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História Friendzone - Desencontros


Escrita por: Cyber_Bard

Notas do Autor


Oi, lindos.... x.x
Queria pedir desculpas por toda essa demora. Eu tava finalizando o TCC então isso me tomou muito tempo e energia. Como eu passava grande parte do dia escrevendo, no meu tempo livre eu queria fazer qualquer coisa, menos escrever e isso atrasou demais essa fanfic.Me perdoem, ok? ;;
Entãaaaaaao, tenho uma notícia boa e uma ruim. A ruim é que o capítulo ficou muito extenso e eu achei melhor dividi-lo pra leitura ficar mais fácil, a boa é que eu já to finalizando a parte dois e devo postar ainda hoje de madrugada ou amanhã.
Enfim, boa leitura!

Capítulo 5 - Desencontros


So I look in your direction

But you pay me no attention, do you?

 

Chenle se balançava levemente no balanço para duas pessoas que havia no jardim de casa. Era uma casa pequena, amarela, com um pouco de hera subindo pelos muros. Podia ser simples, mas era a mais bonita da rua inteira na opinião do chinês. Seu olhar distraído caiu na hortinha que os pais cultivavam, ali haviam alguns legumes, mas na maioria eram ervas para fazer chás ou temperar a comida. Apesar de gostar do jardim, não costumava ficar muito por ali, pelo menos não mais. As nuvens estavam baixas e pesadas, provavelmente choveria logo mais, mas o garoto não parecia se importar. Estava claramente entediado.

Sentiu alguém cutucar seu ombro e virou um pouco o pescoço, vendo o irmão mais velho apontar para os fones de ouvido que Chenle usava. O menor suspirou e retirou os fones sem pressa. A trilha sonora de musicais da Broadway deu lugar ao som calmo das copas das árvores sendo balançadas com o vento.

- Que foi? - Chenle perguntou.

- Mamãe fez bolo. Está na mesa já. - Disse Renjun.

Chenle balançou a cabeça positivamente e voltou a se balançar de leve, mantendo os dois pés no chão. Ele estava prestes a recolocar os fones quando ouviu um som metálico e percebeu o irmão se sentando no balanço que havia ao lado.

- Wow. Agora essa é novidade… - Chenle alfinetou, meio que falando alto uma vez que nem se dera ao trabalho de voltar a olhar para o irmão.

Renjun pegou impulso e se balançou algumas vezes, segurando nas correntes enferrujadas. Há quanto tempo não brincava daquele jeito? Mais de dois anos? Talvez três? Não se lembrava mais. Será que foi nesse momento em que começara a se afastar do irmão?

Sorriu ao se lembrar das incontáveis tardes de verão em que brincavam juntos no balanço que os pais tinham construído para eles; as cadeirinhas tinham até as iniciais dos meninos. Na época eles gostavam de trocá-las, como se fossem gêmeos idênticos que brincavam de assumir a identidade do outro para pregar peças por aí. Qual era mesmo a dele? A da esquerda? Os anos tinham cobrado sua parcela sobre o balanço, a pintura agora estava gasta e as correntes enferrujadas e barulhentas, assim como a relação dos irmãos. Ainda assim, aquele balanço representava uma fase muito boa da infância de ambos e era impossível não ter lembranças agradáveis ao voltar ali, ainda que fosse um déjà vu.

- Hey, eu sei que a gente se afastou nos últimos tempos, mas eu queria que você soubesse que…

Chenle interrompeu o irmão, completando em um tom entediado:

- Que você me ama e fica de marcação porque sabe o que é melhor pra mim?

Renjun negou com a cabeça e voltou a falar:

- Que eu nunca admirei alguém tanto quanto admiro você.

Só nessa hora que Chenle parou por completo o balanço e se virou para encarar o irmão.

- Espera, espera aí… Então toda essa sua chatice comigo é inveja?

Renjun suspirou e se balançou novamente, pensando nas palavras do irmão e nos próprios sentimentos.

- Não! Quer dizer, talvez... Talvez um pouquinho, sim. Você é a borboleta social da família. Você canta, dança, é engraçado, tem boas notas, mas não é só por isso – O mais velho explicou – Eu… Eu tento cuidar de você, tento dar um exemplo, mas é meio difícil quando você é tão bom... Seu único defeito é ser assim desajuizado e eu acabo exagerando às vezes.

