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História Friends - Louis Tomlinson - 075. Verdade


Escrita por: sunzjm

Capítulo 75 - 075. Verdade


Fanfic / Fanfiction Friends - Louis Tomlinson - 075. Verdade

A primeira sensação que tive foi a confusão, afinal de contas, já passavam das onze e meia. A segunda foi a preocupação pois, depois de atender o celular, Taylor me veio à cabeça. Foi impossível não imaginar que algo de grave poderia ter acontecido. Muito barulho soava do outro lado da linha e eu supus que Marly não estivesse em casa.     

— Louis, está me ouvindo?     

— Sim, aconteceu alguma coisa?     

— Eu não sei se foi uma boa ideia ter ligado e...  

— Tem alguma coisa a ver com a Taylor?     

— Sim...     

— Então fez bem em ligar, Marly, o que ela fez?   

— Estamos na casa do Brad — começou Marly, atrapalhada —, e eu realmente me sinto mal ao dizer isso pra você, mas... É que ela está com aquele garoto dos olhos verdes. Eu não acho que seja certo continuar deixando isso acontecer, mas ela não quer voltar para casa, e também está muito bêbada para que eu possa levá-la sozinha. Eu não sei mais o que fazer...     

— Espera um pouco... — mandei, já me levantando. — Garoto de olhos verdes? Como assim? 

Desejei muito, muito mesmo, que não fosse quem eu achava que era, que fosse um ser de outro mundo – e dos olhos verdes –, mas que não fosse aquela pessoa.   

— Aquele que brigou com você na casa dela — respondeu Marly, hesitante. — Ele esteve aqui todas as vezes em que ela saiu de casa. Me desculpe, Louis, mas eu fiquei com medo de contar e ela me odiar pelo resto da vida...

Toda a insegurança que eu sentia em relação aos dois deu as caras ali mesmo e eu rapidamente senti um medo enorme de saber o que diabos os dois estiveram fazendo juntos todas as vezes em que Taylor não esteve em casa.     

— Louis? Por favor...     

— Estou indo — informei, já procurando uma roupa qualquer no guarda-roupas. — Não quero que diga nada a ela, entendeu? 

Pedi o endereço do lugar onde estavam e, depois de estar vestido e de ter pego o meu celular, fui até o quarto da mamãe. Para o meu alívio, ela dormia pesadamente, portanto não percebeu quando eu peguei sobre a escrivaninha as chaves do seu carro. 

Ao sair de casa, não demorei ao entrar no veículo e seguir até a casa do tal Brad, desobedecendo a algumas regras de trânsito.

O meu coração estava a mil.

Eu realmente estava me esforçando para não enlouquecer e acreditar que Taylor estivesse me traindo. Eu tentei muito..., mas aquela raiva parecia me cegar. Saber que os dois estavam juntos, que se divertiam, que possivelmente estavam se beijando, com o imbecil do Adrian me chamando de besta mentalmente, com ele tocando na Taylor... era demais pro meu psicológico.

Depois de longos minutos, eu já estava onde Marly tinha me informado. Saí do carro o mais rápido que consegui, quase tropeçando nos próprios pés, e observei o lugar rapidamente. 

A casa era um pouco grande e com um estilo bem clássico, e a rua onde ela ficava estava deserta – os vizinhos já pareciam estar dormindo. Haviam algumas pessoas do lado de fora e todas estavam acompanhadas de pequenas garrafas de cerveja. Logo, não pensei muito no caso de ser roubado e apenas entrei naquele lugar sem pedir informação alguma. 

Procurei por algum rosto conhecido entre as mulheres que estavam sentadas no sofá meio surrado – acompanhadas de caras nada amigáveis –, mas não reconheci ninguém. Assim que eu ia me aproximar da música agressiva que vinha de uma entrada no chão, um cabelo ruivo apareceu na minha frente.     

— Você chegou rápido, veio de avião?     

— Onde ela está? — eu quis saber, agitado demais para ficar parado ouvindo piadas. — Me leva agora até lá. 

