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História Friends - Louis Tomlinson - 081. Fuga?


Escrita por: sunzjm

Notas do Autor


Caso queiram uma sugestão de música, ouçam Prelude de The Cinematic (é instrumental ❤), e como ela não é muito grande botem para repetir, se quiserem.

Capítulo 81 - 081. Fuga?


Fanfic / Fanfiction Friends - Louis Tomlinson - 081. Fuga?

O meu coração estava acelerado, as mãos suavam e os meus pés não ficavam fixados em um único lugar por mais de um segundo. Sem falar do medo de que alguém estivesse desconfiando da Marly e pensando em dar uma passada ali, apenas para checar com os próprios olhos.     

— Você está tremendo... — observou a garota à minha frente, depois de fitar a si mesma no espelho por um tempo ridiculamente grande. Eu mal havia prestado atenção nas suas palavras, porque foi o momento em que os meus olhos se voltaram para o lado de fora da casa pela janela, na minha caminhada pelo meio do quarto. — Mas não tem mais crises.     

— E daí?     

— Então está com fome?     

— Talvez sim, talvez não.

Eu realmente não sabia e também não me importava. Eu sequer queria falar com Marly, porque ela também havia me ignorado e nem sequer me visitou durante aquele tormento. O que ela esteve fazendo aquele tempo todo, aliás?    

— Você vai ter que me prometer que não vai contar nada a ninguém sobre eu estar ajudando você nessa história — falou Marly, me forçando a parar de andar ao segurar o meu braço. — Entenda que, ao fazer isso por você, estarei traindo a confiança do Louis.      

— Eu sei.     

— Ótimo.     

— E o que vai mesmo fazer? — questionei, ao perceber de repente que eu não sabia do que ela havia conversado com um dos meninos do grupo do Brad pelo celular, minutos antes.     

— Você vai logo saber — respondeu ela, dando de ombros. — E eu não aceito mais arrependimentos depois de todo esse seu estardalhaço.     

— Quem estamos esperando? — Assim que terminei, ouvi uma buzina frenética lá fora. — O que é isso? — me alarmei, suando frio.     

— Acalme-se... 

Então Marly pegou a sua bolsinha habitual e me puxou para fora do quarto. Ao sairmos da casa, vi o carro que, provavelmente, foi o que eu usei no dia em que Dylan e os seus amigos me levaram para a minha casa, no primeiro dia em que eu os conheci. Fiquei confusa na mesma hora, só que não tive tempo para indagar o pessoal que estava ali com Dylan – Guto e Brad –, porque Marly me empurrava para dentro do carro rapidamente.   

— Estamos aqui ao seu dispor, Taylor Hampton — disse Dylan, após dar a partida. — Somos os seus salvadores.

O lugar da frente parecia ter sido destinado exatamente à Marly e esta se manteve com o olhar vago durante quase toda a viagem. Fiquei receosa ao perguntar para onde estávamos indo, porque eu não queria irritar ninguém ali, principalmente Marly. E só não me mantive calada porque Guto, Brad e Dylan falavam a todo instante.

Para a minha surpresa, o caminho não foi longo, e me recordei rapidamente do lugar assim que vi a caixinha de correio azul. Estávamos na casa do Adrian, por isso Marly não demorou a sair e eu logo segui os seus movimentos. 

Os outros, no entanto, ficaram dentro do carro, acompanhados da calma em pessoa. Quase lhes pedi um pouco de droga para aliviar a tensão, mas fiquei com vergonha.     

— O que estamos fazendo aqui?          

— Viemos atrás da sua ajuda — respondeu ela, tocando a campainha. Antes que eu dissesse alguma coisa, a figura do Adrian se materializou na nossa frente, sem camisa. — Olá... — disse Marly, entrando sem ser convidada. — Está sozinho?     

— Sim — respondeu ele, me olhando dos pés à cabeça cautelosamente —, o meu pai saiu faz uns cinco minutos, mas não sei quando volta.    

Marly suspirou e se virou para ele.     

— Temos que conversar.     

— O que aconteceu? — Adrian quis saber, confuso. — O que eles estão fazendo aqui? — Ele deu uma olhada pela janela, atordoado.     

— Podemos subir?

