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História Friends - Louis Tomlinson - 079. Súplicas


Escrita por: sunzjm

Capítulo 79 - 079. Súplicas


Fanfic / Fanfiction Friends - Louis Tomlinson - 079. Súplicas

LOUIS

Durante o tempo em que fiquei no meu quarto tentando dormir, busquei não pensar no futuro. E isto porque eu tinha uma grande impressão de que ele não seria nada bom, principalmente para Taylor. A ideia de trancá-la no quarto foi impulsiva porque, antes daquilo, eu tive um fio de esperança que me levou a pensar que ela tivesse considerações por mim, e que fosse parar por conta própria.

Mas aquilo não aconteceu.

Eu lhe dei duas opções, algo que não era qualquer um que poderia fazer, porque aquelas duas opções não tinham condições de serem recebidas individualmente pela Taylor. Logo, ela não escolheu nenhuma das duas. O problema era que ela tinha dado a impressão de não ter me rejeitado e muito menos de ter me aceitado.

Eu estava sendo muito duro, eu sabia, porque Taylor era uma viciada em drogas e, portanto, qualquer decisão que ela tomasse girava em torno da sua própria satisfação pessoal.

Toda aquela história de término para o meu bem não tinha lógica nenhuma. Ela terminou simplesmente porque não queria que eu descobrisse sobre as drogas. Ela sabia que eu seria capaz de fazer qualquer coisa. 

Taylor, no entanto, se esqueceu de que eu a amava. Por isso não importava a distância ou a raiva que estivéssemos um do outro, eu faria o possível para que ela não sofresse, para que não se autodestruísse e para que não fosse infeliz.

No outro dia acabei acordando cedo demais, por volta das seis. E tudo por causa de um pesadelo, onde eu andava por uma rua de asfalto com buracos na intenção de chegar até Taylor, que chorava um pouco mais a frente. Eu tentava seguir em frente, mas era tão difícil continuar, que eu pensava em desistir e ser engolido pelas crateras. O sonho era tão simbólico e claro, que eu me vi o interpretando sem querer.

Ter dificuldade ao continuar no decorrer do tempo, todos aqueles buracos impedindo a minha caminhada, Taylor aos prantos enquanto me olhava... Aquilo me assustava. 

Ficou na minha cabeça até que Jane e eu chegássemos na London Greenwich. As provas bimestrais já estavam sendo anunciadas no quadro azul, dariam início na semana seguinte e aquilo levava toda a escola àquele começo de tensão. 

Eu não estava nos meus melhores dias. Na verdade, eu sabia que não deveria estar ali, porque Taylor provavelmente estaria passando por uma crise de abstinência. E aquilo me deixava tão atordoado, que eu fui incapaz de fazer atividade alguma. Tudo o que me importava eram os minutos se passando. Tudo o que eu esperava era que as aulas terminassem e eu pudesse ir embora.

Na hora do intervalo, percebi que Jane também estava tensa. Nós dois mal respondíamos aos cumprimentos das pessoas. E ao longe, olhando sem querer, vi que Adrian Carrington também não parecia nos seus melhores dias.     

— Meu Deus — murmurou Jane, batucando na mesa do refeitório com as unhas —, eu vou acabar explodindo de tanta ansiedade. Nunca imaginei o quanto fosse ruim…     

— Também quero ir embora.     

— E se ela estiver gritando lá, Louis? — perguntou, tentando ser discreta com as palavras. — Ela já deve estar naquele estado, você sabe…     

— Jane Collin — suspirei, pondo as mãos no rosto —, você está me deixando mais aflito ainda, sabia?  

— Eu estou tão preocupada — comentou ela, como se não tivesse me ouvido. — As coisas estão tensas demais pra mim, eu...

Olhei pra ela e Jan estava pálida.

Parecia prestes a desmaiar. 

Fiquei em alerta e logo me levantei (já que estava sentado de frente pra ela), para depois sentar ao seu lado e tentar lhe dar algum conforto enquanto segurava a sua mão esquerda.     