Marly suspirou e me puxou pelo braço, nos levando para a entrada em que eu pensara entrar antes. Havia um corredor ali e era iluminado apenas com uma lâmpada. Contorci o nariz com o cheiro ruim pairando no ar e segui em frente. 

Uma porta se encontrava mais a alguns passos e era de lá que saía o metalcore. Marly falava alguma coisa enquanto andávamos, mas eu não prestava atenção. Percebi que pressionava demais os dentes e tentei relaxar o maxilar para responder qualquer coisa a ela. O problema era que eu estava nervoso demais, irritado... e com medo do que eu poderia ver.

Adrian Carrington não era tolo. Ele estava tentando algo com Taylor desde o dia em que eu pus os olhos nele. Era claro que ele provavelmente esteve tentando conquistá-la antes mesmo de entrar na London Greenwich. Ele não poderia ter deixado passar o fato de que ela esteve todos aqueles dias sem a minha presença naquele lugar – e bêbada, pra variar.

Ao entrar, a minha visão se encheu com uma multidão de gente, mas não prestei atenção em ninguém ali, apenas me deixei ser guiado. Marly logo parou próxima de alguns caras e depois lançou um olhar para mim. Não esperei que ela me dissesse nada, me mostrando onde Taylor estava. E não precisava, na verdade, porque eu já estava a vendo.

E com ele.

Não dava para ver o rosto dela, mas eu a reconheci. Adrian estava bem à sua frente, segurando o seu rosto com uma mão e pegando na sua cintura com a outra. O meu sangue ferveu quando ele – de alguma forma que eu não entendi – pareceu ter se dado conta de que eu estava por perto e se aproximou o suficiente para beijá-la.

Perdi o foco de tudo à minha volta. Os meus pés tinham criado vida própria e, quando eu me dei conta, já havia me aproximado o bastante para afastar Taylor e bater naquele garoto com a maior força que eu consegui. 

Ouvi alguns gritos e murmúrios, porém o meu foco se direcionou apenas no objetivo de matar Adrian Carrington. Mas então alguém me chamou e a música parou bruscamente. Pude dar mais alguns socos no imbecil do Adrian antes que alguns pares de mãos estivessem me puxando para longe dele. Ele tentou partir pra cima de mim também, mas foi segurado por outros caras que estavam ali e que discutiam ao mesmo momento.     

— Ei, segura a sua onda! — alguém falou para mim e eu levei um empurrão no ombro. — Você não pode chegar aqui e ir arrumando briga, entendeu? 

Me soltei bruscamente de todos os puxões e procurei Taylor com os olhos. Ela estava ali perto e parecia em choque. Marly se encontrava ao seu lado e também tinha a mesma expressão. Continuaram falando no meu ouvido até que eu finalmente consegui me soltar totalmente. Taylor resolveu vir até mim e tentou segurar a minha mão.     

— Louis...    

— É melhor calar a boca — ameacei, entredentes. Assim, lhe puxei pelo braço sem a menor delicadeza e dei a volta, a fim de buscar a saída daquele buraco em que ela tinha se metido. Recebi algumas ameaças ao sair, mas ignorei todos os olhares na minha direção e o fato de que eu não seria mais bem-vindo naquele lugar.     

— Espera um pouco! — pediu Taylor, tentando me parar. É claro que aquilo não deu certo e eu continuei a puxando para fora do lugar que chamavam de casa. — Me deixa explicar... — continuou Taylor, e então nos aproximamos do carro da minha mãe. — Você tem que me ouvir agora! — Enfim, eu a soltei bruscamente e me afastei, assim que percebi que as suas mãos se aproximariam.     

— Escutar o quê? — joguei, não me importando em gritar e em estar sendo observado pelas pessoas que antes estavam rindo lá fora. — Vai assumir que esteve me traindo? Finalmente vai ser sincera comigo?!     

— Eu não traí você, ficou louco?! — gritou ela de volta. Quando começou a chorar, imaginei que já tinha demorado demais.     