Chenle continuou observando o irmão por mais algum tempo, assimilando suas palavras. O vento soprou novamente, fazendo algumas das últimas folhas de outono caírem no chão. Esfriava rápido.

- Sabe, Junnie… Você nunca me perguntou se eu queria um exemplo. Você mudou comigo. Da noite para o dia. Você brincava comigo e me tratava de igual para igual e, de repente, você cresceu. Só saía com os seus amigos, começou a me tratar como se eu fosse uma criancinha boba e deixou de lado todas as nossas brincadeiras, os nossos toques secretos, até o balanço…

- Eu sei… Eu fiz errado, mas eu via o Taeyong com o Mark, o Yuta com o Jaemin… Achei que era o certo a fazer com você também. - Afirmou Renjun.

- Olha a diferença de idade deles! Você é só um ano mais velho que eu, tem noção disso?

Renjun concordou com a cabeça, apoiando as têmporas contra a corrente de meta, sentindo o cheiro característico do ferro e o seu toque gelado contra a pele.

- Você sempre foi a minha referência, mas bem mais como amigo do que agora como esse guardião que você tenta ser. - Chenle fez uma pequena pausa e esticou o braço com o punho fechado em direção ao mais velho. - Eu não quero um exemplo, eu quero o meu irmão.

Renjun deu um sorriso ao ouvir aquela frase, ainda mais acompanhada pelo gesto de Chenle. Era o toque secreto dos dois. Um soquinho, uma palma, dois estalidos de dedos e outro soquinho, este de baixo para cima.

Renjun voltou a endireitar a coluna e fez o toque, vendo o mais novo abrir um sorriso largo.

- Hey, o que for mais alto em cinco balançadas come o bolo primeiro! - Disse Renjun, começando a pegar impulso para se balançar, apostar quem chegava mais alto era uma das modalidades que mais gostavam quando brincavam juntos naquele balanço.

- Espera, e o baile?? Você não tem que se arrumar?

- É só às nove da noite, bestão. Tem tempo de sobra para você perder para mim. - Afirmou Renjun soltando uma gargalhada.

- Vai falando pra ver quem perde então! - Disse Chenle entrando na brincadeira com outra risada.

 

--//--

 

Depois que as aulas acabaram todos os alunos podiam curtir as merecidas férias. Jogar videogame, comer besteiras, assistir séries ou filmes enrolados num lençol quentinho, Mark pensou em todas essas possibilidades com um ar sonhador, mas aquilo não era para ele. Pelo menos não ainda. Terminou de pendurar a última lanterna em estilo japonês no teto e desceu da escadinha de madeira que havia pegado emprestada no clube de teatro.

A quadra da escola havia se transformado em um lindo salão de festas. Delicadas lanternas feitas com papel brilhoso estavam penduradas aqui e ali ao longo do teto, luzes da cabine de dj tinham sido posicionadas pela equipe de som, dando destaque para a pista de dança que era um grande quadrado, imitando um tabuleiro de xadrez. O teto havia sido forrado com um tecido muito leve e fino, formando ondinhas, o tecido era transparente e parecia um tanto sem graça agora que as luzes estavam desligadas, mas Koeun havia lhe prometido que ficaria lindo com a iluminação.

Mark olhou ao redor vendo se havia esquecido de alguma coisa. Tinha comparecido a escola apenas para verificar se a equipe que estava encarregada de arrumar tudo para o baile não precisava de nada, mas acabou, é claro, ajudando a finalizar os últimos detalhes. A visita breve se prolongou bem mais do que esperava e foi só ver a hora no relógio de pulso para se dar conta que não havia nem almoçado.

Mark se despediu dos dois meninos que estavam com ele, eram os últimos que ainda estavam ali porque eram os encarregados de armazenar e cuidar da comida. O representante deixou a escada na sala do clube de teatro e virou-se para ir embora, pensando onde conseguiria almoçar já tão tarde.

Foi então que seu olhar cruzou com o de Jisung. O menino pareceu ficar sem graça e tentou se esconder, mas o corredor estava vazio e o mais novo não tinha outra opção a não ser correr ou se jogar atrás de um cesto de lixo, nenhuma das opções muito discretas. Mark sorriu e acenou para o menor, que correspondeu o cumprimento, visivelmente sem graça.

- Hey, Jisung. O que faz aqui hoje? Veio ver os preparativos para o baile? - Mark perguntou, aproximando-se do menor.

- Que? Ah! O baile! Claro. Foi isso mesmo.

