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História Friendzone - Ressaca Moral


Escrita por: Cyber_Bard

Notas do Autor


Toc, toc. Ainda tem alguém aí?
Em primeiríssimo lugar preciso pedir perdão pela demora. Tive alguns problemas, fiquei sem criatividade, estressada e conheci uma droga chamada League of Legends. Isso acabou tomando muito mais do meu tempo do que o necessário. Culpem a Riot Games pelo atraso da fanfic. n
Mentira, a culpa é toda minha que fui uma relapsa. Será que podem me desculpar? Fiz um capítulo bem grandão para tentar me redimir.
Queria agradecer imensamente a todo mundo que me mandou recadinho cobrando atualização. Sério, foi lindo entrar aqui achando que ninguém nem lembrava mais da minha história e ver as notificações de vocês. Cês são muito lindas, nossa. Tenho as melhores leitoras do mundo e é por vocês que estou aqui com um capítulo freixquinho.

Agora sem mais delongas. No final do capítulo a gente se fala. Espero que gostem, escrevi com todo o meu amô.

Capítulo 3 - Ressaca Moral


Show me an open door

Then you go and slam it on me

I can't take anymore

Please have mercy on me

 

 

Ele me beijou.

E não foi, tipo, um selinho. Foi um beijo. De verdade.

Não é exatamente um segredo o que eu sinto pelo Mark. Na verdade, qualquer pessoa que parasse para observar a forma como eu vacilo olhando para ele perceberia isso. Eu odeio comida mexicana com todas as forças do meu coração, mas um dia ele me chamou para comer tacos: neguei o dia inteiro e no final da tarde me peguei com a boca cheia de guacamole, perguntando para Deus o que eu tinha feito de tão errado para me apaixonar assim pelo meu melhor amigo.

Aquele beijo foi a coisa mais inesperada, mais absurda e mais maravilhosa (não necessariamente nessa ordem) que já me acontecera nos últimos anos desde que o meu coelho, Sr Bigodes, aprendeu a abrir um saco de Doritos. Assim como todo trouxa, digo, apaixonado, achei que aquele beijo mudaria tudo entre nós dois. Minto. Na verdade, eu não achei nada na hora. Tudo sumiu da minha cabeça e eu só conseguia sentir o cheiro dele, o calor da mão dele no meu pescoço e aquele gosto estranho de álcool e algodão doce.

Mas olha só como a vida é irônica. Foram horas gastas pensando em todos os desdobramentos possíveis que aquele beijo poderia ter nos dias seguintes. Horas. Não queria prejudicar a amizade que tenho com os outros meninos, muito menos o relacionamento que tenho com Mark, mas ficar na friendzone também não dava, não depois daquele desafio. Na minha cabeça eu já tinha um plano perfeito para resolver as coisas e me acertar com Mark de vez. O problema é que as coisas nunca saem como o esperado.

Eu me importo demais, eu sinto demais... E acho que sinto sozinho.

 

-- /--

 

Os sete garotos tinham se sentado no futton, um ao lado do outro, bem apertadinhos, com as costas retas e a cabeça baixa, sabendo que estavam em maus lençóis. TY encarava um por um. Tinha colocado a sua expressão mais fechada e agora andava a passos calmos de um lado para o outro na frente do sofá baixinho. Tinha algo naquela aparente calma que conseguia ser ainda mais assustador do que se o mais velho tivesse simplesmente gritado e ameaçado espancar cada um dos meninos, mas não. Ele continuava naquela caminhada sem pressa, como se estivesse guardando a raiva e o castigo para uma pessoa só.

- De quem foi a ideia de beber?

Perguntou Taeyong enquanto Yuta verificava se não tinha nada quebrado e, em seguida, lançava um olhar preocupado para a bagunça completa que estava a sala. Tinham pouco menos de meia hora para limpar tudo antes que a mãe de Yuta e e Jaemin chegasse do trabalho.

- Foi minha. Eu estava de saco cheio das provas e.... quis beber um pouco para relaxar... – Mark tentou falar sério, mas um longo bocejo interrompeu sua linha de raciocínio.