Adrian pareceu hesitante, mas depois assentiu e nos convidou para subir. A casa dele era simples e bem bagunçada, assim como o seu quarto. Havia uma caixa de pizza sobre a sua cama; algumas de suas camisas estavam jogadas no chão, bem como um par de sapatos; todas as paredes tinham desenhos de tamanhos variados e eles eram bem criativos, acompanhados de um minúsculo C coberto com um A.     

— Ignorem a bagunça — pediu ele, tirando migalhas e a caixa de pizza da cama para que eu sentasse. Marly, que não tinha expressão nenhuma no rosto, agia como se viesse naquele quarto todo o dia, depois cruzou os braços e me fitou.     

— Como sabe, Adrian e eu nos tornamos amigos há algum tempo, depois de termos esbarrado um no outro naquele dia. Ele soube esse tempo todo o que havia acontecido com você, sobre Louis tê-la prendido no quarto.

Olhei para Adrian e ele assentia, observando Marly enquanto mordia o lábio inferior. Ele estava tão atento no que ela dizia quanto eu.     

— Ah, é? — eu disse, sem tanta surpresa.      

— Ele não gostou nada, é claro — continuou Marly, impassível —, e quis fazer alguma coisa. Mas você sabe o quanto Louis o odeia, por isso seria praticamente impossível aparecer lá para ajudar. Como você conseguiu sair de casa, agora Adrian pode fazer isso.     

— Posso? — questionou o garoto.     

— Sim — Marly suspirou e deu um sorriso fechado pra ele —, você vai acompanhá-la e ir para bem longe daqui.      

— Como assim ir pra bem longe daqui? — eu quis saber, depois de um tempo processando as palavras dela. — Não, você entendeu tudo errado, Marly, eu estav..

— Não era isso o que você queria? — rebateu ela, se irritando de repente. — Você fugiu de casa e foi pedir a minha ajuda, é o que eu estou fazendo.     

— Mas eu não sabia que isso incluía ter que fugir de Greenwich! — expliquei, nervosa. — Não sei se quero fazer isso. É uma coisa muito... muito séria.     

— Você não pode ficar na minha casa, Taylor — informou ela, depois de revirar os olhos. — Eu tenho certeza que a melhor coisa a fazer é essa. Você foi trancada naquele quarto por mais de uma semana, eles não poderiam ter feito isso com você, mas mesmo assim fizeram. Eu aposto que você não está nada contente com isso e que não quer passar por aquilo novamente.     

— Não, ma-mas... fugir é complicado.     

— Ficar vivendo aqui será mais complicado ainda — argumentou Marly, se aproximando de mim com a mão indo de encontro ao meu ombro. 

Eu não estava convencida, mas não conseguia falar nada. Usar a droga no momento em que eu quisesse, quando eu quisesse e sem ter medo de ser flagrada era tudo o que eu queria. O problema era que haviam outras coisas em questão, além de mim mesma. Deixar a minha família, a minha vida, juntamente com Louis, Jane e o que eu passei naquela casa não me era bom.

Parecia mais um pesadelo.

Mas, se eu voltasse pra eles, estaria voltando para uma prisão entre paredes. Eu estaria voltando para a depressão que insistia em me acompanhar. Eu estaria me afastando das drogas, da sensação de paz e do que me fazia bem.

E aquilo também não me parecia nada bom.     

— Eu acho que ela deve pensar um pouco mais, Marly — ouvi a voz do Adrian, meio distante. E não percebi que eu estava quase arrancando o meu próprio lábio.     

— Não temos mais tempo — disse ela, ríspida. — Taylor, olha para mim. — Fiz o que ela pediu e me deixei levar por aquela intensidade azul. — Ir é a melhor opção, você sabe o que vai acontecer se voltar. 

Ficamos olhando uma para a outra, ela com uma confiança enorme e eu com a minha confusão constante. Marly, no entanto, não me deu um pouco mais de tempo para pensar no que responder, apenas chamou Adrian para uma conversa e avisou que me traria uma dose. 

Fiquei parada no meio do quarto. Os meus olhos correram para as figuras no quarto, me observando, e pararam em uma onde um monstro roxo comia as pétalas de uma rosa branca. 