— Vamos lá, respire um pouco... — Nós dois estávamos à beira de um colapso e eu não sabia se teria o controle da situação. — Eu estou tão mal quanto você, procure se acalmar.     

— Tem razão — disse ela, procurando respirar fundo.     

— Cadê o equilíbrio mental que geralmente você tem? — eu quis saber, quase em desespero. — O seu bebê precisa disso, nós precisamos disso, o mundo precisa…     

— Acho que devem ser os hormônios — pensou ela, então soltou a minha mão para beber um gole do suco de laranja que havia ali. — Tudo isso me deixa nervosa.     

— Quer ir embora? — eu perguntei, ainda nervoso e morrendo de medo de que ela passasse mal ali. — Você tem prioridade, já que está grávida.     

— Melhor não — respondeu, e então a sua cor pareceu voltar ao normal no decorrer dos segundos. — Jack está com o pai dele na empresa e eu não acho que seria uma boa ideia se eu aparecesse na casa dos Hampton sozinha.

Assenti lentamente, meio hesitante, e passei o resto do intervalo de olho nela. Ter algo fixo na minha cabeça me dizendo que eu tinha o dever de manter duas pessoas bem não era nada fácil. Eu mesmo  criei a situação, na verdade, e sequer sabia como. A obrigação que eu sentia de mantê-las seguras era inevitável. Uma estava grávida e nervosa; já a outra, era viciada em drogas e estava sendo forçada a deixar o vício. 

Acabei chamando Daniel e os meus outros amigos a fim de manter o ambiente um pouco mais normal. Eles falavam pelos cotovelos, portanto me aliviei ao perceber que Jane havia ficado melhor se distraindo com a conversa deles.     

— E qual será o nome do seu bebê? — Jeff havia perguntado, bem interessado no assunto. Jane logo sorriu, corada.      

— Eu ainda não pensei sobre isso. Na verdade, eu queria a opinião da Taylor e do Lou, mas... hã... — Ela me olhou, lembrando do que estava acontecendo com todos nós.     

— Então você não tem nada em mente? — quis saber Daniel, parecendo ofendido com a ideia como se o filho fosse dele. — Mas como assim?     

— A minha avó disse que eu poderia colocar o nome de Angelina — ela falou, dando de ombros —, mas eu quero mais opiniões.     

— Eu gosto de Angelina — comentou Steve, com a boca cheia —, porque é um nome lindo. — E foi impossível não rir daquilo.     

— É — concordou Nicholas, muito eufórico —, porque é como se fosse anjo, só que feminino, entende? 

— Exatamente! — exclamou Steve, dando um toque juntamente com Nick. Todos os outros concordaram, menos Jane e eu.     

— Angelina é muito adorável mesmo, mas eu ainda preciso ver isso com o Jack — explicou ela, depois de suspirar. — Acho que ele vai ficar irritado caso eu escolha o nome sozinha.     

— Que tal Elisa? — sugeri, lembrando da pintura da aula de Artes.           

— Parece legal — concordou ela, apertando a minha mão —, vou levar em consideração a sua sugestão.

A conversa não continuou, porque do nada o sinal de término de intervalo soou por toda a escola. O papo sobre o bebê da Jane realmente tinha me deixado mais relaxado, mas, assim que levantei e fui direto ao bebedouro, senti a minha barriga gelar. Ouvi algumas risadas e tentei perceber o que diabos havia acontecido.

— Desculpe, eu não queria — falou uma voz familiar. Fiquei frustrado e tentei mesmo manter a calma com Christian Menson. A escola era grande, mas era como se ele sempre escolhesse se esbarrar contra mim.  

Olhei o meu uniforme e tinha uma mancha de água nele. Não era muito grande, mas foi o suficiente para que Adrian risse de mim, junto com os seus amigos, que levavam tudo na brincadeira.      

— Olha só o que você fez — reclamei, e acabei dando um empurrão nele. Eu não estava pensando em nada, em quem tinha a culpa ou em quem não tinha a culpa. Só o que eu sabia era que estava de saco cheio de tudo e que queria ir embora dali.     