E lá estava Mark, completamente bêbado, mas assumindo a responsabilidade por algo que nem era sua culpa. Sempre tão responsável que dava até nervoso nos mais novos. Jeno olhou para Mark com uma expressão assustada, os olhos pequenos levemente arregalados e agitados, sem conseguir mantê-los fixos no mesmo lugar por muito tempo. Sabia que não era correto deixar o amigo assumir a culpa, ainda mais Mark que com certeza ficaria de castigo, sem poder sair de casa por uma semana - talvez mais caso Taeyong exagerasse ao contar o caso para os pais deles.

Não era justo com Mark deixá-lo assumir essa, mas sabia que o seu castigo também não seria nada agradável. Por que o correto quase sempre é o caminho mais difícil de ser seguido? A luta interna travada por Jeno foi intensa, mas durou pouco.

Jeno abriu a boca para assumir a culpa e botar um ponto final naquela história toda, mas foi a voz de Jaemin que soou pela sala.

- A culpa é minha. Fui eu que convidei todo mundo. A garrafa é minha também... O Mark só falou isso para tentar me proteger.

Nesse momento, todos os presentes olharam para Jaemin. Taeyong ergueu uma sobrancelha, incrédulo, e Yuta estreitou os olhos, pegando a garrafa em mãos para dar uma boa observada no rótulo.

- Você, Jaemin??? De todos você é o que mais me surpreende fazendo algo assim...

Jeno tentou se comunicar com Jaemin silenciosamente por meio de uma troca de olhares como costumavam fazer, mas o mais novo não o olhou de volta. Jae apenas fitava o chão, de cabeça baixa, resignado.

- Bom... Sendo assim... Yuta, ele é seu irmão. Você que sabe o que deve fazer.

Yuta suspirou pesadamente e concordou com um aceno de cabeça. Em seguida, bateu palmas duas vezes, assustando os meninos com aquele som alto e inesperado.

- Acabou a festa, todo mundo voltando para casa.

Taeyong puxou um Mark meio dormindo, meio acordado, e passou um dos braços do irmão pelo próprio pescoço para poder levá-lo embora. Por sorte tinha vindo de carro. Em silêncio, foram saindo de um por um. Jeno foi o último que passou pela porta, ainda tentou dar mais uma olhada no amigo, mas Yuta se meteu na frente bloqueando a visão.

- Para casa, Jeno.

- Desculpa, eu só...

- Para casa.

O garoto suspirou, percebendo que Yuta não daria espaço e então se deu por vencido, dando meia volta para sair do apartamento.

Yuta fechou a porta e virou-se para observar o  mais novo. Jaemin conhecia bem o irmão, sabia exatamente o que ele iria mandá-lo fazer então se adiantou e já estava varrendo o chão. O mais velho agradeceu mentalmente por não precisar brigar com o outro e, como tinham pouco tempo, até ajudou a limpar a sala, levando toda a louça suja para a pia da cozinha. Jaemin entrou no cômodo logo em seguida com uma pá cheia de pipoca para jogar na lixeira.

- Vai secando logo essas coisas aqui para mim.

O tom de Yuta deixava claro que não era um pedido, mas ainda assim havia algo na aura do japonês que irradiava uma inesperada calma. Não a calmaria assustadora de TY, algo bom, compreensivo. Aos poucos aquela energia tranquila do irmão foi acalmando o mais novo. Não sabia se era devido a essa sensação de calma ou o trabalho mecânico e repetitivo de secar as louças, mas aos poucos a angústia e a confusão que sentia foi abrandando.

- Fala a verdade - Disse Yuta, falando por cima do barulho de água e porcelana se chocando delicadamente conforme terminava a limpeza - Sei que não foi você que inventou essa história de beber.

Jaemin desviou os olhos do copo que enxugava e fitou o irmão. Ainda hesitou por um momento antes de devolver a pergunta, cuidadoso:

- Como você sabe?

- Porque eu te conheço, você não é de mentir. Além do mais.... Aquela garrafa é minha. Era né, vocês beberam quase tudo.

Se não tivesse uma relação tão boa com o irmão, Jaemin seria capaz de virar uma avestruz e enterrar a cabeça no chão de tanta vergonha por ser pego mentindo com aquela facilidade toda. Tinha visto a garrafa nas mãos dos amigos e nem por um instante sequer pensara que era de Yuta.

