vou conseguir deixar o meu bebê.     

— Tudo bem, tudo bem — repetiu vovó, levantando as mãos. — Mas pode pensar nisso depois? Vai ser melhor para você, Jan, pois vai conseguir terminar o secundário e não vai mais precisar se preocupar com isto, apenas com a faculdade.    

Respirei fundo, frustrada por saber que ela tinha razão. Eu estava tão calma naqueles dias, que era como se o mundo fosse colorido. A irritação, que antes me dava um bom dia todos os dias, tinha ido embora. Na consulta, o Dr. Wilkins me informou que era normal e que eu sofreria de alguns esquecimentos. 

Meu corpo estava em um relaxamento excepcional. Eu via a mudança aparecer diante do espelho e ficava orgulhosa por não estar totalmente feia. Eu estava diferente, mais cheia e com mais curvas. De alguma maneira, não me senti mal por ter ganhado mais peso, porque o que mais me importava era a saúde do meu bebê, que estava crescendo cada vez mais dentro de mim.

Eu me sentia esplêndida. Ser observada por Jack era diferente do que ser observada por outras pessoas. Ele não se importava em ser discreto e era divertido. Jack olhava e se colocava a me elogiar, aumentando mais ainda a minha autoestima e o meu ego. 

Ele também tinha mudado, aliás – internamente. Antes era o garoto que adorava festas, que tinha sexo quase todo o dia com garotas diferentes e com a diversão sendo o seu único objetivo, sem responsabilidades e esquecendo do dia de amanhã. Naquele momento, eu poderia fazer uma lista de qualidades do novo Jack. 

Finalmente pude perceber que ele tinha se arrependido mesmo de me tratar daquela maneira, mas que também estava contente porque teria um filho. Eu não o via mais com os seus amigos e, quando acontecia, era pelo telefone algo como: “Não, não vai dar.”

Talvez estivesse brotando algo a mais no meu peito, mas eu insistia que tudo o que vinha na minha cabeça – desde fantasias eróticas com ele até um dia de passeio no parque com o nosso bebê – era culpa dos hormônios. 

Malditos hormônios!, aquela era a minha desculpa. Mas, no decorrer dos dias, vendo-o sorrir pra mim, tocar a minha barriga, me divertir e tudo o mais, ficava mais difícil de entender o que estava se passando. E aquilo era novo pra mim. Eu fazia os outros se apaixonarem e não o contrário.

Tudo aquilo contribuía para que nos tornássemos mais próximos, aumentando assim a confusão da minha cabeça. Tive certeza de que estava sentindo alguma coisa por ele no dia em que alguém se mexeu na minha barriga, no sábado à noite.    

— Jesus Cristo... — murmurei, parando de tirar das sacolas as roupas que eu havia comprado.     

— O que tem ele? — Jack se encontrava sentado na minha cama enquanto me ouvia falar da ida ao Dr. Wilkins – que ele não pôde ir porque esteve ocupado. Devido ao meu silêncio, Jack parou de colar as imagens de ultrassom no álbum que eu tinha comprado e me olhou, preocupado. — O que foi?... — perguntou ele novamente.     

— Eu senti o nosso bebê se mexendo — sussurrei, e então pus a mão sobre a minha barriga, maravilhada com o acontecimento. — Ah, eu não acredito...     

— Você o quê? — Jack rapidamente se levantou e ficou na minha frente, muito assustado. — Como assim?

— Ela se mexeu, Jack! — repeti, em um tom mais alto e eufórico. — Eu senti, não estou ficando louca.     

— Não acha que devemos ir ao Dr. Wilkins?     

— Fazer o que diabos lá? — perguntei, confusa.    

— Você ainda está com quatro meses — explicou ele, muito óbvio. — Ela é pequena demais pra se mexer, você não acha?     

— Deixa de ser bobo — eu disse, depois de revirar os olhos. — O que importa é que ela se mexeu. Isso não é incrível? 

E eu ri alto com aquilo.     

— Certo... — E ele estava mais confuso do que qualquer coisa. Depois não soube o que fazer, apenas ficou me olhando. — Hã..., eu também queria ter sentido.

— Terá uma próxima vez...