Mark deu uma risada, achando fofo o jeitinho tímido do outro menino.

- Você vem?

- E-eu? - Jisung perguntou, gaguejando um pouco - N-não, hyung. Meus pais acham que não tenho idade ainda…

O canadense balançou a cabeça positivamente, indicando que havia entendido e fez um muxoxo.

- Que droga hein. Odiava quando isso acontecia comigo.

- Eu não ligo muito, não gosto muito de festas… - Falou Jisung.

- Não? Ué, então por que veio ver os preparativos para o baile?

Jisung abriu a boca para responder, mas fechou novamente apenas para tronar a abri-la logo em seguida, ainda sem saber o que dizer. O mais velho notou que havia deixado o coreano sem graça e tentou pensar em algo rápido para quebrar o gelo ou mudar de assunto, no entanto, foi surpreendido por Jisung.

- Eu não vim ver o baile, eu vim ver você, hyung.

Dessa vez foi a vez de Mark gaguejar, sem saber o que dizer.

Jisung respirou fundo. O corredor estava vazio e meio escuro já que a única luz era a que entrava pelas frestas das janelas. O rosto de Mark conseguia ficar ainda mais bonito daquele jeito e tornava a situação ligeiramente mais fácil.... Não. Ligeiramente menos difícil para o coreano.

- Sei que conversamos pouco, mas, bem… Eu sempre… Desde a primeira vez que lhe vi, eu… Bem… - Jisung respirou fundo e simplesmente falou de uma vez por todas antes que acabasse perdendo a coragem mais uma vez: - Eu gosto de você. Peço que aceite meus sentimentos, Mark hyung.

- Ah Ji…. - Mark respirou fundo, desfazendo a ruga que havia se formado em sua testa – Eu sou tão complicado…

- Complicado? - O menor perguntou.

Seu semblante parecia visivelmente confuso, mas igualmente aliviado, como se manter aquele segredo fosse algo muito pesado para um coração tão jovem.

- É… Eu gostaria de poder aceitar os seus sentimentos, mas o que eu sinto por você é um carinho como eu sentiria por um irmão mais novo.

Jisung abaixou os olhos, como se todo o desconcerto e a timidez estivessem voltando com força total. Mark percebeu e segurou delicadamente o queixo do menor entre o polegar e o indicador, fazendo com que o mais novo voltasse a olhar para ele.

- Não abaixe o seu rosto para ninguém, ok? Você é fofo, é lindo. Entenda que eu não tenho como aceitar seus sentimentos porque esse lugar no seu coração não é meu, nunca foi, Ji… Eu tenho certeza que outra pessoa que te entenda e que compartilhe momentos maravilhosos contigo é a verdadeira merecedora dos seus sentimentos. Talvez você só não tenha a encontrado ainda, ou talvez não tenha a percebido, mas ela existe. Te garanto isso.

Jisung deu um pequeno sorriso e abraçou o mais velho, que afagou seus cabelos cortados em formato de tigela.

- Não posso dizer que estou feliz, mas, pelo menos, isso acabou. Obrigado, hyung. - Jisung falou baixinho, soltando Mark aos poucos.

Os dois se olharam mais uma vez e então Jisung fez uma leve reverência, despedindo-se.

- Divirta-se mais tarde e cuidado com o ponche…. Sempre colocam álcool nos filmes que eu vejo. - Acrescentou antes de dar meia volta, enfiar as mãos nos bolsos e se dirigir à saída da escola.

Mark levou ambas as mãos aos cabelos, bagunçando-os em um gesto de cansaço. Em seguida soltou os braços, deixando-os cair ao lado do corpo.

- Oh my goodness... Que semana... - Falou consigo mesmo antes de sair da escola o quanto antes.

O canadense tomou o cuidado de sair pelo lado oposto que Jisung. Não tinha absolutamente nada contra o garoto, pelo contrário, tinha sido muito sincero quando disse que o considerava como um irmãozinho, mas achava melhor dar um tempo para o menino respirar. Declarar os sentimentos para alguém nunca é uma tarefa fácil, principalmente quando eles não são correspondidos.

Mark deu por si dentro da cafeteria onde costumava almoçar com os amigos. Agora aqueles inícios de tarde seriam só uma lembrança já que no próximo semestre estaria na universidade, do outro lado da cidade. Já estava tarde demais para almoçar então pediu um latte com um pedaço de bolo de limão. Precisava de açúcar depois de um dia de tanto trabalho.