— Louis, o que está fazendo? — a voz da Jane soou ao meu lado, e então ela me segurou, como se aquilo fosse o suficiente. — Foi só um acidente. — Claro que foi só um acidente, mas por que tinha que ser logo comigo? Ou, entre tantos alunos, por que tinha de ser exatamente ele o responsável por aquilo?      

— É — disse Daniel, em algum lugar dali —, foi só um acidente.     

— Foi mal, cara — falou Christian, depois saiu dali, cabisbaixo. Bufei com aquilo e não evitei ao olhar para Adrian Carrington. O seu sorriso foi uma coisa tão insignificante, que eu me vi avançando pra cima dele.     

— Ei, Louis — exclamou Jeff, se colocando na minha frente —, ficou louco? Você pode ser expulso. — Não tirei os olhos do Adrian, mas deixei que me segurassem. Eu não me arrependeria de dar mais alguns socos nele, é claro que não, mas eu com certeza me arrependeria das consequências daquilo.    

— É melhor levá-lo daqui — ouvi alguém cochichando, e deduzi que fosse Steve. Então não demorou muito para que Jane começasse a me puxar.   

— Vamos, Louis — chamou, e eu finalmente me deixei ser levado por ela, ignorando o olhar de todo o refeitório na gente. Quase explodi ao chegar na nossa classe, o ódio que eu sentia por Adrian Carrington era tão grande, que eu era capaz de cometer um assassinato.   

— Espero que ele morra — joguei, sentando à minha mesa. Alguns olhares se voltaram pra mim, mas apenas desejei que todo o mundo ali explodisse. — E que seja muito doloroso.     

— Louis — me repreendeu Jane, sentando ao meu lado —, tudo o que você deseja pra alguém, vem em dobro de volta. Você não pode dizer isso!    

— Que se dane! — retruquei, e logo o Sr. Roberts entrou na sala, cheio de pastas. — Eu sei que ele deseja o mesmo pra mim.     

— E você vai se rebaixar por tão pouco? — cochichou ela, decepcionada. — Deixe que ele seja castigado depois, e sozinho. — Revirei os olhos com aquilo, mas resolvi ficar calado.

[…]     

— Finalmente — exclamou Jane discretamente, ao ouvirmos o sinal tocar. Saímos dali e sequer deixamos os nossos livros no armário. — Eu já não podia mais esperar por tudo isso.     

— Será se ele já está lá? — eu perguntei, nervoso, e então abri espaço para que ela entrasse no ônibus escolar primeiro. — É a hora do almoço, certo?   

— Mas do que você está falando?      

— Do Dr. Jimm — respondi, impaciente.    

— Ah... — Jane ficou calada por algum tempo e depois disse: — Será se vai adiantar alguma coisa?     

— Eu não sei...

Respirei fundo e busquei me acalmar enquanto observava o tempo pela janela ao meu lado. O ruim dos ônibus era que eles paravam a todo instante para deixar que as pessoas descessem, algo que me tirava muito do sério. À cada parada para os alunos, era um jorro de mais ansiedade pra mim. Além do mais, para a minha frustração, o Dr. Jimm já vinha saindo da casa dos Hampton quando eu ia me aproximando com Jan, depois de minutos de puro nervosismo. 

— Olá, jovens.     

— É bom vê-lo — disse Jan, com um sorriso.   

— Como foi lá dentro? — perguntei, indo direto ao assunto. O médico suspirou e mandou um olhar para a casa dos Hampton. Não gostei do que vi quando ele voltou a nos fitar, porque estava claro que não eram boas notícias.     

— Eu espero mesmo que tudo dê certo — disse ele, cabisbaixo —, e peço que não desistam. A fé pode ajudar, Louis, e eu vou rezar para que Taylor fique bem.   

— Como assim? — falei, perplexo.     

— É que é sempre bom que essas duas áreas andem juntas, você entende? — falou ele, naquele tom paternal. — Ajuda demais.     