Foi impossível não sorrir para ele. Fui recebida com um outro sorriso e, de bônus, um par de olhos brilhando. Fiquei comovida com aquilo, na verdade.     

— Ela é bem esperta — comentou Jack, pondo as mãos embaixo da minha blusa e acariciando a minha barriga.     

— Herdou isso de mim, certeza.     

— Vai herdar a sua beleza também — falou ele, em um tom mais calmo. — Muito linda... — Então tirou uma das mãos da minha barriga e acariciou o meu rosto. O meu sorriso se foi aos poucos – assim como o dele – e ficamos nos olhando por um instante, atentos ao que poderia acontecer ali.      

— Jack... — sussurrei e busquei nos pensamentos o que eu queria falar. O problema era que eu não tinha nada para dizer. Eu queria apenas receber e que ele fizesse aquilo logo, que tirasse as dúvidas da minha cabeça e me desse um pouco de luz.      

— Sim? 

Ele se aproximou mais de mim, bem lentamente, e então foi impossível não olhar para os seus lábios, que insistiam em ficar nos meus pensamentos à noite. Logo, assim que aconteceu, eu tomei a atitude de chegar perto o suficiente para colar as nossas bocas.

E me aliviei.

Parecia que eu esperava por aquilo desde a minha existência, como se fosse o essencial ou um desejo oculto dentro do meu coração, bem lá no fundo. Fiquei surpresa com a nova sensação. Aquela fase da minha vida estava me proporcionando um monte de experiências novas, todos os sentimentos vinham em excesso e eu não era mais capaz de ignorá-los. Uma coisa que apareceu pela primeira vez na minha vida.

Nos beijamos por um tempo muito longo. E, quando o fôlego cessava, apenas nos distanciávamos um pouco e depois voltávamos a nos beijar, sempre com mais vontade, apenas focados naquilo. O mundo lá fora tinha desaparecido por completo e eu tinha uma leve impressão de que Jack pensava o mesmo. Procurei a mágoa que senti por ele depois daquela maldita festa na casa de Isabela Turner, mas eu não a encontrei.     

— Está confusa com alguma coisa? — perguntou ele, após nos separarmos pela terceira vez. Jack então segurou o meu rosto com as duas mãos e pareceu curioso com a minha resposta.     

— Eu... — Naquele instante, tive certeza que tudo o que eu sentia quando o olhava, quando via o seu sorriso e, principalmente depois daquele beijo, não era qualquer coisa. E não havia nada de confuso ali, estava tudo muito claro. — Não, não estou confusa com nada.     

— Também não me sinto confuso — murmurou ele, muito sério. — Ouça, Jan, me desculpe por tudo. Eu sinto muito mesmo...     

— Não podemos esquecer totalmente o que aconteceu, porque foi como o nosso bebê surgiu... — comecei, procurando uma solução para aquilo. Eu amava aquele bebê mais do que a mim mesma, e o passado, a forma como ele havia surgido, não era mais totalmente importante, apenas uma coisa que eu já tinha ultrapassado. — E..., mesmo que tudo aquilo tenha sido horrível pra mim, eu não gosto de pensar que o nosso bebê não existiria caso não tivéssemos dormido juntos.   

— Vou me sentir culpado pelo resto da vida — disse ele, cabisbaixo. — Mas não porque engravidei você naquela festa, é claro.., e sim porque agi como um monstro.     

— Eu já sei lidar com isso, Jack — falei, e então segurei as suas mãos. — Eu já perdoei você, não pense mais nisso.     

— Eu... — ele demorou alguns segundos para continuar e pareceu indeciso no que ia dizer, mas depois prosseguiu: — Eu estou apaixonado por você, Jane Collin. 

Eu não tinha pensado nos sentimentos do Jack, mesmo que aquele tempo inteiro ele estivesse sendo tudo o que eu precisava. Eu realmente não imaginei que ele estivesse tendo sentimentos por mim, mas sim que estivesse tentando encobrir o que fez comigo, para que diminuísse a culpa. Portanto, com a sua confissão, senti como se fosse flutuar.     

— Pensei que não aconteceria devido a raiva que eu senti de você — comentei, bem baixinho —, mas acabei me apaixonando também, sabia?     

— E isso é ruim?      

— Não! — sorri e vi o seu rosto suavizar.     

