História Friends That Kiss - Dia 5 - Ciúmes

Taehyung ainda não havia tido coragem de enfrentar seus demônios de frente. Não havia pregado os olhos à noite inteira pensando na briga do dia anterior e no tom de voz que seu namorado havia usado com ele. Precisava desabafar com alguém antes que viesse a falar coisas que não queria quando fosse conversar com Jimin. E foi por isso que naquela tarde chuvosa ele resolveu encontrar seu velho amigo Namjoon.

- Joonie-ah, eu não sei o que fazer. – confessou Taehyung ao amigo. – Eu o amo com todas as minhas forças e todas as células do meu corpo o desejam, cada pedaço de mim tem o nome dele gravado. Mas não sei se sou capaz de manter um relacionamento escondido assim. Eu entendo que deve ser difícil pensar em ser rejeitado pelos próprios pais, mas... Você entende onde quero chegar, não é?

- Claro que eu entendo, mas você tem que ser paciente também. Vocês são um casal oficial há pouco tempo. Apesar de te amar muito, acho que o Jimin ainda não se acostumou com a ideia. Vocês sempre só tiveram um ao outro, nunca namoraram outra pessoa antes. É complicado né.

- Verdade, acho que eu estou sendo um pouco egoísta. É que a gente nunca brigou por nada antes, fiquei nervoso com isso. Ele sempre me entendeu tão bem, não esperava que fôssemos divergir justamente com algo tão importante quanto nosso relacionamento.

- Vai ficar tudo bem, cara. Mas você tem que sentar e conversar com ele. Isso não quer dizer que você tem que pressioná-lo a fazer o que você quer. Tem que deixá-lo fazer as coisas no seu próprio tempo. Senão o relacionamento de vocês vai acabar se desgastando.

Jimin tinha ido ao mercado para sua mãe, que lhe havia pedido que comprasse frutas e alguns legumes frescos para o jantar, por um acaso o mercado mais perto era do outro lado da rua do café onde Taehyung estava com Namjoon. O último era um antigo amigo das aulas de francês que Taehyung frequentou por apenas sete meses, portanto, Jimin nunca chegou a conhecê-lo pessoalmente. Foi este fato que causou o monstrinho verde do ciúme a pressionar seu estômago, lhe causando calafrios. Jimin não reconhecia aquela pessoa conversando com o rosto tão perto de seu namorado. Não era possível que após a primeira briga Taehyung já houvesse desistido dele, não é? Lágrimas começaram a querer brotar em seus olhos e Jimin resolveu entrar logo no mercado e fazer o que havia ser feito e ir para casa logo, chorar na rua era humilhante demais.

- Por que você não liga pra ele e aproveita que já saiu de casa para encontrá-lo? Não é bom ficar muito tempo brigado com quem você ama. – sugeriu Namjoon.

- É, vou ligar.

~*

-Jiminie?

-Hm, pode falar. – respondeu ainda sensível com a cena que havia visto, tentando se concentrar nas compras e não no sentimento ruim que estava dentro dele.

- A gente precisa conversar. – disse Taehyung, testando o território.

- Onde você está? – Apesar de já saber a resposta, Jimin não pode evitar perguntar tal coisa. O monstrinho verde só crescia a cada instante.

- Tô em casa ainda, mas estava pensando em passar na sua casa pra te ver e queria saber se posso.

“MENTIROSO! MENTIROSO! MENTIROSO!”, o monstrinho verde gritava em seus ouvidos.

- Hm, pode ser. Vem daqui a 30 minutos. – disse, torcendo para que o outro não questionasse o tempo que lhe foi dado, já que a casa dos dois era distante apenas por um quarteirão, e tanto o café quanto o mercado onde estavam eram justamente na interseção entre a casa de ambos.

- Nos vemos já! – Taehyung terminou a ligação com um sentimento ruim de que as coisas ainda iriam ficar meramente piores antes de se resolverem.

*~

Exatamente meia hora depois estava Taehyung à porta da casa de Jimin, que o recepcionou com uma cara de poucos amigos.