— Está pedindo para que nós tenhamos fé? — voltei a perguntar, ainda sem entender. — Então quer dizer que ela não tem jeito?     

— Eu não sei bem como aconteceu mas, pelo que ouvi, Taylor não parece entender o que estão fazendo por ela — ele explicou, sério. — A mãe dela me disse que ela não queria parar de usar as drogas, que a atitude foi sua, Louis, por esse motivo eu não sei se vocês podem esperar algo bom. Por isso peço que tenham fé e paciência, porque tudo pode acontecer.

Fiquei meio sem ar, enquanto pensava.      

— O senhor entende, não é? Eu tive que fazer aquilo, não pude deixar que ela continuasse se drogando, era arriscado.     

— Eu sei — ele assentiu, gentilmente —, mas tudo tem que começar à partir dela. Não adianta nada Taylor ser forçada a não se drogar, porque nada pode mudar o que está dentro da cabeça dela. Só ela mesma tem o poder de fazer isto.     

— Meu Deus — sussurrou Jane, apreensiva. 

Eu não estava conseguindo lidar com a desesperança. O Dr. Jimm era o fio que tínhamos enquanto estávamos mal, à procura de uma solução, e não era fácil ter que ver que aquele mesmo fio estava sendo evaporado.     

— Algo de maior deve estar por trás disso — disse o médico, severo. — Ela estava em depressão, qualquer coisa que lhe desse um pouco de paz, mesmo que quimicamente, sem efeitos colaterais nem nada do tipo, era como uma luz no fim do túnel. É todo um conjunto, existem as ideias, tem o modo como alguém fala, juntamente com a psicologia e a experiência. Ela está errada, mas pensa que está certa, e isso pode ter a ver com o que lhe foi dito antes da primeira dose.     

— Mas…     

— É complicado quando alguém simplesmente não consegue enxergar o que está na sua frente. Eu sinto muito. É péssimo ver a ignorância fazer parte de alguém como a Taylor. Ela era uma pessoa incrível, inteligente e com um futuro bonito pela frente, mas agora está assim e é horrível. Eu não queria ser insensível, rapaz, principalmente com você que está grávida, Jan, mas eu preciso ser realista e... — Ele pareceu envergonhado e olhou para a casa novamente. — Vai ser difícil todo o tratamento sem o consentimento dela — falou, se voltando para nós mais uma vez —, mas vou estar dando qualquer ajuda e orientação que precisarem.     

— E sobre trancá-la no quarto?      

— Bom — ele arrumou o óculos e respirou fundo —, eu não acho uma boa ideia soltá-la em plena crise de abstinência. Ela pode correr perigo ao se drogar de novo, pode usar outros meios para conseguir a droga e eu tenho certeza que vocês sabem quais são. Também é perigoso porque ela está muito agressiva e pode tomar decisões precipitadas. Ela não confia mais em nenhum de vocês, por isso pode pensar em fugir e procurar um lugar onde se sinta segura…     

— Fugir? 

Estávamos incrédulos, Jane e eu.     

— Olha, é pior do que qualquer coisa deixar que ela passe todo o tempo em crise sem o uso de algum medicamento, então eu sugeri para a Sra. Hampton os remédios que a ajudarão nisso.     

— Quanto tempo? — perguntei, impaciente. — A crise vai demorar?    

— Geralmente a desintoxicação é feita em uma semana. Em alguns pacientes, problemas de saúde persistem durantes alguns meses, talvez pelo resto da vida, mas — acrescentou rapidamente, quando viu as nossas expressões — acredito que Taylor não vai ter problemas muito sérios, já que ela não usou a heroína por tanto tempo. Só tentem não desistir disso. Não vai ser fácil, mas também não pode ser impossível. Será pior se todos a abandonarem.

Senti uma mão no meu braço e Jane logo estava me abraçando de lado.     

— Obrigada pelo conselho — disse ela, fungando. — Não vamos deixá-la.     