— Por isso quis terminar, não foi? Não teve nada a ver com as drogas ou com a história de querer apenas o meu bem — eu disse, ignorando as palavras dela. O meu mundo parecia ter caído, se dissolvido e entrado em erupção. O meu medo tinha se concretizado e as palavras de Adrian Carrington agora faziam tanto sentido quanto qualquer coisa. Ele sabia que Taylor não gostava de mim o suficiente e então não perdeu tempo. — Por isso estava me evitando? O que foi, aliás?! Esteve se sentindo culpada?     

— Não era por isso!     

— Passou esse tempo todo saindo com ele e ainda tinha a coragem de me beijar? — E realmente era impossível manter o tom controlado. — Achou que iria esconder até quando? Sério que achou que iria continuar me fazendo de idiota? Que poderia ter a mim e ele ao mesmo tempo? Ah, Taylor, por favor!...     

— Mas o que você pensa que eu sou? — ralhou ela, tentando me olhar nos olhos. Eu não queria me aproximar de maneira alguma, estava tão irritado que falava sem pensar.      

— Não acredito em mais nada do que você diz — falei, bem devagar. — Eu perdi qualquer confiança que eu tinha.     

— Não acredita em mim? — Ela pareceu atordoada. — Mas… mas foi ele quem me beijou! Eu juro que eu não esperava por isso. Eu estava curtindo tudo sozinha, Louis, e ele... e ele...     

— Ah, é claro — assenti, com ironia —, esqueci que você é ingênua demais para saber quando um cara só quer foder com você.     

— Para com isso!           

— Você mentiu pra mim esse tempo inteiro! — joguei de volta, a deixando se aproximar só para que eu falasse aquilo. Talvez a ajudasse a perceber que eu não era mais nenhum tolo. — Eu estive esse tempo todo do seu lado, procurei um jeito de ajudar você, de dar algum porto-seguro... ou qualquer outra coisa. Eu tentei entender você, fiz tudo o que eu imaginei ser o melhor. Mas tudo o que você fez foi me ignorar e preferiu ele.     

— Você sabe que eu não sinto nada pelo Adrian! — disse ela, desesperada. — Eu não tive nada a ver com aquele beijo. Foi ele quem fez tudo aquilo!     

— Quer saber…, talvez você tenha razão — eu disse, com uma compreensão falsa —, talvez eu esteja enchendo muito o seu saco, sendo um namorado grudento demais, não sendo o que você precisa ou então muito útil. Agora vamos resolver isso de uma vez. Você queria terminar, não é? — Olhei pra ela, sem conseguir evitar em odiá-la naquele instante. — Ótimo, não se preocupe mais com isso, Taylor, porque vai poder beijar aquele cara e fazer o que quiser com ele pelo tempo que achar necessário. Agora sou eu quem não quero mais estar com você.

Com aquilo dito, Taylor parou de chorar e gelou.   

— O quê?     

— Estou terminando tudo com você — repeti, sério. E ignorei todos os pensamentos que vinham contra a ideia, principalmente aquele de que eu a amava. — Você está bêbada, então provavelmente não vai se recordar do que eu disse, mas com certeza posso lembrá-la quantas vezes quiser.     

— Não, Louis, você não pode estar falando sério — ela disse, voltando a chorar, e em seguida tentou segurar o meu braço, buscando se aproximar mais.     

— Para com isso..., não era isso o que queria?   

— Mas eu não quero mais!     

— Não é mais você quem decide!     

— Eu não quero que você termine comigo achando que eu beijei o Adrian porque eu quis! — berrou ela, aos prantos. E eu realmente não entendia por que tanto desespero, afinal de contas, foi ela quem decidiu continuar indo àquele lugar, mesmo sabendo que Adrian frequentava o ambiente.     

— Você não está morta — eu a lembrei, me afastando mais uma vez —, poderia ter se livrado dele.   