- Me desculpa, onii... Eu achei que era do Jeno, aquele cabeça de bagre não me contou esse detalhe.

Yuta acabou soltando uma risada e então fechou o registro de água, virando-se de frente para o mais novo, atento as explicações que este lhe dava.

- O pai do Jeno é muito rigoroso com algumas coisas. Se soubesse que ele veio para cá beber em vez de estudar para a prova era capaz até de bater nele...

- Eu entendo você ter defendido o seu amigo. Na verdade, admiro isso. Um dia eu quero ter um relacionamento tão bonito como o que você tem com o Jeno. – Comentou o mais velho, levando a mão até o topo da cabeça de Jaemin para bagunçar de leve os fios lisos cortados no formato de cuia – Só quero que tenha cuidado, tá? Não pode beber sempre, muito menos com o Chenle e o Jihyuck.

- Jisung. – Jae corrigiu.

- Que seja. Não pode beber.

- Mas você bebe...

- Eu tenho vinte, você tem seis.

Jaemin soltou o ar pela boca. Quando o irmão começava a querer tratá-lo como neném não tinha santo que o fizesse mudar de ideia.

- Eu compro uma garrafa nova para você, tá? – Falou o menor, fazendo beicinho.

- É boa pelo menos? Comprei para o aniversário surpresa de um dos meninos da minha turma.

Jaemin sorriu e deu um abraço bem apertado no japonês, feliz por ter o melhor irmão do mundo.

- Eu te amo. – Falou baixinho ainda agarrado ao mais velho como se fosse um filhote de coala.

- Ai, neném. Eu também amo você.  – Sorriu afagando os cabelos do menor

Nesse exato momento escutaram as chaves na porta de casa. Pelo visto a mãe dos dois havia chegado. Jaemin se afastou do irmão devagar e deu uma piscadinha cúmplice.

- Depois eu quero saber o que o Taeyong veio fazer aqui. Não pense que vai escapar.

Yuta escapou.

O japonês acordou quando ainda estava escuro para ir para o campus da universidade, quase como se estivesse fugindo de propósito para evitar conversar com o irmão sobre a visitinha de Taeyong na noite anterior. Evidentemente que a atitude só fez reforçar as suspeitas de Jaemin, mas o rapaz não tinha muito tempo para pensar nisso. Deu uma última lida no caderno de exercícios e foi para o colégio, torcendo para ir bem na última prova do ano letivo. Assim que se aproximou da entrada, viu Mark e Taeyong conversando na calçada em frente à escola. Pela expressão dos dois, falavam sobre algo sério, mas o que quer que fosse, foi deixado de lado assim que Mark avistou o amigo se aproximar. Jaemin cumprimentou os Lee e Taeyong se despediu, dizendo que precisava correr para a universidade.

Mark passou um dos braços pelos ombros de Jaemin e o mais novo engoliu em seco, subitamente se sentindo um pouco nervoso com aquela proximidade inesperada. Se Mark percebeu, não demonstrou, pois ambos começaram a andar ainda meio abraçados em direção ao colégio. Agora que Taeyong tinha ido embora talvez conseguissem conversar sobre a noite anterior.

- Hey, Nana. Deu ruim com a sua mãe ontem? – Perguntou, parecendo um pouco preocupado – Não queria criar problemas.

- Não... A casa já estava toda arrumada quando ela chegou, mas acho que você tem coisas mais sérias para se preocupar.

A expressão do canadense se agravou e Jaemin se perguntou se era esse o tema da conversa que Mark estava tendo com Taeyong mais cedo. Ainda chegou a abrir a boca para perguntar, mas um dos amigos de sala de Mark chamou a atenção do mais velho. Pelo visto tinham dois meninos da turma deles brigando na sala. Tarefa para o super-representante de turma ir atender.

- Sério? Assim o Batman vai à falência....

Comentou Jaemin consigo mesmo quando Mark o soltou e foi correndo tentar resolver o problema.