— E eu não disse que não tem opção, está bem? — Ele mandou um olhar gentil para nós dois. — Eu só falei que as probabilidades são poucas, e isso não significa que seja impossível pra ela. Afinal, algo pode ficar claro na cabeça dela e ela pode sair dessa antes que tudo fique pior.     

— Tudo bem — eu disse, mas percebi que a minha voz quase não saiu. — Desculpe se o atrasamos.   

— Não, eu ainda tenho tempo — ele sorriu, dando um pequeno tapa no meu ombro. — Se precisarem de ajuda, me procurem. 

Assim, o Dr. Jimm nos deu um aperto de mão e foi embora, após entrar no carro. Tão desolado eu estava e eu não sabia para onde ia. Estava completamente perdido, sem esperança nenhuma.

Desistir não era o que eu queria, mas toda a situação pedia aquilo. Eu não estava falando de abandoná-la, é claro, mas abandonar a situação, deixando que o tempo resolvesse. Era até difícil levar aquilo em consideração, porque eu não queria perdê-la e muito menos vê-la naquele estado pavoroso, mas, se aquilo era o que ela queria, então o que eu poderia fazer? O próprio médico havia dito que não adiantaria nada trancá-la no quarto, mas eu estive desesperado demais para levar aquilo em consideração e por isso precisei fazer alguma coisa. 

E eu não poderia mantê-la presa pelo resto da vida. Uma hora ou outra ela iria sair daquele cômodo. Uma hora ou outra eu teria que aceitar que ela agora fazia parte de um mundo muito diferente do meu.

Ao entrar na casa dos Hampton, já dava para ouvir aqueles gritos. Mas eles pareciam mais suplicantes, não irritados como ontem. Jane acabou falando algo que eu não prestei atenção e procurei pela Sra. Hampton com os olhos. O som de talheres soaram na cozinha e eu fui direto pra lá, rapidamente.

Ela estava lá almoçando, parecia tão mal quanto todos nós juntos. Naiara também estava lá e fazia alguma coisa próxima do fogão – às vezes, os seus olhos iam de encontro à Sra. Hampton, muito tristes.     

— Como você está? — perguntou Jane, sentando de frente para Tânia enquanto pegava em uma de suas mãos, gentilmente.     

— Acordei às três da manhã com ela chamando por mim, estava desesperada. Foi horrível, parecia um pesadelo.     

— O que disse o Dr. Jimm? — perguntei, cabisbaixo.     

— Me recomendou Valium e Mandrix. Disse que eu preciso dar com moderação ou ela pode acabar saindo de um vício e entrando em outro. — Tânia levantou, tirou o prato da mesa e o colocou na pia. — Me sugeriu clínicas de reabilitação caso Taylor decidisse parar por conta própria e pediu para que eu tivesse fé. 

Ao dizer aquilo, ela começou a chorar. Jane e eu nos fitamos, também desamparados, e logo nos levantamos, a fim de dar apoio à Sra. Hampton.     

— Vai ficar tudo bem — falei, mas era mais um desejo.     

— Essa crise vai passar dentro de uma semana e...      

— E depois ela vai sair daquele quarto pra fazer tudo de novo, não é? — Tânia interrompeu Jane, fungando. — Temos que ser realistas, querida, ela agora é assim.     

— Mas nós estaremos aqui para tentar abrir os olhos dela — insistiu Jane, confiante e quase chorando. — E... eu não sei. Não podemos perder a esperança agora.

Tânia assentiu e procurou respirar.     

— E você, Louis? — perguntou, apreensiva. — O que acha?     

Eu queria ser sincero, dizer que as coisas não estavam favoráveis e que eu não poderia continuar naquela, forçando Taylor a fazer o que eu queria, que eu não aguentaria ser odiado por ela pelo resto da vida apenas por estar fazendo o melhor, que eu não tinha esperança de mais nada e nem de mim mesmo; que eu não acreditava em mais nada, muito menos que Taylor nos amava e que poderia parar de ser tão egoísta. 