— Prometo nunca mais magoar os seus sentimentos — ele disse, depois de suspirar. Então me abraçou com uma delicadeza tão grande, que era quase como se estivesse com medo de me quebrar em pedaços. 

Mesmo após aquelas confissões, pedi para que Jack fosse embora e aparecesse apenas amanhã pela tarde. Eu necessitava de espaço e queria conversar com a minha filha a sós. Ele não reclamou, apenas assentiu, deu um sorriso, falou com o bebê dizendo que sentiria saudades e me deu um beijo nas duas bochechas.

[…]

O outro dia não foi tão bom para algumas pessoas. Taylor tinha aprontado mais uma vez e Louis me ligou avisando o que tinha acontecido.     

— Pode me levar até lá? — eu tinha perguntado ao Jack, durante a minha procura por um sapato que não fosse muito apertado, porque os meus pés estavam inchados.     

— É claro.

Taylor estava oficialmente de castigo, porém ela desobedeceu às ordens de Tânia Hampton e simplesmente saiu na noite passada, sem mais nem menos. A Sra. Hampton ligou para a mãe do Louis perguntando se ele estava com Taylor, mas é claro que não. Tânia Hampton nem teria todo aquele trabalho caso tivesse visto como as coisas haviam mudado após a presença de Marly Cooper naquela casa. Só que ela estava desinformada devido a viagem à Guelph.     

— Eu nunca a tinha visto tão brava... — Louis disse, se referindo à mãe da Taylor. Era por volta das nove da manhã quando eu tinha chegado nos Hampton, e Tânia tinha saído com o Sr. Roberts. Segundo Louis, ela parecia mais calma. — Ela bateu na Taylor.     

— Sério? — perguntei, assustada.

Jack estava sentado ao meu lado e ouvia tudo calado.     

— Taylor chegou depois das onze — continuou Louis, pensativo —, e a primeira coisa que recebeu foi um tapa. Se não fosse por mim e pelo Sr. Roberts, acho que a coisa teria ficado bem feia.     

— Pelo menos ela não estava bêbada — Jack se meteu, dando de ombros. — Ela não estava, ou estava?   

— O que você acha? — retrucou Louis, irritado.

Ouvimos passos na escada e todos olhamos ao mesmo tempo, apreensivos. Mas era apenas o Tiago, que estava com cara de quem tinha acabado de acordar.     

— Aconteceu alguma coisa? — perguntou, nervoso.     

— Não — falei —, está tudo na paz.     

— E onde está a minha mãe?      

— Ela saiu — respondeu Louis, meio distraído consigo mesmo —, mas disse que voltaria antes do almoço.   

Tiago resmungou e depois foi para a cozinha.     

— Você dormiu aqui? — perguntei ao Louis, tentando ser discreta.     

— Não. Fiquei um tempo com ela, mas depois voltei pra casa — respondeu, os olhos vidrados na tela da TV (desligada) e de braços cruzados. — Eu não aguentei ficar lá, agindo como se nada tivesse acontecido, e então voltei de novo. Ela ainda não acordou.     

— O que vai fazer?     

— Não tem nada que eu possa fazer, Jan. 

Eu nem sabia dizer o que estava acontecendo ali. Eu via algo que era bonito se desgastando aos poucos, e bem na minha frente. Taylor parecia não dar mais a mínima para ninguém, e Louis parecia ter desistido de fazer o que quer que fosse que estivesse em nossas mãos para que o comportamento estranho dela mudasse. 

Taylor não era daquele jeito. Ela estava dando uma de rebelde, sendo imprudente, inconsequente e, principalmente, irresponsável. Era como se tivesse acabado de entrar na adolescência, se focando apenas na diversão. Sem regras. Sem ordens. Sem nada!...

Eu não desisti da minha melhor amiga, é claro, estava era esperando um sinal de sua parte, algo como uma pergunta ou então um gesto – talvez um desabafo. O problema era que Taylor mostrava uma confiança tão grande, que eu estranhava. E o pior: ela parecia extremamente bem com aquilo.

Não tive mais privacidade com Louis pelo fato do Tiago estar na cozinha – alguém que se tornou um estraga-prazeres, estando totalmente contra a própria irmã –, e então eu rapidamente pensei em alguma coisa. 