-- /--

 

Foi uma longa manhã de teste. Folhas e folhas cuidadosamente preenchidas com o máximo de informações que conseguia puxar da memória. Quando finalmente pousou a caneta ao lado da folha de testes espreguiçou-se na cadeira e escutou a coluna e o pescoço estalarem por ter passado tanto tempo curvado sobre o papel. Jeno já havia terminado a prova porque a cadeira logo a sua frente estava vazia. Jaemin, no entanto, parecia ter finalizado naquele momento porque ainda estava entregando a prova para o professor. Haechan repetiu o gesto do amigo e aproveitou para fazer uma piadinha sobre a questão 12. Sabia que qualquer dia ia levar um zero para aprender a ser menos palhaço, mas enquanto esse dia não chegava...

- Vou tirar um A de “Arrebentar”. De me arrebentar, no caso.   

Jaemin terminou de assinar a lista do professor e se aproximou do amigo que, apesar do bom humor, parecia ter tido uma noite difícil a julgar pelas olheiras profundas.

- Noite em claro estudando?  - Perguntou Jaemin

Haechan soltou uma risada sarcástica e limitou-se a puxar o amigo pelo pulso para fora da sala.

- A partir de hoje a palavra “estudo” e todas as suas variações estão proibidas. Vem. O Jeno disse que ia esperar a gente na piscina.

Os dois se dirigiram a parte dos fundos do colégio. No final das aulas a enorme piscina coberta sempre ficava liberada para os alunos. Normalmente costumava estar cheia de gente, mas como era o último dia oficial de aulas provavelmente o destino dos demais estudantes seria outro. Souberam que tinham acertado em cheio apenas ao passar pelo vestiário, completamente deserto.

- Trouxe roupa de banho? – Haechan perguntou para o amigo, que tinha permanecido em silêncio o caminho todo.

- Não... Nem sabia que queriam vir para a piscina. Vou só fazer companhia mesmo.

Haechan concordou com a cabeça porque também não tinha trazido nada. Um silêncio um tanto desconfortável e incomum havia se formado entre os dois. Isso por si só já era ruim o bastante, mas pior ainda era notar que não sabia o que fazer para quebrar o gelo. Lembrou-se de uma fala que havia ouvido em um filme tempos atrás: “quando não sabe o que falar, beba alguma coisa e balance a cabeça delicadamente”. Assim que viu essa cena, imitou a personagem e fingiu que se engasgava em seguida só para fazer Mark rir. Seu coração apertou um pouquinho ao lembrar do canadense. Balançou a cabeça negativamente para afastar aquilo da cabeça e parou na porta de entrada da piscina para comprar uma latinha de refrigerante em uma máquina de bebidas. Talvez seguir o conselho da mulher do filme fosse uma estratégia interessante no momento.

Assim que apanhou a latinha conseguiu reconhecer Mark, Jeno e Renjun ao longe, esparramados nas espreguiçadeiras cuidadosamente colocadas nas bordas da piscina. No entanto foi uma movimentação estranha que o intrigou. Haechan apertou os olhos e puxou Jaemin para perto de onde estava, chamando a atenção do amigo.

- Olha ali. Atrás do armário de manutenção... Está vendo o que eu estou vendo??

Jaemin aproximou-se mais das portas envidraçadas da piscina e olhou com cuidado na direção em que o amigo apontava. Podia ver claramente que tinham duas pessoas ali. Pela altura eram um pouco mais novas e tinham os cabelos claros. Bastou pensar por uma fração de segundos para juntar um mais um, anunciando logo em seguida o seu palpite:

- Chenle e Jisung...

Haechan riu e concordou com a cabeça.

- Estão espiando os meninos sem camisa, mas que safados. Vamos lá assustar eles.

Jaemin pareceu hesitar por um instante, mas acabou concordando e seguiu o amigo. Os dois se aproximaram devagarzinho, mas Jisung e Chenle estavam tão distraídos observando os sunbaenins na piscina que não notaram absolutamente nada.

A água azulzinha parecia convidativa, Jeno usava uma sunga azul escura, os cabelos pretos caíam livremente pelo rosto bem desenhado e uma série de gotículas de água cobriam seu corpo como se fossem inúmeros diamantes refletindo a luz dourada do fim de tarde que entrava pelos janelões de vidro. Ele sorria distraído, se divertindo com alguma coisa que conversavam.