— Eu nem tive tempo de processar que ele estava me beijando! — argumentou, depois pareceu perceber que Marly estava ali presenciando toda a discussão. — Vamos…, diz pra ele, Marly, diz que eu estou falando a verdade. Você esteve comigo sempre!     

— Não me coloque nessa conversa, por favor — pediu Marly, abaixando a cabeça. — Eu não tenho nada a ver com isso.     

— Ma-mas...     

— Isso é somente entre nós dois, Taylor — reclamei, e então peguei no seu braço. — Não tente me convencer de que você é a vítima aqui, porque não vai funcionar. Você mentiu... e me traiu. Eu vi você com ele, descobri que a presença dele esteve mais do que próxima e eu não vou aceitar isso.    

— Você tem que me entender, por favor...     

— Eu já entendi e não vou continuar sendo um idiota.     

— Você não foi nenhum idiota!...     

— Veja pelo lado bom: agora você não vai mais precisar se martirizar ao esconder as coisas de mim, já que não vamos ter mais nada um com o outro — eu disse, e então a soltei. — Não vai precisar gastar o seu tempo me dando atenção, fingindo que me ama ou que se importa comigo. Não ligue pro seu ego só porque sou eu quem estou terminando o relacionamento, afinal, quem começou com esse papo foi você, não foi?     

— Louis, para com isso — ela bateu um dos pés no chão, em frustração —, você está falando como se eu fosse alguém que não tem amor!     

— Agora eu entendo o porquê de todo aquele drama — murmurei, pensando alto. — Aquilo tudo era só culpa...     

— Eu falei que era pro seu bem — disse ela, chorando ainda mais — e eu não menti sobre nada daquilo.     

— Entendo que tenha se sentido mal, afinal, eu ainda não sabia sobre o segredo principal — eu disse, me referindo às drogas. — Não reconheço mais você. Sabe que não é mais a mesma e que também não se importa com nada disso. Assuma de uma vez.     

— São vocês que não se colocam no meu lugar — ela tentou explicar, ainda soluçando. — Não foi fácil ter que esconder o fato de que eu estava usando drogas, Louis. Eu detesto omitir as coisas de você, sabe disso.   

— E não falou sobre ele por quê? — perguntei, sem a mínima esperança de nada. — Tenta me explicar!   

— Você não deixaria que eu continuasse saindo e, caso viesse comigo, iria descobrir tudo sobre as drogas — disse ela, rapidamente. — E eu sabia como você ficaria caso soubesse que ele também esteve aqui. Mas eu juro que nós não tivemos nada. Acredite em mim, por favor!, você está me matando achando que eu fiz aquilo. 

Apenas olhei para ela, tentando acreditar. Contudo, a cena dos dois se beijando deu as caras novamente e eu me vi negando com a cabeça.     

— Eu não quero mais saber, vamos embora desse lugar — falei, exausto. Eu estava no meu limite, como se fosse estourar caso qualquer um me tocasse. Os meus olhos não enxergavam nada além dos momentos ruins. Se tivesse vida própria, se tivesse um corpo para sair por aí, a mentira com certeza estaria se divertindo com o meu mal-estar, com as sensações péssimas que eu estava experimentando naquela noite.

Eu me sentia enganado, eu me sentia um tolo. Era como se Taylor Hampton não tivesse me mostrado quem realmente era, como se tivesse escondido a sua verdadeira personalidade de mim. E parecia equivocado pensar aquilo, mas era como eu me sentia. Talvez ela tivesse mesmo cansado de mim...

Durante alguns minutos, ignorando a minha dignidade, comecei a imaginar o que eu havia feito que ela não tinha gostado (ou que eu não havia feito). 

O meu ciúme em relação a qualquer pessoa, principalmente Adrian Carrington, não era à toa. Eu sabia que eu não era tão bom, que não era o namorado perfeito e que eu poderia perdê-la para alguém que persistisse por tempo demais. Eu não conseguia levar em consideração as vezes em que ela disse me amar, gostar de mim ou qualquer coisa parecida; não depois que eu soube daquilo, que ela saía para estar com ele enquanto eu ficava em casa me preocupando, tentando achar uma solução para que tudo melhorasse.