— Temos que conversar, Louis — avisei, em seguida levantei enquanto gesticulava para Jack informando que eu voltaria logo. Subi os degraus e fui direto para o quarto de hóspedes. Demorou apenas alguns segundos para que Louis atravessasse a porta, sem expressão nenhuma. — Tem algo de errado acontecendo aqui — comecei, cruzando os braços.    

— Você ainda não me falou sobre a ida ao Dr. Wilkins — ele mudou de assunto, se sentando na cama e mexendo no celular. — Está tudo certo com o bebê?     

— Mudou o foco da conversa por quê? — perguntei, preocupada. — Sabe que podemos falar sobre a gravidez depois.

Louis parecia exausto.     

— Você não acha que isso vem me tirando o sono? — jogou de repente, e então me fitou, ignorando o celular sobre a cama. — Acha que eu não estou preocupado com ela? Que eu não ando pensando em formas de fazê-la perceber que está magoando os outros? Estou afastado dela, sim — Louis suspirou, cabisbaixo —, mas quero apenas deixar transparecer o meu incômodo para que ela perceba o quão estúpida está sendo. Eu não queria fazer as coisas desta forma, mas foi a única coisa que eu não tentei até agora.     

— Acha que vai dar certo?     

— Não está adiantando em nada — respondeu ele, frustrado. — E eu não sei mais o que fazer. Não quero que ela pense que vou desculpar tudo o que ela faz apenas porque a amo.     

— É exatamente isso o que ela está pensando.    

— E você acha que eu não sei? — rebateu Louis, irritado. — Mas foi como eu disse antes: já não sei mais o que fazer.     

— Taylor não era assim — comentei, triste. — Ela nunca foi desse jeito, nunca gostou de sair à noite e muito menos de ficar bêbada, justamente porque era o que o pai dela vivia fazendo quando era vivo. Se pelo menos ela estivesse com um de nós dois, mas... Puxa vida, por que ela teve que mudar tanto?     

— Sim…, é muito estranho.     

— Não percebe, Louis? — tentei fazê-lo pensar da maneira como eu pensava. — Taylor estava com depressão e só conseguiu se “superar” — fiz aspas com os dedos — com a ajuda daquela garota.     

— Vai implicar com a Marly de novo?      

— Você mesmo achava que a Marly tinha um dom especial com as palavras, mas não era nada disso — eu o lembrei, preocupada —, porque viu ela conversando com a Taylor.     

— Eu não vi nada de mais.    

— É, só que de repente a Taylor apareceu bem, não é? — eu disse, pensativa. — Na verdade, após todas essas conversas com a Marly.       

— Jane — Louis respirou fundo, como se fosse desabar a qualquer momento —, eu não sei como Marly conseguiu, mas ela conseguiu. Eu conversei com ela, você sabe disso, e não tem absolutamente nada de errado. Eu já disse a você que a Marly não pode obrigá-la a nada.     

— Eu sei que não vimos algo que a denunciasse — eu disse, sem desistir —, mas ainda não me convenci de que ela esteja passando todo esse tempo com a Taylor para ajudá-la.     

— Não estou defendendo a Marly, entendeu? — ele falou, e estava atordoado. — Mas não vi ameaça alguma. Se tivesse algo..., ou se pelo menos a própria Taylor me falasse alguma coisa indiretamente, então deveríamos sim nos preocupar com a Marly, só que…     

— Tudo bem, eu entendo — eu disse, sincera, enquanto erguia as mãos. — Do jeito que você é, não me admira que haja assim. 

Então ele levantou e andou de um lado para o outro, lentamente. Estava pensando, e tive esperanças com aquilo, afinal de contas, era um sinal de que estava analisando as minhas suposições.     

— Não faz sentido — murmurou para si mesmo.  

— Mas essa é a minha teoria.     

— Teoria? — ele riu, sem a menor vontade.     

— Eu já disse que tenho um pressentimento enorme com aquela garota, Louis — continuei, mesmo que ele não fosse levar aquilo à sério. — E que ele não é nada bom. Até você acha tudo estranho, vê que tem algo de errado.    

— Mas eu não estou jogando pedras em ninguém.  