Eu realmente queria dizer aquilo, mas olhar para aquelas mulheres tristes buscando o apoio de alguém que elas consideravam equilibrado e focado me fez pensar duas vezes antes de acabar com as suas esperanças, assim como eu havia feito comigo mesmo.   

— Eu acho que deveríamos continuar com o que estamos fazendo e ver no que vai dar... — falei, depois de alguns segundos.

Ver no que vai dar....

Aquilo soava tão mal quanto dar de ombros. Mas o que fazer? Era de tempo que precisávamos. E era uma pena que eu não fosse tão paciente para esperar tudo se resolver.

A Sra. Hampton então assentiu e limpou os olhos. Em seguida, deu batidinhas no meu ombro e um abraço em Jane, acompanhado de um acariciar em sua barriga. 

— Eu fico feliz que estejam comigo e com ela — comentou, depois nos deu um sorriso. — Eu não sei se teria coragem o suficiente para trancá-la daquele jeito. É bom tê-los aqui.     

— Não foi fácil — falei, sério —, nem eu sei como fui capaz de fazer aquilo.      

— Você fez porque achou que seria o melhor — Jane tentou me confortar, me olhando —, estava querendo evitar o pior e fez por todos nós.

Mas a verdade era que eu não poderia evitar em me sentir mal com o que eu mesmo havia feito. Aqueles gritos implorando para que a soltássemos era angustiante. Ela estava agindo como se fôssemos os seus inimigos, como se não nos preocupássemos com ela, como se estivéssemos gostando do seu sofrimento... 

E doía demais.     

— Ela comeu hoje? — perguntei, meio neutro.    

— Pensei em levar alguma coisa — respondeu a Sra. Hampton, limpando o rosto —, mas eu não acho que ela vai comer, de qualquer forma. — Assim, Tânia respirou fundo, pegou um espelho em sua bolsa e começou a retocar a maquiagem. — olha, façam o que acham que é melhor, preciso voltar pro trabalho. Comam alguma coisa, sei que estão com fome. Naiara está caprichando, vocês vão adorar o que ela fez. Eu não comi muito — ela mandou um olhar de desculpas para a mulher ali perto —, mas o problema é comigo. Se vocês não quiserem ficar aqui ouvindo esses… esses gritos, vou entender caso preferirem ir embora.     

— Eu fico — avisei, rapidamente.     

— Também vou ficar — disse Jan, se sentando à mesa enquanto Naiara colocava pratos para nós dois. Logo em seguida, ouvimos uma buzina soando lá fora e a Sra. Hampton logo se recompôs.      

— Obrigada, meninos — ela falou, com um ar singelo. Depois se despediu e seguiu para o táxi que a esperava.

No meio da refeição, onde Naiara já não se encontrava mais por perto, Jane começou a falar:      

— Acho que aquele quarto deve estar a maior bagunça — em seguida suspirou e me olhou. — Aquela Marly sumiu? Nunca mais a vi.     

— Não, geralmente ela me manda um torpedo.   

— E ela sabe o que está acontecendo?     

— Só sabe porque eu disse que não daria aula pra ela amanhã — respondi, desinteressado no assunto.

— Hum.     

— O que quer dizer com “hum”?      

— Nada — respondeu Jane, dando de ombros —, e o que ela disse depois que soube que Taylor está presa?  

— Disse que passaria aqui. — Eu também dei de ombros, nem um pouco incomodado com as suas insinuações. — E não vem me falar nada, porque eu não quero discutir hoje com você.     

— Eu não ia dizer nada — jogou Jane, empinando o nariz com incômodo. — Mesmo que eu quisesse, eu não diria a você. E também acho que não vou estar aqui quando ela aparecer.     

— Por que não?     

— Tenho que fazer a minha caminhada diária, Jack vai vir me apanhar — informou, e então olhou as horas no celular. — Mas é uma pena que ele vai demorar.  