Talvez ela não gostasse de mim como um homem. Talvez a amizade de tantos anos tivesse confundido a sua cabeça, assim como confundiu com Christian Menson, e então ela precisasse de outra pessoa para lhe mostrar o que ela realmente sentia, como Adrian. 

Eu estava decepcionado comigo mesmo.

Ser traído por alguém que eu amava era uma das piores coisas que eu já havia sentido, porque era como se a impotência estivesse presente. E como se tudo não passasse de uma ilusão; como se fosse um pesadelo.

Taylor não parou de chorar a viagem inteira. Deixei Marly na porta de sua casa e segui em frente, sem conseguir dizer palavra alguma. Ela precisava entender que aquele momento não era o certo para discutir, que eu não estava com cabeça para falar sobre ela também ter escondido o assunto Adrian de mim. Eu não estava a culpando, é claro, porque Taylor era a culpada na história, mas de alguma forma eu também me sentia traído por Marly. 

Quando parei o carro na frente da casa dos Hampton, esperei que Taylor percebesse que era para ela sair e ir dormir. Ouvir a sua voz não era o que eu queria. Eu nem entendia por que ela continuava chorando. Ela não me amava, então por que estava desperdiçando lágrimas comigo?           

— Se acha que eu vou sair daqui, Louis, está muito enganado. — Me surpreendi com a sua persistência, afinal de contas, ela estava bêbada e provavelmente tudo o que queria era uma cama macia. 

Não evitei a vontade de dar um tapa no volante e sair do carro, batendo a porta com uma força que fora inevitável. O ar puro era o que eu precisava. Quando anoitecia, aquele calor finalmente resolvia ir para os ares, então sentir a brisa me envolvendo com um abraço, levando consigo uma parte do meu ódio, era bom.

Encostei a cabeça no carro e fechei os olhos, tentando acalmar os nervos. Talvez fosse bom para que eu não continuasse me estressando. Ou talvez aceitasse a explicação dela de alguma forma.

Ouvi um barulho seco se misturar ao som do vento que corria ali e, após alguns segundos, o ar e o cheiro das árvores foram embora, sobrando apenas aquele cheiro de álcool. Taylor estava bem ao meu lado e finalmente parecia ter parado de chorar.      

— Você não vai embora achando que eu o traí.   

— É melhor você entrar — aconselhei, com os olhos ainda fechados. Do jeito que provavelmente havia bebido, ela sentiria uma ressaca tão grande que seria capaz de prometer nunca mais beber na vida.          

— Eu não quero dormir — disse, impaciente —, quero conversar com você.     

— Nós já conversamos, Taylor. 

Eu já estava exausto – exausto mesmo. Mas com uma sensação de que não conseguiria pegar no sono como desejava.     

— Eu não o beijei — falou ela, entredentes e ignorando as minhas palavras. — Eu nunca faria isso, eu não sinto nada por ele como eu sinto por você.     

— Não importa o que eu acho.     

— Por que você não acredita em mim? 

Taylor tocou no meu braço e eu não consegui evitar em olhar para ela. Estava péssima, é claro, com os olhos inchados e o rosto molhado. Era eu quem estava provocando aquilo nela, mas eu estaria do mesmo jeito caso não fosse forte o bastante. Caso não estivesse irritado o suficiente.

E magoado.

Muito magoado.     

— Eu não sei — confessei, sério. 

Eu estava confuso, era isso. Ela não parecia estar mentindo, mas mesmo assim eu continuava furioso. Se ao menos ela não tivesse escondido sobre ele, então seria mais fácil pra mim.     

— Você não pode sair daqui sem acreditar em mim! — disse ela, desesperada. — Eu não posso deixar...   

— E o que vai fazer?      

— Eu... — Ela pareceu pensar enquanto dava uma olhada para a sua casa. — Eu me jogo da ponte mais próxima de Greenwich. Aliás — Taylor continuou, assim que percebeu a minha descrença —, é isso o que eu vou fazer agora e ninguém vai me impedir.