— Por favor, Louis — implorei, quase ajoelhando —, você precisa ver as coisas de todos os ângulos. É assim que funciona tudo. Se continuar com a mente tão fechada desse jeito, não vamos chegar a lugar nenhum. Você tem que levar o que eu digo em consideração!...     

Então ele parou de andar e me olhou por alguns segundos, me analisando como um médico e o seu paciente.      

— Certo, então vamos supor que Marly esteja por trás de toda essa péssima mudança — ele disse, e logo uma esperança brotou no meu peito —, qual seria o objetivo dela?

Não consegui evitar um revirar de olhos.     

— Ter você? — eu disse, em um tom de pergunta. O questionamento dele era extremamente estúpido.

Então foi a vez dele de revirar os olhos.     

— Ah, por favor... — Louis bufou, não levando aquilo à sério (novamente). — Tantas coisas para pensarmos e você deduz isso.     

— Seja um pouco mais lógico — eu pedi, gesticulando. — Por que diabos Marly viria aqui? Acha mesmo que ela queria apenas ganhar vínculos de amizade? Ah!, e eu sei que vocês dois têm encontros e se falam por mensagens.     

— O quê? — exclamou ele, muito pasmo. — Mas não é nada! Saímos poucas vezes e eu não tive nenhum interesse a mais por ela. Porra!, você sabe muito bem disso.     

— Acalme-se — eu me aproximei, com as mãos erguidas —, não estou insinuando nada sobre vocês dois. Eu sei por quem você é apaixonado, 'tá bem? — continuei, sentando na cama por sentir a exaustão tomar conta de mim —, e ela está dormindo no quarto ao lado.     

— Marly sabe o que eu sinto pela Taylor.     

— Ela sabe, mas isso não a impede de nada.         

— Caso seja isso, ela está perdendo tempo — reclamou ele, dando de ombros. — Mas, assim que eu puder, vou deixar isso mais claro do que já está.     

— E eu vou ficar de olho nela.

Então um silêncio se instalou ali. Eu não sabia se era possível, mas era quase como se eu pudesse ouvir as engrenagens do cérebro do Louis trabalhando. 

Logo, enquanto fazia uma leve massagem nos pés, fiquei saboreando o orgulho de mim mesma, afinal de contas, eu dei um pouco do que pensar ao meu melhor amigo. Na frente dele, Marly simplesmente se mostrava ser um ser com asas e uma coroa na cabeça. 

E eu não culpava Louis por defendê-la. Marly sabia o que ele e Taylor tinham, e eu tinha toda a certeza de que ela não era idiota o suficiente para dar em cima dele, porque sabia que poderia estragar toda a sua relação caso agisse daquele jeito.

Ela era esperta.

Mas eu era mais.

Marly estava esperando apenas o dia certo para que fizesse alguma coisa. Aliás, eu tinha um enorme receio de que aquele dia estivesse perto de chegar. E a própria Taylor não tinha ideia de que chamava uma cobra de amiga.     

— Jan?      

— Hã..., o que disse? — perguntei, atordoada.     

— Quero saber sobre a consulta no Dr. Wilkins — respondeu ele, sentando ao meu lado. — 'Tá tudo bem com você e o bebê, não 'tá? — Era visível a preocupação dele com aquilo e eu não deixei de ficar comovida.     

— Sim, Louis, somos as pessoas mais saudáveis do universo.     

— Que bom.

Ele sorriu, mais aliviado.     

— É uma menina — sussurrei, acariciando a barriga.     

— Uma menina... — repetiu ele, falando aquilo como se estivesse testando a palavra em voz alta, para ver como ficava. E não demorou muito para que estivesse sorrindo como eu.     

— É um pouco estranho, não é? — comentei, rindo ainda mais. Há um ano, faculdade era a única coisa que se passava pela cabeça de todos nós, inclusive da Taylor. Naquele momento, contudo, Louis parecia ser o único que continuava com aquilo na cabeça, de alguma forma.  

— Sim, é estranho — concordou ele, sorrindo. — Espero que ela não se pareça com aquele cara. — Louis olhou para a porta, como se tivesse uma visão do Jack.   

Senti um nervosismo ao lembrar que Jack ainda não era bem vindo aos olhos dele, o que significava um problema para nós dois.    