Mas então eu viajei para outro lugar, não vendo mais aquela imagem, lembrando da dor que eu havia sentido naqueles dias tortuosos. O fato de terem me obrigado a aceitar aquilo, sabendo o que aconteceria comigo, sabendo o que eu sentiria e sabendo qual era a minha decisão, foi uma das piores coisas que já haviam acontecido na minha vida. Eles não poderiam ter feito aquilo, mesmo que achassem que era o melhor pra mim, porque a única coisa que importava era o que eu queria. Eu passei dias gritando por conta da queimação, das dores no corpo, dos vômitos, da falta de ar... E as imagens que eu via do meu próprio pai?

Eles me privaram de algo que me ajudava a melhorar e ignoraram os meus gritos de súplica. Afinal, para eles eu estava apenas fazendo drama, sendo extrema e estando errada. Para eles, era como se eu estivesse me livrando de uma gripe forte, como se aquilo fosse a coisa mais fácil do mundo. 

Mas nenhum deles sabia o que eu havia sentido. Nenhum deles imaginava o que eu havia passado. Todos iriam preferir morrer de uma vez caso estivessem na minha pele.

Todos.

Isso aconteceria de novo caso eu voltasse. Eu estaria me prendendo em um buraco novamente, sem saber o que estava ao meu redor, sem sentir nada além do maldito vazio, da maldita tristeza, tentando não irritar ninguém e guardando tudo para mim mesma.

Eu não queria aquilo.

Mas e quanto ao que eu sentia por eles?

Mesmo estando brava, sentindo vontade de bater em todos, eu ainda os amava, desejava a sua felicidade e os seus sorrisos.

Eu senti tanto a falta da minha mãe durante a sua viagem à Guelph…, a vontade de abraçá-la e não poder fazer aquilo foi horrível, e aquilo também voltaria a acontecer caso eu resolvesse deixá-la.

E quanto ao meu irmão?

As suas atitudes recentemente não foram as melhores mas, sendo do jeito que era em seus dezessete anos, como ele poderia tolerar alguém como eu? Eu também o amava, mesmo com os Mandamentos dos Irmãos que dizia que a implicância um com o outro sempre precisaria existir. E nada daqueles dias importariam para mim, porque ele era o meu irmão e eu sentiria a sua falta mesmo que eu não quisesse. Era inevitável.

Eu sentiria saudades até mesmo do Sr. Roberts, que seria o meu novo pai. Eu sabia que ele amava a minha mãe e que queria apenas a sua felicidade, portanto ele também se tornou especial pra mim. Ele também era importante.

E Louis?

E Jan?

Se eu fosse embora para longe de casa, estaria os abandonando também. Eu abandonaria o que havíamos vivido durante a nossa juventude. Eu não veria mais os seus rostos e não pararia de pensar nos beijos do Louis, nem nos abraços da Jane.

Mas e o que eles haviam feito comigo? Por que simplesmente não resolveram aceitar as minhas decisões? Por que eles não me aceitaram? 

Percebi que estava chorando quando, após longos minutos, Marly entrou no quarto acompanhada do Adrian.     

— Não pense muito — aconselhou ela, me dando um saquinho cheio de pó e os outros utensílios que eu senti tanta falta. Eu estava precisando muito daquilo, mais do que nunca.   

Agradeci e logo comecei a fazer o mesmo ritual de sempre, onde, no fim, eu acabei me deitando na cama, sentindo o bem estar que eu tanto necessitei. Fiquei naquela posição por tempo demais, até que alguém me empurrou um prato com sanduíche e leite. Comi aquilo sem vontade nenhuma e observei ao redor. Adrian acabava de sair do quarto e levava consigo uma mochila. Deduzi que fosse para a fuga. Quando lembrei daquilo, me assustei, porque eu ainda não havia decidido nada. Estava completamente confusa, na verdade.

Terminei o sanduíche o mais rápido que pude e olhei as horas no relógio de cabeceira. Eram somente cinco e meia. Saí daquele quarto e procurei Marly e Adrian com os olhos. Achei os dois na cozinha, calados e guardando sacos de salgadinhos com garrafas de água.  

— Está melhor? — perguntou Marly, neutra. Depois ela riu, como se se desculpasse. — É claro que você está bem, aquela dose era do Dylan e ele me disse que era da melhor qualidade.    