Antes que eu dissesse alguma coisa, porém, ela já havia virado as costas para mim a fim de seguir em frente, como se soubesse para onde estava indo. Não achei aquela cena convincente, na verdade, e muito menos agradável. 

No entanto, Taylor poderia não saber o local exato da ponte mais próxima, mas aquilo não a impediria de continuar andando. É claro que eu não acreditei que ela fosse mesmo pular e se matar, mas fiquei receoso caso ela pudesse fazer qualquer outra besteira, como se jogar na frente de um caminhão.

Gritei por ela, mas ela pareceu não me ouvir. Revirei os olhos com aquilo e chamei por ela novamente. Taylor continuou andando, meio cambaleante, mas sendo rápida e tendo o equilíbrio necessário para permanecer andando. Quando resolvi ir atrás dela, ela já estava a alguns passos de mim, abraçada ao próprio corpo.      

— Você não sabe para onde está indo — continuei, enquanto a acompanhava de alguma distância.     

— Tanto faz, eu vou.     

— Não vou deixá-la se jogar de uma ponte — eu disse, exausto demais. — Você tem uma família, sabia?, vai fazê-los sofrerem. Então eu vou acabar me sentindo culpado, mesmo que não seja eu a fazer isso.

Com aquilo dito, Taylor parou de andar. Eu parei também, deixando um espaço entre nós dois. Ficamos em um silêncio absoluto, mas depois de alguns segundos ela resolveu se virar para mim.     

— Tudo bem, eu não vou fazer nada — falou e eu apenas dei um único aceno com a cabeça, me controlando para não acabar gritando com ela. — Se quer terminar, então eu não vou obrigá-lo a continuar comigo — disse, se aproximando de mim. — Mas... eu quero que saiba que eu nunca traí você em toda a minha vida, que eu não fui a responsável por aquilo e sequer pensei em coisa parecida. Eu estou muito irritada com o Adrian pelo que ele fez, porque eu achei que ele finalmente tinha entendido que… — Taylor me olhou por alguns segundos e passou a chorar em silêncio — ... que eu não desejo outra pessoa que não seja você, você é o único alguém pelo qual eu sou capaz de fazer tudo e qualquer coisa, e somente você é quem é capaz de fazer eu me sentir bem.

Eu não soube o que dizer depois daquilo, é claro. Principalmente com a forma como fora dito, de um jeito tão intenso e tão lento... E não era porque eu tive piedade ao olhar nos seus olhos; nem porque ela falou aquilo com uma convicção maior do que afirmar que era um ser humano. Mas foi porque eu senti que, de alguma forma, ela não estava mentindo. 

Taylor quis tocar o meu rosto, mas depois pareceu mudar de ideia e deixou os braços caírem ao lado do corpo.     

— Me desculpe — sussurrou ela, sem desviar o olhar de maneira alguma  —, por tudo. Pelo seu esforço ao tentar me ajudar, pela raiva que eu causei, por ter que se preocupar com a imprudência que eu...     

— Taylor...    

— Não, Louis — ela me interrompeu, então limpou os olhos e me deu um sorriso triste, o que me machucou mais do que eu poderia imaginar. — Por isso eu quis terminar com você. Eu sou uma idiota que pensa em algo e não consegue tirar da cabeça. Eu já disse o que penso de mim e que sei o que eu sou. E você também sabe o que eu acho de você. Nós somos diferentes e você só vai ficar em paz quando encontrar uma outra pessoa, então... eu vou aceitar numa boa o que você quiser, mas não vou conseguir mudar e...     

— Taylor, pare com isso — eu pedi, meio desesperado. Eu estava a culpando por tudo antes, mas era diferente quando eu a ouvia fazer aquilo por conta própria. — Você está bêbada... e não sabe o que está dizendo.     