— Tenho que falar uma coisa…     

— O quê? — Louis me olhou novamente, só que daquela vez estava muito sério. — Não vem me dizer que ele fez alguma coisa de novo.     

— É que...     

— Sério que ele não tem jeito? — Louis levantou, irritado, e já caminhava na direção da porta do quarto. — Dessa vez eu garanto a você que ele não vai chegar mais perto de nenhum de nós. Se isso acontecer, os Mayson passarão a considerá-lo como um morto. 

Me assustei, é claro, eu deveria ter adivinhado que ele pensaria algo ruim sobre Jack, mas o meu estado de relaxamento não tinha me lembrado daquele pequeno detalhe.     

— Louis, volta aqui! — berrei, correndo até ele e impedindo a sua passagem na porta. — Você não ouviu o resto da história!...     

— Ele não fez?...      

— Não, é claro que não — respondi, muito óbvia. Louis então corou e pareceu desconcertado com a situação. — Mas agora acho melhor eu não falar nada, pelo menos por enquanto.     

— Você vai mesmo me esconder sobre aquele infeliz, Jane? — perguntou, incrédulo. — Como assim?!     

— Jack não fez nada — enfatizei, séria. Louis continuou me olhando com um ar de “o que está me escondendo?”, mas, antes que dissesse alguma coisa, ouvi a batida de alguma coisa. 

Ele então me tirou da frente da porta e saiu do quarto. Eu o segui e, ao colocarmos o pé no corredor, acabamos vendo Taylor.   

Louis a chamou, assim que percebeu que ela desceria a escada, sem nos ver. A aparência dela estava péssima, aliás, os olhos vermelhos e, sob eles, duas bolsas escuras; o cabelo se encontrava meio desgrenhado e havia a palidez exagerada da pele, como se estivesse sofrendo de anemia. 

Taylor, no entanto, parecia estar pronta para sair, devido ao casaco e o capuz na cabeça. Logo, após parar assustada e olhar para mim, seus olhos pousaram no garoto ao meu lado.     

— Louis? — disse ela, em um tom baixo. E não demorou para que ele se aproximasse dela. Só que eu não pude ver a sua expressão, apenas o quão rígido ele estava.     

— Você vai mesmo ignorar de novo as ordens da sua mãe? — perguntou ele e eu rapidamente me aproximei dos dois. — Onde pensa que vai?    

— Que bom que está aqui. — Ela parecia bem aliviada e tinha um pequeno sorriso no rosto. Seu nariz também estava meio corado e parecia que ela tinha chorado a noite inteira.     

— Onde você ia? — Louis voltou a perguntar, com um tom de poucos amigos. Só que estava claro que ele se esforçava para soar tão duro daquela forma. — Vamos, responde.    

— Até a sua casa — sussurrou ela, encolhida. E parecia tão mole que eu achei que qualquer um poderia ser capaz de colocá-la ao chão, até mesmo um idoso de oitenta anos.     

— Fazer o quê?     

— Eu queria ver você, Louis, deixar tudo como estava antes, me desculpar mais uma vez... — Então ela se aproximou mais e, com cautela, o abraçou. Louis não se mexeu, é claro. Era possível sentir a sua frustração, afinal de contas, Taylor tinha feito aquilo tudo, mas estava agindo como se não tivesse feito nada. — Me desculpa, por favor — pediu ela, mas não achei que fosse chorar. 

Ela estava calma demais para aquilo. E era uma calma paradoxal – uma contradição mesmo. Porque, ao mesmo tempo que podíamos ver o quão calma ela estava, também era possível ver o desespero ao seu lado.      

— Ontem você foi embora e mal tocou em mim, não sabe o quanto eu fiquei mal com isso. Eu... eu não vou aguentar caso continue assim, é muito ruim — continuou Taylor, entristecida. Só que, mesmo depois aquilo, Louis não reagiu, não se mexeu e sequer falou alguma coisa. 



Notas Finais


Hmmmm, as coisas não tão boas 😕... Será que vai piorar?

Vcs acham que o Louis ta fazendo o certo ao seguir o conselho da Marly, tratando a Taylor desse jeito? Me digam o que acham, preciso saber ♥♥

Então até o próximo ep, bejoos 🎈


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