História Friendzone!...ou não - Capitulo 2

Nesse dia, não teve pedido de namoro oficial e nem nada do tipo, mas eu tinha certeza que, a partir daquele momento, eu não estava mais na friendzone. Acho que de hoje em diante, eu serei bem mais feliz e levantarei bem mais animado para ir ao cursinho.  

❤️❤️❤️❤️ 

Há alguns meses o pedido de namoro aconteceu e eu me sentia a pessoa mais feliz do mundo, finalmente eu estava com quem eu amava. A parte complicada era contar aos nossos pais. Meus pais não sabem que sou gay, então não consegui contar para eles ainda, mas minha mãe deve estar desconfiada pelo jeito que olha para nós quando estamos juntos. Com os pais do Fernando foi bem mais fácil, a mãe dele me recebeu na família como se já esperasse por isso. Se não esperava, torcia bastante para que acontecesse. A mãe do Fernando é aquele tipo de pessoa que todo mundo gosta, eu me espelho nela, pois mesmo sendo uma pessoa com conflitos e problemas, sempre leva a vida da melhor forma possível. Ela está sempre sorridente e de bom humor, tem um coração maior do que seria normal pra uma pessoa. Ela só tem um problema, fala muitos palavrões, mas com eles eu me acostumo. 

Como comemoração de 6 meses de namoro, decidimos fazer uma viagem juntos. Os pais dele sabiam o real motivo e nos ajudaram a planejar, já os meus achavam que era apenas uma viagem de amigos. Eu consigo perceber que para os meus pais será muito dificil entender e aceitar quando a verdade de tudo isso aparecer. Mas eu tenho o Fernando do meu lado e sei que ele estará do meu lado nessas horas também e irá passar por tudo isso comigo. 

O dia de viajar chegou muito rápido e meus pais insistiram em nos levar até o aeroporto, estávamos indo para Fernando de Noronha e era a nossa primeira vez indo para um lugar tão bonito, então estávamos muito ansiosos. Assim que descarregamos as bagagens, nos despedimos e fomos fazer o check in. Ainda teria algum tempo até o voo sair e eu queria pelo menos tomar uma café, difícil seria convencer o Fernando de que era uma boa ideia, mas eu não saberia sem tentar. 

- Pundinzinho... - comecei 

- Quando você me chama por esse apelido, já sei que não vai ser coisa boa – ele me interrompeu. 

- Quando você quer alguma coisa, você me chama de floquinho de neve. - disse me fingindo emburrado - Só to usando a mesma tática. 

- Tabom – ele disse se rendendo – E o que você quer? 

- Quero muito tomar um café. Vamos? - pedi 

- Você sabe que eu não gosto muito de café. - disse e eu fiz carinha de cachorro que caiu da mudança - Tabom. Vamos. 

Eu parecia uma criança que tinha acabado de ganhar seu doce favorito assim que ele concordou em irmos. Pedi meu café favorito e ele pediu apenas um suco. Ficamos lá conversando e imaginando como seria a viagem, fazendo tantos planos que nem sabíamos se seriamos capazes de fazer tudo, até que o nosso voo foi anunciado e nos encaminhamos para o portão para embarcarmos.  

O voo durou pouco mais de 5 horas e dormimos o caminho inteiro porque tivemos que acordar praticamente de madrugada para chegarmos no aeroporto a tempo. Acordei com o aviso do piloto informando que estávamos descendo e eu olhei pela janela, já percebendo o quanto esse lugar é maravilhoso. Fiquei vidrado na janela até que o Fernando chamou minha atenção para sair do avião que já tinha pousado. 

Quando chegamos ao hotel e fomos ao nosso quarto, o Fernando queria descansar um pouco antes de sair, mas eu não estava com sono, só queria conhecer esse lugar o mais rápido possível. E, talvez, queria evitar o inevitável. Eu e o Fernando vamos dormir numa cama de casal e é a primeira vez que isso aconteceria desde que começamos a namorar. 

Como amigos, dormimos várias vezes na mesma cama, mas geralmente era com outros amigos por perto e eu achava que ele era hétero. Agora tem uma certa malícia, só que eu acho que era só da minha parte. 

Ele estava realmente cansado e eu não queria ser cruel com ele, então concordei que ficássemos no quarto para descansar um pouco. Ele logo deitou na cama e eu fui para um pequeno sofá que tinha dentro do quarto, me sentando nele para assistir um pouco de tv enquanto esperava ele acordar. Comecei a assistir um filme que parecia muito interessante. 

- Carlos – ouvia ele me chamar ao longe – Acorda. Você dormiu no sofá. 

Meu cérebro demorou um pouco para raciocinar, só que assim que ele começou a trabalhar de maneira correta, abri os olhos reparando que o filme havia acabado e já havia começado outro. 

- Não acredito que perdi o filme, ele parecia tão legal – foi tudo que eu disse, sem reparar no quanto ele devia estar chateado por eu ter dormido aqui. 

- Está quase na hora do almoço. - agora eu reparei, ele não esconde muito bem o que sente – Vamos a algum restaurante ou quer comer aqui mesmo? 

- Vamos num restaurante. Assim já passeamos e conhecemos um pouco também – sugeri. 

Ele concordou e fomos trocar de roupa para sair, pois estava muito calor lá. Bem perto do hotel já achamos um restaurante de frutos do mar e eu amo, então almoçamos lá mesmo. Começamos a conversar e o Fernando pareceu esquecer que estava chateado comigo mais cedo, mesmo eu não tendo feito de propósito. 

Passeamos bastante e paramos em uma das praias para olhar o pôr do sol que estava absolutamente lindo aquele dia, o céu estava tingindo de azul e laranja numa mistura criada especialmente por aquele que comanda nosso mundo. Eu acho lindo quando o sol nasce ou se põe e as cores que compõe o céu nessas horas. Mas o que eu acho mais bonito é a hora mais escura – a hora antes do sol nascer - pois é quando a lua se despede de nós para descansar depois de nos dar a sua luz durante a noite inteira e um pouco depois o sol nos cumprimenta com um sorriso e nos presenteia aquecendo nossos corações com seus raios. 

Ficamos apenas apreciando a beleza daquele dia e eu ouvi o Fernando sussurrar em meu ouvido que me amava no mesmo momento em que o último raio de sol brilhou no céu desejando um até logo para aqueles que ali ficaram.  

Decidimos jantar no restaurante do hotel mesmo, pois estávamos muito cansados do dia. Fomos para o quarto onde ele tomou banho e se arrumou primeiro, logo em seguida saindo e me deixando ali sozinho falando que queria me dar privacidade. Quando eu terminei de me arrumar, encontrei com ele e jantamos em silêncio. Voltamos ao quarto e assistimos a um filme. Quando vimos que já estava tarde demais, nos arrumamos para dormir e deitamos. 

- Boa noite meu floquinho de neve – ele disse e estávamos deitados um de frente para o outro. 

- Boa noite meu pudinzinho – respondi e ele se aproximou para dar um beijo de boa noite. 

E essa foi a melhor noite da minha vida, pois foi a primeira vez que fui amado plenamente. Essa foi a primeira noite que nos amamos de verdade.