— Olha... — eu disse, ao lembrar de algo importante —, desculpe se não estou tão presente nessa fase da sua vida, Jan. Eu tinha me esquecido que seria provável que você pedisse a opinião da Taylor e também a minha para o nome do bebê. Eu sinto muito por estar sendo um péssimo amigo.    

— Não diz isso! — reclamou ela, depois me deu um tapa no braço.     

— Eu andei tão ocupado pensando na Taylor, que acabei esquecendo de você — desabafei, me sentindo culpado. — Fico mais aliviado por Jack estar por perto. Sei que você é muito diferente da Taylor e que geralmente não precisa da ajuda de ninguém, mas mesmo assim eu me sinto responsável.     

— Ah, Louis — Jane suspirou, parecendo exausta —, para de ficar se culpando. Eu entendo você e também me preocupo muito com ela. Além do mais, não há nada de errado em você ter esquecido de sugerir um nome pro meu bebê — ela sorriu, sincera —, afinal, isso pode ser decidido depois. Sei que você vai estar comigo em qualquer hora que eu precisar.     

— Valeu — falei, depois de um suspiro. — Jack já deu a opinião dele em relação ao nome? — eu perguntei, após voltar a comer.     

— Eu também ando ocupada com tudo isso, sabe? — respondeu, envergonhada. — Geralmente estou cansada quando ele leva o assunto ao de cima. Mas, uma hora, vamos escolher um nome agradável pra nós dois.

[…]

Após o almoço – quase três horas depois –, não aguentei ficar parado ouvindo Taylor implorar para que alguém a soltasse daquele lugar, dizendo que estava doendo mais do que qualquer coisa e que ela preferia morrer ao continuar ali. Por isso, subi os degraus rapidamente.    

— Louis? — falou Jan, alarmada. Provavelmente ela imaginou que eu faria algo de imprudente, por isso decidiu me seguir pela escada. — Ei, o que vai fazer? Louis, para, você não pode entrar lá! — exclamou, desesperada. — Se entrar, ela vai querer sair, você sabe muito bem disso… 

Pus a chave na fechadura mas, antes que eu a virasse para o lado esquerdo, as mãos da Jane vieram ao encontro às minhas e ela as puxou de lá.      

— Me solta — mandei, tentando me desprender.  

— O que você vai fazer?!     

— Vou deixá-la sair — respondi, sentindo os meus olhos arderem. — Não consigo mais continuar ouvindo isso, ela está sofrendo muito lá dentro... — Me afastei da Jane e comecei a andar de um lado pro outro, já sentindo aquela agitação. — Podemos deixar que ela saia do quarto e então avisamos que ela só vai poder se drogar mais uma única vez. É o que ela está pedindo, eu…     

— Louis, por favor — sussurrou Jane, pegando toda a minha dor pra ela —, se você fizer isso, vai estar pondo tudo a perder, você sabe.     

— Mas…     

— Nós estamos fazendo o melhor pra ela — lembrou, com os olhos marejados. — Nós não queríamos isso, mas o que mais podemos fazer?

Mesmo ainda estando furioso por Taylor não entender o que realmente estava acontecendo, eu ainda desejava estar no lugar dela, evitando que ela sentisse tanta dor daquela forma. Eu precisava estar ali e não dava pra ignorar. Doía ter que ouvi-la e eu não podia simplesmente ir embora à procura do silêncio.           

— Eu não posso — sussurrei, ao ouvir mais um lamento da Taylor do outro lado da porta. Logo, voltei para a fechadura e pus a mão sobre a chave, pronto pra tirar aquilo que nos separava. — Não consigo…     

— Pensa mais uma vez, pelo amor que sente por ela — implorou Jane, colocando novamente a mão sobre a minha. — Você está agindo por impulso, vai acabar se arrependendo depois.

Fiquei meio paralisado, indeciso demais para o meu gosto. Olhei para Jane, ainda ouvindo Taylor chorar de dor do outro lado e, aos poucos, eu fui cedendo. Muito lentamente, acabei soltando a chave. Suspirei entristecido e sentei no chão.




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