— Eu não acho que seja uma boa ideia — falei, depois de observar aqueles dois durantes alguns segundos. — Sinceramente, fugir vai piorar as coisas pro meu lado, eles vão pensar da maneira errada.     

— E quando eles pensaram da maneira certa?  Eles prenderam você no quarto, esqueceu? — É claro que eu não havia esquecido daquilo. Sempre que eu pensava em não aceitar o plano da Marly, eu acabava me lembrando que voltaria para a cadeia domiciliar.      

— Não tem uma outra maneira? — perguntei, me sentindo cansada. — Eu não quero voltar pra lá agora, mas também não quero que eles…     

— Eu disse que eu não aceitaria mais arrependimentos — ela me interrompeu, fria. — Você foi até a minha casa e pediu para que eu a socorresse. E eu não vim aqui perder o meu tempo, Taylor, estou me esforçando pra você, portanto não vem dar uma de santinha arrependida, entendeu? 

E ela me pareceu tão intimidante e perigosa, que eu resolvi ficar calada. Aquela sensação de medo era nova em mim, afinal, Marly geralmente me tratava da melhor forma possível. Presenciar aquele seu novo modo de agir não me agradava nem um pouco e apenas me deixava mais receosa.     

— Quando vamos? — perguntou Adrian, após terminar de comer algumas torradas cobertas de geleia. 

— Agora — respondeu ela, entregando a sacola e a mochila pra ele. Antes que eu falasse alguma coisa, Marly saiu nos chamando. Fomos para fora e eu parei na calçada, não tão nervosa quanto deveria – provavelmente por causa da heroína.     

— Espera! — Todos olharam pra mim, inclusive os meninos dentro do carro. — Você vai embora assim? — eu perguntei, finalmente me dirigindo ao Adrian.     

— Vou ganhar algo em troca, Taylor. — Ele se aproximou de mim e me deu um pequeno sorriso, todo misterioso. — Não vou estar perdendo nada.     

— Mas e a sua vida aqui?     

— Não estou preocupado com a escola e, há algum tempo, eu já pensava em me demitir daquela lanchonete — respondeu ele, dando de ombros. — Era uma questão de bom senso, não sou bobo.     

— E... e o seu pai?     

— Ele não vai sentir a minha falta. — Adrian falou aquilo com tanto desgosto, que eu quase senti um gosto amargo na boca. — Mas, se isso a acalma, posso mandar uma mensagem de texto pra ele.     

— Mas…     

— Por que você não pensa que estamos fazendo apenas uma viagem de amigos? — ele sugeriu, tocando as rugas que estavam na minha testa. — Se você não quisesse isso, Taylor, já teria ido embora, não acha?     

Eu não soube o que dizer, mas ficar com alguém que eu conhecia parecia melhor do que viver na rua. Marly e Adrian eram as únicas pessoas que poderiam me acudir e eles não me queriam em suas casas.     

— Será que podiam entrar logo? — perguntou Marly, impaciente. Adrian logo obedeceu, indo para o condutor. Percebi então que os garotos haviam saído do carro e estavam me fitando, meio caídos e meio lerdos, como geralmente eu ficava. — E você, Taylor, o que está esperando?     

— Para onde nós vamos? — eu quis saber, ainda indecisa. — Eu sequer tenho roupas, ou escova de dente, ou dinheiro. Estou sem nada pra viajar…     

— Você está se preocupando com o de menos — resmungou ela, revirando os olhos. Então veio até mim e me puxou para que eu entrasse no carro. Fiquei atordoada e me senti deslocada por não poder lhe mostrar o quão confusa eu estava. — Vou manter contato, eu prometo — Marly me informou, inclinada pela janela —, e procure não se preocupar com nada.     

— Mas eu não quero deixá-los, Marly! — consegui falar, sentindo os meus olhos molharem. — E o Louis? Ele... ele não vai me perdoar por isso nunca. Ele…     

— Taylor — Marly limpou as minhas lágrimas, com uma gentileza excessiva —, não percebe? Você já o perdeu.

Fiquei paralisada, depois Marly fez um sinal para Adrian e então o carro começou a andar. Aos poucos, fui me distanciando de todos eles, inclusive da minha família, da Jane e do Louis.  




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