Subiu as escadas de ferro e deu de cara com costas bem conhecidas. Sorriu e colocou a bandeja na mesa em frente ao paredão de vidro, assustando o rapaz que lia um livro concentradamente.

- Oi, Nana. - Mark cumprimentou com um sorriso – Quer bolo?

Jaemin acabou sorrindo de volta ao ver o amigo ali, mas recusou o bolo com um aceno de cabeça, fechando o livro delicadamente para não amassá-lo.

- O que está lendo? - Perguntou Mark antes de dar uma boa garfada no bolo.

- Wicked, conhece? É o livro que originou o musical da Broadway. Tive que vir para cá porque a mamãe e o Yuta não paravam de brigar. Acho que ele se esqueceu de pagar alguma conta, sei lá. Só sei que não conseguia me concentrar na leitura. - Respondeu.

- Taeyong já fez isso uma vez, acho que é coisa da idade. - Mark soltou uma leve risada ao ouvir a história – Do musical já ouvi falar, mas não sabia que tinha um livro.

- Pois então! Conta a história das bruxas de Oz, mas é focado da Elphaba, a Bruxa Má do Oeste. - Respondeu Jaemin, lembrando-se de que não tinha terminado o próprio café de tão envolvido com a leitura.

- Nem me fala em bruxa má, ando me sentindo uma…

Jaemin ergueu uma sobrancelha e guardou o livro na mochila, voltando a atenção para o amigo, que comia igual um morto de fome.

- Deixa eu ver se adivinho….. Haechan?

Mark piscou algumas vezes, demoradamente, confirmando o palpite de Jaemin enquanto terminava de engolir.

- Não só ele…. Acabei de falar com o Jisung. Ele se declarou para mim.

Nana cobriu a boca com as mãos como se tivesse escutado uma notícia bombástica.

- Yah. Não teve nada demais, ok? Eu tive que falar a verdade. Nunca o vi com nenhuma outra intenção. Ele ainda é muito novinho e…. - Mark fez uma pequena pausa e balançou a cabeça, mexendo o café de um jeito um tanto triste - Ah, mano… Sei lá.

- Você gosta mesmo é do Haechan. - Pontuou Jaemin, preciso como de costume.

- Bingo…

Jaemin suspirou e tamborilou os dedos na superfície da mesa, pensando por alguns instantes enquanto observava os primeiros pingos de chuva molharem o vidro e a calçada lá fora.

Ultimamente sua vida tinha virado de cabeça para baixo. Já tinha um bom tempo que se sentia atraído por Mark, admirando sua personalidade liderante e o jeito responsável, mas desligado. Agora ouvia esse mesmo Mark, seu amigo e crush, confessar que gostava de alguém que não era Jaemin, mas sim Haechan. Os pensamentos voaram até o outro amigo, perguntando-se o que ele estaria fazendo. O clima entre os dois ainda estava estranho, fato que só servia para deixar Jaemin ainda mais chateado com toda essa situação. Haechan era seu amigo, esteve em seu lado em muitos momentos, bons e ruins. Um crush não podia ser mais forte do que uma amizade, ainda que esse crush fosse Mark que também era seu amigo.

Nana soltou o ar pesadamente e tomou mais um gole de café.

- Por que tudo tem que ser tão confuso? - Perguntou baixinho, deixando a lateral da cabeça apoiada no ombro do mais velho.

- Será que é confuso mesmo? Eu sei o que eu quero…

- Sabe? - Jaemin piscou seus longos cílios algumas vezes – Para mim tudo é tão estranho. Você, esse clima chato entre o Haechan e eu…. Como se já não me bastasse isso tem o Jeno. Ele se confessou para mim. Acredita?

Mark soltou uma gargalhada.

- Só você não tinha percebido isso. Ele é louco por você desde que a gente era criança. Já zoei ele horrores por causa disso. Teve uma época que apostei vinte pratas com o Hyuck que ele ia se confessar, mas o Jeno amarelou e eu perdi.

Jaemin engasgou com o café ao ouvir aquela história fazendo Mark rir ainda mais. Não era possível que tinha sido tão bobo a ponto de nunca ter prestado atenção em Jeno.

- Não fica chateado, Nana… Você só não tinha interpretado direito as atitudes dele. Já eu sou um fracassado mesmo. - Mark falou brincando com o copo.

- Não fala assim.