Mark estava só de shorts, sua espreguiçadeira era a mais próxima da água e o mais velho aproveitava isso para deixar os joelhos ligeiramente flexionados, de forma que os tornozelos e os pés ficassem dentro da água. Às vezes mexia no celular, mas logo voltava a atenção para os amigos, soltando uma de suas risadas escandalosas que ecoavam pelo salão.

- Como o Mark é lindo, meu Deus. – Comentou Jisung, dando uma risadinha. – Ele parece tão confiante, tão seguro...

- Prefiro o Jeno. Digo, ele já tem abs e olha esse sorriso... Nunca vi um sorriso tão lindo como o dele.

Mais risadinhas.

Haechan ainda parecia estar se divertindo horrores porque precisou levar a mão livre até a boca para sufocar uma risada. Jaemin no entanto parecia ter ficado particularmente irritado com os comentários porque ignorou os pedidos do amigo para que continuassem em silêncio ouvindo os mais novos cochicharem. Jae colocou ambas as mãos nos quadris e soltou um alto e bom:

- BONITO HEIN.

Os dois garotos deram um pulo para trás digno de fazer muito gato sentir inveja. Pelo visto não esperavam que os outros dois viessem para a piscina também ou então perderam noção da hora stalkeando os mais velhos ali na piscina. O fato é que claramente pareciam envergonhados e sobressaltados. Tentaram murmurar uma série de justificativas, mas Haechan apenas ria, agora já tinha desistido de tentar manter o silêncio.

- Ficar espiando as pessoas escondido é crime, sabiam? Violação de privacidade. – Jaemin afirmou, visivelmente irritado.

- Desculpa, hyung, não conta para eles por favor. A gente está indo. Estamos indo agora, né, Ji? Tchauzinho. – Balbuciou Chenle enquanto puxava o amigo consigo e saiam da piscina o mais rápido que podiam.

Jaemin soltou o ar com força e massageou as têmporas. Não conseguia acreditar na maré de azar que andava tendo. Ontem já tinha visto Mark beijando Haechan e agora isso... Não sabia que o canadense tinha tantos fãs assim e agora até o Jeno parecia ter entrado para a lista dos flowers boys do colégio. Era um pouco demais para a paciência de Jaemin que correu as mãos pelos cabelos castanhos em um sinal de cansaço e falou:

- Quer saber? Isso é ridículo. Vou nessa porque ganho mais.

Com um aceno, se despediu do amigo e sumiu pelas portas duplas, saindo da área da piscina o quanto antes.

Haechan ainda esticou a mão na direção do outro, mas não soube o que falar e apenas ficou observando as costas do amigo sumirem porta afora. Tinha acontecido tudo tão rápido que nem teve reação de pedir para que ficasse, se bem que Jaemin estava irritado e parecendo distante, talvez fosse até melhor deixá-lo quieto de uma forma ou de outra. Foi com esse pensamento que decidiu atravessar o salão, indo até a outra ponta da piscina onde os amigos estavam sentados; bem alheios a tudo o que tinha acontecido.

- Você não vai acreditar no que acabei de ver. – Haechan falou, se jogando na espreguiçadeira da piscina ao lado de Mark.

Renjun era o único sentado na borda da piscina, balançando as pernas dentro da água devagar. Ao ouvir a fala do amigo acabou voltando sua atenção para ele, parecendo curioso.

- Jisung está apaixonado por você, Mark, e quem está dando corda para isso é o Chenle.

Jeno soltou uma risada e comentou logo em seguida:

- Não acredito. Como isso?

Haechan voltou a falar, explicando como já tinha percebido isso antes mesmo do flagrante que acabara de dar:

- Não era difícil de perceber, na verdade. Aposto que foi por isso que eles vieram com aquela desculpa esfarrapada de vir pedir livro emprestado para o Jaemin. Sabe aquele grupinho que estava barulhando no café ao lado da nossa mesa? Tinham vários amigos deles lá. Devem ter escutado a gente combinando de sair depois da aula e contaram para os dois, daí deram essa desculpa para poder participar do jogo, provavelmente com segundas intenções.

- Como é que é?? – Renjun perguntou. Por melhor que o seu coreano fosse, às vezes acabava atropelando algumas sílabas. Principalmente quando estava muito animado ou irritado. A julgar pelo cenho franzido, Mark percebeu logo que se tratava do segundo motivo.