- Então, sobre o que você queria conversar? – Perguntou Jimin com rispidez.

- Eu queria pedir desculpas pelo jeito que te pressionei ontem. Eu não tinha o direito de te cobrar daquela maneira. Queria te dizer que eu estou disposto a esperar o tempo que for para que você se sinta à vontade para conversar com seus pais a respeito da gente. O mais importante é que agora estamos juntos, não é mesmo?

- Uhum, claro.

- Amor, olha pra mim. Você tá bem? O que houve? – Taehyung chegou mais perto do outro, virando seu rosto em sua direção com suavidade. Alguma coisa definitivamente não estava certa. Jimin nunca falara com ele daquela maneira.

- Nada não.

- Park Jimin, fala comigo, o que tá acontecendo com você?

- JÁ DISSE QUE NÃO TÁ ACONTECENDO NADA! – gritou o mais baixo, tirando as mãos do outro de seu rosto.

Taehyung perdeu a força das pernas e caiu sentado no chão. Ele não podia acreditar que eles estavam brigando de novo quando tudo que ele mais queria era estar em bons termos com seu namorado, poder abraçá-lo e tudo voltar a ser como sempre foi. As lágrimas que ele havia segurado com tanto esforço desde o dia anterior finalmente conseguiram se libertar e agora escorriam livres por suas bochechas.

- Não faça papel de coitadinho, Taehyung! Eu vi você cheio de papo com um cara alto no café do fim da rua.

- J-J-Jimin, aquele era o Namjoon, que fez francês comigo. Lembra que eu te contei que ele passou por maus bocados quando começou a namorar o Jungkook por causa dos pais dele? – respondeu Taehyung em meio a soluços.

- Ah, aquele era o Namjoon? E ele ainda tá namorando o Jungkook? – Jimin estava com o rosto vermelho, morto de vergonha por ter deixado o monstrinho verde controlá-lo.

- Sim, estão. Eu fui conversar com ele porque precisava de conselhos. Eu não sabia o que fazer depois da nossa briga de ontem, me deixou sem chão. Eu te amo tanto, Jimin, como você pode pensar que eu estaria dando trela pra outro homem quando você sempre foi o único para mim?

A culpa fez com que Jimin começasse a chorar. Ele se ajoelhou em frente a Taehyung e o abraçou forte.

- Me desculpa, por favor. Eu não sei o que deu em mim, eu estou te atacando desde ontem. Não tenho explicações para minha atitude. Me perdoa, amor? Por favor. – Jimin lhe implorou.

Taehyung, então, pegou seu rosto e lhe puxou para um beijo suave e bem molhado por conta das lágrimas de ambos.

- Claro. Que. Eu. Te. Perdoo. Seu. Bobo. – disse o mais alto entre beijos. – Vamos prometer não gritar nem brigar um com o outro nunca mais. Acho que não aguento a dor de estar longe de você por mais nem um dia sequer, ainda mais estando em maus termos.

- Eu prometo – disse Jimin, fazendo uma cruz com os dedos na frente do coração. – Inclusive, prometo que vou sentar com meus pais hoje à noite e contar tudo a eles. Por mais que meu pai não aceite de primeira, realmente não faz sentido esconder isso dele, eventualmente ele vai precisar saber e eu não quero que seja à porta do altar, no dia do nosso casamento. – declarou a meio sorriso.

Ambos voltaram a se beijar após terem limpado as lágrimas do rosto um do outro. E a vida dos dois retornou aos trilhos como se as brigas nunca houvessem acontecido.  Apesar de contrariado, o pai de Jimin não lhe fez nada além de balançar a cabeça e dizer: “Só espero que você seja feliz com suas escolhas, afinal você não é mais apenas um garoto.”.  As mães de ambos ficaram muito felizes ao verem os filhos assumirem algo que elas sempre viram o tempo todo: o amor incondicional de duas almas que nasceram destinadas a permanecerem juntas.