- Falo. É verdade. Eu gosto do Hyuck, nossa… eu gosto demais, mas… Eu tenho medo, sabe? Do que vão pensar. Do que vão falar. - O canadense suspirou pesado, um sorriso triste dançava em seus lábios - E eu me sinto um lixo por pensar dessa forma porque ninguém na minha família é contra homossexualismo nem nada do tipo. O Taeyong já me aconselhou a não deixar o Hyuck escapar, mas…

- Mark, acorda! Tá com medo do que? De perder sua carteirinha de chefe de turma? Vai trocar seu melhor amigo e o cara que você gosta por uma estrelinha dourada no livro do ano?

Jaemin estreitou os olhos sem acreditar no que ouvia.

- Se você sabe tão bem assim o que quer, assume, vai atrás. O Mark que eu conheço não seria capaz de deixar alguém importante se machucar por um motivo tão idiota como esse. O Haechan está se afastando de você e com toda razão. É inevitável sofrer às vezes, mas sofrer por egoísmo é burrice.

- Eu só queria saber o que fazer… - Mark falou em um tom baixo, acuado pelas palavras duras do amigo.

- Você sabe. Resta saber se vai ter coragem de ir atrás ou se vai ser o burro da história. Hoje é a sua chance de escolher.

 

– // –

 

Jaemin deixou Mark sozinho na cafeteria e voltou para casa. Queria se arrumar com calma e ficar ouvindo o mais velho falar todas aquelas coisas o irritara. Sabia muito bem que cada um tinha seus problemas e monstros pessoais a derrotar, mas não conseguia compreender os demônios de Mark. Na verdade, a primeira reação que teve ao sair do café foi pegar o celular e ligar para Jeno na intenção de desabafar.

Fez a ligação meio que no automático.

Escutou o primeiro toque e lembrou-se do amigo sendo stalkeado por Jisung e Chenle. O telefone tocou novamente e a cabeça de Jaemin viajou para o momento em que caminhavam de mãos dadas, rindo de alguma coisa idiota qualquer. No terceiro toque lembrou-se do toque de Jeno em seus lábios.

No outro lado da linha, Jeno atendeu. Jaemin sentiu o coração acelerar e emudeceu, esquecendo-se temporariamente porque havia ligado. Sem saber o que fazer, desligou o celular o mais rápido que pode e se encostou na parede de uma loja qualquer, tentando fazer a respiração voltar ao normal.

Céus. O que estava acontecendo com ele?

Chegou em casa cerca de vinte minutos depois. Jeno havia retornado a ligação, mas Jaemin decidiu não atender. Em vez disso, mandou uma mensagem dizendo que a chamada havia caído por ter entrado no metrô e que o assunto não era urgente. Não gostava de mentir, mas com isso conseguiria mais algum tempinho para botar a cabeça no lugar. 

Se dependesse dele, se jogaria na cama e dormiria por pelo menos umas duas horas, mas a chuva o atrasara. Contentou-se com um longo banho quente, como se pudesse mandar pelo ralo todas aquelas lembranças e angústias. Queria chegar cedo na festa para poder desfilar bastante e exibir a roupa que havia escolhido cuidadosamente. Precisava do máximo número possível de votos para se eleger rei do baile. Pelo menos uma coisa boa sua semana teria que ter.

Mal havia saído do banho quando escutou a campainha tocar. Enfiou a calça social preta e suspirou, arrastando-se até a sala para abrir a porta. Tinha acabado fechar a camisa social branca quando escutou a campainha. Pelo visto Yuta tinha esquecido das chaves de casa de novo, o mais velho tinha esse péssimo hábito de se esquecer das coisas.

A campainha tocou novamente e Jaemin protestou.

- Calma, Yuta! Mas que coisa, já falei que você precisa parar de largar suas chaves por… - A frase foi interrompida quando Jaemin abriu a porta e se deparou não com seu irmão, mas sim com duas figuras pingando água de chuva no capacho de casa.

- Oi, Nana. - Haechan deu um sorriso leve, meio constrangido.

- Temos companhia para o baile! - Disse Renjun, parecendo extremamente animado.

- Que? - Jaemin perguntou, o sorriso dando lugar a uma expressão visivelmente confusa ao ver os amigos ali.

- É, mudança de planos. Consegui convencê-lo de última hora a vir para o baile conosco… - Renjun explicou, ainda exibindo o seu sorriso infantil – Por acaso você teria algum terno sobrando?

 



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