- Ahhh, Renjun, não seja chato. Até parece que nunca teve a idade deles. Eles estão stalkeando o Mark. Ainda agora encontramos os dois espiando o Mark e o Jeno ali atrás dos armários. Achei brilhante! Tem futuro, aqueles dois.

Dessa vez Mark acabou tossindo algumas vezes, completamente pego desprevenido, o que só fez o amigo rir ainda mais. Haechan era o único ali que parecia estar se divertindo muito com a situação. Jeno tinha se sentado direito na espreguiçadeira e observava os amigos.

- E cadê o Jaemin? – Perguntou Jeno.

Haechan encolheu os ombros e tomou um gole da latinha de Coca-cola que havia comprado no caminho para a piscina.

Jeno suspirou e se levantou, enrolando o corpo na toalha apressadamente.

- Ué, para onde você vai? – Perguntou Haechan.

- Vou ver o que aconteceu com ele. Se for alguma besteira dou um jeito de trazê-lo de volta para cá.

Renjun se levantou também e antes mesmo que algum dos amigos pudesse perguntar o que houve, ele disse:

- E eu vou atrás do meu irmão. Preciso ter uma conversa bem séria com ele.

Mark até então só olhava de um amigo para o outro sem a mínima ideia do que fazer ou falar.

- Espera aí, gente, vai todo mundo? E a nossa tarde na piscina?? Qual foi? Vão mais tarde...

Haechan ainda tentou argumentar, mas Jeno e Renjun já iam se distanciando a passos rápidos até finalmente sumir pelas portas duplas que levavam aos vestiários. De repente o ambiente amplo e azulado da piscina havia se tornado um túmulo de tão silencioso. Mark continuava quieto, observando as ondinhas que percorriam a superfície da água. Hyuck pensou rápido e, como de costume, decidiu voltar a tomar o refrigerante, fazendo barulho de propósito para aliviar o clima.

Mark virou o rosto na direção do amigo e acabou dando um pequeno sorriso, notando a tentativa do outro. Conhecia-o há tempo o suficiente para entender essas pequenas ações do mais novo.

- Complicado ne? Espero que ninguém brigue. – Comentou por fim esticando a mão na direção da latinha do amigo em um pedido mudo.

- Por sua causa? Você realmente acha que é o tal né? Se enxerga, garoto. Maior cara de alien. – Haechan implicou com o mais velho, dando uma risada e dando uma tapa sem força na mão de Mark, sem querer dividir o refrigerante.

- Cara do que?? Me xinga e ainda é egoísta. Dá isso aqui.

- Mas nem fodendo. – Haechan negou de novo, malcriado.

Já prevendo que Mark ia se insuflar com a rebeldia toda, o moreno tratou de se levantar da espreguiçadeira e tentar pegar distância do mais velho. Só não foi rápido o bastante ou talvez tenha errado em dar as costas para o maior. O fato é que bastou pouco mais de uma fração de segundos para receber o empurrão e cair de lado na piscina. A primeira coisa que ouviu ao emergir foi a risada escandalosa de Mark. Tossiu algumas vezes e voltou os olhos para o canadense.

- Olha o que você fez, seu punk. Molhou toda a minha roupa.

- Não está dando por falta de nada...? - Mark sorriu, mostrando a latinha que tinha conseguido roubar do amigo antes de derrubá-lo na água de roupa e tudo.

 Haechan tirou a franja molhada dos olhos, reuniu toda a sua dignidade e atirou uma braçada de água no amigo sem querer deixar barato. Mark tomou um gole do refrigerante e deixou a latinha de lado, tirando distância da borda da piscina apenas para vir correndo e se jogar na água bem ao lado de onde o amigo estava. Voltando a espalhar água para todos os lados.

Dessa vez Haechan nem se deu ao trabalho de tentar tirar o cabelo do rosto, já sabia que Mark tinha pulado na água de propósito para bagunçar. Se não podia ir contra, era bem mais fácil unir-se e foi por isso mesmo que voltou a espirrar água no amigo. Os dois riram e ficaram naquela brincadeira infantil por alguns minutos até que o mais novo apoiou as costas contra a parede da piscina e levou as mãos aos olhos, esfregando-os.