— Vou continuar com a mesma opinião pelo resto da vida — disse ela, séria. — Não cheguei a essas conclusões hoje, Louis, eu venho pensando nisto desde que o meu pai morreu.

Já não fazia tanto sentido aquele término e, mesmo que eu não a escutasse e acabasse com tudo de uma vez, sabia que voltaria de novo para ela, afinal de contas, Taylor não me traiu com aquele cara. E também não se sentiu culpada porque esteve ficando com ele sem que eu soubesse. Aquilo sequer havia acontecido e, se aconteceu, eu nunca havia visto Taylor mentir tão bem na minha vida.     

— Terminei com você porque achei que havia me traído — eu disse, frustrado. — Só foi isto... e também porque omitiu sobre ele ter estado com você.     

— Eu não poderia evitar ficar perto dele — explicou ela e eu bufei com aquilo. — Mas não tem nada a ver com ele, tem a ver com o lugar em si. Talvez pareça um ambiente horrível, mas as pessoas que eu conheci são boas.     

— Você quer dizer os viciados em drogas? 

Eu tive que falar aquilo, mas é claro que a sua expressão fez com que eu me arrependesse no mesmo instante.     

— É isso o que você acha de mim agora? — perguntou ela, abatida. — Sou apenas uma viciada em drogas?      

— Não é isso — neguei rapidamente. — É que.. — Eu não soube explicar mas, mesmo que aquilo doesse, eu tinha a consciência de que Taylor fazia parte daquele grupo, sim, eu querendo ou não. Ela era uma viciada. Eles eram viciados. Talvez tivessem a vida diferente, mas todos eles eram aquilo. Era a decisão de todos.     

— Esqueça isso — ela suspirou e balançou a cabeça. — O que eu estava dizendo era que eu gosto daquele lugar e as pessoas de lá também gostam de mim. Elas me entendem e não me julgam pelo que eu faço. Eu me sinto livre e calma; não preciso esconder nada, não preciso procurar ideias para explicar os meus atos. Consigo deixar as coisas fluírem livremente e...    

— E aquele cara? — perguntei, de repente. Taylor se encolheu, magoada por eu ainda estar deduzindo alguma coisa. E eu queria apenas entender, porque já estava aliviado por saber que ela não havia ficado com mais ninguém além de mim. — Eu só quero saber como ele sabia que você estava lá — expliquei, com impaciência. — De tantos lugares para ele ir...      

— Eu não sei. — Ela franziu o cenho, como se tivesse lembrado de alguma coisa. — Eu não sei… — repetiu, confusa. — Marly e ele pareciam se dar bem, os dois se falavam como se já se conhecessem há um bom tempo, desde a primeira vez em que estive lá. 

Fiquei confuso, afinal, Marly falou do Adrian pelo celular como se ele fosse apenas um conhecido. Mas resolvi não pensar naquilo àquela hora da noite.

O bom foi que eu soube do porquê de Taylor ter escondido algo tão sério. Não significava que eu aceitava, mas se tornava mais fácil quando os motivos pareciam ser verdadeiros. Eu me coloquei no lugar dela e percebi que seria difícil viver normalmente caso eu fizesse algo que a sociedade não aceitasse. Encontrar pessoas que faziam a mesma coisa que eu poderia ser um alívio, pois eu não estaria sozinho naquela tolice; haveria pessoas que não jogariam pedras em mim, como faziam com Taylor, deixando, assim, que ela se sentisse à vontade.     

— Você acredita em mim? — perguntou ela, ansiosa. Pensei enquanto a fitava, foi desrespeito o que Adrian fez com ela e eu desejei bater tanto nele até que ele vomitasse a última refeição que havia feito. 

Mas Taylor também não fez o certo ao esconder aquilo de mim. Ela tinha os seus motivos, é claro, mas aquilo não significava que ela estava certa. Se tivesse me dito, eu poderia ter entendido e lhe feito companhia nas vezes em que saiu e então eu não deixaria que aquele Adrian chegasse perto. 

No fim, respirei fundo e assenti.     

— Sim, eu acredito em você.  



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