- Caiu água no seu olho? – Mark perguntou, imediatamente parando com a brincadeira e se aproximando do menor para checar se estava tudo bem.

- Não, relaxa, só estou com um pouco de sono mesmo. Não consegui dormir direito e com todas essas provas hoje acho que fiquei mais cansado do que imaginava.

Mark ergueu a mão direita até a franja ligeiramente ondulada do menor e afastou os fios escuros, tirando-os dos olhos. Haechan olhou ao redor, fazendo o outro sorrir.

- O que foi agora?

- Só queria me certificar de que não tinha nenhum outro fã seu escondido por aí. Não quero tomar um tapa de algum admirador mais hardcore. – Respondeu Haechan num tom baixo, mas divertido.

 - Shhh. Não fala besteira...

Mark terminou de arrumar os cabelos molhados do menor, mas em vez de afastar a mão, deixou que as costas dos dedos corressem pela lateral do rosto de Haechan em um carinho delicado.

O mais novo tinha segurado a respiração em algum momento que já nem lembrava mais, ainda que tentasse permanecer indiferente, a respiração ofegante já denunciava o quão rápido seu coração batia e tudo com o menor dos toques, era incrível como bastava um toque fora de hora ou uma troca de olhares mais demorada para que começasse a suar frio e o estômago embrulhasse.

Conseguia se ver refletido nas pupilas do canadense e, por mais que juntasse todas as forças para se manter olhando fixamente para os olhos do mais velho, pegou-se admirando os lábios bem desenhados. Mark segurou o queixo do menor entre o polegar e o indicador, trazendo-o para si. Os lábios se tocaram timidamente, mas não era o bastante. Pelo contrário. Trocaram mais um olhar por uma fração de segundos e então as mãos de Haechan envolveram o pescoço do mais velho, que correspondeu o toque envolvendo-o pela cintura e puxando para si, colando um corpo ao outro. Mark retomou o beijo, encaixando a boca na do menor e acabando de uma vez por todas com qualquer espaço que pudesse existir entre os dois.

  Na noite anterior ambos estavam um tanto bêbados, mas agora não tinham nenhuma desculpa para tentar justificar porque o coração batia tão rápido, não haviam gritos ao fundo, não haviam terceiros os observando. As línguas se entrelaçavam como se desejassem fazer isso há anos, os dedos vasculhavam cada pedacinho de pele ao alcance das mãos, os olhos fechados em um sinal de entrega e quando tudo parecia perfeito... Mark se afastou.

Haechan abriu os olhos devagar encontrando um Mark ofegante e com o rosto claramente confuso.

- Desculpa, Hyu... Eu não... Não queria. – Mark gaguejou, soltando o mais novo e se afastando um pouco.

- O que? – Haechan perguntou, recapitulando mentalmente tudo o que tinha acontecido nos últimos minutos sem conseguir entender o que tinha feito de errado – Se não queria por que me beijou? Que porra, Mark.

A medida em que Haechan parecia sentir mais raiva, o mais velho só se encolhia mais e continuava caminhando para trás até finalmente encontrar a borda da piscina.

- Me desculpa... Me desculpa... – Murmurou em um sussurro.

Haechan continuou onde estava, observando incrédulo o maior pegar a mochila da espreguiçadeira na qual estava deitado até alguns minutos atrás e então sair quase correndo da piscina. Seu olhar percorreu o ambiente coberto parando na latinha de refrigerante abandonada que havia comprado ainda há pouco.

Uma corrente de ar soprou quando Mark saiu, mas mesmo debaixo d’água Haechan não sentiu frio. Naquele momento a única coisa que sentia era o seu coração se quebrando em mil.  


Notas Finais


*Levanta a bandeirinha branca de paz e tenta desviar das pedradas*
NÃO ME MATEM POR TERMINAR ASSIM, NÃO RESISTO A UM LEVE DRAMINHA ADOLESCENTE.
Próximo final de semana tem atualização nova e, para deixar vocês ansiosas com o capítulo seguinte, vou dar um teaser do que vem por aí: Se a fanfic é colegial tem que ter um negocinho muito importante para marcar pra sempre as lembranças dos estudantes.
Me aguardem. Eu voltarei. Cya. =*


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